[Este artigo foi publicado originalmente no periódico Rothbard-Rockwell Report na edição de dezembro de 1994]
Já faz algum tempo que venho dizendo que o principal problema cultural e político da atualidade não é o “humanismo secular”. O problema de fazer do secularismo o foco central de oposição é que, por si só, o secularismo não contaria com o fanatismo, a energia endiabrada, a ânsia permanente e irrefreável de se dominar e reconstruir a cultura e a sociedade que tem caracterizado a esquerda há dois séculos. Logicamente, é de se esperar que um humanismo secular seja um passivo indiferente, pronto para se adaptar a praticamente qualquer estado de coisas; David Hume, um desastre filosófico, porém discretamente bom em assuntos sociais e políticos, seria um exemplo típico disto. Dificilmente pôde ser considerado uma ameaça política e cultural.
Não: a marca e o ímpeto fanático da esquerda durante os últimos séculos têm sido a energia dedicada e incansável de alcançar, o mais rápido que conseguirem, sua própria versão igualitária e coletivista de um Reino de Deus na Terra. Em suma, esse movimento verdadeiramente monstruoso é o que pode ser chamado de “esquerda pós milenista”. Ela é messiânica e pós milenista porque é o Homem, e não Cristo ou a Providência, que deve ocasionar o Reino de Deus na Terra (RDT), que seria, na versão cristã, que Cristo deveria retornar a terra apenas depois que o Homem tiver estabelecido o RDT de 1.000 anos. Ela é esquerdista porque nessa versão, o RDT é igualitário e coletivista, com a propriedade privada erradicada e o mundo sendo dirigido por um séquito ou vanguarda de Santos.
Durante os anos de 1820, as igrejas Protestantes do norte dos EUA foram dominadas por uma onda de fanáticos pós-milenistas determinados a impor aos governos locais, estaduais e federais, e mesmo ao mundo todo, suas próprias versões de um RDT estatista teocrático. Um grupo étnico-cultural “yankee” se originou na Nova Inglaterra e migrou para povoar áreas ao norte de Nova York e dos estados do Meio Oeste. Os yankees foram motivados por uma convicção fanática de que eles próprios não poderiam alcançar a salvação a menos que fizessem tudo que pudessem para maximizar a salvação de todas as outras pessoas: o que quer dizer, entre outras coisas, dedicar suas energias para instituir a sociedade sem pecado do RDT.
Este novo mainstream de igrejas protestantes eram sempre estatistas, mas a principal ênfase durante as primeiras décadas era a erradicação do “pecado”, e pecado sendo definido como praticamente qualquer forma de prazer. No entanto, nos últimos anos do século XIX o coletivismo econômico recebeu cada vez mais atenção destes protestantes milenilistas esquerdistas, e considerações estritamente teológicas e cristológicas foram gradualmente desaparecendo, culminando no movimento Evangélico Social explicitamente socialista Embora todas as denominações yankee protestantes estivessem infectadas e dominadas pelo milenialismo de esquerda, esta heresia prevaleceu quase que totalmente na Igreja Metodista.
Santa Hillary
O que nos traz ao nosso querido casal presidencial. Já comentei que Bill Escorregadio (Bill Clinton), ao discursar perante uma igreja evangélica negra em Maryland sobre o suposto mandamento de Deus de aprovar sua proposta de lei, acabou revelando a congregação que o objetivo de seu “ministério” é trazer o “Reino de Deus a terra”. Isso deveria ter disparado o alarme de incêndio no país todo. Infelizmente, para um público americano que possui pouco conhecimento de historia ou teologia, a surpreendente declaração de Clinton passou desapercebida.
Mas, como sabemos, é a Hillary, e não o Bill Escorregadio, que é o ideólogo radical na Casa Branca. A agenda teológica de Hillary foi revelada aos olhos perspicazes recentemente pelo bem informado e admirado esquerdista Kenneth L. Woodward, editor de religião da Newsweek. (Kenneth L. Woodward, “Soulful Matters,” Newsweek (Oct. 31, 1994) pp. 23–25) Em uma longa entrevista exclusiva com Hillary, Woodward relata que nossa Lady Macbeth simplesmente se considera “uma metodista à moda antiga”.
O pronunciamento de Hillary não é tão absurdo quanto possa parecer. Hillary Rodham nasceu no estado yankee de Ilinois, em Park Ridge, subúrbio de Chicago. Seus avós contaram histórias sobre o Metodismo deles do início do século XIX na Inglaterra, há poucas gerações de distância da fundação do Metodismo por John Wesley. A família de Hillary era de metodistas devotos, e a própria Hillary foi introduzida ao Evangelho Social pelo reverendo Donald Jones, o então jovem pastor da Park Ridge First United Methodist Church. Com certeza estamos todos muito contentes em saber como se deu o início de Hillary na causa da “reforma social”; como Woodward amigavelmente coloca, o reverendo Jones “desenvolveu a consciência social de seus estudantes suburbanos privilegiados ao leva-los para visitar os filhos de trabalhadores imigrantes”.
A passagem mais importante do artigo de Woodward é sua explicação da importância do metodismo dentro do espectro protestante americano: “Mais do que outros protestantes, os metodistas ainda estão imbuídos do evangelho social da virada do século, que acredita que os cristãos são responsáveis por construir o Reino de Deus na terra”.
Poucas pinceladas são necessárias para completar o quadro. O reverendo Jones, um frequentador assíduo da Casa Branca, mas que ao menos parece ter um senso de humor e de perspectiva que são completamente ausentes na hipócrita Hillary, diz o seguinte sobre isso: Mesmo hoje, diz o reverendo Jones, “quando Hillary fala, soa como se fosse algo saído de uma aula da escola dominical metodista” E: “Hillary vê o mundo através de uma lente metodista. E nós metodistas sabemos o que é melhor para vocês”.
Porém é óbvio que quase tudo isso faz parte do ímpeto de Hillary de se “reinventar”, ou seja, de tentar criar uma falsa imagem que a faça parecer menos ameaçadora ao descontente público americano. E com certeza os evangelizadores sociais do final do século XIX ficariam horrorizados com a atual esquerda maníaca clintoniana, que faria o pobre John Wesley se revirar em seu túmulo inglês do século XVIII. Mas definitivamente existe uma linha de descendência direta dos evangelizadores sociais metodistas do século XIX para a Santa Hillary e a monstruosa esquerda clintoniana. Junte o “metodismo à moda antiga” progressista com doses de marxismo, da Nova Esquerda, da Nova Era panteísta pagã, e das revoluções sexual e multiculturalista, misture bem, e você obtém o atual governo de terror que enfrentamos e que estamos tentando afastar de nossas vidas. Em suma, enfrentamos, independente de qual corte de cabelo ou pessoa ela influencie semana que vem, a malévola bruxa da Casa Branca.
Tradução: Fernando Chiocca
Olha o nível dos “liberais” na internet, no comentário de “O Antagonista”
“João 16 minutos atrás
Não vou gastar a minha tarde tentando ilustrar quem não se quer ilustrar. Se você quiser continuar a seguir uma modinha intelectual que deu sobrevida à EA no Brasil entre leitores do Rodrigo Constantino e de outros blogueiros igualmente “preparados”, fique à vontade. De duas, uma: você não é economista, mas, se for, não terá mais que a graduação, a menos que eu esteja diante de um raro espécime de pesquisador que é, ainda hoje, austríaco. Essas aves até existem, mas sáo raríssimas.”
-http://www.oantagonista.com/posts/a-veja-adere-ao-neoliberalismo-e-a-luta-de-classes#comentarios