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Prefácio de Hans-Hermann Hoppe

Todas as pessoas, incluindo gêmeos idênticos, são únicas; desiguais e diferentes de todas as outras pessoas. Todo mundo nasce em uma hora e/ou lugar diferente. Todo mundo possui dois pais biológicos diferentes, mais velhos e desiguais, um pai masculino e uma mãe feminina.  Cada pessoa, no decorrer de sua vida, enfrenta e precisa agir em um ambiente diferente e desigual, com oportunidades e desafios diferentes e desiguais, e a vida de cada pessoa, com suas realizações e seus fracassos, suas alegrias e satisfações, bem como suas decepções, desgostos e sofrimentos, então, é diferente e desigual da vida de todas as outras pessoas. Além disso, esta desigualdade natural de todo e qualquer ser humano ainda é amplificada pelo estabelecimento de toda e qualquer sociedade baseada na divisão do trabalho.

A Esquerda e o socialismo em geral sempre se sentiram ofendidos, irritados e escandalizados por esta desigualdade natural do homem e em seu lugar propagandearam e promoveram um programa de “equalização” ou “igualitarismo”, i.e., de “corretivamente” reduzir, minimizar e finalmente eliminar todas as diferenças e desigualdades humanas. Primorosamente, Murray Rothbard identificou este programa como “uma revolta contra a natureza”. No entanto, apesar deste veredito, nunca faltou apoio as ideias igualitárias e seus promotores, na medida que existe e sempre vai existir em toda parte um monte de pessoas vociferando que tiveram poucas chances na vida quando comparadas as outras pessoas.

Portanto, para favorecer sua utopia (ou melhor, distopia) igualitária, toda característica, condição e instituição humanas repletas de diferenças e desigualdades, então, foram colocadas sob ataque pela Esquerda no devido tempo. Abaixo toda excelência humana e todos os graus de realizações humanas, porque nenhuma pessoa deve ser melhor do que qualquer outra. Abaixo a propriedade privada pois ela implica em uma distinção entre meu e teu e, portanto, torna todos desiguais. Abaixo todas as diferenças de renda. Abaixo a família como fortaleza da desigualdade, com um pai masculino e uma mãe feminina e seu novo filho dependente em comum. Abaixo em particular os homens, e especialmente homens brancos, a pessoa mais desigual de todas. Abaixo o casamento, por causa de sua exclusividade, e abaixo a heterossexualidade. Abaixo a discriminação às preferências individuais. Abaixo a livre associação e dissociação. Abaixo todas as convenções, e abaixo toda e qualquer fronteira, fortificação e muro separando uma pessoa de outra. Abaixo os contratos privados exclusivos, bi ou multilaterais. Abaixo os empregadores e proprietários de imóveis pois são desiguais e diferentes dos empregados e inquilinos, e abaixo a divisão do trabalho em geral. Abaixo a noção bíblica de que o homem deve dominar e ser o senhor da natureza e estar acima de animais e plantas – e sempre abaixo todos que discordarem do credo igualitário esquerdista.

Em Contra a Esquerda, Lew Rockwell, formidável estudante dos filósofos economistas Ludwig von Mises e Murray Rothbard, autor prolífico e, com a fundação do Ludwig von Mises Institute, em Auburn, Alabama, o principal promotor e empreendedor intelectual do mundo contemporâneo de todas as ideias e temas “libertários”, i.e., de direitos de propriedade privada e liberdade humana, apresenta um relato detalhado e vívido da revolta esquerdista contra a natureza. Ele descreve e analisa os sucessivos avanços e crescente influência das ideias esquerdistas, em particular nos EUA, mas de forma mais geral também em todo o chamado mundo ocidental, e ele explica e expõe os efeitos desastrosos e até assustadores, tanto moralmente como economicamente, que o contínuo “progresso” esquerdista tem causado no tecido social. Mais do que qualquer outra coisa, como explica Rockwell, o preço a ser pago pela implacável revolta contra a natureza humana, pela busca teimosa de um objetivo que claramente não pode ser alcançado, é o surgimento e crescimento de um estado cada vez mais totalitário, controlado e dirigido de forma permanente por algumas pequenas e exclusivas elites de “equalizadores” dominantes que permanecem acima, separados e desiguais de todo o resto das pessoas, que são seus súditos e o “material” humano a ser equalizado.

Ao invés de repetir o que é dito e explicado com o máximo de clareza por Rockwell nas páginas deste livro, deverei acrescentar apenas algumas observações históricas que podem ser úteis para o leitor obter um melhor entendimento do contexto da era atual, brilhantemente descrita por Rockwell. Elas são observações de uma perspectiva europeia e mais especificamente alemã, a própria nação onde o socialismo surgiu no decorrer do século XIX e que desde então teve a mais longa experiência com ele, e elas dizem respeito as diferentes estratégias e mudanças estratégicas que a Esquerda adotou para alcançar seu atual estágio “elevado”.

A estratégia “ortodoxa” para a transformação socialista, defendida por Marx e os adeptos do chamado socialismo “científico”, era uma revolucionária. A Revolução Industrial na Inglaterra e na Europa Ocidental ocasionou um crescimento constante na quantidade de operários industriais, i.e., de “proletários”, e esta massa crescente de proletários, então, unidos por uma consciência de classe comum, deveria expropriar todos os proprietários privados dos meios de produção, i.e., os capitalistas, de uma vez só, de modo a supostamente tornar todos igualmente coproprietários de tudo. Isto iria requerer uma “ditadura do proletariado” como uma medida temporária, mas esta fase transitória iria logo dar lugar a uma sociedade sem classes e uma vida de igualdade pena e felicidade.

A estratégia ortodoxa de transformação socialista se mostrou um completo fracasso. Nos países industrializados ou em fase de industrialização da Europa Ocidental, as crescentes massas proletárias mostraram pouco ou nenhum fervor revolucionário. Eles aparentemente sentiram que tinham mais a perder com a derrubada violenta do ancien régime e suas antigas elites do que apenas suas correntes. Ao invés disso, contra Marx, o método revolucionário foi bem sucedido somente na Rússia, predominante rural e agrícola, com muitos camponeses e praticamente nenhum proletariado industrial. Lá, após a derrota na guerra, com a ajuda de uma mentira estratégica, i.e., a promessa socialista rapidamente quebrada de liberalização dos camponeses russos dos laços feudais e distribuição de todo latifúndio feudal como propriedade privada entre o campesinato, e por meio de violência massiva e impiedosa, de morte e brutalidade, o Czar e as antigas elites dominantes foram depostos e uma ditadura do proletariado foi estabelecida. Mas esta ditadura não deu lugar a uma sociedade sem classes de igualdade plena. Ao contrário, como Mises houvera previsto desde o princípio, ela resultou na perda de toda liberdade humana e em desastre econômico. Sem propriedade privada sobre a terra e outros fatores de produção, todos se tornaram diretamente e imediatamente sujeitos aos comandos dos ditadores proletariados; e então estes ditadores, sem a propriedade privada dos bens de capital e, portanto, sem preços de bens de capital, se tornaram incapazes de realizar o cálculo econômico, com o resultado inescapável da permanente má alocação de recursos, desperdício econômico e consumo de capital. Após uns 70 anos, o “experimento” socialista na Rússia Soviética ruiu da forma mais espetacular sob seu próprio peso, deixando para traz uma terra devastada economicamente e uma população desmoralizada, desarraigada e empobrecida.

A estratégia alternativa “revisionista” de transformação socialista, amplamente adotada nos países da Europa Ocidental, era uma reformista e gradualista. Com o constante crescimento do número de proletários, dadas as circunstâncias, apenas foi necessário promover a já popular ideia igualitária da democracia e agitar em prol da expansão sistemática da franquia. Então, com a difusão da democracia, uma tomada socialista “pacífica” seria apenas questão de tempo. E, de fato, com o “direito de voto” cada vez mais distribuído “igualmente”, até finalmente chegar à todos, em toda parte ambições e motivações igualitárias eram sistematicamente encorajadas e fortalecidas. A popularidade dos partidos explicitamente socialistas aumentou constantemente e outros partidos rivais ou movimentos ideológicos, incluindo também os liberais clássicos, se desviaram cada vez mais à esquerda. Então, ao final da Segunda Guerra Mundial, com a legitimidade do antigo regime e suas elites dominantes severamente abalada pela devastação causada pela guerra, os socialistas surgiram prestes a vencer. No entanto, eles fracassaram, por causa de um equívoco fundamental que já havia se tornado evidente com o início da Grande Guerra.

Os socialistas revisionistas, neste ponto não diferentes de seus camaradas ortodoxos, eram “internacionalistas”. O slogan deles era “proletários de todo mundo, uni-vos”. Eles acreditavam na solidariedade de todos os trabalhadores, de toda parte, contra seu inimigo capitalista comum. A guerra provou que esta solidariedade trabalhista internacional não existia. Trabalhadores alemães voluntariamente lutaram contra trabalhadores franceses, ingleses, russos, etc., e vice-versa. Ou seja, vínculos nacionais e solidariedade nacional se provaram muito mais fortes do que qualquer vínculos de classe.

Por esta mesma razão também, e contra a geralmente violenta resistência dos socialistas (internacionalistas), não seria eles então que chegariam ao poder, mas partidos socialistas explicitamente nacionalistas. Por toda a Europa Ocidental os sentimentos igualitaristas eram avassaladores. Porém o igualitarismo geralmente ia apenas até a página dois. Ele parava quando chegava nos estrangeiros, nos povos de outras nações, especialmente quando eles eram considerados menos ricos. Além disso, o triunfo do socialismo nacional sobre o socialismo internacional na maior parte da Europa Ocidental e por todo o período entre guerras, ganhou uma força extra com as notícias cada vez mais divulgadas sobre a Rússia Soviética. Os socialistas no ocidente geralmente viam com grande simpatia o “grande experimento” conduzido pelos seus camaradas no leste, e sendo simpatizantes dos soviéticos, suas popularidades então foram profundamente prejudicadas quanto mais informações se espalhavam pelo ocidente sobre a crueldade impiedosa dos ditadores soviéticos e das condições econômicas desesperadoras da Rússia socialista, com fome e inanição generalizadas. Ademais, e significante à luz da experiência soviética, os socialistas nacionalistas não visaram expropriar todos os capitalistas e nacionalizar todos os fatores de produção. Ao invés, mais “moderadamente”, eles deixariam toda propriedade privada nominalmente intacta e garantiriam “apenas” que elas seriam empregadas da maneira que os ditadores socialistas nacionalistas achassem apropriada, de acordo com o lema deles de que o “bem comum” sempre está acima de qualquer “bem privado”.

Com o desfecho da Segunda Guerra Mundial, o mundo mudou drasticamente e os socialistas de todas as estirpes se depararam com desafios novos e radicalmente diferentes. Os EUA emergiram da guerra como o superpoder dominante do mundo e a Europa Ocidental essencialmente foi transformada em uma região de estados vassalos. Mais importante, a Alemanha (Ocidental), como principal país inimigo europeu, foi colocada sob o controle direto dos EUA.

Os sentimentos socialistas nacionalistas na Europa Ocidental não desapareceram em razão deste desenvolvimento – e eles permanecem populares até hoje. Na verdade, tendências socialistas nacionalistas neste período também tomaram os EUA. A agenda econômica e as chamadas políticas sociais implementadas por Roosevelt com o New Deal foram essencialmente as mesmas que as avançadas por Mussolini e Hitler. Mas o rótulo de socialista nacionalista tinha que ser demonizado e varrido. De forma alguma todos os partidos ou movimentos socialistas nacionalistas durante o período entre guerras na Europa Ocidental foram taxados de racistas ou imperialistas. Mas o exemplo mais odioso do socialismo nacionalista alemão derrotado foi para sempre associado ao nome, e todos os movimentos socialistas nacionalistas ou fascistas doravante teriam que prosseguir sob rótulos diferentes. Quaisquer que fossem seus nomes, porém, seus programas agora iriam tipicamente incluir também uma boa dose de antiamericanismo.

Outros desafios surgiram para os socialistas internacionalistas ou “de esquerda”. Com o desencadeamento da Guerra Fria entre os EUA e seu antigo aliado soviético, que havia expandido seu controle sobre a maior parte da Europa Central como um resultado da guerra, a Esquerda da Europa Ocidental dominada pelos EUA foi cada vez mais pressionada a se distanciar de seus camaradas do leste. Também, consequências econômicas desastrosas nos países dominados pelos soviéticos na Europa Central, similares as experimentadas na Rússia antes, forçaram os socialistas esquerdistas a abandonarem sucessivamente seu objetivo original de socialização dos meios de produção. Assim como seus arqui-inimigos socialistas nacionalistas antes, eles não iriam eliminar a propriedade privada e a propriedade de bens de capital. Ao invés disso, eles permitiriam “tanta propriedade privada e mercado quanto fosse possível”, mas iriam se assegurar ao mesmo tempo “tanto estado quanto fosse necessário”, com a decisão de o que era “possível” e que era “necessário” tomada pela liderança dos partidos socialistas (assim como a decisão sobre quanto de “bens privados” e quanto de “bem comum” se ter foi tomada anteriormente pela liderança socialista nacionalista). Como representantes da classe trabalhadora industrial, os socialistas iriam usar então seu poder de tomada de decisão para equalizar primeiro os “rendimentos” e depois as “oportunidades” através dos impostos e da legislação. E eles iriam determinar quanto de impostos e legislação eram necessários para alcançarem ou se aproximarem de seu objetivo.

Com este programa a Esquerda iria chegar ao poder em muitos países da Europa Ocidental. No entanto, para alcançar este sucesso e em particular para mantê-lo, outra virada estratégia era necessária. No decorrer do desenvolvimento econômico europeu, o número de trabalhadores industriais, i.e., a tradicional classe trabalhadora operária, que formou a grande massa de eleitores socialistas, gradualmente mas constantemente declinou. A fim de estabilizar e expandir sua base eleitoral, os socialistas teriam que mudar sua imagem pública de “partido dos proletários” e apelar também para as continuamente crescentes classes de trabalhadores de “colarinho branco” e de empregados da indústria de serviços. Com o poder de taxar e redistribuir propriedade privada e renda, eles teriam que sistematicamente aumentar o número de trabalhadores do “setor público” financiados através dos impostos, i.e., de dependentes do estado e, em particular, de trabalhadores da chamada indústria de “serviços sociais”. Sobretudo, a fim de adquirirem uma aura de autoridade e respeitabilidade intelectual, os socialistas teriam que expandir, infiltrar e finalmente tomar todo o sistema de “educação pública”, das universidades, aos colégios até os jardins de infância. A estratégia deu certo. Em particular, todas as universidades e escolas da Europa Ocidental ficaram sob controle da Esquerda igualitária, e sua crescente dominância de todo o debate público, então, provocou um deslocamento sistemático para a esquerda de todo o espectro dos movimentos e partidos políticos.

E por fim, mas não menos importante, surgiram desafios novos e diferentes para os socialistas na área de política externa. Sendo um movimento internacionalista, a Esquerda visava estabelecer o socialismo em toda parte, em última instância no mundo inteiro, e eles davam suporte as tentativas de centralização política como um meio para o objetivo de equalização supranacional. Mas eles eram também anticolonialistas, anti-imperialistas e antimilitaristas. Cada país deveria supostamente libertar a si mesmo de seus opressores estrangeiros e domésticos para então se juntarem a irmandade internacional da humanidade por sua própria conta.

Quando, já logo após a guerra, o processo de “Integração Europeia” foi lançado, que eventualmente levaria a “União Europeia” (na verdade, um cartel de associação de governos de estados nação, com a Alemanha sendo o membro mais forte economicamente, porém o mais fraco politicamente), a Esquerda se mostrou esmagadoramente solidária. O processo era falho pois começou e procedeu sob a tutela dos EUA, mas também deu a oportunidade de expandir o poder socialista igualitário em última instância por toda a Europa. Menos entusiasmo e, de fato, uma considerável oposição da Esquerda encontrou outro projeto dos EUA: o estabelecimento da OTAN. Sendo uma aliança militar internacional sob o comando supremo dos EUA, muitos consideraram ser uma iniciativa militarista e se opuseram a OTAN. Mas devido à “Ameaça Soviética”, i.e., o perigo supervalorizado e sistematicamente popularizado de tomada militar da Europa Ocidental pela União Soviética, qualquer oposição séria seria rapidamente silenciada e a associação na OTAN também foi abraçada pela Esquerda Europeia Ocidental.

Com o colapso da União Soviética e seu império no começo dos anos 1990s, um desafio similar surgiu novamente para os socialistas. Com o desaparecimento da ameaça soviética e o fim da Guerra Fria, a OTAN cumpriu seu objetivo e aparentemente não tinha mais um propósito. Porém a OTAN não foi extinta como a maior parte (mais não toda) da Esquerda gostaria. Ao contrário.

Após algumas vitórias cruciais da Esquerda igualitária nos EUA desde os anos 1960s, com legislações do chamado movimento dos Direitos Civis, seu poder foi ofuscado neste meio tempo pelos “neoconservadores”, um movimento inspirado e liderado por um grupo de intelectuais ex-trotskistas, que propuseram combinar um Estado de Bem-estar Social em casa, também chamado de “capitalismo democrático”, com um imperialismo americano no exterior e a motivação pela dominação mundial. Sob a influência dos “neocons”, então, a OTAN não apenas deixou de ser abolida como foi aperfeiçoada e expandida. A Rússia pós soviética foi sendo cercada cada vez mais pelas tropas da OTAN, e os EUA atacaram e travaram guerras contra um pais atrás do outro – Afeganistão, Iraque, Líbia, Sérvia, Somália, Sudão, Síria – orquestrou golpes (Ucrânia, Egito), ou impôs sanções econômicas e bloqueios contra outros países (Irã), pelo mero motivo de eles não estarem dispostos a aceitar ordens dos neocons encarregados da política externa americana. A Esquerda Europeia, com sua orientação tradicional anti-imperialista, deveria ter se estarrecido e resistido vigorosamente a essas políticas. Mas ao invés disso, através de pressões econômicas, ameaças e subornos dos EUA, a maior parte (embora não todos) dos partidos europeus de esquerda rapidamente cederam e se tornaram comparsas voluntários destas empreitadas imperialistas. E isto – baseando-se em seus próprios padrões, uma mudança traiçoeira na política da Esquerda Europeia – ao contrário levaria então à outra reviravolta estratégica crucial em sua agenda.

Proposital ou não, o resultado do imperialismo americano, o derramamento de sangue, instabilidade social e devastação econômica que causou, gerou um aumento contínuo do afluxo de pessoas dos Balcãs, do Oriente Médio próximo e do norte da África tentando chegar aos países socialistas democráticos da Europa Ocidental. Os socialistas nacionalistas ou “de direita”, em concordância com o sentimento geral do povo, se opôs e tentou resistir a esta ameaça de uma invasão de milhões e milhões de “imigrantes” estrangeiros. Por sua vez, a Esquerda socialista, seguindo o exemplo dos EUA neste ponto, percebeu e apresentou a imigração em massa como uma oportunidade para outro grande avanço em sua agenda igualitária e convenientemente não fez quase nada para prevenir isto ou até promoveu. Lamentavelmente, isto pressionaria para baixo os salários domésticos, ameaçando assim o apoio de sua própria base eleitoral da classe trabalhadora tradicional. Mais importante, no entanto, isto seria instrumental na ruptura de toda e qualquer resistência contra avanços adicionais na centralização e concentração de poderes socialistas no quartel general americano de Bruxelas, fosse das forças socialistas nacionalistas ou mais radicalmente e fundamentalmente do lado dos libertários de direita. Através de uma política de “livre imigração”, ao misturar, no mesmo território, em proximidade imediata, pessoas de diferentes nacionalidades, etnias, idiomas, culturas, costumes, tradições e religiões, de diferentes histórias, educações, sistemas de valores e formações psicológicas, resultaria em crescente fragmentação social. Todos os vínculos pessoais ainda existentes além – ou até acima – daqueles do estado central e, portanto, sendo obstáculos para expansões adicionais do poder do estado, i.e., vínculos com a própria nação, etnia, religião, região, cidade, comunidade ou família, seriam sistematicamente enfraquecidos. Todo mundo seria cada vez mais “equalizado” em desunião ubíqua e universal, desentendimento e conflito social, e igualmente deixado unicamente à mercê do todo poderoso estado e seus governantes socialistas. E, então, para este fim, todo dissidente teria que ser sistematicamente denunciado pela classe dominante de intelectuais esquerdistas nos termos mais fortes possíveis, como um pária tão desprezível e abominável que seria melhor que fosse silenciado para sempre.

Nesta obra, Lew Rockwell expõe o progresso aterrorizante que os socialistas de todas as estirpes, sejam do tipo “direitista” ou “esquerdista”, já obtiveram na busca de sua agenda igualitária, e ele extrai as lições a serem aprendidas disto pelos libertários.

 

Lew Rockwell
Lew Rockwell
Lew Rockwell é o chairman e CEO do Ludwig von Mises Institute, em Auburn, Alabama, editor do website LewRockwell.com, e autor dos livros Contra a Esquerda, Speaking of Liberty e The Left, the Right, and the State.
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