Há um problema com as estradas – e não são apenas os buracos.
O problema fundamental é o Estado.
As estradas do Estado são – assim como as escolas do governo – de propriedade do governo, embora ambas sejam financiadas por você e por mim, gostemos ou não. Mesmo que não as usemos, somos tributados para pagar por elas. Mas não desfrutamos de nenhum controle significativo sobre o que somos forçados a financiar.
A terra é desapropriada para acomodar as escolas e estradas do Estado; o ex-proprietário é “compensado” na medida que o governo considera “justa” – independentemente do custo para o ex-proprietário. Ao público é então permitido o uso condicional da propriedade do Estado, que é muito inteligentemente chamada de “pública”, o que implica que elas são “propriedade” de todos. No entanto, ninguém – exceto o governo – tem qualquer direito de propriedade significativo sobre o que o governo controla.
Desta forma, as pessoas são levadas a acreditar que ganharam algo sem nenhum custo em vez de pagar um preço muito alto por isso. Antigos direitos – incluindo viajar livremente – transformaram-se em privilégios condicionais concedidos (e retidos) ao prazer do governo.
Mas sem Estado, alguns rogam, não haveria estradas!
Isso é como dizer que sem Estado não teríamos comida.
Curiosamente, havia estradas – e comida – muito antes de o Estado começar a assumir o controle sobre elas.
Coisas necessárias criam um incentivo para serem fornecidas, o que algumas pessoas fazem e outras pessoas ficam satisfeitos em pagar por elas.
A diferença é – quando são fornecidos por pessoas sem a força do Estado envolvida – que ninguém é obrigado a pagar por elas e quando alguém opta por pagar por elas, eles gozam do direito de usá-las. Da mesma forma que você tem o direito de comer a comida que acabou de pagar. Ninguém exigiria que você deve ter uma licença para comprar alimentos e que você só pode comprar certos alimentos e depois comê-los da maneira (e quantidade) prescrita.
Bem, na verdade, alguns (naturalmente, no governo) estão começando a exigir algumas dessas coisas e o “público” começa a aceitar as imposições, tendo-se habituado à ideia de que o “público” (ou seja, o estatal) é preferível ao privado – e que o “público” tem “interesse” em estabelecer os vários termos e condições. O “público” são aqueles no governo que dizem ao “público” – que é todo mundo – o que eles poderão fazer e ser punidos se não o fizerem.
Alguns dizem que se o Estado não possuísse as estradas, haveria estradas abusivas controladas por interesses privados “gananciosos”. Esta é uma piada do nível daquele bushismo do outro dia, sobre a “. . . decisão de um homem de iniciar uma invasão totalmente injustificada e brutal do Iraque… quero dizer, da Ucrânia”
As estradas estatais são estradas fiscais – de diversas maneiras abusivas. Existem os impostos denominados “registro de veículos” e “licenças” – que se deve pagar para obter o privilégio condicional de usar as estradas. Curiosamente, as “licenças” não são indicadores de competência para dirigir. Elas são “papéis” – a maneira do governo de marcar as orelhas de todos que dirigem, dentro e fora da estrada. Você precisa de uma carteira de motorista para comprar álcool – outro privilégio condicional – mesmo se você for a pé até a loja. E poder fazer uma infinidade de outras coisas que costumavam ser direitos e que não têm nada a ver com dirigir. Mas a propriedade estatal das estradas faz com que ter uma “licença” para usá-las seja uma necessidade de facto, bem como um método de jure para identificar e rastrear todos, dentro e fora das estradas.
Sem estradas estatais, não haveria identidades estatais. Nem “checkpoints” nos quais você é forçado a mostra-las.
Depois, há os outros impostos que o governo aplica para punir aqueles que usam as estradas – incluindo as chamadas “multas”, aquelas notas de demanda por dinheiro, emitidas sob a mira de uma arma (sempre implícita nessas transações, quer a arma seja sacada ou não) que, se não for paga, resulta na perda do privilégio de usar as estradas que já pagamos para usar. Esses impostos/multas são diferentes de quaisquer taxas que o proprietário de uma estrada de propriedade privada possa cobrar, pois são arbitrárias e extorsivas. Um dono de estrada particular não poderia se safar aplicando arbitrariamente taxas extorsivas porque as pessoas seriam livres para não usar suas estradas, assim como um restaurante de propriedade privada não pode simplesmente cobrar dos clientes o que quiser, tratá-los de forma abusiva e depois mandar a conta com vários acréscimos – porque o dono do restaurante não pode forçar os clientes a comer em seu restaurante.
Tampouco pode tomar a terra de ninguém, demolir sua casa e construir seu restaurante sobre ela.
Isso é algo que só o Estado pode fazer. Ou melhor, fazer legalmente. Quando é feito de forma privada, é chamado de roubo. Não é diferente quando o Estado faz o mesmo. É meramente dado um nome diferente – “domínio eminente” – e ungido com legalidade.
Estradas de propriedade privada teriam que ser construídas em terrenos adquiridos mediante pagamento – de pessoas dispostas a vendê-los. Essa é uma ideia tão terrível?
É verdade que pode ser mais difícil construir – como disse James Brown – super-rodovias, de costa a costa – pela mesma razão que é mais difícil para um homem ou alguns homens matar milhões de homens. O Estado é muito bom em fazer isso, o que pode fazer facilmente porque tem um suprimento quase ilimitado de homens que pode usar para matar. E fazê-los pagar por isso também. Nunca faltam armas e uniformes – e prisões e até valas, cheias até transbordar de cadáveres – quando o governo está envolvido em tais coisas.
Então, sim, pode não haver superestradas, de costa a costa. Pode não ser tão fácil chegar a qualquer lugar. Mas seria mais livre chegar a todos os lugares, porque você não seria obrigado a pagar por isso – e também não precisaria da permissão de ninguém para fazê-lo.
Artigo original aqui
No passado, às estradas não eram construídas pelo governo, mas sim por proprietários privados, alguns cobravam impostos para passar, outros não, isso era simplesmente o normal, e quem não gostasse de ser cobrado poderia optar por não usar a estrada.
Isso curiosamente foi mudando com o tempo, os governos começaram á vilanizar os proprietários de estradas e pontes, do mesmo jeito que histórias fantasiosas antigas criavam ogros que cobravam taxas para passar pelas pontes, e justificativas foram sendo criadas para os governos poderem confiscar tais propriedades e ás proclamarem “terras públicas”.
Isso curiosamente aconteceu no mundo todo, desde na China antiga até nas sociedades europeias, e serve para mostrar como a natureza do Estado é: Inerentemente coerciva e criminosa, sempre buscando espoliar mais.
Cara, tem alguma referência ou algo do tipo? Achei interessantíssimo seu comentário hahah
Se não fosse o estado, 95% das ruas não existiriam de fato. É um argumento forte. O que fazer?
O mundo moderno – estatista em essência, poderia ser caracterizado pelas estradas do governo.
“Se não fosse o estado, 95% das ruas não existiriam de fato. É um argumento forte. O que fazer?”
Como dizer que isso é um argumento forte se nem argumento sequer é? Na verdade isto é uma afirmação aleatória e sem provas.
Todos nós somos indivíduos aleatórios, logo, opiniões que são derivadas de indivíduos…
De modo que sua afirmação: “No passado, às estradas não eram construídas pelo governo, mas sim por proprietários privados” é mais aleatória ainda, considerando que as primeiras estradas foram construídas pelas máfias estatais como a Via Apia, por exemplo. O caminho dp Peabiru, que poderia ser chamada de estrada relativamente descentralizada, não passa de uma trilha…
Não vou perguntar o nome de uma estrada privada atual, mas me parece óbvio que 95% das estradas não existiriam sem o estado, já que ele têm o monopólio da construção….
A questão aqui é a seguinte: o estado com o uso do monopólio da violência agressiva faz essas estradas que, em uma economia de livre mercado, seriam muito difíceis de existir, pois a quantidade de recursos necessária é tremendo. E de fato os indivíduos teriam outras coisas com que se preocupar. Para mim é bem tranquilo: se foi o estado que fez, é a primeira e definitiva prova que não precisamos de estradas do governo.