A inflação, apesar de ser conhecida como a “alta dos preços” é, na verdade, o aumento da oferta monetária. É a partir disso que se pode solucionar os problemas que ela causa, ou seja, suas consequências.
A moeda, como Mises dizia, “é uma criação do mercado”, e portanto, não pertence ao Estado. Sua natureza é mercadista, e não estatista. Sua finalidade é servir como meio de troca e facilitar a vida das pessoas; não é prejudicá-las.
O dinheiro é, bem possivelmente, a melhor ferramenta criada pela humanidade, pois possibilitou uma grande variedade de trocas de forma segura e tornou possível todo um desenvolvimento econômico-monetário para a vida em sociedade.
Escolhida livremente pelos indivíduos como meio de troca, a moeda já foi diversificada em várias oportunidades, normalmente sendo utilizada alguma commodity como troca. Ademais, foi o ouro e a prata, quem mais se fortaleceram e garantiram-se como moeda mundialmente, sendo o ouro a principal delas. Isto porque, os indivíduos no decorrer dos tempos, perceberam que a moeda – para se ter melhor garantia e estabilidade – precisa de certos requisitos, como limite de oferta, durabilidade, ser facilmente transacionável e aceita, etc.
Dizer que a moeda é criação do governo não passa de uma piada de mal gosto, isto é, se for capaz de considerá-la uma piada, pois, está mais para pura idiotice. Ora, como poderia conceber-se criação do governo algo que veio para o bem e para facilitar a vida em sociedade? Segundo consta, o governo é criador de problemas, não solucionador. Aliás, consta também que é o causador da inflação, aí sim, sua cria, pois, não contribui em nada para a sociedade, mas sim, a prejudica.
O governo não é criador – pelo menos, não de coisas boas –, mas pode ser enganador; no caso em análise, chega a ser demasiado criativo para isso.
Ele tem por premissa maior subverter para conquistar; conquistado, vem o espólio e a submissão da sociedade, os monopólios são seus protegidos, a propaganda sua arte, a guerra seu “alimento”, o imposto, seu financiador, o dinheiro fiduciário, sua carta na manga para controlar a economia e desentender seus governados que não entendem sua função. Mas, a função é bem simples: aumentar os gastos do governo e diminuir o da população[1]. É como se fosse um “progresso” do imposto, pois este, pelo menos, tende a ser mal visto pela sociedade, a inflação sequer é compreendida, sendo utilizada como carta na manga dos governantes para inflar a moeda, e consequentemente, vem o aumento dos preços de bens e serviços, ou até mesmo de ativos – que pode ser entendido como bolhas econômicas, ou articulações estatistas-bancárias-econômicas.
A culpa pela inflação “é dos empresários”, é o que se ouve, quase como uma forma de fazê-los pagar pela alta dos preços. Se houver pena, pela culpa, que seja para os governantes, pois estes sim tem nome sujo no cartório. Os empresários estão fazendo um grande serviço subindo os preços (visto ser a única maneira de se precificar mais corretamente, e visto a escassez como lei fundamental econômica), sem dúvida pode ser considerado patriotismo, digna de uma medalha da mais alta patente entregue pelo Presidente; o que de certa forma chega a ser contraditório. Seria o empresariado recebendo uma medalha por uma consequência causada pelo presidente e demais “servidores” do povo, que deveriam estar sendo punidos, pois, dizem querer – em alguns casos até fazem – punir quem aumenta preços em situação de inflação (concordo com eles neste ponto, mas a não ser que virem masoquistas a ponto de se punirem..).
De forma resumida: são os governantes com poderio de aumentar a oferta monetária e criar dívidas impagáveis que são os criminosos. A inflação é criada por eles, e será solucionada quando for proibido e punido quem mexer e controlar a moeda e a economia.
Tanto a moeda, quanto a economia não são mero artefato para se ficar manipulando como bem se entender, aliás, sequer devem ser manipuláveis. A natureza das duas é serem livres e heterogêneas, ou seja, são formadas por milhares de indivíduos e não possui uma fórmula matemática, a não ser que a fórmula seja sua não existência. O intervencionismo criminoso que é feito na moeda e na economia levam a situações de crise e insegurança, dois fatores que os intervencionistas dizem querer controlar para o progresso da humanidade, mas na verdade, só geram desordem, pobreza e caos. A verdadeira ordem econômica é formada pela sociedade, e não pelo governo.
Quem tem que dizer o que é a moeda são os seus usuários, e não o governo. Quem tem que manipulá-la são os indivíduos formadores da sociedade, e não o governo. Aumentar a oferta monetária e criar um oligopólio bancário, é só uma forma de proteger alguns, em troca do que Hayek chamava de a “grande sociedade”. Pois, sim, a maioria sofre com a inflação, mas não os governantes e seus beneficiários. Estes, beneficiam-se manipulando a moeda recebendo e gastando primeiro o dinheiro criminoso adquirido.
Resultados de um vidente quase divino (só abaixo da classe política, é claro): “culpem os empresários, controlem os preços, e acelerem ainda mais as impressoras para sair da situação criada por nós (políticos)”. Ademais, ainda existem os mais lunáticos que dizem ser favoráveis ao aumento de impostos em conjunto com a inflação. Mas, tudo bem, quando piorar mais a situação, no problem, continue culpando os empresários e dá uma ênfase nos problemas da “criminosa” economia capitalista.
Eis o mistério do intervencionismo: amarre pessoas no trilho do trem, e na “remota” possibilidade de virarem presunto, culpe o motorista ou a empresa ferroviária. Aliás, sempre bom aproveitar e culpar o capitalismo do setor ferroviário (caso existisse, já foi conquistado) e torná-lo público antes que novos casos, infelizes, aconteçam pela ganância capitalista.
Esses intervencionistas tentam fazer um cachorro virar leão dando mais comida para o bichinho; o resultado é só aumento de peso e mais sujeira advinda com as necessidades do cão. Lambança é quase sinônimo de intervencionismo; o pseudônimo está mais para criminologismo ou imbecialismo. O fedor que eles causam vem da sujeira que eles criam. O planejamento que eles dizem fazer é a forma de se darem bem em cima dos outros, o nome correto deveria ser algo mais simbólico como caos ou pânico. Talvez usar pilantragem ou trapaceiragem, de todo modo, não muda o fato de que enquanto possuírem o poder de manipular a economia e a moeda (principal na economia), o povo será espoliado e verá o fruto de seus trabalhos sumirem como pó. E sequer poderão cheirar, como muitos desses intervencionistas devem fazer.
É preciso ter em mente que o planejamento econômico estatal não passa de uma maneira de controlar a economia para o próprio bem do Estado, e não para o bem da sociedade e de seus indivíduos. Quem mais sofre com a inflação são os pobres; as políticas econômicas planejadas pelos intervencionistas, dizem eles por todos os cantos, são direcionadas para o bem estar dos mais pobres. Sem sombra de dúvidas que é tudo muito bem planejado para o bem estar dos pobres, só que o “bem estar” que eles se referem é só mais uma maneira de mantê-los na pobreza e piorarem a situação. É como aquele ditado que diz que “no inferno está cheio de gente com boas intenções”. Bem, no governo também está cheio de gente indo diretamente para o inferno.
O governo que deveria estabelecer a ordem, provê desordem e caos ao manipular a moeda e a economia. O resultado é obter controle da economia e da sociedade; ao impor seus fins ao meio social, só conseguem desmantelar e desvirtuar o que é natural da sociedade. Os objetivos e planejamentos dos – como diz Oakeshott – “políticos da fé”, são nada mais do que ilusões e gerenciamento humano, que estão fadados ao fracasso. A barbárie é o que vos espera, e no fim, – para alguns – é o que buscam. Controlar uma massa amorfa é mais fácil do que pessoas virtuosas e morais.
O intervencionismo só é capaz de aumentar os problemas e gerar conflitos sociais. Sua natureza é anti-social, e por definição, é o meio do governo interferir e tomar as rédeas da sociedade. Sua capacidade de resolver problemas anda em conjunto com os problemas que surgem com a “solução anterior”; é um completo ciclo de fatalidades que acomete toda a sociedade, principalmente quando se trata da economia. E a moeda é o principal fator da economia. Por isso que o controle dela é tão prejudicial para o sistema econômico-monetário e para a vida em sociedade.
_______________________________
Notas
[1] Aliás, se se considerar que, por causa do aumento monetário, a consequência será o aumento dos preços, pode ser dito que haverá aumento de gastos também por parte da população (gasta-se mais, recebe-se menos), pois o poder de compra foi deteriorado. Ou seja, com a inflação é estimulado o consumismo e não a poupança e a prudência.
Parabéns ao autor excelente artigo.