Quando uma pesquisa da Gallup de junho de 1968 perguntou às pessoas se elas eram a favor de uma renda garantida para todas, estando elas dispostas a trabalhar ou não, apenas 36 por cento disseram sim e 58 disseram se opor. Quando os pesquisadores perguntaram às mesmas pessoas se o governo deveria “garantir empregos suficientes de forma que cada família que tenha um trabalhador empregável tivesse suficiente trabalho toda semana para garantir uma renda de US$60 por semana ou US$3.200 por ano”, 78 por cento responderam sim. Apenas 18 se opuseram.
Contudo, a noção plausível de que o governo deve se tornar o “empregador em último caso” é tão inconsistente na prática quanto a renda garantida sem qualquer trabalho.
Os políticos no poder certamente não quereriam ser acusados de oferecer empregos mais duros ou piores condições que os empregadores privados mais pobres. Assim, eles teriam que oferecer empregos mais fáceis e muito melhores condições, e provavelmente atrairiam muitos trabalhadores de empregos privados marginais existentes para os empregos criados pelo governo. Para a maioria dos afetados pelo plano, o governo de fato se tornaria o empregador de primeiro caso.
Já existe uma demanda por trabalhadores para trabalhos que precisam ser feitos, e os quais os empregadores querem e pelos quais podem pagar o salário mínimo legal. O governo portanto teria que inventar trabalhos que precisam ser feitos ou, pelo menos, que não valem a pena ser feitos pelo salário mínimo.
Os trabalhos inventados, além do mais, teriam que estar onde estariam os desempregados. O governo não poderia anunciar que haveria muitos empregos garantidos nas florestas do Alaska para os favelados da cidade de Nova York — a não ser que provesse também transporte garantido para os trabalhadores, suas famílias e seus móveis, garantisse suas casas, compras, escolas e outras condições de vida.
Sob esse programa, é óbvio que a maior parte do trabalho feito não faria sentido e seria inútil, e a maioria dos empregos criados seriam desnecessários e falsos.
Isso não é tudo. E se os trabalhadores com empregos garantidos fossem incapazes de aprender como executá-los, ou que criassem mais resíduos que produção usável? E se eles habitualmente chegassem uma ou duas horas atrasados, ou levassem três horas para almoçar, ou aparecessem somente para receber o pagamento, ou ignorassem todas as instruções, ou fossem insubordinados, ou cometessem atos de sabotagem e vandalismo, ou chutassem o chefe escada abaixo? Seus empregos seriam garantidos, não seriam?
Quem quer que pense que eu estou imaginando problemas só precisa ler os detalhes do tumulto de 1.500 jovens fora da prefeitura de Nova York em 10 de julho de 1968. Eles protestavam contra os cortes do projeto do programa de empregos de verão da cidade. Cito a descrição do New York Times:
Alguns dos jovens (a maioria deles adolescentes das áreas brancas, negras e porto-riquenhas pobres) destruíram seis automóveis estacionados fora da prefeitura da cidade, atiraram pedras, garrafas e pedaços de vidro quebrado contra a polícia e saquearam as vãs e bancas de revistas da área. No auge da perturbação, os bandos de jovens saíram do parque da prefeitura, destruíram várias janelas do Edifício Woolworth e derrubaram e roubaram uma mulher de 50 anos.
Essa tática foi belamente recompensada. No dia seguinte, o prefeito John Lindsay anunciou que a cidade alocaria US$5 milhões para mais empregos de verão. Antes daquilo, ele tinha asseverado repetidamente que nenhum dinheiro estava disponível para esses empregos.
Isso não significa que o problema de prover mais empregos reais para os não-qualificados e para os adolescentes seja insolúvel. Como alguns eminentes economistas já apontaram, o passo mais importante seria repelir a lei federal de salário mínimo.