International Man: Parece haver um esforço conjunto para borrar as definições de gênero. Por exemplo, agora é comum as escolas introduzirem teorias bizarras de gênero para crianças pré-púberes.
O que está acontecendo aqui?
Doug Casey: As notícias são tão bizarras e loucas que parece que elas foram inventadas, mas aparentemente não foram.
Diferentes sociedades ao longo da história tiveram diferentes padrões de moralidade e atitudes em relação à educação dos filhos e à moral sexual. Mas neste ponto, no Ocidente, a própria família nuclear e tudo o que foi considerado tradicional e normal está sob ataque incessante. De que outra forma explicar a travesti bizarra, Rachel Levine, usando um tipo de uniforme de almirante? Ou a nova secretária de imprensa da Casa Branca, cuja principal qualificação é ser uma lésbica negra estridente?
No entanto, esse tipo de coisa geralmente acontece quando uma sociedade está caminhando para o colapso. As práticas dissipadas de imperadores romanos como Calígula, Nero, Cômodo, Caracalla, Heliogábalo e outros gradualmente se infiltraram nas pessoas comuns, e a Idade das Trevas se seguiu. Mais recentemente, veja as coisas que aconteceram na Alemanha após a Primeira Guerra Mundial, durante a República de Weimar. A devassidão sexual e a degeneração moral (assim como a econômica) dominaram. Essas coisas desestabilizaram a sociedade, evidenciadas por brigas de rua e tumultos entre nazistas e comunistas. Tudo se parece com o que está se formando nos EUA entre democratas e republicanos. A história rima.
Minha visão pessoal sempre foi que se alguém é gay, bi, queer, trans ou qualquer outra coisa, é problema deles, não meu. Também não é algo em que o Estado deva se envolver. Na verdade, o casamento consentido entre adultos de qualquer gênero real ou imaginário também não é da conta do Estado. O Estado teria a função de fornecer proteção contra a força e a fraude. Ponto. Não de impor pontos de vista sobre moralidade ou costumes.
Mas essa não é uma visão comumente aceita. No mundo de hoje, centenas de grupos raciais e sexuais não querem apenas ser livres de leis opressivas. Exigem privilégios especiais e leis que obriguem outros a proporcioná-los. Eles são muito vocais, gritando que não é suficiente para pessoas com aberrações psicológicas de um tipo ou de outro simplesmente serem reconhecidas e deixadas em paz, que é o máximo que alguém pode – ou deve – pedir a outra pessoa.
Se, por exemplo, alguém nasce com o aparato de um homem, e sente (uma emoção) ou pensa (uma crença intelectual) que deveria ser mulher, isso é problema dele. Ele deve poder trocar de roupa ou alterar cirurgicamente seu corpo de qualquer forma para refletir isso – desde que não force os outros a pagar por isso. Ele pode ser um humano perfeitamente bom e normal em todos os outros aspectos. Mas está claro, pelo menos para mim, que ele está sofrendo de uma grave neurose, que defino como um obstáculo para se dar bem na vida. Isso me diz que parte de sua fiação mental está solta. E talvez outras partes também estejam. Na verdade, é um aviso para os outros, dizendo: “Cuidado: sou instável”.
A maioria dos neuróticos reconhece que tem uma anormalidade e tenta lidar com ela para limitar suas consequências adversas. Alguns, porém, não querem. Eles dramatizam abertamente suas aberrações e agem irracionalmente. Se for grave o suficiente, nós os chamamos de psicóticos. Um psicótico está, na verdade, usando uma placa dizendo: “Perigo: posso prejudicar seriamente você, a mim mesmo ou a outros. Posso ser uma bomba-relógio.”
Uma pessoa ponderada e razoável mantém a distância apropriada de indivíduos ou grupos perturbados.
Mas agora chegamos a um ponto em que aqueles com sérios problemas psicológicos estão tentando – e conseguindo – impor ativamente seus valores à sociedade. Uma coisa é lutar com seus próprios demônios. Outra coisa é tentar influenciar, ou mesmo forçar, filhos e famílias de outras pessoas a endossar ou até mesmo imitar suas aberrações. As pessoas que desfilam e ostentam suas anormalidades costumavam ser chamadas de degeneradas e serem evitadas como se evita aquelas que estão com uma doença transmissível. Agora são contratadas.
Lunáticos capturaram grande parte da sociedade e a estão transformando em um manicômio. Eles são donos das indústrias de educação e entretenimento e controlam muitos aspectos do governo. Isso é muito grave, porque o governo pode legalmente coagi-lo a aceitar seus valores.
Pessoas com crenças propositalmente destrutivas – coisas como marxismo, progressismo, socialismo, comunismo, fascismo, coletivismo, estatismo, etc. – agora são aceitas como normais e razoáveis. Elas não são. Essas coisas destruíram os valores civilizacionais gerais.
É verdade, a destruição é intencional apenas por parte de uma minoria bastante pequena. Mas eles são sérios, dedicados e extremamente vocais. A maioria do público vai junto por apatia ou ignorância. A pessoa comum não sabe mais no que acreditar sobre quase qualquer assunto. E como foi dito, quando você não acredita em nada, você é capaz de acreditar em qualquer coisa. Isto é o que está acontecendo hoje.
International Man: Grandes corporações como Disney e Netflix promoveram abertamente uma agenda lacradora.
Como resultado, a Disney enfrentou uma enorme reação dos pais, e a Netflix recentemente sofreu uma grande queda no número de assinantes.
As empresas devem buscar lucros. Mas, como mostram esses exemplos, muitas corporações ostensivamente em busca de lucro estão destruindo seus negócios para promover uma ideologia distorcida.
Qual é a sua perspectiva?
Doug Casey: Mais uma vez, é parte do colapso geral da civilização ocidental. Deixe-me referir-me aos doze elementos da Civilização Ocidental de nossa última conversa.
A podridão começou no sistema educacional. Os “intelectuais” profissionais aprenderam a ganhar a vida inventando e justificando ideologias que permitem à elite controlar as “massas”. Desde os tempos dos socialistas fabianos – para não mencionar os marxistas, leninistas, stalinistas, maoístas, peronistas e muitos outros – eles inculcaram ativamente valores que não são só diferentes, mas exatamente o oposto de tudo o que tornou o Ocidente grande e único.
Um grande problema com empresas como Disney e Netflix – embora eu entenda que o CEO da Netflix está tentando mudar as coisas – é o conceito de “stakeholders” (de partes interessadas). Essa é a noção em que uma empresa está contemplando as pessoas em geral tanto quanto seus proprietários.
Minha opinião é que uma empresa deve trabalhar antes de tudo e principalmente para seus acionistas. Depois para seus clientes. Em seguida, para seus funcionários. Você certamente não quer prejudicar ninguém fora desses grupos, mas uma empresa não deve ser uma instituição de caridade. As administrações, perversamente, muitas vezes se tornam inimigas dos acionistas nesse aspecto. Elas se curvam as partes interessadas, fazendo contribuições de caridade porque é para seu benefício pessoal. Elas começam a agir como figurões com fundos de acionistas.
E o dinheiro geralmente flui para lugares designados pelos “intelectuais” (que estão concentrados em universidades e ONGs). Não surpreendentemente, uma enorme quantidade de doações de caridade vai para universidades e ONGs.
Em vez disso, as empresas devem reconhecer – como um imperativo moral – que não devem nada ao público em geral.
Mas, ao contrário, os conceitos de DIE (diversidade, inclusão e equidade) e ESG (ambiental, social e governança) inundaram a cultura corporativa como um maremoto de esgoto. Eles são vistos como bons, positivos e algo que todos devem observar quando na verdade devem ser jogados no lixo. Eles são puramente destrutivos.
Uma das causas para isso, além do nosso sistema educacional corrupto, é que as corporações hoje geralmente não são dirigidas por empresários. Os empreendedores, os fundadores, geralmente têm uma maneira de pensar. Mais tarde, os gerentes assumem. A empresa é então administrada por processos, cheios de advogados e contadores. Eles são o que os franceses chamam de “petit fonctionnaires”. São pessoas com mentalidade burocrática, melhores em dar tapinhas nas costas e trair do que criar valor, que passam a se considerar mestres do universo. Isso não é bom.
Espero que a situação mude, mas a questão é muito duvidosa neste momento. As aberrações psicológicas, seja em costumes sexuais, percepções raciais, atitudes filosóficas, teoria econômica, modas, atitudes sociais ou o que quer que seja, estão fora de controle. A sociedade como um todo está experimentando psicose de massa. É a Alemanha de Weimar se voltando para a China durante sua Grande Revolução Cultural.
Essas são boas razões para ser pessimista sobre o destino do Ocidente – e não só do mercado de ações.
International Man: Parece que essa tendência não é uma dinâmica de base, de baixo para cima, em que as pessoas comuns exigem que as empresas lacrem. Em vez disso, parece ser uma dinâmica orquestrada de cima para baixo, na qual empresas e indivíduos poderosos injetam essa ideologia em todos os aspectos da sociedade.
O que está acontecendo aqui, e qual é o propósito de tudo isso?
Doug Casey: Os lacradores, justiceiros sociais e revolucionários de esquerda estão seguindo um modelo leninista – o que significa que os “quadros” lideram o caminho. Eles capturaram o alto nível moral e intelectual da sociedade e estão dobrando-o à sua vontade.
Eles confiam no fato de que a pessoa comum basicamente faz o que lhe é dito por aqueles que têm autoridade e aqueles que têm um ar de certeza. Elas seguem líderes.
O público se convenceu de que o que eles estão vendo – basicamente pessoas loucas agindo – é bom. Isso porque eles não têm mais uma ideia de ética pessoal. É porque os doze fatores que construíram a civilização ocidental não fazem mais parte do tecido social. Os quadros sobre os quais tenho falado promovem intencionalmente atitudes sexuais pervertidas, racismo e crenças políticas e econômicas destrutivas porque querem derrubar os valores da civilização ocidental.
Eles conquistaram o alto nível moral com as ONGs e a maioria das igrejas. Eles capturaram o terreno intelectual através da academia. Eles capturaram o terreno emocional elevado com a ajuda do negócio do entretenimento. Eles enganaram o público a acreditar que eles não são apenas bons e inteligentes, mas são amorosos e fofinhos.
Os bandidos fizeram um trabalho muito bom basicamente capturando a própria alma da sociedade. A tendência não está apenas em movimento, mas ainda acelerando. Pelo lado positivo, está claro que uma contra-revolução está em andamento, pelo menos nos EUA. Mas pode ser muito pouco, muito tarde. Digo isso porque os bandidos têm um controle bastante firme do aparelho do Estado. E as revoltas camponesas quase nunca são bem-sucedidas.
International Man: Dadas as tendências que discutimos, para onde você acha que a cultura está indo? O que isso significa para as gerações futuras?
Doug Casey: As tendências em movimento tendem a permanecer em movimento até atingirem um clímax. Nesse ponto, tudo pode acontecer.
Mas, infelizmente, em grandes momentos revolucionários da civilização – nos quais estamos envolvidos agora – as coisas geralmente pioram mesmo depois que a velha tendência termina. Isso aconteceu na Rússia em 1917 e na França em 1789. Só porque a velha tendência finalmente esbarra em uma parede de tijolos não significa que as coisas melhorem imediatamente. Há um período de caos depois disso.
Portanto, a resposta à pergunta é que a tendência atual ainda está em movimento e acelerando. Vai atingir uma parede de tijolos, mas mesmo depois de atingir uma parede de tijolos, haverá um período de séria desordem. Isso porque os elementos tradicionais da sociedade perderam seus fundamentos morais. O público não sabe mais qual caminho é para cima ou para baixo ou a diferença entre o certo e o errado. Viveremos um longo período de caos.
Não tenho certeza de que os valores da civilização ocidental irão sobreviver. É uma perspectiva bastante sombria. São dias estranhos e assustadores, especialmente para aqueles de nós que são liberais clássicos, libertários e AnCaps. Os lunáticos e personalidades criminosas que ganharam controle sobre a sociedade habilmente viraram as doze características da civilização ocidental de cabeça para baixo, então vivemos no Mundo Bizarro. Não será nada agradável.
Pelo lado positivo, esperamos que a tecnologia continue melhorando. Mas mesmo isso é uma faca de dois gumes, já que o estado de moralidade e filosofia estão em declínio.
Artigo original aqui
Concordo plenamente: quem lacra não lucra!