Título original: The Market For Liberty
Autores: Morris Tannehill, Linda Tannehill
Ano da publicação original: 1970
Tradução: Nilo Bessi Pascoaloto, Fernando Fiori Chiocca
Revisão: Nilo Bessi Pascoaloto
Diagramação: Fernando Fiori Chiocca
Capa: Fernando Fiori Chiocca
Alguns grandes livros são o produto de uma vida inteira de pesquisa, reflexão e disciplina laboriosa. Mas outros clássicos são escritos durante o calor do momento da descoberta, com uma prosa que brilha como o sol entrando na janela de uma época em que uma nova compreensão coloca o mundo em foco pela primeira vez.
O Mercado da Liberdade é esse segundo tipo de clássico, e que tesouro ele é. Escrito por dois autores – Morris e Linda Tannehill – após um período de intenso estudo dos escritos de Ayn Rand e Murray Rothbard, tem o ritmo, a energia e o rigor que você esperaria de uma discussão pessoal com qualquer um desses dois gigantes.
Mais do que isso, esses autores colocaram a caneta no papel exatamente no momento certo de seu desenvolvimento intelectual, aquele período de frescor rapsódico em que uma grande verdade havia sido revelada, e eles tinham que compartilhá-la com o mundo. Claramente, os autores se apaixonaram pela liberdade e pelo livre mercado, e escreveram um soneto cativante para essas ideias.
Este livro é muito radical no verdadeiro sentido do termo: vai à raiz do problema do governo e proporciona um repensar de toda a organização da sociedade. Eles iniciam com a ideia do indivíduo e seus direitos, abrem caminho através da troca e do mercado, expõem o governo como o grande inimigo da humanidade e então – e aqui está a grande surpresa – eles oferecem uma dramática expansão da lógica do mercado em áreas de provisão de segurança e defesa.
Sua discussão sobre este tema controverso está integrada em seu aparato teórico libertário. Ela lida com agências privadas de arbitragem na gestão de disputas e criminalidade, o papel das seguradoras em fornecer incentivos lucrativos para segurança e agências privadas em sua capacidade de serviços de proteção. É por esta razão que Hans Hoppe chama este livro de uma “excelente, ainda que muito negligenciada, análise da operação de produtores de segurança concorrentes”.
A seção sobre a guerra e o Estado é particularmente pungente. “Quanto mais o governo ‘defende’ seus cidadãos, mais provoca tensões e guerras, pois exércitos desnecessários chafurdam descuidadamente em terras distantes e funcionários do governo, do mais alto ao mais baixo, jogam seu peso em intermináveis e provocantes apropriações de poder. A máquina de guerra estabelecida pelo governo é perigosa tanto para estrangeiros quanto para seus próprios cidadãos, e essa máquina pode operar indefinidamente sem qualquer controle efetivo além do ataque de uma nação estrangeira”.
Também negligenciado é o plano desafiador dos Tannehill para dessocialização ou transição para uma sociedade totalmente livre. Eles argumentam contra a privatização como geralmente é entendida, alegando que o governo não é o proprietário da propriedade pública e, portanto, não pode vendê-la. A propriedade pública deve ser apreendida ou apropriada pelos trabalhadores ou por pessoas com o maior interesse nela, e depois colocada no mercado livre. Se isso soa maluco ou caótico, você pode mudar de ideia depois de ler o argumento deles.
O que é notável é como este livro realmente antecede Por uma nova liberdade, de Rothbard. De fato, Rothbard o escolheu como um dos 20 melhores livros libertários de todos os tempos, para ser impresso em sua série para a Arno Press. Teve um impacto enorme quando foi lançado em 1970, especialmente entre a geração que estava debatendo a questão de saber se o Estado precisava fornecer funções de “vigia noturno” ou ser eliminado de uma vez.
Os autores foram atraídos pela perspectiva ética de Rand, mas pela economia e política de Rothbard. Mas, claramente, eles estavam cercados por clássicos de todas as idades quando escreveram. Portanto, este pequeno tratado inflamado conectou-se com o movimento florescente na época, fornecendo exatamente o tipo de integração que muitos estavam procurando.
Desde a década de 1980, no entanto, o livro definhou na obscuridade. Se os autores ainda estão por aí, ninguém parece ter ouvido falar deles, um fato que parece apenas aumentar o mistério deste livro que nunca será repetido.
Quem deveria ler esse livro? É uma leitura estimulante para uma pessoa que nunca foi apresentada a essas ideias. Nenhum leitor poderia permanecer inerte a ele. Para a pessoa que aprecia a livre iniciativa, este livro completa o quadro, empurrando os limites da lógica de mercado até onde o limite. Para aqueles que foram atraídos pelo argumento das agências de seguros no mercado livre, essa explicação ainda é a mais extensa já impressa.
Sumário
PARTE I: O GRANDE CONFLITO
- Se não sabemos para onde estamos indo. . .
- Homem e sociedade
- O mercado autorregulado
- Governo – um mal desnecessário
PARTE II: UMA SOCIEDADE LAISSEZ-FAIRE
- Uma economia livre e saudável
- Propriedade – A grande solucionadora de problemas
- Arbitragem de litígios
- Proteção da Vida e da Propriedade
- Lidando com a coerção
- Retificação de Injustiça
- Guerra entre Agências de Defesa e Crime Organizado
- Legislação e Lei Objetiva
- Agressão Externa
- A abolição da guerra
PARTE III: COMO CHEGAMOS LÁ?