InícioAnarcocapitalismoEstado ou Mercado, quem deve cuidar de "recursos estratégicos"

Estado ou Mercado, quem deve cuidar de “recursos estratégicos”

Imagine que dois reis estejam reivindicando uma ilha no formato de uma esfera. Eles decidem então dividir a ilha entre os dois.

Na metade norte da ilha encontramos:

  • Jazidas de urânio
  • Jazidas de metais de terras raras
  • Jazidas de ouro e prata
  • Poços de petróleo
  • Estaleiros e bases navais
  • Bases aéreas
  • Usinas de energia
  • Terras férteis
  • Aquíferos de água potável
  • Parque industrial pesado

Na metade sul da ilha encontramos:

  • Cassinos
  • Shopping centers
  • Empreendimentos imobiliários
  • Zonas hoteleiras
  • Centros financeiros
  • Condomínios de luxo
  • Parques de diversão
  • Startups
  • Comércio de atacado e varejo
  • Áreas de preservação ambiental

Se um rei dividir a ilha longitudinalmente e reivindicar a parte norte, certamente o outro rei iria protestar, afinal quem controlar a metade norte poderá facilmente dominar a metade sul em seguida. A metade norte produzirá armas, controlará a segurança alimentar e poderá impor sanções respaldadas por bloqueios navais e interdições do espaço aéreo.

A metade sul pode ser mais rica, mais agradável, gerar mais receita; mas a metade norte poderá controlar toda essa riqueza quando bem entender.

Nas faculdades de economia nos ensinam que existem 4 tipos de bens econômicos

1) Os bens públicos, que supostamente devem ser estatizados, como a defesa nacional, o sistema de justiça e o sistema monetário.

2) Os bens comuns, que supostamente devem ser pesadamente regulados pelo Estado, como os recursos naturais e o espectro eletromagnético.

3) Club Goods, que supostamente devem ser concessões estatais subsidiadas, como defesa civil, energia, utilidade urbana, sistema de saúde, certificados educacionais e transporte.

4) Bens privados, deixados sob a batuta do livre mercado, como bens de consumo em geral, serviços financeiros e indústria leve.

Podemos simplificar agrupando as categorias 1, 2 e 3 em bens controlados pelo Estado (seja por monopólio, diretrizes regulatórias, subsídios ou concessões) e a categoria 4 como os bens que o povo pode controlar de forma relativamente livre (mas que também são regulados e tributados).

Imagine que os dois reis que disputam a ilha são o Estado e o povo mas a divisão aqui não é geográfica. Isto significa que na guerra do povo contra a tirania, sequer temos um território. O que temos é o Estado nos convencendo a dividir a economia da seguinte forma:

Os tiranos ficam com as armas, recursos naturais, infra-estrutura, pesquisa científica, educação das crianças, telecomunicações, controle monetário, segurança alimentar, biossegurança e terras; enfim, toda a matriz de produção de poder real.

Nós, o povo, ficamos com sorvetes, bonés, calcinhas, tablets, bolas de futebol, bicicletas, lojinhas, barzinhos e outras perfumarias, afinal o Estado conta com o mercado pra produzir pão e circo.

Seremos a parte produtiva sim, a que mais gera riqueza. Mas ela será toda arrancada de nós. Seremos os escravos que realmente produzem cana de açúcar. Mas o engenho, os feitores e os capitães do mato serão dos tiranos.

Toda vez que você vir um liberal defendendo estado-mínimo, com aquele discurso de que o Estado deve cuidar apenas do essencial, deixando o resto pro mercado, saiba que se trata de um propagandista dos tiranos tentando nos convencer a dividir a ilha econômica da forma mais desvantajosa pro povo.

Apenas os anarcocapitalistas defendem que os recursos estratégicos saiam das mãos dos tiranos.

 

Paulo Kogos
Paulo Kogos
é um praxeologista anarcocapitalista conservador de extrema-direita e católico romano. Economista e aspirante-a-oficial da reserva, estuda filosofia no Mosteiro de São Bento. É ativista libertário, armamentista e separatista. Defende a volta das Cruzadas e é dono do canal Ocidente em Fúria no YouTube.
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1 COMENTÁRIO

  1. Eu não tinha visto o nome do autor do artigo, mas certamente pensei: o cara roubou o argumento do Paulo Kogos, que ele usou em um vídeo. Para minha surpresa…

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