Capítulo I. Introdução
No plano da política e da ideologia, frequentemente são-nos apresentadas apenas duas alternativas: somos, então, induzidos a fazer nossa escolha nos limites desse arcabouço viciado. Na década de 1930, a esquerda nos asseverava que tínhamos de escolher entre o comunismo e o fascismo: eram as únicas alternativas disponíveis. Agora, no âmbito da ciência econômica norte-americana contemporânea, pretende-se que optemos entre os monetaristas do “mercado livre” e os keynesianos. Além disto, espera-se que atribuamos grande importância a fatores tais como a exata quantia em que o governo federal deveria expandir a oferta de moeda ou o montante preciso do déficit federal.
Um terceiro caminho, muito acima das mesquinhas controvérsias acerca da “mescla” monetário-fiscal da política governamental, permanece virtualmente esquecido. Quase ninguém leva em conta esta terceira alternativa: a eliminação de qualquer influência ou controle do governo sobre a oferta de moeda ou, até mesmo, sobre toda e qualquer parte do sistema econômico. Aí está a trilha desprezada do verdadeiro mercado livre, a trilha que um notável e solitário economista, disposto ao combate e de fascinante criatividade – Ludwig von Mises – desbravou e propugnou ao longo de toda a sua vida. Não é exagero dizer que o mundo só se libertará de seu miasma de estatismo e que, na verdade, os economistas só retornarão a um sólido e correto desenvolvimento da análise econômica no dia em que, deixando o atoleiro em que hoje se encontram, alcançarem o elevado terreno que Mises preparou para nós.