InícioUncategorizedCapítulo 5 - O Pensamento Monetário e Bancário I: A Inicial Controvérsia...

Capítulo 5 – O Pensamento Monetário e Bancário I: A Inicial Controvérsia Bulionista

5.1 A Restrição e a Emergência da Controvérsia Bulionista

 

O Banco da Inglaterra tem sido o bastião do sistema bancário inglês (e, ao servir como o banco dos banqueiros, dos escoceses), desde a sua fundação em 1694. O banco foi o recipiente de uma enorme quantidade de privilégio e monopólio do governo britânico. Não apenas ele foi o receptor de todos os fundos públicos, mas nenhum outro banco corporativo era permitido a existir, e nenhuma parceria de mais de seis parceiros era permitida a emitir notas bancárias. Como resultado, por volta do final do século XVIII, o Banco da Inglaterra estava servindo como um mecanismo inflacionário de depósitos, especialmente de moeda fiduciária, para além da inundação de pequenos bancos de parceria (“bancos rurais”) que estavam habilitados a piramidar suas próprias notas, usando notas do banco da Inglaterra como suas reservas. Como se isso não fosse privilégio suficiente, quando o banco entrou em problemas de superinflações, foi permitido suspender pagamento em espécie, isto é, recusar-se a reconhecer a sua obrigação de resgatar as suas notas e depósitos em espécie. Esse privilégio foi garantido ao banco várias vezes durante o século depois de ela ter aberto suas portas. Entretanto, cada vez que havia suspensão, ou “restrição” de pagamento em espécie, durava apenas poucos anos.

Na década de 1790, entretanto, uma nova e assustadora época começou na história do sistema monetário Britânico. Em fevereiro de 1793, uma geração de guerra violenta irrompeu entre a França Revolucionária e as cabeças coroadas da Europa, liderada pela Grã-Bretanha. Enquanto não exatamente contínuo, a guerra durou, com curtas interrupções, até Napoleão ser finalmente vencido em 1815 e as monarquias da Europa reimporem a dinastia Bourbon sobre a nação francesa. Esse massivo empenho de guerra significou uma rápida escala de inflação monetária, gasto governamental, e débito público pelo governo britânico.

Durante o processo inflacionário da década de 1780, o processo inflacionário de expansão de crédito bancário conseguiu dobrar o número de bancos rurais na Inglaterra, totalizando quase 400 na irrupção da guerra. O choque da guerra levou a uma massiva crise financeira, incluindo corridas aos bancos rurais, bem como numerosas bancarrotas entre bancos e casas financeiras. Um terço dos bancos rurais suspenderam o pagamento em espécie durante 1793.

Por poucos anos, o banco se salvou ao buscar uma política cautelosa e conservadora. Mas logo as finanças inflacionárias de guerra, a drenagem do ouro para o exterior em resposta a um maior poder de compra noutros lugares, os alarmes da guerra e a aumentada demanda por dinheiro nos bancos, todas combinadas para precipitar uma corrida massiva aos bancos, incluindo ao Banco da Inglaterra, em fevereiro de 1797. Os bancos rurais suspenderam pagamentos em espécie e o governo trouxe a questão ao seu estopim ao “forçar” o banco a suspender pagamentos em espécie, uma “Restrição” da qual o Banco da Inglaterra, é claro, deleitava-se em aceitar. Pois o banco poderia agora continuar operações, poderia expandir crédito, inflar sua oferta de notas e de depósitos, e insistir que seus devedores precisam repagar seus empréstimos, enquanto ele evitaria incomodar o resgate de suas próprias obrigações em espécie. Com efeito, notas bancárias eram não oficialmente o curso legal, em verdade, praticamente o único curso legal, e elas foram feitas o curso legal oficial em 1812 até a retomada de pagamentos em espécie em 1821.

No começo, a visão geral sustentou a restrição como sendo estritamente temporária, e que na verdade o decreto, a qualquer dado tempo, era apenas suposto a durar por poucos anos. Mas a restrição foi estendida repetidamente, e foi eventualmente continuada por 24 anos, de 1797 até 1821. Até o fim do século XVIII, era impensável que a Grã-Bretanha poderia estar sob um padrão fiduciário irresgatável por toda uma geração.

À parte de poucos anos durante o período continental do papel da Revolução Americana, as bolhas do Mar do Sul e do Mississippi do início do século XVIII, os assignats hiperinflacionados durante a Revolução Francesa, ou algumas poucas breves suspensões de pagamento em espécie, o mundo tem sempre estado sob alguma forma de padrão ouro ou prata. Todos esses episódios tem sido misericordiosamente breves senão catastróficos. Mas agora, depois de um tempo, começou o amanhecer sobre o povo britânico que a era do papel fiduciário inflacionário iria continuar indefinidamente.

A Grã-Bretanha suspendeu os pagamentos em espécie indefinidamente de modo a permitir o Banco da Inglaterra, e o sistema bancário como um todo, para manter e expandir grandemente o prévio sistema inflacionado de serviços bancários de reserva fracionária. De acordo, o banco era apto a inflar grandemente o crédito e a oferta monetária de notas e de depósitos. As estatísticas para o período são esparsas, mas é claro que de 1797 até o fim das Guerras Napoleônicas a oferta monetária aproximadamente dobrou. Essa inflação monetária tinha muitas consequências previsíveis – e geralmente indesejadas. Os preços domésticos dispararam, o preço da prata e especialmente da barra de ouro arqueou para cima em relação ao par oficial com a libra, e a libra desvalorizou no mercado de câmbio internacional.[1] A inflação monetária, como sempre, prosseguiu em ajustes e, em vez de começar tranquilamente, começou antes, e assim as várias consequências nos preços domésticos, bulião e em câmbio internacional foram elas mesmas dificilmente uniformes ou proporcionais. Mas, com os três últimos efeitos cada eventualmente aumentando à um pico de aproximadamente 40 ou 50 por cento sobre seus níveis de pré-restrições, a bruta tendência geral era inconfundível.

Antes de 1800, décadas de papel-moeda inconversíveis na Inglaterra foram consideradas impensáveis, e assim teóricos monetários prévios mal contemplaram ou analisaram tal economia. Mas agora, escritores foram forçados a chegar em um acordo com o papel fiduciário, e a propor políticas para lidar com uma nova era indesejada.

As controvérsias políticas durante o período de restrição centradas em explicar a inflação de preços, a depreciação e a avaliação da função do Banco da Inglaterra. Os “bulionistas” apontaram que a causa da inflação e preços, o aumento no preço do bulião sobre o par, e a depreciação da libra foi a primeira expansão de moeda fiduciária. Eles posteriormente sustentaram que a função central nessa inflação foi desempenhada pelo Banco da Inglaterra, liberto de sua necessidade de resgatar em espécie. Seus oponentes, os “anti-bulionistas”, tentaram absurdamente absolver o governo e seu banco privilegiado de toda culpa, e atribuir todas as consequências indesejadas a problemas específicos nos mercados particulares envolvidos. A desvalorização no câmbio internacional foi carregada ao escoamento de bulião causado por importações excessivas ou por gastos de guerra britânicos no exterior (presumivelmente não relacionados à quantia em aumento de libras de papel ou ao poder de compra decrescente da libra). O aumento no preço do bulião foi supostamente causado por um aumento de demanda “real” por ouro e por prata (novamente não relacionados à libra e papel desvalorizados). Os aumentos nos preços domésticos receberam menos atenção dos dois lados do debate, mas eles foram atribuídos pelos antibulionistas às perturbações de tempos de guerra e de escassez na oferta. Qualquer causa ad hoc poderia ser levantada contanto que a grande causa integrante, a expansão de crédito bancário e de papel moeda, fosse cautelosamente ignorada e deixada de fora. Em suma, os antibulionistas retrocederam à preocupação mercantilista sobre causas ad hoc e as balanças de negociações no mercado. A árdua análise prévia da moeda e dos preços gerais se esvaiu.

5.2 A controvérsia bulionista começa

O anúncio da restrição trouxe uma enxurrada de atividades, prós e contras, consistindo não de extensivas análises teoréticas, mas de afirmações gerais de aprovação ou de alertas de coisas a se chegar. O primeiro-ministro, William Pitt, o Jovem (1759-1806), e seus seguidores odiosamente sustentaram que não havia causa para o alerta, visto que, diferente dos assignats dos maus Revolucionários Franceses, o Banco da Inglaterra estava emitindo papel “privado” em vez de papel governamental. Visto que a relutância do governo para fazer as notas bancárias o curso legal até perto do fim da guerra, embora as suas políticas as fizeram o curso legal de facto. O líder da oposição, Charles James Fox (1749-1800), denunciou a restrição e clamou pela retomada de pagamentos em espécie, e também apontou que a guerra contra a França possuía a responsabilidade última pela imersão no papel fiduciário. E o distinto dramaturgo e membro do Parlamento Whig, Richard Sheridan (1751-1816), alertou que “estávamos condenados a todos os horrores da circulação de papel”.

O historiador econômico, o inflacionista Norman Silberling, sumarizou a posição Fox-Sheridan de forma antipática como se segue:

Fox e Sheridan tomavam a si mesmos como os líderes da persistente diatribe contra a Suspensão Bancária, não sob os fundamentos de princípios financeiros, mas porque a Suspensão permitia essa instituição a suportar as atividades do que eles resguardavam como militaristas, reacionárias e, não obstante, de administração falida […] Eles concentraram suas eloquentes invectivas contra essa aliança entre Banco e Estado a qual era produtiva de “roubo e fraude”; e eles clamaram para que o Banco seja divorciado imediatamente de suas responsabilidades públicas e de sua participação na Guerra. Deixe o Ministro repagar as dívidas do Banco (se ele pudesse!) e deixe o banco voltar com o pagamento honesto de suas Notas.[2]

Para os primeiros poucos anos, entretanto, tudo pareceu bem. O perigo inicial do banco e a mínima expansão de demandas governamentais sobre o seu crédito combinaram com o inevitável atraso de tempo entre a emissão da nova moeda e o aumento em preços para enganar os britânicos à um falso sentimento de segurança. O preço da comida aumentou substancialmente em 1799, mas foi fácil para os antibulionistas e para outros apologistas da administração descartarem esse aumento em uma enxurrada de panfletos enquanto havia falha nos produtos de safra e perturbações do tempo de guerra na importação de grãos. Até mesmo o Rev. Thomas Robert Malthus, depois de emergir como pelo menos um bulionista parcial, levantou, timidamente, a questão monetária, e então desconsiderou o aumento de papel moeda como “na verdade […] o efeito, e não a causa do alto preço de provisões”.[3]

Na primavera de 1800, entretanto, os gastos de guerra e a dívida do banco financiando o governo aceleraram, levando a uma desvalorização da libra em 9 por cento no principal mercado de câmbio internacional de Hamburgo, e a barra de ouro aumentou 9 por cento a mais do seu valor de par oficial. Em adição, os preços domésticos aumentaram mais do que antes. A desvalorização da libra tinha evidentemente começado.

A primeira fase da controvérsia bulionista (1800-4) começou quando um dos melhores bulionistas publicou seu notável panfleto sobre a causa da desvalorização. Certamente, havia pouco na carreira prévia de Walter Boyd (c.1754-1837), um rico aventureiro e buscador de privilégios estatais, para preparar um panfleto de ávidos insights sobre as calamitosas consequências do irresgatável papel-moeda. Boyd foi um rico banqueiro inglês em Paris, o parceiro chefe de Boyd, Ker and Co., que tiveram de fugir por suas vidas em 1793 da tirania da Revolução Francesa, a qual também confiscou a sua propriedade. De volta a Londres, Boyd estabeleceu a firma bancária de Boyd, Benfield and Co., da qual ele era o principal parceiro. Por muitos anos um amigo próximo do Primeiro-Ministro William Pitt, Boyd se aproveitou bastante do Establishment britânico, tornando-se um membro do Parlamento em 1796 do pequeno distrito do seu parceiro Paul Benfield. Em 1794, a firma flutuou um importante empréstimo ao imperador austríaco. Ademais, Boyd e Benfield receberam o enorme contrato de £30 milhões em dívida pública depois do início da guerra com a França.

As coisas começaram a azedar para Boyd em 1796, entretanto, quando o Banco da Inglaterra, cujos empréstimos estavam mantendo Boyd, Benfield and Co., flutuando, falharam em renovar seus descontos. Boyd tentou desesperadamente fazer com que o Parlamento estabelecesse uma nova mesa para a emissão de uma massiva quantidade de notas, e o esquema recebeu considerável apoio, mas isso foi terminado pela oposição de William Pitt.

A única coisa deixada para Boyd foi tentar obter mais empréstimos do Banco da Inglaterra, e no Parlamento, durante 1796 e em 1797, ele denunciou o banco por uma política de crédito muito rígida, presumivelmente não mencionando ele mesmo como um dos proeminentes sofredores de seu alegado dinheiro justo. Em face à “ruina”, Boyd conseguiu obter ajuda financeira de amigos no Escritório da Marinha, e ele finalmente conseguiu que o banco emprestasse a Boyd, Benfield & Co., £80 000 em 1798. Mas Samuel Thornton (1755-1838), deputado governador do Banco da Inglaterra, e membro do Parlamento, alertou Pitt de que a Boyd, Benfield & Co. estava apenas sendo mantida viva pela generosidade do banco, e, como resultado, Pitt se recusou a deixar a Casa do Boyd fazer o contrato pelo empréstimo público de 1799. Finalmente, Boyd, Benfield & Co. foram à falência em março de 1800, e o resultado foi uma ruina financeira total, tanta que Walter Boyd estava relutante em mostrar as caras no Parlamento.

Como é de se esperar, Boyd pôs a culpa da sua falha não na sua inescrupulosa mamação das torneiras públicas, mas sobre as tacanhas mesquinhas do Banco da Inglaterra. Em novembro de 1800, Boyd escreveu A Letter To The Rt. Hon. William (Uma Carta ao Rt. Hon. William Pitt) publicada em 1801, a qual ganhou fama rapidamente e fez com que Boyd publicasse uma segunda edição mais tarde naquele ano. Com a carta de Boyd, a controvérsia bulionista nasceu, Boyd agora denunciando o Banco da Inglaterra não por crédito excessivamente rígido, mas pelo contrário, por gerar a inflação e a desvalorização monetária.

Sua nova fama deu a Boyd poucos bens pessoais, e ele prontamente foi para a França para manobras financeiras. Lá ele foi preso no ano seguinte, e encarcerado pelos franceses até o fim das Guerras Napoleônicas. Ele então retornou à Inglaterra, escreveu outros panfletos financeiros, e novamente se tornou um Membro do Parlamento.

5.3 A Carta de Boyd para Pitt

Walter Boyd não quis que seu panfleto, o Letter to Pitt (Carta para Pitt), fosse um tratado sobre teoria monetária. Ela era, como um historiador apontou, um “tratado para os tempos”, escrito em um “temperamento irritado”, e o tratado assumiu um conjunto de princípios monetários geralmente aceitos por parte dos seus leitores. Ademais, visto que Adam Smith e os outros economistas do início do século XVIII não poderiam ter dirigido suas análises a um papel moeda, Boyd se sentiu chamado sobre a extensão da análise convencionado a esse novo sistema indesejado que subitamente chegou à Grã-Bretanha. Enquanto fazia isso, Boyd não apenas lançou a “controvérsia bulionista”, mas também desenvolveu uma excelente exposição do que chegou a ser conhecido como a posição “bulionista” na grande controvérsia.

Boyd apontou aos três novas e indesejadas condições: o acréscimo da barra de ouro sobre a libra e papel, a desvalorização da libra no mercado de câmbio internacional, e o “aumento no preço de quase todos os artigos de necessidade, de conveniência, de luxo, e de fato de quase toda espécie de valor trocável, o qual tem gradualmente acontecendo durante os últimos dois anos, e o qual tem recentemente chegado a uma altura tão grande”. Ele argumentou que a causa de todos os três problemáticos fenômenos foram as mesmas: uma desvalorização do valor da libra, trazida à tona pela “emissão de notas bancárias, incontrolável pela obrigação de pagá-las, em espécie, sob demanda”. Um aumento na oferta de dinheiro diminui seu valor, seja na forma de um acréscimo sobre a barra de ouro ou de um aumento nos preços dos bens. E “as mesmas circunstâncias as quais aumentam o valor do Ouro no mercado doméstico necessariamente tendem a desvalorizar nossa moeda quando comparada com moeda de outros países”. Boyd sumarizou a posição bulionista claramente no prefácio à segunda edição (1801) de sua Carta. “O acréscimo do bulião, a baixa taxa de troca e os altos preços de mercadorias em geral são […] sintomas e efeitos da superabundância de papel”.

Se a oferta monetária é crucial para o movimento dos preços, o bulião e as taxas de câmbio, ela se torna vital para clarificar o que precisamente essa oferta pode ser. Antes de Adam Smith, os escritores monetários britânicos, tais como Hume e Harris, fizeram um lamaçal nas águas ao incluir no conceito de dinheiro praticamente todos os ativos líquidos, tais como letras de câmbio e títulos do governo. No Wealth of Nations (A Riqueza das Nações), entretanto, Smith ajudou bastante ao fazer uma distinção clara entre dinheiro, o meio geral de troca, e os meios finais de pagamento, e outros instrumentos líquidos que são trocados contra o dinheiro. Seguindo Smith, Walter Boyd faz a distinção entre dinheiro, ou “dinheiro pronto”, e outros ativos claros:

Pelas palavras “Meios de Circulação”, “Meio Circulante”, e “Moeda”, as quais são usadas sempre como termos sinônimos nessa carta, eu entendo sempre dinheiro pronto, seja consistindo de Notas Bancárias ou de espécie, em uma contra distinção as Letras de Câmbio, Letras Navais, Letras do Tesouro, ou qualquer outro papel negociável, das quais forma nenhuma parte do meio circulante, como eu tenho sempre entendido o termo. A última é o Circulador as primeiras são meramente objetos de circulação.

Não só isso: Boyd procedeu para além de Smith e para ser o primeiro a claramente identificar depósitos de demanda bancários enquanto totalmente “dinheiro pronto” como notas bancárias. Como ele coloca: “Crédito nos Registros dos Bancos […] podem praticamente ser Notas Bancárias, embora não realmente em circulação […]”. Muito pesar e erro teria sido o pensamento econômico sobressalente embora assim como o desenvolvimento do dinheiro e dos serviços bancários se a escola da moeda — os sucessores dos bulionistas de meados do século XIX — tivesse considerado essa lição, e entendido que depósitos de demanda eram equivalentes a notas bancárias como uma parte da oferta monetária.

Sobre outro ponto crucial, também, Boyd provou ser muito superior a Adam Smith. Como Cantillon e Turgot, Boyd objetou a infortunada doutrina, proposta por Hume e então por Smith, de que um aumento na quantidade de dinheiro resulta em um aumento equiproporcional no “nível de preço”. Considerando a essência do modelo de Hume, de assumir um aumento magicamente grande em proporção à oferta monetária e discutindo as consequências, Boyd ecoa mais Cantillon do que Hume:

Se […] esse país tivesse adquirido, por meios sobrenaturais, e jogado a todo canal de circulação, a mesma moeda adicional em ouro e em prata, dentro do mesmo período, o influxo, todo junto e desproporcional ao progresso da indústria do país; dentro desse período, poderia não ter falhado para produzir um aumento muito grande no preço de toda espécie de propriedade, não tudo com igual rapidez, mas cada um por diferentes graus de celeridade, de acordo com a frequência e raridade de seu contato natural com o dinheiro. (italicos adicionados).

Internacionalmente, tal influxo mágico de ouro e de prata, de acordo com Boyd e com Smith antes dele, iria ,originalmente, ter rapidamente escoado do país, desse modo limitando o dano inflacionário que o influxo possa fazer. Infelizmente, como em Smith, o mecanismo para esse alegadamente rápido escoamento é altamente obscuro. Em qualquer taxa, Boyd pressionou para ser o primeiro a aplicar a teoria monetária mainstream ao problema das moedas fiduciárias inconversíveis. Ele começa mostrando que, uma vez que notas bancárias não podem ser exportadas, não há mecanismo como há com a espécie para drenar um “excesso” de quantidade monetária para países estrangeiros. Como resultado, em primeiro lugar, o aumento de preço resultante de um influxo de espécie não seria “tão grande como aquele que tem sido ocasionado pela introdução de tanto papel, destituído da qualidade essencial de ser constantemente convertido em espécie”.

Mais especificamente, de acordo com Boyd, a depreciação do papel fiduciário em termos de outras moedas seria refletido em um aumento no preço da barra de ouro ou de prata, e uma apreciação de moedas estrangeiras sobre o mercado de câmbio internacional. Essa visão, como aponta o Professor Salerno, providencia o germe para a teoria da paridade-do-poder-de-compra das taxas de câmbio sob moedas fiduciárias inconversíveis.

Especificamente, Boyd insiste que um aumento na oferta de papel-moeda inconversível põe em efeito um aumento geral em preços domésticos, ou, o que é a mesma coisa, uma desvalorização no valor de câmbio da moeda em termos de mercadorias, as quais necessariamente diminuem o valor de moeda doméstica em termos de moedas estrangeiras cujos valores de troca permaneceram sem mudar. Essa queda no valor da moeda doméstica desvalorizada e inflada relativa às moedas estrangeiras é manifestada na desvalorização da taxa de câmbio. Contido no argumento de Boyd […] está a seminal formulação da determinação de paridade-de-poder-de-compra da taxa-de-câmbio a qual, é claro, é a conclusão lógica da aplicação da abordagem monetária às condições de papel-moeda inconversível.[4]

Em adição, Walter Boyd afinou o tom para os bulionistas o seguindo ao colocar toda a culpa para a inflação monetária no Banco da Inglaterra em vez de nos bancos rurais. Pois, os bancos rurais não poderiam ter expandido as suas notas em circulação, Boyd apontou, a não ser que sua base de reserva tenha expandido proporcionalmente. E essa base de reserva foi constituída por notas do Banco da Inglaterra. Pois os bancos rurais permanecem sob o mesmo “controle salutar” enquanto o Banco da Inglaterra tinha estado antes sob o advento da restrição. Assim como as notas bancárias tinham de ser resgatadas sob demanda em espécie, da mesma forma as notas bancárias ainda precisam ser resgatadas nas notas do Banco da Inglaterra. A chave par o problema é a escapada da resgatabilidade que o governo permitira ao Banco da Inglaterra. Como Boyd colocou:

A circulação das notas de bancos rurais precisa necessariamente ser proporcional às somas, em espécie ou em notas do Banco da Inglaterra, requisitadas para a sua quitação, tal como pode ser apresentado para o pagamento: mas o papel do Banco da Inglaterra não tem tal limitação. Ele tornou-se em si mesmo (o que a moeda metálica do país apenas deveria ser) o elemento último para o qual toda a circulação de papel do país se resolve em si mesma. O Banco da Inglaterra é a grande fonte de toda a circulação do país; e, o aumento ou diminuição de seu papel, o aumento ou diminuição daquilo que todo banco rural é infalivelmente regulado […]

Walter Boyd especificamente o citou e padronizou sobre Adam Smith, e infelizmente também seguiu Smith ao clamar pela expansão de notas bancárias resgatáveis privadas enquanto fornecedora de uma “estrada nos ares” menos custosa e mais eficiente (embora Boyd não quisesse usar essa frase). Mas, sendo um veterano Smithiano em um novo mundo de moeda fiduciária, Boyd enfatizou sua oposição militante às notas bancárias em um contexto de moeda fiduciária. Boyd denunciou o papel moeda inconversível ou “forçado” como “esse remédio rápido, o qual, longe de restaurar vigor, dá apenas saúde temporária e artificial, enquanto secretamente derruba poderes vitais do país que ela recorre”. Boyd concluiu que restaurar a moeda da nação “a sua imaculada pureza”, seria “Não apenas adequada e prática, mas indispensavelmente necessária, para prevenir as inumerosas calamidades as quais a circulação incontrolada de papel não conversível em espécie precisa infalivelmente produzir”.

Boyd era o que poderíamos chamar de um “completo” bulionista, e era, portanto, um bulionista sofisticado. Ele reconheceu totalmente que fatores parcialmente “reais” — tais como gastos governamentais no exterior, uma súbita escassez de comida, ou uma “súbita diminuição da confiança de estrangeiros, em consequência de quaisquer desastres nacionais” — poderia influenciar preços gerais ou o status da libra no mercado do câmbio internacional. Mas ele também percebeu que tais influências podem apenas serem triviais e temporárias. As primordiais causas de tal preço ou de movimentos de câmbio – não apenas em algum tempo no “longo prazo”, mas em todos os tempos, com exceção de desvios temporários — são mudanças monetárias na oferta e na demanda por dinheiro. Mudanças em fatores “reais” podem apenas ter um impacto importante sobre taxas de câmbio e em preços gerais ao alterar a composição e o aumento da demanda ou dinheiro no mercado. Mas, visto que as demandas do mercado por dinheiro não são nem homogêneas, nem uniformes e nem sequer mudam equiproporcionalmente, mudanças reais irão quase sempre ter um impacto sobre a demanda por dinheiro. Como o Professor Salerno escreve:

[…] visto que distúrbios são invariavelmente atendidos por “efeitos de distribuição”, i.e., ganhos e perdas de renda e de riqueza pelos participantes afetados do mercado, é mais improvável que distúrbios inicialmente não monetários não iriam, em última instância, envolver mudanças relativas nas várias demandas nacionais por dinheiro […] Sob situações inconversíveis, as mudanças relativas nas demandas pelas várias moedas nacionais, suas quantidades permanecendo as mesmas, seriam refletidas em sua apreciação ou depreciação de longo prazo sobre o mercado de câmbio internacional.[5]

Aqui precisamos enfatizar uma distinção crucial entre os status adequados do “longo prazo” e o “longo prazo” na teoria econômica. Propriamente na teoria dos preços, o curto prazo deveria ter precedência, porque esse era o preço real do mercado, enquanto o longo prazo é a tendência remota e última que nunca ocorre, e poderia apenas ocorrer se todos os dados fossem congelados por muitos anos. Em suma, poderíamos apenas viver no improvável senão impossível mundo do equilíbrio geral de longo prazo – onde todos os lucros e perdas são zero – se todos os valores, tecnologias e recursos fossem congelados por anos. Mas na teoria monetária, a ordem de precedência deveria ser diferente. Pois na teoria monetária, o impacto dos fatores parcialmente “reais” no nível de preço, de taxas de câmbio, e sobre a balança de pagamentos são todos efemeramente determinados pelos fatores gerais: a oferta e a demanda por dinheiro. Estas influências monetárias não são “de longo prazo” no sentido de longínquas e remotas, mas são subjacentes e dominantes cotidianamente no mundo real. A influência monetária correspondente ao longo prazo de equilíbrio geral seria uma condição onde todo o nível de preço e todo o nível de salário real num mundo de padrão ouro seria idêntico, ou estritamente proporcionais aos pesos monetários relativos do ouro. Em um mundo de moeda fiduciária livremente flutuante, isso seria a situação onde todos os níveis de preço seriam estritamente proporcionais às médias monetárias nas taxas de câmbio do mercado internacional. Mas a influência dominante da oferta e da demanda sobre níveis de preço e de taxas de câmbio ocorrem no mundo real a todo momento, e sempre predominam sobre a efemeridade de preço específico “real” e mudanças de gastos. Assim, a análise de mundo real, a qual precisa sempre predominar, engloba a análise de curto prazo e ligeiramente o raciocínio de longo prazo (mas ainda longe do equilíbrio final).

Para colocar de outra maneira: no mundo real, todos os preços são determinados pela interação de oferta e demanda. Para preços individuais, isso significa valorações dos consumidores e demandas por consumidores por um dado estoque: oferta e demanda no mundo real. Esta é uma microanálise de “curto prazo”. Para os preços gerais ou para o “nível de preço”, a oferta relevante e a demanda é a oferta e a demanda por dinheiro: o resultado de valorações individuais de utilidade do dado estoque de dinheiro a qualquer tempo. E enquanto igualmente real e dominante na “macro-esfera”, isso é determinante em um prazo ligeiramente longo do que os fatores “reais” superficiais enfatizados por antibulionsitas em todas as épocas.

5.4 A tempestade sobre Boyd: a resposta antibulionista

A Carta de alguém com a fama e estatura de Boyd abalou profundamente o Establishment bancário Britânico.[6] O Establishment respondeu com uma enxurrada de panfletos em oposição a Boyd, alguns dos quais eram subsidiados pelo governo. O ponto chave era defender as ações do Banco da Inglaterra e atribuir as indesejáveis consequências da inflação e da desvalorização a uma confusão de fatores “reais” em vez de fatores monetários. A mais eminente crítica a qual Boyd poderia refutar na segunda edição da Carta, publicada poucos meses depois da original, foi a de Sir Francis Baring (1740-1810), fundador da famosa casa bancária de Baring Brother and Co.

Baring nasceu de um manufatureiro de tecidos em Exeter. Após se mergulhar no comércio em Londres, Baring fundou sua própria firma mercante e se tornou um multimilionário, e conhecido como o principal mercador na Europa. Em adição à sua proeminência mercantil, Baring foi também um diretor, e então presidente do conselho da Companhia das Índias Orientais, bem como um veterano membro do Parlamento Whig. Curiosamente o suficiente, quando a restrição apareceu pela primeira vez, Baring, no seu primeiro panfleto monetário, enquanto fortemente suportando a suspensão como uma medida necessária de tempos de guerra, estava preocupado sobre a inevitável depreciação que iria acompanhar a superemissão de papel e sugeriu um limite estrito sobre a emissão do banco. Esse panfleto, Observations on the Establishment of the Bank of England (Observações sobre o Estabelecimento do Banco da Inglaterra) (1797), passou por duas rápidas edições, seguidas por uma suplementar Further Observations (Observações Posteriores) mais tarde no mesmo ano.

Agora que o banco estava sob ataque substancial, Sir Francis se recuperou, esquecendo as suas prévias qualificações e avisos. Em seus Observations on the Publication of Walter Boyd (Observações sobre a Publicação de Walter Boyd) (1801), Baring absurdamente defendeu o banco da acusação de causar aumentos nos preços domésticos ao apontar que a desvalorização da libra sobre o mercado de câmbio internacional era menos que o aumento no preço. Mas Boyd não tinha afirmado aumentos equiproporcionais em todos os preços, como ele apontou em sua refutação. Baring também afirmou, convincentemente o suficiente, que um aumento na oferta monetária poderia apenas afetar taxas de câmbio internacional e não preços domésticos.

Outro defensor inveterado do banco e um antibulionista que entrou na controvérsia nesse período foi Henry Boase (1763-1827). Boase se juntou a briga em 1802, e escreveu cinco panfletos antibulionistas desde então até 1811 Ele insistiu que, sob condições de inconversibilidade, taxas de câmbio não tinha nada a ver com a oferta monetária, mas eram apenas determinadas pelo balanço de pagamentos internacionais, os quais, por sua vez, eram supostos a serem definidos somente por fatores reais em vez de monetários. Como Boase colocou dogmaticamente: “a taxa de câmbio é governada pela balança e operações de câmbio, e (grandes convulsões políticas à parte) por nenhum outro princípio seja qual for […]”. No seu tratado de 1802, Guineas an Unnecessary and Expensive Incumbrance on Commerce (As Guinés, um Fardo Custoso sobre o Comércio), Boase, como seu título indica, levou o falacioso argumento da “estrada nos ares” smithiana às suas conclusões lógicas: a restrição foi tão benéfica que ela deveria ser feita permanente, “uma medida permanente de prudência e de política sólida”.

Quem era esse Boase, esse homem de ponta a favor da inflação e da moeda fiduciária? Nascido em Cornwall, ele foi viver por anos na Bretanha, e então retornou à Londres, onde ele se tornou um escriturário correspondente em 1788 na firma bancária de Ransom, Morland, e Hammersley. A eclosão da Revolução Francesa no ano seguinte pegou Boase, com suas extensivas conexões francesas, em uma boa posição para obter fundos consideráveis para suportar um número de nobreza e clero francês emigrante na Inglaterra. Boase então ascendeu rapidamente no banco, tornando-se escriturário chefe e então parceiro de gerenciamento em 1799. Ele também era um distinto evangélico, sendo um membro principal da London Missionary Society e fundador da British and Foreign Bible Society. Depois de se aposentar para Cornwall em 1809, Henry Boase se tornou um parceiro no Penance Union Bank e prefeito de Penzance.

5.5 Henry Thornton: antibulionista em pele de cordeiro

Embora a controvérsia bulionista tenha sido estudada em sua extensão, historiadores do pensamento econômico tem tido grande dificuldade em identificar e em analisar as várias diferentes doutrinas sustentadas no campo bulionista. Geralmente, eles agrupavam os bulionistas em um campo “extremo” ou “rígido”, consistindo em John Wheatley e David Ricardo (para aparecer posteriormente), e os outros, incluindo Henry Thornton, classificado como “moderados” mais sofisticados. O problema supostamente se centra em Wheatley e na extrema devoção de Ricardo aos fatores de longo prazo, levando-os a negar qualquer função para os fatores reais na determinação de preços, taxas de câmbio ou balança de pagamentos. Por outro lado, todos os outros bulionistas, sendo “moderados”, são supostos a terem acreditado que fatores reais podem frequentemente serem dominantes, e que é tocar e partir quais fatores irão prevalecer em qualquer dada situação.

O Professor Joseph T. Salerno recentemente fez um notável avanço ao providenciar uma estrutura muito mais superior de análise dos vários pensadores. Ele nota que Boyd (como temos visto) e Lord King, um dos principais bulionistas, eram realmente “extremos” em vez de moderados, e que eles podem ser classificados como tais porque eles perceberam que fatores monetários eram sempre predominantes, mesmo que fatores reais pudessem exercer influência temporária. Assim, o campo bulionista “extremo” agora inclui (a) Ricardo e Wheatley, que ignoram todos os fatores temporários e reais, bem como processos de curto prazo e se concentra exclusivamente e mecanisticamente no longo prazo; e (b) Boyd e depois Lord King, que analisam processos de curto prazo e fatores reais, mas percebem que fatores monetários de longo prazo predominam em todos os tempos. E então há (c) os bulionistas “moderados”, como Thornton, que são agnósticos sobre se a qualquer dado tempo os fatores reais ou monetários predominam; e (d) antibulionistas que ignoram todas as causas monetárias subjacentes. É claro que o Professor Salerno adequadamente dá a honra ao grupo (b) de terem a análise correta.[7]

Mas Salerno, parece ser o autor presente, não vai tão adiante assim. Enquanto ele vê totalmente e lucidamente as diferenças cruciais entre grupos (a) e (b), é ainda confuso classificar esses dois como caminhando no mesmo campo. Pois, clarificaria as coisas mais ainda se nos despojássemos totalmente da distinção “extremo” vs “moderado”. Que o grupo (b) seja chamado de bulionistas “completos” e o grupo (a) como bulionistas “rígidos” ou “mecanísticos”. Para o grupo (c), homens como Henry Thornton realmente não merecem o termo “bulionista” no final das contas. Eles são com certeza “moderados”, embora “confusos” possa ser um melhor termo. Atolado em sua abordagem ad hoc eles poderiam tão bem terminar, em qualquer dada situação, como “antibulionistas” em vez de “bulionistas”. E, é claro, Henry Thornton começou sua carreira de teórico monetário como um moderado antibulionista, a qual era sua posição no curso de sua famosa contribuição de 1802. Mais tarde, como a desvalorização e a inflação continuaram, Thornton concluiu que a preponderância das forças pesou para outro caminho, e ele mudou de ideia, ganhando sua imerecida reputação histórica como um bulionista ao assinar o famoso Bullion Committee Report de 1811, o qual recomendou a retomada do padrão ouro. Mas Thornton permaneceu um moderado. Focando no posicionamento tardio de Thornton, e confundir isso com sua obra teórica de uma década antes, apenas induziu os historiadores a extravagantemente superestimar Thornton e a colocá-lo sem equívoco no campo bulionista.

Durante o reavivamento de Thornton no século XX, foi dito que historiadores anteriores eram injustos ao atribuir o viés pró-Banco da Inglaterra de Henry Thornton (1760-1815) a seu cargo de diretor do banco. É verdade que ele mesmo não era um membro do conselho do banco; mas sim seu irmão mais velho, Samuel, era um diretor e governador deputado do banco, e seu pai Robert Thornton, bem como o irmão de Robert, Godfrey, era também um diretor do Banco da Inglaterra.

Henry Thornton era um descendente de uma longa linhagem de proeminentes mercadores. O tataravô John era um mercador em Hull, no que era então Yorkshire, no final do século XVII e início do século XVIII. Os filhos de John se mudaram para Londres para se tornarem importantes mercadores lá, particularmente engajados em negociações com a Rússia e com o Báltico. O pai de Henry, também chamado de John, quem continuou a linha do “mercador da Rússia” em Londres, era um parceiro sênior na firma de Thornton, Cornwall & Co. e era também um membro liderante e apoiador financeiro, começando em por volta de 1750, da primeira geração de anglicanos evangélicos puritanos low-church, sob a influência de John Wesley. John deu enormes somas para a caridade, especialmente para a distribuição de incontáveis Bíblias e de livros de oração para o exterior. Visto que a família Thornton e muitos dos outros líderes do movimento residiam no rico subúrbio londrino de Clapham, eles eventualmente se tornaram conhecidos como a altamente influência “seita de Clapham”.

Henry Thornton recebeu apenas uma educação mixuruca; em uma idade infantil, ele começou a trabalhar em casas de contagem de seus parentes e então na de seu pai. Tão logo, em 1784, ele deixou a firma da família para se tornar um parceiro na casa bancária de Down, Thornton, e Free, onde ele permaneceu como um parceiro ativo até sua morte. Thornton era capaz de fazer com que a pequena casa bancária se tornasse uma das maiores na Cidade de Londres. Em 1788, Thornton se juntou com seu pai e com vários outros membros da família como um diretor da Russia Company. Enquanto isso, em 1782, ele foi eleito membro do Parlamento, e logo juntou-se com seus irmãos Samuel e Robert. Henry permaneceria no Parlamento, também, pelo resto de sua vida.

Henry Thornton não era apenas um distinto banqueiro, membro do Parlamento e alguém que tinha relações próximas com os diretores do Banco da Inglaterra; ele era também um líder dedicado e patrono da seita de Clapham, e sua casa em Clapham serviria como praticamente um quartel general de organização para o movimento evangélico. Um dos amigos mais próximos de Henry, William Wilberforce III, pertencia a uma poderosa família amiga de longa data e com casamentos com os Thorntons. Wilberforce tornou-se um membro do Parlamento quase ao mesmo tempo que Thornton, e foi característico da sinceridade, austeridade pessoal e fervor moral deles que eles logo formassem um “partido” independente “dos santos” no Parlamento. Lá, Wilberforce se tornou a principal força na eventualmente bem-sucedida agitação do comércio de escravos nas Índias Ocidentais Britânicas.

Em 1796, Thornton se casou com Marianna Sykes, filha de outro “mercador russo” de Hull, e também uma amiga vitalícia de família. O casal teve nove filhos. A maior parte das energias intelectuais de Thornton foram expandidas sobre a religião evangélica; embora considerado um distinto especialista em serviços bancários e em finanças, ele escreveu apenas sua famosa obra de 1802 sobre crédito de moeda e participou na redação do Bullion Committee Report. O resto de seus volumosos escritos foram devotados a preces de família, comentários da família sobre a Bíblia, e registros de artigos sobre política, literatura e religião para o jornal da seita de Clapham, o qual ele ajudou a encontrar, o Christian Observer.

Depois da morte de Thornton em 1815, o seu lugar como parceiro sênior no banco foi tomado por Sir Peter Pole. O banco prosperou grandemente por um período, mas logo ele se tornou subcapitalizado e superexpandido, e, em 1825, ele, junto com bancos rurais menores, foi imerso em crise. Ele logo falhou, apesar de um empréstimo de emergência de £300.000 do Banco da Inglaterra. Ironicamente, por causa das visões monetárias de Thornton, há alguma evidência de que os dois homens mais responsáveis para a falha de gerência eram Sir Peter Pole e Henry Thornton. Em particular, Thornton parece ter liderado o caminho em práticas negligentes para induzir os bancos rurais de Yorkshire a manter os seus depósitos em seu Banco de Londres.

As falhas do Banco não eram estranhas a Thornton. De fato, foi a falha temporária de seu banco na crise de 1793 que virou seus pensamentos aos problemas dos serviços bancários, e o levou a concluir que era necessário que o Banco da Inglaterra desempenhasse um papel expansionista de ajuda em assuntos monetários. Como o teórico bancário Thomas Joplin colocaria em sua Analysis and History of the Currency Question (Análise e História da Questão da Moeda) (1832), sobre as crises financeiras de 1793:

O Sr. Thornton, sendo um banqueiro — um parceiro, é curioso lembrar, da casa que falhou sobre essa ocasião — tinha sua atenção particularmente chamada a esse assunto: e uma porção muito considerável de sua obra, sobre crédito público, é devotada para mostrar que, em um período de pânico, o Banco devia tender a expandir, em vez de contrair, suas emissões.[8]

Quando a restrição veio no início de 1797, Henry Thornton foi honrado por ser o único banqueiro de Londres que foi requisitado para dar testemunho perante os comitês da Câmara dos Lordes e da Câmara dos Comuns que investigavam a suspensão do pagamento em espécie. A influência de Thornton foi magnificada pela amizade vitalícia de Wilberforce e do Primeiro Ministro William Pitt, e o cunhado de Pitt foi o primeiro inquilino de uma das casas da propriedade de Thornton. Os resultados de sua ponderação são dificilmente surpreendentes para alguém com a formação e status de Thornton. Tomando uma linha inflacionista e do Establishment, Thornton opinou que em tempo de crise, o papel-moeda não poderia ser limitado ou suprimido, visto que iria constituir um choque ao comércio. Ao contrário, o Banco da Inglaterra precisa suspender o pagamento em espécie para evitar o espectro da contração monetária e da falha econômica geral. De fato, Thornton indubitavelmente agradou os corações do banco ao criticá-lo por não ser expansionista o suficiente!

O testemunho de Thornton o rendeu a honra de ser a principal autoridade em assuntos monetários, e ele foi apontado a diversos comitês parlamentários sobre dinheiro, gastos e câmbio internacional. Thornton, de fato, tornou-se um dos principais defensores parlamentares da restrição e de crédito de papel expandido.

Podemos facilmente imaginar os sentimentos de Henry Thornton em relação à Carta à Pitt de Boyd, quando esse tratado atingiu o mundo de opinião inglesa como um raio na virada de 1800-1. Aqui estava esse colega banqueiro bem conectado, mas um frágil aventureiro, esse terrorista a quem seu próprio irmão o levou à ruína ao persuadir o Banco da Inglaterra a cortar seu crédito. E agora, apenas meses depois que esse homem conheceu seu destino merecido, aqui estava Boyd novamente, tentando ganhar sua vingança ao desacreditar o nobre sistema bancário e de crédito da Inglaterra. Thornton estava profundamente abalado em tentar refutar o perigoso Boyd, e foi a serviço desse objetivo que ele publicou o seu An Enquiry into the Nature and Effects of the Paper Credit of Great Britain (Uma Investigação da Natureza e Efeitos do Crédito em Papel da Grã-Bretanha) um ano depois do tratado de Boyd, em fevereiro ou em março de 1802.[9]

Mas primeiro Thornton atacou Boyd no Parlamento em dezembro de 1800. Como em seu livro, suas palavras exerceu todo o impacto pela eminência de seu autor combinado com sua aparente sensatez e moderação. Pois, há sempre muitas as pessoas que sustentarão firmemente que, por mais qualificado e tentador o julgamento, quanto mais bem-balanceado e sólido ele precisa, portanto, ser. Docilidade de espírito, especialmente em um homem eminente, é tudo muito frequentemente mal-entendida como sabedoria.

Nessa fase inicial do debate bulionista, a docilidade Thorntoniana tendeu inexoravelmente na direção errada. A desvalorização da libra no câmbio internacional foi causada, ele opinou em seu discurso no Parlamento, não pelo aumento do papel-moeda, mas por uma balança de negociações desfavorável, e especificamente pelas pesadas importações de provisões. Típico da visão antibulionista, importações e exportações eram assumidas como tendo, ad hoc, vidas por elas mesmas, e não eram determinadas por preços relativos ou pela oferta e demanda por dinheiro. Mas o antibulionismo de Thornton não era nada senão “moderado”, isto é, ele concedeu que a possibilidade teórica de que uma oferta monetária aumentada poderia trazer à tona preços mais altos.

Para a afirmação de que as emissões aumentadas de papel do Banco era a causa da aprazibilidade das provisões, ele [Thornton] não negaria que isso possa ter algum fundamento; mas ele iria contestar que seu efeito estava longe de ser tão grande quanto era alegado […]

O livro de Henry Thornton sobre Paper Credit (Crédito de Papel) era uma considerável expansão de seus discursos parlamentares, e foi o Paper Credit que tomou seu lugar como não somente a obra principal sob a bandeira do antibulionismo, mas também a mais influente em cada lado do debate. Era a hora certa, visto que a restrição estava com uma necessidade particular de defesa em 1802. Uma paz com a França foi assinada em março, e ainda assim o governo britânico persistiu em estender a restrição por outro ano. Pouco depois daquele ano ter chegado, a guerra com a França irrompeu novamente, mas, enquanto isso, o aparente fim da emergência do tempo de guerra se esvaiu de qualquer razão aparente para a suspensão de pagamentos em espécie. Outros tratados antibulionistas aparecendo em 1802 eram dificilmente rivais para Thornton, indo desde o panfleto anônimo de Jasper Atkinson (Consideration on the Propriety of the Bank of England… [Considerações sobre a Propriedade do Banco da Inglaterra Retomando seus Pagamentos em Espécie…]) negando que a inflação havia ocorrido, até outro tratado anônimo aplicando a teoria errônea de Adam Smith de um limite automático para o excesso do crédito bancário a uma situação que Smith nunca teria aplicado isso: moeda fiduciária (The Utility of Country Banks Considered [A Utilidade dos Bancos Rurais considerada]).

Thornton desarmou muitas de suas críticas ao conceder a possibilidade teórica de que emissões excessivas de papel moeda possam causar aumentos de preço, escoamento de ouro, maiores preços da barra de ouro e a desvalorização da libra, mas mantendo que a situação não se aplicava agora, e que os problemas da época eram devidos a tais reais fatores particulares como a demanda incomum por ouro e pela importação de comida, e bloqueios incomuns às exportações.

Thornton astutamente jogou o dado ao gastar todo o volume do livro sobre os alegados horrores da deflação monetária e da contração do crédito bancário. A deflação iria levar à depressão comercial, desemprego e bancarrotas. Ademais, ele afirmou, a deflação iria nem sequer conseguir um excedente de exportação ou um influxo de ouro, visto que ela iria “Afligir tanto o comércio e desestimular os fabricantes a ponto de prejudicar […] aquelas fontes de retorno de riqueza nas quais devemos confiar principalmente para a restauração de nosso equilíbrio” Thornton deixou de perceber que, se os tempos estavam tão ruins assim, os ingleses mal ganhariam renda o suficiente para sustentar um excesso pesado de importações. Como em toda agitação moderna contra a deflação, ele também falhou em perceber que a deflação apenas causa perdas e bancarrotas se ela é inesperada, revelando uma excessiva especulação de taxas salariais e de outros custos empresariais. A deflação, em adição a ter o saudável impacto de expurgar investimentos frágeis e bancos frouxos da economia, teria efeito estritamente limitado e temporário; primeiro, porque enquanto a inflação é tecnicamente ilimitada até o valor da moeda estar totalmente destruída, a deflação precisa necessariamente ser limitada à quantidade da expansão bancária sobre a espécie; e segundo, a deflação cessará de ter um efeito desvalorizador tão logo quando os custos excessivos são levados de volta aos níveis pré-inflacionados.

De fato, Thornton reconheceu que a queda no preço e a depressão trazida à tona pela deflação monetária seria “incomum” e “temporário”. Mas ele antecipou Keynes ao focar em taxas salariais alegadamente adesivas, pois

uma queda [de preços] surgida de aflição temporária será atendida provavelmente com nenhuma queda correspondente na taxa de salários; pois a queda de preço, e a aflição, irá ser entendida como temporária, e a taxa de salários, sabemos, não é tão variável quanto o preço dos bens. Não há razão, portanto, para temer que o preço não natural e extraordinariamente baixo surgido do tipo de aflição da qual agora falamos iria ocasionar muito desencorajamento da fabricação de manufaturas.

Há dois problemas aqui. Primeiro, enquanto a aflição econômica, devido à previsão falha e excessiva especulação de taxas salariais e de outros custos, irá, de fato, ser temporária, não há razão para que a queda em preços não seja permanente. Preços foram previamente aumentados artificialmente por expansão monetária e de crédito; seu declínio simplesmente reflete a contração de crédito para abaixo dos níveis realistas. O conhecimento de que o declínio é permanente deveria acelerar grandemente o mecanismo de ajuste. Segundo, se os trabalhadores persistem em manter as suas demandas salariais mais do que o mercado, eles têm apenas a eles mesmos para culpar por seus desempregos. Manter qualquer preço, incluindo uma taxa salarial, mais alta do que o equilíbrio do mercado irá sempre levar a um excedente não vendido do bem ou do serviço: no caso do trabalho, tempo de trabalho não vendido, ou desemprego. Se os trabalhadores desejam mudar seu status de desempregado, eles precisam somente diminuir suas demandas salariais para limpar o mercado e permitir que eles mesmos sejam contratados. Eles também deveriam reconhecer que, nessa situação, com preços caindo e taxas salariais constantes, os trabalhadores estão, portanto, insistindo em maiores taxas salariais reais do que a que eles desfrutavam antes. Por que os trabalhadores, esperando por maiores taxas salariais reais, deveriam ser capazes de induzir uma política inflacionista no governo central?

Tão preocupado com a deflação estava Thornton que ele na verdade clamou ao Banco da Inglaterra pela neutralização do escoamento do ouro de modo a impedir o mecanismo preço-espécie-fluição de trazer à tona o equilíbrio na balança de pagamentos. Ao invés disso, ele teria o banco para inflar notas bancárias e substituir os escoamentos de ouro, e então esperar que seus reais princípios vagos de “economia” e de “esforço” a longo prazo de gastos e de renda iriam eventualmente trabalhar para equilibrar importações e exportações. Assim, Thornton escreve que

[…] pode ser a verdadeira política e dever do banco permitir por um tempo, e até certo ponto, que a continuação desse câmbio desfavorável o qual faz com que o ouro deixe o país, e a ser drenado de seus próprios cofres: e ele precisa, nesse caso, necessariamente aumentar seus empréstimos à mesma extensão para o qual seu ouro é diminuído.

A obra de Thornton foi excessivamente louvada por von Hayek e por outros historiadores como sendo teoricamente excelente, embora infeliz em suas conclusões antibulionistas. Mas sua fraqueza teórica não consiste apenas de seu excessivo horror à deflação e sua ênfase sobre a alegada dominância empírica de fatores reais em sua análise de inflação e depreciação. Pois essa ênfase mesma refletiu uma grave, senão sutil, falha teórica em toda a análise monetária e da balança de pagamentos. Toda a sua análise demorou desproporcionalmente nos fatores reais e de curto prazo, para a quase completa negligência da tendência da economia rumo ao equilíbrio de longo prazo. E mesmo a discussão superficial de Thornton sobre o equilíbrio de longo prazo é divorciada dos processos de curto prazo e também de sua natureza monetária. Não é preciso dizer que Thornton, também, negligencia a natureza da oferta e da demanda monetária dos processos que levam a esse equilíbrio. Assim, o professor Salerno, de quem foi-nos dado uma notável crítica de Thornton, escreve:

Sem a concepção de equilíbrio monetário internacional à sua disposição, ele é forçado a explicar a tendência ao equilíbrio da balança de pagamentos através de uma referência obscura a uma alegada disposição entre as pessoas de “adaptar seus gastos individuais à sua renda”. Esse é um afiado contraste aos bulionistas extremos e seus antepassados do século XVIII que invariavelmente começaram suas análises do fenômeno da balança de pagamentos com uma discussão sobre a natureza e a necessidade do equilíbrio monetário internacional, e, então. explicaram a tendência a um equilíbrio da balança de pagamentos como uma implicação lógica da tendência necessária a uma distribuição de equilíbrio do estoque monetário mundial.[10]

De fato, toda a estrutura e organização do livro inclinou Thornton pesadamente rumo a uma abordagem de fatores reais de curto prazo e para longe de qualquer abordagem monetária rumo a analisar a inflação ou a balança de pagamentos.[11]

Para sumarizar: a análise correta do bulionismo completo (tal como apresentado por Boyd e posteriormente por Lord King) enfatiza os fatores monetários levando a um equilíbrio monetário, enquanto mostrando que fatores reais possuem apenas efeitos temporários. A análise de fatores reais é integrada com, e sempre subordinada a, os fatores monetários, e processos monetários de curto e de longo prazo são integrados também. Na posição antibulionista moderada de Thornton (muitas vezes chamada pelo errado nome de “bulionista moderada”), entretanto, ambos os fatores e processos causais reais e monetários são apresentados como separados e independentes entre si, com fatores reais apresentados como empiricamente mais importantes. Fatores de curto prazo são similarmente enfatizados, para a negligência das forças de longo prazo.

Henry Thornton tem sido extravagantemente louvado por Schumpeter e por outros historiadores por adicionar velocidade de circulação à quantidade de dinheiro como um determinante dos preços gerais. Mas, em primeiro lugar, temos visto que, desde os escolásticos, a demanda por dinheiro — o inverso da “velocidade” — sempre tem sido integrada com a oferta monetária na análise da determinação de preços gerais. É verdade que Thornton analisou as diferentes influências sobre, e diferentes variabilidades de, a velocidade em consideráveis e pioneiros detalhes: e.g., a frequência de pagamentos, desenvolvimento de sistemas de compensação, confiança na moeda, e variações do mesmo estoque monetário conforme o tempo. Mas, infelizmente, Thornton arruinou essa contribuição ao não perceber que a velocidade de circulação é simplesmente o inverso da demanda por dinheiro e ao tratar a velocidade como sendo de algum modo diferente, e independente, da demanda em ajudar a determinação a relação monetária da oferta, da demanda e do preço.

Thornton tem sido louvado por von Hayek e por outros por incluir depósitos bancários, bem como notas bancárias, na oferta monetária. Verdadeiro o suficiente; mas, como vimos, Walter Boyd o precedeu nesse insight por um ano. Mas não apenas isso: Boyd também demonstrou que letras de câmbio e letras do Tesouro decididamente não são parte da oferta monetária, que elas são objetos de circulação em vez de o “circulador”. Mas Thornton restaurou o antigo erro de letras de câmbio amontoadas com notas e depósitos enquanto parte da oferta monetária.

Henry Thornton fez algumas importantes contribuições nos últimos dois capítulos do Paper Credit particularmente nas muito adiadas seções do papel-moeda enquanto causa da inflação que residiam desconfortavelmente com os capítulos prévios separados e contrários.  Muitos dos escritores antibulionistas aplicaram o dito de Adam Smith de que o crédito bancário não pode inflar a moeda se confinado às “letras reais” de curto prazo e auto-liquidatórias. A diferença é que Smith a aplicou apenas a um padrão de espécie, enquanto os antibulionistas estenderam a um sistema de moeda fiduciária. Thornton respondeu que esse critério não irá funcionar, visto que uma quantidade aumentada de notas bancárias irá também indefinidamente inflar o valor monetário das letras reais. De modo que o “limite” antibulionista-smithiano é indefinidamente elástico, um que irá, na prática, apenas providenciar um canal aberto para inflação de crédito bancário. Thornton, ademais, apontou que a atual lei de usura na Grã-Bretanha de 5 por cento agravará o problema. Pois a taxa de juros do livre mercado ou a taxa de lucro irá aumentar mais do que aquela nos tempos de guerra (ou em qualquer situação de boom). Consequentemente, a artificial pressão da taxa de empréstimo bancário para menos do que a taxa de lucro estimulará uma tomada excessiva de empréstimos, níveis artificialmente altos de investimento, e uma contínua inflação monetária e de preços. Assim, pressionar a taxa de juros bancários para menos que a taxa de lucro estimula um aumento na demanda por empréstimos, e o contínuo aumento na oferta monetária permite que a demanda seja realizada.

No desenvolvimento das consequências inflacionárias de diminuir artificialmente a taxa de juros sobre os empréstimos bancários, Henry Thornton antecipou a posterior teoria austríaca dos ciclos econômicos, desenvolvida por Ludwig von Mises e por F.A. von Hayek e, por sua vez, baseada na análise do economista austro-sueco Knut Wicksell no fim do século XIX. Thornton também deu sinal da análise austríaca de “poupança forçada”, apontando que, se emissões excessivas de papel moeda aumentam os preços dos bens mais rapidamente do que as taxas salariais, haverá o mesmo aumento de investimentos de capital, mas que esse aumento acontece às custas das classes trabalhadoras, e irá, portanto, “ser atendido com uma dificuldade e injustiça proporcional”. Infelizmente, Thornton não pressionou o ponto da teoria austríaca dos ciclos econômicos: que, uma vez que o tempo do público – e as preferências pela poupança não são suficientes para sustentar esses investimentos “forçados”, uma recessão está fadada a liquidar aqueles investimentos quando a expansão de crédito artificial para e as verdadeiras preferências de poupança-consumo do povo são, desse modo, reveladas.

É muito possível que, apesar da proeminência do autor no mundo dos serviços bancários, o Paper Credit pode ter rapidamente afundado na obscuridade. Ele era muito longo (várias centenas de páginas), mal escrito e organizado, não sistemático, confuso, e o que seus maiores admiradores chamaram de “prolixo”. Até mesmo von Hayek, o maior entusiasta moderno de Thornton, concede que sua “exposição carece de um sistema e em partes é até mesmo obscura”. Até mesmo seu maior discípulo e popularizador, Francis Horner, admitiu que Thornton tinha “pouco juízo na disposição de seus materiais”; que ele “frequentemente […] estava muito confuso na explicação de argumentos”, que seus “raciocínios não são para serem confiados”, e são, algumas vezes, “defeituosos”, que ele não era treinado na teorização, que seu estilo era pobre, e que “as várias discussões são tão inabilmente organizadas, que elas não esclarecem nada sobre a outra, e nós nunca podemos ter uma visão completa do plano”. Em suma, a “prolixidade” e “a obscuridade” da obra “oprimem o leitor”.

E ainda assim, ironicamente, foi o próprio Francis Horner que resgatou o Paper Credit destes graves defeitos, e pôs a obra no mapa. A forma que Horner usou foi uma grande pincelada de sorte para garantir que à obra de Thornton dê o seu impacto máximo. Notamos em um capítulo anterior sobre a influência do movimento Smithiano (Capítulo 17, Volume 1) que Francis Horner era de um brilhante grupo de jovens escoceses que estudaram sob Dugald Stewart na virada do século XIX, e prosseguiram a conquistar o clima intelectual britânico para a doutrina Smithiana. Foi em 1802 que estes jovens pupilos de Stewart fundaram a Edinburgh Review, a qual atingiu o mundo intelectual britânico com enorme impacto e rapidamente arqueou ao status de um dos principais jornais. E isso foi precisamente na primeira emissão de outubro de 1802 da Edinburgh Review que Francis Horner escreveu seu famoso ensaio-resenha do Paper Credit de Thornton. Nesse tour de force de 30 páginas, Horner sistematizou a obra de Thornton, fez tanto sentido dela o quanto era possível e, como Hayek admite, “deu uma exposição do principal argumento do livro em uma forma que era consideravelmente mais sistemática e coerente do que a versão original”. Horner rufa os tambores para o  Paper Credit e alardeou ele como a “mais inquestionavelmente valorosa de todas as publicações as quais o momentoso evento da Restrição do Banco produzira”. A grande fama e influência do Paper Credit foi inquestionavelmente Thornton mediado por Francis Horner. Foi também importante perceber que Horner, embora presidente do posterior Bullion Committee de 1810-11, o qual recomendou a retomada do padrão ouro, concordou com Thornton na sua postura antibulionista de 1802.

Enquanto Horner aclamou a obra de Thornton como decisiva, ele pavimentou a via para a sua (e de Thornton também) posterior mudança de ideia política ao escrever que ele não tinha certeza de quais fatores – o monetário ou o real – foram mais decisivos na inflação e na desvalorização da libra. Ele expressou sua confusão teórica fundamental (junto da de Thornton) ao declarar a si mesmo como um agnóstico sobre a questão causal, o problema foi deixado a ser decidido posteriormente por mais dados empíricos. Em suma, enquanto Thornton no seu Paper Credit forjou a nova posição antibulionista moderada, seu seguidor, Horner, era o que pode ser chamado de um moderado moderado, honestamente no meio do problema.

Podemos também notar que Horner tomou sua posição honestamente com Thornton contra Boyd sobre a questão de definir a oferta monetária. Rejeitando o lúcido “circulador” vs “objetos de circulação” de Boyd, Horner perpetuou a confusa e infeliz visão de que não há limite definido entre mercadorias e meios de troca, de modo que tudo é um miasma de graus de conversibilidade.

5.6 Lord King: a culminação do bulionismo

Quando o governo britânico pediu ao Parlamento pela extensão por 1 ano da restrição do banco em abril de 1802, ele teve de justificar a renovação da suspensão outro fundamento além da guerra com a França, visto que o tratado de Amiens fora assinado no mês anterior. O primeiro ministro Henry Addington (1757-1844) argumentou que, visto que a balança de pagamentos permaneceu desfavorável para a Grã-Bretanha, a suspensão dos pagamentos em espécie deveria ser estendida – presumivelmente até a balança comercial ter sido revertida. Quando a renovação veio em fevereiro do próximo ano, Addington novamente argumentou a favor de uma extensão do sistema fiduciário sob os mesmos fundamentos. Ele respondeu incisivamente pelo maior líder da oposição, Charles James Fox, que apontou que “talvez até mesmo isso pode acontecer, que a desfavorável balança do câmbio contra esse país pode estar devendo a própria restrição sobre o banco”. Não apenas isso, mas Fox incisivamente viu que o escoamento de ouro era essencialmente uma situação da lei de Gresham, onde a moeda subvalorizada pelo governo flui inexoravelmente fora para a circulação para ser substituída pelo dinheiro supervalorizado (ou dinheiro “ruim”). Ele essencialmente mostrou que esse processo se aplica ao papel completamente tanto quanto ao “ouro ruim”:

Em 1772 para 1773, quando havia grande quantidade de moeda ruim no país, o curso do câmbio muito estava, então, contra nós […] Enquanto a nossa moeda continuava ruim, o câmbio estava ficava contra nós; de modo que está agora porque o papel não é muito melhor do que o ouro ruim […] Não se pode, portanto, esperar que no primeiro caso, quando nossa moeda for aperfeiçoada, o curso do câmbio tenha mudado em nosso favor, assim também se o Banco agora retomar seus pagamentos em dinheiro vivo, as mesmas circunstâncias favoráveis podem atender à mudança?

Durante esse debate, uma nova voz entrou na controvérsia bulionista, com Peter Lord King (1776-1833) denunciando a restrição em um discurso na Câmara dos Lordes em 22 de fevereiro. Tomando a liderança das forças bulionistas, Lord King zerou o aumento na quantidade de papel moeda durante a restrição como sendo culpa: “desde o tempo que a restrição fora pela primeira vez imposta, o curso do câmbio começou a ir contra este país em várias proporções para a quantidade de papel em circulação”. Em maio, Lord King repetiu estes argumentos ao argumentar contra uma lei para estender a restrição do banco na Irlanda. Mais tarde, em maio de 1803, King elaborou suas visões em um panfleto altamente importante: Thoughts on the Restriction of Payments in Specie at the Bank of England and Ireland (Pensamentos acerca da Restrição de Pagamentos em Espécie no Banco da Inglaterra e da Irlanda), e então, seguido com uma ampliada segunda edição do panfleto no ano seguinte, sob o título, Thoughts on the Effects of the Bank Restriction (Pensamentos acerca dos Efeitos da Restrição do Banco). O Thoughts de Lord King fora amplamente lido e amplamente influente, e com esse panfleto King teve seu lugar como o líder do campo bulionista, assim como Thornton, que continuou a apoiar a renovação da restrição, foi estabelecido como o líder dos antibulionistas moderados.

Lord King era um jovem nobre de linhagem distinta. Ele era o bisneto de Peter, o primeiro Lord King, que se tornou Lorde Chanceler do reino. A tradição Whig e liberal clássica da família King era enfatizada pelo fato de que primeiro a mãe de Lord King era a prima de John Locke, e que o primeiro Lord King era um protegido de Locke e um líder Whig e Membro do Parlamento Peter King que foi educado em Eton e no Trinity College, Cambridge, tomando seu lugar como um seguidor de Charles James Fox e um importante Whig na Câmara dos Lordes em 1800. Em adição a sua liderança nas forças pelo dinheiro sólido na Grã-Bretanha, Lord King, embora um grande senhor de terras, era um militante vitalício, inimigo das Leis do Milho. Uma crítica da Igreja Estabelecida, King foi o principal batalhador pela impopular causa da emancipação dos católicos da Inglaterra, bem como um oponente da opressão dos Católicos na Irlanda. Em 1829, Lord King escreveu o Life of John Locke (Vida de John Locke), revisado e expandido em dois volumes no seguinte ano.

Lord King começou o seu Thoughts com um capítulo sobre “Papel Moeda”. Infelizmente, King aceitou o falacioso argumento de Smith a favor do papel-moeda enquanto providenciando uma estrada nos ares, mas pelo menos ele rejeitou a ideia de Smith de um “refluxo” de qualquer papel em excesso para o sistema bancário. Ao invés disso, King aplicou a teoria quantitativa (ou, em outras palavras, a teoria da oferta e da demanda) da moeda para o caso do papel conversível. King, em uma afirmação a qual Nassau Senior posteriormente referiu admiravelmente enquanto o “princípio de Lord King”, enfatizou que era importante que o papel-moeda não fosse emitido em extensão maior que sua substituição “exata” da quantidade da moeda metálica de ouro em circulação; e que essa equivalência é mantida pela imediata conversibilidade do papel em ouro.

King então passou a refutar, uma por uma, os argumentos pró-restricionistas que as notas do Banco da Inglaterra não eram excessivas e, portanto, não desvalorizadas. A ideia de que o banco não excedeu alguma proporção abstrata do dinheiro para a indústria, ou alguma oferta monetária ótima, foi efetivamente neutralizada, King demonstrando que “não há regra ou padrão pelo qual a devida quantidade de meio circulante em qualquer país possa ser verificada, com exceção da atual demanda do povo”. King então mostra incisivamente que a demanda por dinheiro, como a demanda por qualquer produto, é variável e incerta:

A proporção exigida de moeda, tal como a de todo outro artigo de uso ou de consumo, regula a si mesma totalmente a essa demanda; a qual difere materialmente em diferentes países e estados da sociedade, e até mesmo no mesmo país em diferentes horas […]

É manifesto […] que a proporção de meio circulante exigida em qualquer dado estado de riqueza e de indústria não é fixo, mas sim uma quantidade flutuante incerta; a qual depende, em cada caso, de uma grande variedade de circunstâncias, e a qual é diminuída ou aumentada pelo maior ou menor grau de segurança, ou de empreendimentos e de melhorias comerciais. As causas as quais influenciam a demanda são, evidentemente, complicadas demais para admitir a quantidade como sendo certificadas por computação prévia ou por qualquer processo de teoria […]

King prossegue para concluir que

Se o raciocínio acima estiver bem fundamentado, é preciso seguir que não há método de descobrir a priori a proporção do meio circulante na qual as ocasiões da comunidade exigem; aqui é uma quantidade a qual não tem nenhuma regra ou padrão atribuível; e que sua quantidade real pode ser certificada apenas pela demanda efetiva.

Depois, King foi o primeiro a ver a importância da crítica devastadora de Thornton à extensão da doutrina dos títulos-reais Smithiana por parte de seus colegas antibulionistas, e ele pôs a crítica de forma ainda mais forte. Pôr suas taxas de desconto abaixo da taxa de juros do livre mercado pode permitir extensão ilimitada do crédito bancário sobre as letras reais. Ademais, o banco não possui meios reais para distinguir entre títulos “reais” e “fictícios”, e mercadores podem sempre ser induzidos a pegar emprestado muito além da demanda real do povo através de juros artificialmente baixos por parte dos bancos.

No caso do papel-moeda inconversível, King concluiu, não há maneira para descobrir a demanda real por dinheiro pelo povo, ou de dizer quando o papel-moeda está em excesso ou não. Sem conversibilidade, a circulação de papel é “privada de seu padrão natural, e é incapaz de admitir qualquer outro”. Assim, bancos ou governos confiados com a tarefa de encontrar o nível ótimo de dinheiro e de crédito estão condenados a “cometer erros perpétuos”.

Construindo sobre a obra pioneira e as contribuições de Thornton, Lord King então começou a desenvolver a culminação da teoria bulionista completa do papel moeda inconversível, uma teoria consistindo de um sistemático e forçado desenvolvimento da análise de oferta e de demanda.  Ele primeira nota que o papel inconversível é sujeito a duas distintas, mas relacionadas, influências rumo a desvalorização: os anseios por confiança por parte do povo, e um indevido aumento da quantidade de notas”. Em todo caso da moeda inconversível, ele nota, ambos os fatores logo voltaram ao trabalho. Como se sabe, King continuou, quando que a desvalorização da moeda inconversível ocorreu? Walter Boyd afirmou que um teste da desvalorização era um aumento do preço do bulião do livre mercado para mais que o preço de cunhagem oficial. King reforçou o insight de Boyd ao apontar que o valor do bulião tende a ser estável no curto prazo, desviar dos dois resulta em uma mudança no valor do papel. King também providencia um rigoroso fundamento para o segundo teste oferecido por Boyd: a desvalorização da libra comparada com outras moedas. Pois uma moeda em espécie-conversível não pode desvalorizar, visto que qualquer excedente pode ser exportado. Mas o papel inconversível não pode ser exportado, e irá “permanecer nesse país, e, se multiplicado além da demanda, precisa ser desvalorizado no grau de seu excesso”. Ademais:

No curso dos acordos comerciais, esse aumento da quantidade é logo descoberto; e os preços são aumentados em proporção. Um efeito similar ocorre em transações com moedas estrangeiras de acordo com o status de suas respectivas moedas.

King continua para desenvolver uma afirmação concisa da teoria da paridade-de-poder-de-compra das taxas de câmbio sob moedas inconversíveis.

Enquanto na passagem acima, King pareceu adotar a teoria mecanicista da quantidade de proporcionalidade, ele posteriormente deixou claro no panfleto que essa proporcionalidade, se ao menos ocorre, ocorre no longo prazo. Pois, King, assim como Boyd, era um completo bulionista, e apresentou de longe a melhor e mais desenvolvida afirmação da sua posição em todo esse período. King demonstra que o processo de inflação necessariamente envolve uma redistribuição de riqueza e de renda. Desenvolvendo alusões à análise do processo de Hume, King escreve que o efeito proporcional de um aumento na quantidade de papel moeda sobre os preços é muito acima do imediato, e que “em algum tempo precisa transcorrer antes de que a nova moeda possa circular pela comunidade e afetar os preços de todas as mercadorias”. Mas, enquanto Hume louvou esse intervalo enquanto estimulante atividade empresarial, King corretamente focou nas vantagens coagidas que esse processo dá aos primeiros, enquanto opostos aos últimos, recebedores do novo dinheiro:

É esse intervalo entre a criação do novo papel e o aumento de preços os quais podem ser uma fonte de vantagem para as pessoas que obtêm empréstimos do banco. O mercador, para quem as notas são imediatamente cunhadas, as emprega na compra de bens a preços com os quais eles podem arcar. Mas pelo próprio efeito destas notas, quando elas são posteriormente circuladas, o preço dos bens é aprimorado e o mercador tem a vantagem desse aumento em adição aos lucros comuns das negociações. Se ele é um mercador de exportações, ele receberá, além do lucro usual, a quantidade de desvalorização a qual teria acontecido na moeda entre o tempo de compra dos bens e de chegada da remessa em retorno.

King também chama a desvalorização das notas do Banco Central da Irlanda como “um imposto de renda que cobra não pelo benefício do Governo, mas pelos proprietários do estoque do Banco Irlandês”. E sobre o Banco da Inglaterra, ele notou que uma “indevida vantagem [que] tem sido obtida pelo banco em exato grau ao excesso de suas notas” tem sido muito mais que compensado pelas “perdas e injúrias ao povo, como em todos os casos de moeda desvalorizada”. Assim, “Um imposto indireto é, então, imposto sobre a comunidade, não pelo benefício do povo, mas de indivíduos. Ele é cobrado da maneira mais perniciosas; e é de todos os impostos o menos produtivo em proporção às perdas e inconveniências sustentadas”.

Em suma, King reconhece que os beneficiários privilegiados da inflação e da depreciação são, em grande parte, os próprios bancos centrais e os seus acionistas, bem como os mercadores que emprestam desses bancos, e exportadores que se beneficiam da desvalorização do câmbio internacional. Todos esses são comprados à custa do povo. King também perceptivelmente nota que são precisamente esses grupos que têm sido os principais apologistas pela restrição do banco. Ele sugere que estes mercadores de Londres e de Dublin provavelmente nunca leram Hume, nem precisamente traçaram os passos teóricos pelos quais obteram o privilégio da inflação bancária:

Mas sua experiência tem os levado indubitavelmente às mesmas conclusões; e aí não pode haver dúvida que, visto que o período dos descontos de Restrição foram obtidos do Banco por homens comerciais com menos dificuldades e que estas acomodações juntas com os lucros derivados disso, portanto, deram às suas mentes um forte viés a favor da medida.

Ademais, a mordaz análise de Lord King da acumulação vantajosa para o banco como sendo contra o público pela inflação de suas notas o levou a denunciar per se qualquer “privilégio exclusivo” na emissão de notas garantidas ao Banco da Inglaterra. Pois tal privilégio seria “tão injusto e impolítico quanto garantir um monopólio de qualquer outro ramo de habilidade e de indústria para qualquer mercante privado ou companhia”.

Ligado a essa rejeição da abordagem mecanicista da proporcionalidade, Lord King concedeu que fatores reais podem ter efeitos subordinados e temporários sobre a desvalorização e sobre as taxas de câmbio. De fato, é precisamente esse entendimento dos efeitos temporários de fatores reais que ajudaram a levar King a rejeitar a ideia de estrita proporcionalidade, e, portanto, qualquer mensuração quantitativa precisa do grau de desvalorização ou do excesso de papel moeda. Como King escreveu: “nem irá a referência mais cuidadosa aos dois testes do preço do bulião e o estado do câmbio nos permitir aferir em qual grau preciso uma moeda é desvalorizada; embora o fato geral da desvalorização possa ser provado além da disputa.” De fato, ele gentilmente admoestou Boyd por indevidamente enfatizar tal mensuração de excessos, e, portanto, tendo “dado uma vantagem a seus oponentes ao insistir demais no grau de desvalorização […]”

Finalmente, é lamentável que King seguiu a confusão de Smith e de Thornton acerca das letras de câmbio e outras evidências da dívida com dinheiro, e rejeitou a distinção clara entre elas feita por Walter Boyd.

A contribuição de Lord King imediatamente o jogou para a linha de frente dos teóricos bulionistas; e quando David Ricardo entrou na briga quase uma década depois, ele louvou o livreto de King enquanto tendo uma grande influência sobre ele. Por alguma razão, entretanto, a contribuição vital de King foi gravemente negligenciada por historiadores mais posteriores, e mesmo nos dias de Nassau Senior, em meados da década de 1840, Senior achou necessário admoestar a posteridade por negligenciar a grande conquista de Lord King. De fato, Senior alardeou a obra e King como “tão completa, e em princípio tão verdadeira, uma exposição da Teoria do Papel Moeda, que depois de mais de quarenta anos de discussão, ainda há pouco para adicionar a ela, ou para corrigi-la”. O lembrete de Senior foi posteriormente ecoado por Henry D. Macleod e por Francis A. Walter, e tão tarde quanto 1911, Jacob Holander, em sua famosa ressurreição da teoria monetária entre Smith e Ricardo, brevemente louvou o panfleto de King como um “notável contraste à prolixa obscuridade do ensaio de Thornton, e o quente temperamento da performance de Boyd”, e “feito para se tornar, como rapidamente o fez, o epítome do que já fora escrito em sólida crítica e em razoável interpretação do percurso do Banco não menos que a inspiração de esforços futuros na mesma direção”.[12] Ainda assim, inadvertidamente, a apreciação da contribuição de King prontamente se deixou cair completamente fora de vista novamente, apenas para ser ressuscitada na dissertação seminal do Professor Salerno.

Talvez o impacto imediato mais importante do Thoughts de Lord King estava sobre Francis Horner, pois Horner estava prontamente convertido pelo livreto de sua prévia posição moderada-moderada para sua postura permanente de bulionista moderado. A probabilidade de conversão residia não tanto na análise teórica de King, como sobre sua minuciosa organização das estatísticas do período de restrição, a qual convenceu o agnóstico teórico Horner de que os fatos estavam do lado da causa da inflação de preços e da desvalorização de uma emissão excessiva de papel moeda. Revisando os Thoughts de King em julho de 1803 em sua publicação na Edinburgh Review, Horner abandonou seu agnosticismo político prévio sobre a restrição do prumo diretamente para conversibilidade. “Desde o início”, ele agora escreveu, “não pode haver dúvida de que a impolítica e injustiça da restrição […]”. Mas assim como antes, ele sentiu que os fatos eram muito complicados para decidir se Boyd estava certo sobre o impacto inflacionário da restrição sobre os preços, Horner estava convencido por King que Boyd estava certo. Ele agora concluiu que “através de todas essas mudanças, um efeito uniforme pode ser percebido o qual, com a evidência pelo qual ele é provado, e os raciocínios pelo qual ele é explicado, é muito capaz e perspicazmente descrito por Lord King”.

5.7 A questão da moeda irlandesa

Muitas das restrições de Lord King eram dirigidas contra o Banco Central da Irlanda, bem como ao da Inglaterra, e é claro, durante 1803, enquanto a restrição foi estendida para o futuro com o ressurgimento da guerra com a França, a atenção foi transferida para a rápida desvalorização da moeda da Irlanda.

Quando a Grã-Bretanha impôs a restrição em 1797, ela também suspendeu o pagamento em espécie para o Banco da Irlanda e para o sistema bancário de sua colônia irlandesa. Ele o fez de tal modo que até mesmo o sistema bancário irlandês estava então em forma relativamente sólida e inabalada. O Banco da Irlanda, entretanto, rapidamente tomou vantagem de seus privilégios recém-encontrados para inflar a oferta de dinheiro e de crédito agudamente, quadruplicando sua circulação de notas pelos próximos seis anos. Em 1803, portanto, a libra irlandesa caiu para menos de 10 por cento de sua paridade padrão de 108:100 dentro da libra inglesa. Foi particularmente evidente que o problema aqui fosse a oferta irlandesa de papel-moeda, e nada além disso, visto que Belfast, na órbita monetária inglesa sem um banco próprio, permanecendo em par com a libra Inglesa, e visto que a libra de Dublin desvalorizou na mesma proporção em Belfast tal como fez em Londres.

Quando a extensão da restrição do banco veio ao Parlamento em fevereiro de 1803, uma extensão defendida por Thornton, um crítico bulionista da situação irlandesa foi lançada por Lord King, que continuo a mesma discussão em maio quando uma extensão da restrição irlandesa surgiu no Parlamento.

Com a atenção voltada para o problema irlandês, a Câmara dos Comuns em março de 1804 estabeleceu o comitê da moeda irlandesa para investigar o assunto (mais precisamente, o “Comitê Seleto sobre o Papel Circulante, a Espécie e a Moeda Corrente na Irlanda”). Os oficiais do Banco da Irlanda, desesperadamente tentando defender seu registro, proclamaram com crescente absurdidade que a desvalorização da libra irlandesa foi devida não à excessivas emissões, mas a uma balança de pagamentos misteriosamente “não-favoráveis” da Irlanda. O comitê, do qual Henry Thornton era um membro principal, emitiu seu registro em junho e deu atenção curta às racionalizações anti-bulionistas. Ele aderiu diretamente ao insight bulionista de que a desvalorização da libra irlandesa era devida à excessiva emissão de papel e expansão de crédito pelo Banco da Irlanda, e que essa emissão excessiva foi possível devido à restrição. O registro do comitê pressagiou o famoso registro do comitê do bulião seis meses depois, e era notável também pelo diálogo prático de Henry Thornton, seguindo Horner, para o campo bulionista moderado. O registro declarou que o “grande e efetivo remédio” para as doenças da moeda inglesa eram uma “abolição do Ato de Restrição a partir do qual todos os males fluíram”, mas isso, então, regrediu de uma solução tão radical para optar por uma solução intermediária: para o Banco da Irlanda ao menos fazer de suas notas como resgatáveis na moeda muito menos desvalorizada do Banco da Inglaterra. Isso, de fato, era também a solução intermediária proferida por Lord King. Acima de tudo, o comitê advertiu que o Banco da Irlanda precisa limitar sua emissão de papel em todos os tempos de balanças de negociações não-favoráveis, “e que todos os males de um câmbio alto e flutuante precisa ser imputável a eles se eles falharem em fazer isso”.

Juntando-se ao campo bulionista ao redor da questão da moeda irlandesa estavam dois importantes membros do Establishment anglo-irlandês. Um mês antes do apontamento do comitê da moeda irlandesa, Henry Brooke Parnell (1776-1842), o primeiro Barão Conflito, publicou seu panfleto Observations on the State of Currency in Ireland (Observações sobre o Estado da Moeda na Irlanda). Parnell, o filho de Sir John, Chanceler do Tesouro Irlandês, foi educado em Eton e no Trinity College, Cambridge. Um influente membro do Parlamento a partir de 1802, a aplicação de Parnell dos princípios bulionistas à questão irlandesa foi amplamente influenciada por Lord King. Parnell trouxe acusações contra o Banco da Inglaterra de inundar o país com seu papel; diminuindo o valor da maior porção da propriedade do país; de estabelecer uma ruinosa taxa de câmbio; e de trazer ao estado todas as calamidades concernentes a uma moeda desvalorizada. Como um remédio intermediário, Parnell também recomendou a proposta de King de fazer do papel irlandês resgatável em notas do Banco da Inglaterra. Tão compatível era o livreto de Parnell com o registro do comitê da moeda irlandesa que a terceira edição do ensaio de Parnell pôs um sumário das evidências do comitê em seu apêndice.

O registro do comitê, e a proposta de King, foram também sustentadas por outro membro do Establishment anglo-irlandês, o jovem procurador irlandês em Londres, John Lslie Foster (d. 1842), em seu panfleto, O Essay on the Principles  of Commercial Exchanges (Ensaio sobre os Princípios do Câmbio Comercial) (1804). Foster, o Filho de um bispo anglicano, e graduado do Trinity College, Dublin, tornou-se posteriormente um juiz irlandês e um membro Tory do Parlamento na Inglaterra. Há também o curioso caso de James Maitland, o oitavo conde de Lauderdale (1759-1839), um procurador escocês e membro do parlamento primeiro um Whig e depois Tory. Por um lado, Lauderdale era um fanático  subconsumista e oponente às poupanças – antecipando, desse modo, Keynes – em seu Inquiry into the Nature and Origins of Public Wealth (Investigação sobre a Natureza e Origens da Riqueza Pública) (1804) e em seu argumento contra o repagamento de dívidas e a favor dos gastos do governo per se (Three Letters to the Duke of Wellington [Três cartas ao Duque de Wellington], 1829). Por outro lado, Lord Lauderdale era um fervoroso homem a favor do dinheiro-sólido, endossando o registro da moeda irlandesa em um panfleto marcante. Lord Lauderdale não apenas concordou que emissão excessiva de papel do Banco da Irlanda levou à desvalorização da libra irlandesa e ao acréscimo sobre o ouro; ele foi além do registro para insistir que a contração completa do papel do Banco da Irlanda era o único remédio efetivo para o problema existente (em seus Thoughts on the Alarming State of the Circulation and on the Means os Redressing the Pecuniary Grievances of Ireland [Pensamentos sobre o Estado Alarmante da Circulação e sobre os Meios de Reduzir as Reclamações Monetárias da Irlanda])(1805). É certamente incomum para uma pessoa estar ao mesmo tempo como um arque-subconsumista e um ardente deflacionista a favor do dinheiro sólido!

Enquanto as soluções do comitê e de King não triunfaram, os oficiais do banco irlandês aparentemente entenderam a situação muito melhor do que eles tinham deixado. Pois eles logo conseguiram desarmar o problema ao buscar políticas monetárias mais rígidas, e, portanto, trazendo a libra irlandesa de volta à paridade com a Inglaterra.

5.8 A emergência do bulionismo mecanicista: John Wheatley

Depois de 1804, o Banco da Inglaterra refreou sua política expansionista por alguns anos, e a inflação e a desvalorização foi diminuída também. Como resultado, a controvérsia bulionista sobre a Inglaterra e a Irlanda enfraqueceu. A fase 1 da grande controvérsia bulionista acabara. Apareceu em cena três escolas de pensamento monetário e de opinião: primeiro, os apologistas antibulionistas do governo britânico e do Banco da Inglaterra, cujas visões mal podem ser dignificadas pelo nome de “teoria” e por quem simplesmente negou que a emissão monetária tivesse qualquer relação com os males da inflação e da desvalorização. Variando contra eles, estavam, segundo os bulionistas verdadeiros, encabeçados por Lord King e por Walter Boyd, que incisivamente aplicou a análise de oferta e de demanda para as novas condições de moeda fiduciária irresgatável, e quem atacou a superemissão do Banco da Inglaterra enquanto a causa dos males, com os fatores “reais” também desempenhando um papel temporário e subordinado. No meio estava, em terceiro, os moderados, consistindo em grande parte por Henry Thornton e por Francis Horner, agnósticos teóricos que reivindicavam que tantos os fatores monetários ou reais podem ser responsáveis por qualquer dada inflação, e enfatizavam empiricamente e ad hoc a qual conjunto de fatores pode ser dada a culpa em cada dada situação. Começando como um antibulionista moderado, o peso empírico mudou rapidamente para Horner, ao menos, para entrar no campo bulionista moderado por volta de 1803.

Antes da Fase 1 ter terminado, entretanto, uma quarta escola de pensamento, e a terceira vertente do bulionismo, emergiu: o bulionismo mecanicista. O grande erro do bulionismo mecanicista não era simplesmente negligenciar todas as influências reais, e insistir que os fatores monetários sozinhos determinaram os níveis de preço e as taxas de câmbio. Se essa tivesse sido a única falha, o erro teria sido um erro relativamente menor. O principal problema era que os mecanicistas eram também movidos a negligenciar todos os outros fatores causais que não a oferta monetária — muitos deles de grande importância. Em suma, eles negligenciaram a demanda por dinheiro, em todas suas sutis variações, e tais efeitos vitais de “distribuição — até mesmo no longo prazo — enquanto mudanças em ativos relativos, em rendas e mudanças em preços relativos. Em suma, os mecanicistas afirmaram que, no curto e no longo prazo, os únicos fatores causais sobre o preço e sobre o câmbio eram mudanças na quantidade de dinheiro. Assim, sua visão errônea e distorcida de que as mudanças em “níveis” de preço são exatamente quantitativamente proporcionais a mudanças na quantidade de dinheiro.

A visão mecanicista bulionista, presumivelmente emergindo em super-reação aos moderados, fora primeiramente apresentada por um homem que não era nem membro do Parlamento nem visível ao olho público: o procurador John Wheatley (1772-1830). Em sua primeira de muitas contribuições à economia monetária, Remarks on Currency and Commerce (Notas sobre a Moeda e o Comércio) (1803), Wheatley desenvolveu a abordagem bulionista e monetária de longo prazo em sua forma mais brusca e simplista. Qualquer discussão de ajustes temporários ou até mesmo de processos temporários foi deixada de lado para se estender exclusivamente sobre os estados finais de equilíbrio. Para Wheatley, toda exportação ou importação de ouro era exclusivamente determinada por sua demanda e por seu preço, i.e., por fatores monetários, e preços do bulião e taxas de câmbio eram determinadas somente por considerações monetárias. Fatores reais não desempenham papel algum nesses assuntos, mesmo temporariamente ou no curto prazo. Assim, efeito da oferta e da demanda sobre os níveis de preço ou taxas de câmbio é estritamente e precisamente proporcional. Os preços gerais se movem, não somente proporcionalmente, mas também uniformemente em “níveis”, sem mudanças ocorrendo em preços relativos. Assim, Wheatley:

O aumento da moeda através do papel deve causar a mesma redução no valor do dinheiro, em proporção à atividade de sua circulação enquanto um aumento da moeda por espécie. Mas […] se o papel deprecia o dinheiro, ele precisa antecipar em similar proporção o preço de artigos de subsistência e de luxo.

A partir desses princípios, era fácil para Wheatley denunciar que era impossível para uma expansão da oferta monetária sempre estimular a economia, assim, por definição, “os salários do trabalho são aumentados somente em proporção ao acréscimo [de moeda]”. E, visto que os salários aumentam proporcionalmente à oferta monetária e para todos os outros preços, eles podem “comprar uma quantidade não maior de produtos depois da adição do que antes dela”, e, portanto, “nenhum outro estímulo maior pode, em realidade, existir, e, portanto, nenhum efeito maior será tendente a ser produzido pela fraude […]”. Uma conclusão heroica, sem dúvidas, e certamente verdade no longo prazo; mas tais afirmações alegremente dogmáticas omitem todo o ponto da inflação monetária e seu estímulo de curto-prazo: e.g., fazer com que os preços aumentem mais rápido do que as taxas salariais.

Além disso, visto que Wheatley teve uma teoria de taxas de câmbio sob inconversibilidade exclusivamente de longo-prazo, e, portanto, monetária, ele novamente e alegremente assumiu que o valor de qualquer dado dinheiro era sempre e em todos os lugares, igual, i.e., no equilíbrio de longo-prazo, e que as taxas de câmbio de moeda fiduciária sempre negociam precisamente em suas paridades de poder de compra para seus respectivos poderes de compra monetários. Assim, para Wheatley, não era apenas a taxa de câmbio desvalorizada e um acréscimo sobre o bulião de espécie, um “sistema infalível” de depreciação da moeda; mas também providenciou uma “medida” exata dessa desvalorização. Em contraste, King e Boyd, muito menos Thornton, apenas viu a depreciação da moeda quando tais fenômenos existiram por “qualquer tempo considerável” (Boyd) ou eram “muito continuados” (King). E nenhum dos que vieram depois deles afirmaram que tais acréscimos ou taxas de câmbio descontadas providenciam uma mensuração precisa da desvalorização.

Enquanto John Wheatley não desfrutou de qualquer coisa como uma proeminência de seus colegas debatedores sobre o bulionismo, ele não era de modo algum uma figura insignificante. Ele nasceu em Kent em uma família do campo, militar e proeminentemente dona de terras. Seu pai William era um alto xerife e tenente deputado de Kent; um irmão mais velho, William, serviu como um Major-General nas guerras francesas; e um irmão mais novo, Sir Henry Wheatley, foi conectado por muitos anos à corte real. Wheatley recebeu um Bachelor of Arts da aristocrática Christ Church, Oxford, em 1793, e então foi admitido no bar. Sua esposa, Georgiana, era a filha de William Lushington, uma proeminente mercadora de Londres e membro do Parlamento pela Cidade de Londres, e irmão de Sir Stephen Lushington, antigo presidente da grande Companhia das Índias Orientais. Estranhamente o suficiente, William Lushington, enquanto presidente do comitê dos mercadores de Londres, fez uma petição para o Banco da Inglaterra em março de 1797, para que ele fosse mais expansionista em sua política de descontos.

As Notas de Wheatley, foram atacadas na Edinburgh Review pelo proeminente líder Whig Henry Brougham, sobre bases Thorntonianas familiares. Mas enquanto Wheatley seguiu com seu panfleto com o primeiro volume do An Essay on the Theory Of Money and Principles of Commerce (Um Ensaio sobre a Teoria da Moeda e dos Princípios do Comércio (1807), seu momento era pobre, visto que havia pouco interesse na controvérsia bulionista naquele tempo. Wheatley compôs seus problemas táticos ao escrever nada sobre dinheiro pelos próximos nove anos, durante um tempo quando a controvérsia bulionista estava em seu auge. Por todas essas razões, a postura de Wheatley foi em grande parte negligenciada, até que em 1809 David Ricardo assumiu a liderança do campo bulionista mecanicista. A influência de Wheatley, ademais, mal foi ajudada por sua situação de dificuldade financeira crônica praticamente por toda a sua vida. Ele agiu de tempos em tempos como um agente para a família Lushington em seus acordos nas Índias Ocidentais, mas os problemas financeiros o fez vagar pelo exterior, e a publicação do segundo volume de seu Ensaio em 1822 foi seguida prontamente pela migração para a Índia, onde ele continuou em angústia financeira, e dali para a África do Sul com problemas similares. Mas através destes problemas e andanças, ele continuou a publicar panfletos clamando ardentemente pela libertação das negociações.

A ênfase exclusiva de John Wheatley sobre a oferta monetária e sobre níveis unitários de preço foi um prenúncio do severo rompimento moderno monetarista e macroeconômico entre o campo monetário e o campo real. Mais explicitamente, sua ênfase mecanicista no nível de preços também prenunciou a infeliz preocupação, posteriormente Fisherista e Chicaguista, com a estabilização do “nível de preço” e com a oposição fanática a qualquer e a todas mudanças em tais “níveis”. Até mesmo em seus livros iniciais de 1803 e de 1807, Wheatley denunciou os alegados males dos preços em queda bem como da inflação, e de fato afirmou que preços em queda eram ainda mais danosos.  De fato, a influência dos primeiros tratados de Wheatley foi gravemente enfraquecida por sua falta de intransigência e timidez para traçar quaisquer conclusões políticas de sua análise rígida. Ao invés de retornar ao padrão ouro, Wheatley poderia apenas sugerir o saque dos poderes de emissão de notas dos bancos rurais e o resgate de todas as pequenas notas de banco menores que £5.

Em sua obra de 1807, ele clamou para que os contratos sejam feitos de acordo com um número de índice de níveis de preço e, em suas obras posteriores, quando esse clamor foi ignorado, ele começou a surtar em histeria sobre os alegados males da diminuição de preços e seus danos aos pobres. Em seu volume de 1822, Wheatley foi tão longe ao ponto de clamar pela postergação da retomada dos pagamentos em espécie até que mais ofertas possam entrar no país para prevenir os preços de cair. De fato, nesse ponto, Wheatley estava pronto para abandonar o padrão ouro, em sua oposição frenética aos preços em queda. Ansiando pelo papel fiduciário estabilizado em valor pelo governo, Wheatley escreveu: “Se o papel fosse mantido sem aumento ou diminuição seria uma melhor medida de valor e meio de troca do que o ouro.” E pela época de sua última obra, em 1828, escrita na África do Sul, Wheatley clamou somente pela expansão de papel fiduciário da oferta monetária, se não “a pobre irresgatável é fixa como nosso eterno destino”.

Desse modo, como no caso de todos os teóricos da quantidade monetaristas e mecanicistas, Wheatley começou como um fervoroso bulionista pelo dinheiro-sólido, e foi induzido conforme passaram-se os anos por seu frenético ódio de deflação para terminar como um inflacionista pela moeda fiduciária.

 

________________________

Notas

[1]          Durante os séculos XVII e XVIII, a Inglaterra esteve sob um padrão bimetálico, mas a taxa oficial consistentemente supervalorizou a prata em relação ao preço de mercado mundial. Como um resultado, a Grã-Bretanha esteve por muito tempo de facto sob o padrão ouro. A discussão durante o período da restrição foi complicada pelo fato de que, durante estes dois séculos, era ilegal para os britânicos exportar ouro britânico ou moedas de prata, ou o bulião derretido de tal moeda. Era legal exportar moeda metálica estrangeira ou bulião, mas mais importante é olfato de que o contrabando habitualmente anulou a proibição de exportação.

[2]          Norman J. Silberling, “Financial and Monetary Policy of Great Britain during the Napoleonic Wars”, Quarterly Journal of Economics 38 (1924), p. 420; citado em Joseph Salerno, “The Doctrinal Antecedents of the Monetary Approach to the Balance of Payments” (dissertação de doutorado, Rutgers University, 1980), pp. 283-4.

[3]          Em seu panfleto, Uma Investigação da Causa da Presente Alta de Preços das Provisões (1800).

[4]          Salerno, op. cit., nota 2, p. 294.

[5]          Ibid., pp. 299-300.

[6]          Aumentando o impacto da Carta, foi a capacidade de Boyd de apontar que no Prefácio que nos poucos meses desde a escrita do corpo do texto, a depreciação da libra em Hamburgo aumentara de 9 para 14 por cento, e o acréscimo sobre o bulião de ouro sobre a libra aumentou para 10,5 por cento. Ele posteriormente notou que, no mesmo intervalo, o banco tinha finalmente sido forçado a mostrar as estatísticas do Parlamento sobre a quantidade de suas notas em circulação, confirmando a forte opinião de Boyd de um alto aumento nas notas do Banco da Inglaterra (de excepcionais £8,6 milhões em fevereiro de 1798 para £15,45 milhões em dezembro de 1800).

[7]          Veja a esclarecedora discussão historiográfica da controvérsia bulionista por Salerno, op. cit., nota 2, pp. 266-82.

[8]          Citado em FA. von Hayek, “Introduction”, em Henry Thornton, Uma Investigação da Natureza e dos Efeitos do Crédito de Papel da Grã-Bretanha (1802) (Nova York: RInehart & Co. 1939), p. 36n.

[9]          O biógrafo de Thornton está certamente certo ao rejeitar a afirmação de von Hayek de que Thornton trabalhara no Crédito de Papel desde 1796. O próprio Thornton, como von Hayek concede, afirma o oposto em sua introdução: “A primeira intenção do escritor das seguintes páginas foi meramente expor alguns erros populares o qual se relacionaram fortemente com a suspensão dos pagamentos em dinheiro vivo do Banco da Inglaterra, e para a influência de nossa moeda de papel sobre o preço das provisões”. Von Hayek também admite que o livro “foi intencionado em parte como uma resposta a Boyd”. Veja, von Hayek, op. cit., nota 8, p. 42-6; Thornton, op. cit., nota 8, p. 67; Standish Meacham, Henry Thornton of Clapham, 1780-1815 (Cambridge: Harvard University Press, 1964), p. 186.

[10]        Salerno, op. cit., nota 2, pp. 364-5.

[11]        Para uma minuciosa crítica de Thornton, veja Salerno, op. cit., nota 2, pp. 357-400.

[12]        Jacob Hollander, “The Development of the Theory of Money from Adam Smith to David Ricardo”, Quarterly Journal of Economics, 25 (Maio 1911), p. 456.

Murray N. Rothbard
Murray N. Rothbard
Murray N. Rothbard (1926-1995) foi um decano da Escola Austríaca e o fundador do moderno libertarianismo. Também foi o vice-presidente acadêmico do Ludwig von Mises Institute e do Center for Libertarian Studies.
RELATED ARTICLES

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Most Popular

Recent Comments

Maurício J. Melo on A casta política de Milei
Maurício J. Melo on A vitória é o nosso objetivo
Maurício J. Melo on A vitória é o nosso objetivo
Leitão de Almeida on Esquisitices da Religião Judaica
Maurício J. Melo on Esquisitices da Religião Judaica
Taurindio on Chegando a Palestina
Maurício J. Melo on Esquisitices da Religião Judaica
Fernando Chiocca on Anarcosionismo
Fernando Chiocca on Anarcosionismo
Daniel Gomes on Milei é um desastre
Daniel Gomes on Milei é um desastre
maurício on Milei é um desastre
Leitão de Almeida on Milei é um desastre
Joaquim Saad on Anarcosionismo
Mateus on Anarcosionismo
Revoltado on Justificando o mal
SilvanaB on Ayn Rand está morta
SilvanaB on Ayn Rand está morta
SilvanaB on Ayn Rand está morta
Carlos Santos Lisboa on A Argentina deve repudiar sua dívida
Jeferson Santana Menezes on As seis lições
Maurício J. Melo on Ayn Rand está morta
Maurício J. Melo on Ayn Rand está morta
Fernando Chiocca on Ayn Rand está morta
Luan Oliveira on Ayn Rand está morta
Fernando Chiocca on Ayn Rand está morta
Maurício J. Melo on Ayn Rand está morta
YURI CASTILHO WERMELINGER on Ayn Rand está morta
Maurício J. Melo on Ayn Rand está morta
YURI CASTILHO WERMELINGER on Ayn Rand está morta
YURI CASTILHO WERMELINGER on Ayn Rand está morta
PAULO ROBERTO MATZENBACHER DA ROSA on O mito do genocídio congolês de Leopoldo II da Bélgica
Fernando Chiocca on Ayn Rand está morta
Maurício J. Melo on Ayn Rand está morta
YURI CASTILHO WERMELINGER on Ayn Rand está morta
Maurício J. Melo on Ayn Rand está morta
Fernando Chiocca on O antissemitismo do marxismo 
Maurício J. Melo on O antissemitismo do marxismo 
Maurício J. Melo on Bem-estar social fora do estado
Maurício J. Melo on A guerra do Ocidente contra Deus
Maurício J. Melo on A guerra do Ocidente contra Deus
Maurício J. Melo on A guerra do Ocidente contra Deus
Maurício J. Melo on Objetivismo, Hitler e Kant
Norberto Correia on A Teoria da Moeda e do Crédito
maurício on O Massacre
Maurício J. Melo on A vietnamização da Ucrânia
Maurício J. Melo on A vietnamização da Ucrânia
Maurício J. Melo on Intervenção estatal e Anarquia
Maurício J. Melo on O Massacre
ROBINSON DANIEL DOS SANTOS on A falácia da Curva de Laffer
Maurício J. Melo on Da natureza do Estado
Maurício J. Melo on Da natureza do Estado
Maurício J. Melo on Um mau diagnóstico do populismo
Maurício J. Melo on O que é autodeterminação?
Marco Antônio F on Anarquia, Deus e o Papa Francisco
Renato Cipriani on Uma tarde no supermercado . . .
Maurício J. Melo on O mito do Homo Economicus
Voluntarquista Proprietariano on Anarquia, Deus e o Papa Francisco
Antonio Marcos de Souza on A Ditadura Ginocêntrica Ocidental
Maurício J. Melol on O problema do microlibertarianismo
Leninha Carvalho on As seis lições
Carlos Santos Lisboa on Confederados palestinos
Ivanise dos Santos Ferreira on Os efeitos econômicos da inflação
Ivanise dos Santos Ferreira on Os efeitos econômicos da inflação
Ivanise dos Santos Ferreira on Os efeitos econômicos da inflação
Marco Antônio F on Israel enlouqueceu?
Maurício J. Melo on Confederados palestinos
Maurício J. Melo on Confederados palestinos
Fernando Chiocca on Confederados palestinos
Matheus Polli on Confederados palestinos
Pobre Mineiro on Confederados palestinos
Matheus Oliveira De Toledo on Verdades inconvenientes sobre Israel
Ex-microempresario on O bombardeio do catolicismo japonês
Ex-microempresario on O bombardeio do catolicismo japonês
Ex-microempresario on O bombardeio do catolicismo japonês
Ana Laura Schilling on A pobreza do debate sobre as drogas
Maurício J. Melo on Israel enlouqueceu?
Fernando Chiocca on Israel enlouqueceu?
Matheus Oliveira De Toledo on A queda do pensamento crítico
Ex-microempresario on O bombardeio do catolicismo japonês
Ex-microempresario on O bombardeio do catolicismo japonês
Julio Cesar on As seis lições
Marco Antônio F on Anarquia, Deus e o Papa Francisco
Carola Megalomaníco Defensor do Clero Totalitário Religioso on Política é tirania por procuração
historiador on Por trás de Waco
Francês on O mistério continua
Revoltado on O mistério continua
Maurício J. Melo on Anarquia, Deus e o Papa Francisco
José Tadeu Silva on A OMS é um perigo real e presente
Revoltado on Dia da Mulher marxista
José Olimpio Velasques Possobom on É hora de separar escola e Estado
Bozo Patriotário Bitconheiro on Libertarianismo e boicotes
maurício on A catástrofe Reagan
maurício on A catástrofe Reagan
Imbecil Individual on A catástrofe Reagan
Flávia Augusta de Amorim Veloso on Tragédia provocada: A síndrome da morte súbita
Conrado Morais on O mal inerente do centrismo
Maurício J. Melo on Isso é legal?
Maurício J. Melo on O que podemos aprender com Putin
Imbecil Individual on Por que as drogas são proibidas?
Marco Antônio F on Por que as drogas são proibidas?
Marco Antônio F on Por que as drogas são proibidas?
Maurício J. Melo on Por que as drogas são proibidas?
Maurício J. Melo on Por que as drogas são proibidas?
Maurício J. Melo on Por que as drogas são proibidas?
Ex-microempresario on Por que as drogas são proibidas?
Ex-microempresario on Por que as drogas são proibidas?
Maurício J. Melo on Por que as drogas são proibidas?
Maurício J. Melo on Por que as drogas são proibidas?
Maurício J. Melo on Por que as drogas são proibidas?
Ex-microempresario on Por que as drogas são proibidas?
Maurício J. Melo on Por que as drogas são proibidas?
Maurício J. Melo on Ayn Rand sobre o Oriente Médio
Maurício J. Melo on Ayn Rand sobre o Oriente Médio
Daniel Gomes on Sobre a guerra na Palestina
Maurício J. Melo on Ayn Rand sobre o Oriente Médio
Maurício J. Melo on Uma Carta Aberta a Walter E. Block
Estado máximo, cidadão mínimo. on O que realmente está errado com o plano industrial do PT
Maurício J. Melo on Sobre a guerra na Palestina
Maurício J. Melo on Kulturkampf!
Maurício J. Melo on Discurso de Javier Milei em Davos
Maurício J. Melo on Discurso de Javier Milei em Davos
Maurício J. Melo on Discurso de Javier Milei em Davos
Maurício J. Melo on Discurso de Javier Milei em Davos
Maurício J. Melo on Covid e conformismo no Japão
Marco Antônio F on Tem cheiro de Genocídio
Marco Antônio F on Tem cheiro de Genocídio
Pobre Mineiro on Tem cheiro de Genocídio
Rodrigo Alfredo on Tem cheiro de Genocídio
Marco Antônio F on Tem cheiro de Genocídio
Maurício J. Melo on Tem cheiro de Genocídio
Maurício J. Melo on Fora de Controle
Pobre Mineiro on Fora de Controle
Maurício J. Melo on Fora de Controle
Antonio Gilberto Bertechini on Por que a crise climática é uma grande farsa
Pobre Mineiro on Fora de Controle
Phillipi on Anarquismo cristão
Maurício on A tramoia de Wuhan
Maurício J. Melo on Fora de Controle
Chris on Fora de Controle
Maurício J. Melo on Os lados da história
Pobre Mineiro on “Os piores dias em Gaza”
Maurício J. Melo on Os lados da história
Ex-microempresario on Os lados da história
Pobre Mineiro on Os lados da história
Pobre Mineiro on Os lados da história
Pobre Mineiro on Os lados da história
Maurício J. Melo on Os lados da história
Fernando Chiocca on “Os piores dias em Gaza”
Pobre Mineiro on Os lados da história
Fernando Chiocca on “Os piores dias em Gaza”
Maurício J. Melo on Os lados da história
Ex-microempresario on Os lados da história
Maurício J. Melo on Os lados da história
Ex-microempresario on Os lados da história
Maurício J. Melo on Os lados da história
Ex-microempresario on Os lados da história
Cristério Pahanguasimwe. on O que é a Economia Austríaca?
Pobre Mineiro on Morte e destruição em Gaza
Pobre Mineiro on A imoralidade da COP28
Maurício J. Melo on Sim, existem palestinos inocentes
Maurício J. Melo on Morte e destruição em Gaza
Maurício J. Melo on Morte e destruição em Gaza
Fernando Chiocca on Sim, existem palestinos inocentes
HELLITON SOARES MESQUITA on Sim, existem palestinos inocentes
Revoltado on A imoralidade da COP28
Pobre Mineiro on Morte e destruição em Gaza
Pobre Mineiro on Morte e destruição em Gaza
Fernando Chiocca on Morte e destruição em Gaza
HELLITON SOARES MESQUITA on Morte e destruição em Gaza
Maurício J. Melo on Morte e destruição em Gaza
Pobre Mineiro on Inspiração para a Nakba?
Historiador Libertário on Randianos são coletivistas genocidas
Historiador Libertário on Randianos são coletivistas genocidas
Historiador Libertário on Randianos são coletivistas genocidas
Historiador Libertário on Randianos são coletivistas genocidas
Maurício J. Melo on A controvérsia em torno de JFK
Joaquim Saad on Canudos vs estado positivo
Maurício J. Melo on A Economia de Javier Milei
Maurício J. Melo on A Economia de Javier Milei
Maurício J. Melo on Combatendo a ofensiva do Woke
Pobre Mineiro on Rothbard sobre Guerra
Douglas Silvério on As seis lições
Maurício José Melo on A verdadeira tragédia de Waco
Joaquim Saad on O Retorno à Moeda Sólida
Joaquim Saad on O Retorno à Moeda Sólida
Maurício J. Melo on Juízes contra o Império da Lei
Revoltado on George Floyd se matou
Revoltado on George Floyd se matou
Juan Pablo Alfonsin on Normalizando a feiura e a subversão
Cláudio Aparecido da Silva. on O conflito no Oriente Médio e o que vem por aí
Maurício J. Melo on A economia e o mundo real
Maurício J. Melo on George Floyd se matou
Victor Camargos on A economia e o mundo real
Pobre Mineiro on George Floyd se matou
Revoltado on George Floyd se matou
Universitário desmiolado on A precária situação alimentar cubana
JOSE CARLOS RODRIGUES on O maior roubo de ouro da história
Historiador Libertário on Rothbard, Milei, Bolsonaro e a nova direita
Pobre Mineiro on Vitória do Hamas
Edvaldo Apolinario da Silva on Greves e sindicatos criminosos
Maurício J. Melo on Como se define “libertário”?
Maurício J. Melo on A economia da guerra
Alexander on Não viva por mentiras
Lady Gogó on Não viva por mentiras
Roberto on A era da inversão
Roberto on A era da inversão
Samsung - Leonardo Hidalgo Barbosa on A anatomia do Estado
Maurício J. Melo on O Anarquista Relutante
Caterina Mantuano on O Caminho da Servidão
Maurício J. Melo on Mais sobre Hiroshima e Nagasaki
Pedro Lopes on A realidade na Ucrânia
Eduardo Prestes on A verdade sobre mães solteiras
Guilherme on Imposto sobre rodas
José Olimpio Velasques Possobom on Precisamos de verdade e beleza
Ex-microempresario on A OMS é um perigo real e presente
José Olimpio Velasques Possobom on A OMS é um perigo real e presente
Maurício J. Melo on Rothbard sobre o utilitarismo
LUIZ ANTONIO LORENZON on Papa Francisco e a vacina contra a Covid
Juri Peixoto on Entrevistas
Maurício J. Melo on Os Incas e o Estado Coletivista
Marcus Seixas on Imposto sobre rodas
Samuel Jackson on Devemos orar pela Ucrânia?
Maurício J. Melo on Imposto sobre rodas
Lucas Q. J. on Imposto sobre rodas
Tony Clusters on Afinal, o agro é fascista?
Joaquim Saad on A justiça social é justa?
Caterina on Mercado versus estado
Fernando Chiocca on A ética da liberdade
Fernando Chiocca on A verdadeira tragédia de Waco
Carlos Eduardo de Carvalho on Ação Humana – Um Tratado de Economia
João Marcos Theodoro on Ludwig von Mises: um racionalista social
Maurício José Melo on Lacrada woke em cima de Rothbard?
José Carlos Munhol Jr on Lacrada woke em cima de Rothbard?
Fernando Chiocca on Lacrada woke em cima de Rothbard?
Matador de onça on Os “direitos” dos animais
Micael Viegas Alcantara de Souza on Em defesa do direito de firmar contratos livremente
Adversário do Estado on Lacrada woke em cima de Rothbard?
Maurício José Melo on Nações por consentimento
Nairon de Alencar on Precisamos do Estado?
Marcus Seixas on Aflições Econômicas
Nairon de Alencar on O Governo Onipotente
Demetrius Giovanni Soares on O Governo Onipotente
Nairon de Alencar on A economia da inveja
Nairon de Alencar on Leitura de Sima Qian
Nairon de Alencar on O que sabíamos nos primeiros dias
Cândido Martins Ribeiro on A Mulher Rei dá ‘tilt’ na lacração
Robertodbarros on Precisamos de verdade e beleza
Cândido Martins Ribeiro on Precisamos de verdade e beleza
Cândido Martins Ribeiro on Precisamos de verdade e beleza
Robertodbarros on Precisamos de verdade e beleza
Marcus Seixas on O problema da democracia
Marcus Seixas on O problema da democracia
Marco Antonio F on O problema da democracia
Marco Antonio F on O problema da democracia
Cândido Martins Ribeiro on O problema da democracia
Cândido Martins Ribeiro on As linhas de frente das guerras linguísticas
Richard Feynman on Por que você não vota?
Maurício J. Melo on A fogueira de livros do Google
Maurício J. Melo on Por que você não vota?
Maurício J. Melo on Em defesa dos demagogos
Yabhiel M. Giustizia on Coerção e Consenso
Maurício J. Melo on Hoppefobia Redux
Maurício J. Melo on O problema com a autoridade
Maurício J. Melo on Raça! Aquele livro de Murray
Cândido Martins Ribeiro on Europa se suicida com suas sanções
Cândido Martins Ribeiro on Como os monarcas se tornaram servos do Estado
Nikus Janestus on Os “direitos” dos animais
João Marcos Theodoro on O verdadeiro significado de inflação
Maurício J. Melo on O ex-mafioso e a Democracia
Nikus Janestus on O ex-mafioso e a Democracia
Maurício J. Melo on Comédia Vs Estado
Cândido Martins Ribeiro on Patentes e Progresso
Maurício J. Melo on Al Capone e a data de validade
Fernando Chiocca on Comédia Vs Estado
dannobumi on Comédia Vs Estado
Maurício J. Melo on Patentes e Progresso
Demetrius Giovanni Soares on Patentes e Progresso
Demetrius Giovanni Soares on O coletivismo implícito do minarquismo
Demetrius Giovanni Soares on O coletivismo implícito do minarquismo
Cândido Martins Ribeiro on Patentes e Progresso
Cândido Martins Ribeiro on Patentes e Progresso
Maurício J. Melo on Patentes e Progresso
Cândido Martins Ribeiro on Patentes e Progresso
Cândido Martins Ribeiro on Patentes e Progresso
Demetrius Giovanni Soares on Carta aos Brasileiros Contra a Democracia
Demetrius Giovanni Soares on Patentes e Progresso
Maurício J. Melo on Patentes e Progresso
Maurício J. Melo on Patentes e Progresso
Maurício J. Melo on Patentes e Progresso
Maurício J. Melo on Patentes e Progresso
Cândido Martins Ribeiro on Patentes e Progresso
Maurício J. Melo on Patentes e Progresso
Maurício J. Melo on Mensagem de Natal de Viganò
Maurício J. Melo on Mentiras feias do Covid
Cândido Martins Ribeiro on Soljenítsin sobre a OTAN, Ucrânia e Putin
Cândido Martins Ribeiro on Soljenítsin sobre a OTAN, Ucrânia e Putin
Maurício J. Melo on Os vândalos linguísticos
Richard Feynman on A guerra imaginária
Shrek on Morte por vacina
Maurício J. Melo on Morte por vacina
Kletos Kassaki on Os verdadeiros anarquistas
Cândido Martins Ribeiro on A guerra imaginária
Maurício J. Melo on A guerra imaginária
Thomas Morus on A guerra imaginária
Cândido Martins Ribeiro on A guerra imaginária
Joaquim Saad on Os verdadeiros anarquistas
Cândido Martins Ribeiro on A conspiração Covid contra a humanidade
Gabriel Figueiro on Estado? Não, Obrigado!
Maurício J. Melo on Revelação do método
Maurício J. Melo on A missão de Isaías
Maurício J. Melo on A questão dos camelôs
Nikus Janestus on A questão dos camelôs
Ancapo Resfrogado on Votar deveria ser proibido
Fernando Chiocca on A missão de Isaías
Maurício J. Melo on Reservas fracionárias são fraude
Sedevacante Católico on A missão de Isaías
Sedevacante Católico on Uma vitória para a vida e a liberdade
Richard Feynman on A missão de Isaías
Richard Feynman on Cristianismo Vs Estatismo
Nikus Janestus on Cristianismo Vs Estatismo
Maurício J. Melo on Cristianismo Vs Estatismo
Maurício J. Melo on A ontologia do bitcoin
Maurício J. Melo on Sobre “as estradas” . . .
Nikus Janestus on Sobre “as estradas” . . .
Maurício J. Melo on Sobre “as estradas” . . .
Nikus Janestus on Sobre “as estradas” . . .
Richard Feynman on A busca pela liberdade real
Robertodbarros on A busca pela liberdade real
Maurício J. Melo on Coletivismo de Guerra
Maurício J. Melo on A Ditadura Ginocêntrica Ocidental
Simon Riley on Contra a Esquerda
Thomas Cotrim on Canudos vs estado positivo
Junior Lisboa on Canudos vs estado positivo
Thomas Cotrim on Canudos vs estado positivo
Maurício J. Melo on Canudos vs estado positivo
Maurício J. Melo on A guerra da Ucrânia é uma fraude
Richard Feynman on Descentralizado e neutro
Maurício J. Melo on O inimigo dos meus inimigos
Maurício J. Melo on Descentralizado e neutro
Maurício J. Melo on Descentralizado e neutro
Maurício J. Melo on A questão das nacionalidades
Maurício J. Melo on Todo mundo é um especialista
Maurício J. Melo on Adeus à Dama de Ferro
Maurício J. Melo on As elites erradas
Maurício J. Melo on Sobre a defesa do Estado
Maurício J. Melo on Após os Romanovs
Maurício J. Melo on A situação militar na Ucrânia
Amigo do Ancapistao on Entendendo a guerra entre oligarquias
RAFAEL BORTOLI DEBARBA on Toda a nossa pompa de outrora
Maurício J. Melo on Duas semanas para achatar o mundo
RAFAEL BORTOLI DEBARBA on Após os Romanovs
Maurício J. Melo on Os antropólogos refutaram Menger?
Dalessandro Sofista on O mito de hoje
Dalessandro Sofista on Uma crise mundial fabricada
Maurício J. Melo on O mito de hoje
Carlos Santanna on A vingança dos Putin-Nazistas!
Maurício J. Melo on O inimigo globalista
cosmic dwarf on O inimigo globalista
Maurício J. Melo on O inimigo globalista
Richard Feynman on Heróis, vilões e sanções
Fernando Chiocca on A vingança dos Putin-Nazistas!
Maurício J. Melo on A vingança dos Putin-Nazistas!
Marcus Seixas on O que temos a perder
Maurício J. Melo on Putin é o novo coronavírus?
Maurício J. Melo on A esquerda, os pobres e o estado
Maurício J. Melo on Heróis, vilões e sanções
Maurício J. Melo on O que temos a perder
Richard Feynman on Heróis, vilões e sanções
Maurício J. Melo on Heróis, vilões e sanções
Maurício J. Melo on Tudo por culpa da OTAN
Maurício J. Melo on O Ocidente é o melhor – Parte 3
Maurício J. Melo on Trudeau: nosso inimigo mortal
Teóphilo Noturno on Pelo direito de não ser cobaia
pauloricardomartinscamargos@gmail.com on O verdadeiro crime de Monark
Maurício J. Melo on O verdadeiro crime de Monark
Maurício J. Melo on A Matrix Covid
cosmic dwarf on A Matrix Covid
vagner.macedo on A Matrix Covid
Vitus on A Matrix Covid
Maurício J. Melo on Síndrome da Insanidade Vacinal
James Lauda on Mentiras gays
cosmic dwarf on Mentiras gays
Marcus Seixas on Da escuridão para a luz
Maurício J. Melo on Da escuridão para a luz
Maurício J. Melo on Mentiras gays
Richard Feynman on Mentiras gays
carlosoliveira on Mentiras gays
carlosoliveira on Mentiras gays
Maurício J. Melo on A mudança constante da narrativa
Mateus Duarte on Mentiras gays
Richard Feynman on Nem votos nem balas
Richard Feynman on Nem votos nem balas
Richard Feynman on O que deve ser feito
Fabricia on O que deve ser feito
Maurício J. Melo on Moderados versus radicais
Richard Feynman on Moderados versus radicais
Richard Feynman on As crianças do comunismo
felipecojeda@gmail.com on O sacrifício monumental de Novak Djokovic
Matos_Rodrigues on As crianças do comunismo
Matos_Rodrigues on As crianças do comunismo
Maurício J. Melo on As crianças do comunismo
Richard Feynman on É o fim das doses de reforço
Maurício J. Melo on É o fim das doses de reforço
felipecojeda@gmail.com on É o fim das doses de reforço
Kletos Kassaki on É o fim das doses de reforço
Maurício J. Melo on Rothbard e as escolhas imorais
Maurício J. Melo on A apartação dos não-vacinados
Maurício J. Melo on A apartação dos não-vacinados
Yuri Castilho Wermelinger on Como retomar nossa liberdade em 2022
Marcus Seixas on Uma sociedade conformada
Maurício J. Melo on Abaixo da superfície
Robertodbarros on Abaixo da superfície
Richard Feynman on Anarquismo cristão
Maurício J. Melo on Anarquismo cristão
Quebrada libertaria on Anarquismo cristão
gfaleck@hotmail.com on Anarquismo cristão
Maurício J. Melo on Fauci: o Dr. Mengele americano
Maurício J. Melo on O homem esquecido
Filodóxo on O custo do Iluminismo
Maurício J. Melo on Contra a Esquerda
RF3L1X on Contra a Esquerda
RF3L1X on Contra a Esquerda
Robertodbarros on Uma pandemia dos vacinados
Robertodbarros on Uma pandemia dos vacinados
Maurício J. Melo on A questão do aborto
Pedro Lucas on A questão do aborto
Pedro Lucas on A questão do aborto
Pedro Lucas on A questão do aborto
Pedro Lucas on A questão do aborto
Maurício J. Melo on Hugh Akston = Human Action?
Richard Feynman on Corrupção legalizada
Principalsuspeito on Corrupção legalizada
Maurício J. Melo on Hoppefobia
Maurício J. Melo on Hoppefobia
Richard Feynman on O que a economia não é
Richard Feynman on O que a economia não é
Maurício J. Melo on O que a economia não é
Richard Feynman on O que a economia não é
Douglas Volcato on O Mito da Defesa Nacional
Douglas Volcato on Economia, Sociedade & História
Canal Amplo Espectro Reflexoes on A Cingapura sozinha acaba com a narrativa covidiana
Daniel Vitor Gomes on Hayek e o Prêmio Nobel
Maurício J. Melo on Hayek e o Prêmio Nobel
Maurício J. Melo on Democracia e faits accomplis
Gilciclista on DECLARAÇÃO DE MÉDICOS
Gael I. Ritli on O inimigo é sempre o estado
Maurício J. Melo on Claro que eu sou um libertário
Maurício J. Melo on DECLARAÇÃO DE MÉDICOS
Maurício J. Melo on Donuts e circo
Maurício J. Melo on Um libertarianismo rothbardiano
Daniel Vitor Gomes on O mito da “reforma” tributária
Daniel Vitor Gomes on Populismo de direita
Daniel Vitor Gomes on Os “direitos” dos animais
Daniel Vitor Gomes on Os “direitos” dos animais
Maurício J. Melo on A verdade sobre fake news
Hemorroida Incandescente do Barroso on Socialismo – Uma análise econômica e sociológica
Richard Feynman on Nem votos nem balas
Maurício J. Melo on Nem votos nem balas
Richard Feynman on Nem votos nem balas
Richard Feynman on A lei moral contra a tirania
Maurício J. Melo on A ética da liberdade
cosmic dwarf on O Império contra-ataca
peridot 2f5l cut-5gx on Nacionalismo e Secessão
Maurício J. Melo on Nacionalismo e Secessão
The Schofield County on O catolicismo e o austrolibertarianismo
The Schofield County on O catolicismo e o austrolibertarianismo
pauloartur1991 on O Mito da Defesa Nacional
Cadmiel Estillac Pimentel on A teoria subjetivista do valor é ideológica?
Maurício J. Melo on Anarcocapitalismo e nacionalismo
Maurício J. Melo on A pobreza: causas e implicações
Richard Feynman on O inimigo é sempre o estado
Robertodbarros on Como o Texas matou o Covid
cosmic dwarf on Como o Texas matou o Covid
ApenasUmInfiltradonoEstado on Cientificismo, o pai das constituições
Paulo Marcelo on A ascensão do Bitcoin
Robertodbarros on O inimigo é sempre o estado
Maurício J. Melo on O inimigo é sempre o estado
Fernando Chiocca on O inimigo é sempre o estado
Robertodbarros on O inimigo é sempre o estado
Maurício J. Melo on O inimigo é sempre o estado
Rafael Henrique Rodrigues Alves on Criptomoedas, Hayek e o fim do papel moeda
Richard Feynman on Que mundo louco
Maurício J. Melo on Que mundo louco
gabriel9891 on Os perigos das máscaras
Will Peter on Os perigos das máscaras
Fernando Chiocca on Os perigos das máscaras
guilherme allan on Os perigos das máscaras
Juliano Arantes de Andrade on Não existe “seguir a ciência”
Maurício J. Melo on Mises sobre secessão
Fernando Chiocca on O velho partido novo
Maurício J. Melo on O velho partido novo
Richard Feynman on O velho partido novo
Maurício J. Melo on Não temas
Claudio Souza on Brasil, tira tua máscara!
Maurício J. Melo on Por que imposto é roubo
Yuri Castilho Wermelinger on A felicidade é essencial
Yuri Castilho Wermelinger on Como se deve viver?
Yuri Castilho Wermelinger on Como se deve viver?
Yuri Castilho Wermelinger on Por que o jornalismo econômico é tão ruim?
Yuri Castilho Wermelinger on Por que o jornalismo econômico é tão ruim?
Maurício J. Melo on Como se deve viver?
Yuri Castilho Wermelinger on Harmonia de classes, não guerra de classes
Yuri Castilho Wermelinger on Meu empregador exige máscara, e agora?
Yuri Castilho Wermelinger on O aniversário de 1 ano da quarentena
Maurício J. Melo on Em defesa do Paleolibertarianismo
Maurício J. Melo on O cavalo de Troia da concorrência
Maurício J. Melo on A Era Progressista e a Família
Rômulo Eduardo on A Era Progressista e a Família
Yuri Castilho Wermelinger on Quem controla e mantém o estado moderno?
Richard Feynman on Por que Rothbard perdura
Mauricio J. Melo on O mito do “poder econômico”
Mauricio J. Melo on O mito do “poder econômico”
Yuri Castilho Wermelinger on O mito do “poder econômico”
Yuri Castilho Wermelinger on O mito do “poder econômico”
Yuri Castilho Wermelinger on Manipulação em massa – Como funciona
Yuri Castilho Wermelinger on Coca-Cola, favoritismo e guerra às drogas
Mauricio J. Melo on Justiça injusta
Yuri Castilho Wermelinger on Coca-Cola, favoritismo e guerra às drogas
Richard Feynman on A grande fraude da vacina
Yuri Castilho Wermelinger on Hoppefobia
Mauricio J. Melo on Hoppefobia
Yuri Castilho Wermelinger on Máscara, moeda, estado e a estupidez humana
Joaquim Saad de Carvalho on Máscara, moeda, estado e a estupidez humana
Marcos Vasconcelos Kretschmer on Economia em 15 minutos
Mauricio J. Melo on Mises contra Marx
Zeli Teixeira de Carvalho Filho on A deplorável ascensão dos idiotas úteis
Joaquim Alberto Vasconcellos on A deplorável ascensão dos idiotas úteis
A Vitória Eugênia de Araújo Bastos on A deplorável ascensão dos idiotas úteis
RAFAEL BORTOLI DEBARBA on A farsa sobre Abraham Lincoln
Maurício J. Melo on A farsa sobre Abraham Lincoln
charles santos da silva on Hoppe sobre como lidar com o Corona 
Luciano Gomes de Carvalho Pereira on Bem-vindo a 2021, a era da pós-persuasão!
Luciano Gomes de Carvalho Pereira on Bem-vindo a 2021, a era da pós-persuasão!
Rafael Rodrigo Pacheco da Silva on Afinal, qual é a desse “Grande Reinício”?
RAFAEL BORTOLI DEBARBA on A deplorável ascensão dos idiotas úteis
Wendel Kaíque Padilha on A deplorável ascensão dos idiotas úteis
Marcius Santos on O Caminho da Servidão
Maurício J. Melo on A gênese do estado
Maurício J. Melo on 20 coisas que 2020 me ensinou
Kletos on Mostrar respeito?
Juliano Oliveira on 20 coisas que 2020 me ensinou
maria cleonice cardoso da silva on Aliança Mundial de Médicos: “Não há Pandemia.”
Regina Cassia Ferreira de Araújo on Aliança Mundial de Médicos: “Não há Pandemia.”
Alex Barbosa on Brasil, tira tua máscara!
Regina Lúcia Allemand Mancebo on Brasil, tira tua máscara!
Marcelo Corrêa Merlo Pantuzza on Aliança Mundial de Médicos: “Não há Pandemia.”
A Vitória Eugênia de Araújo Bastos on A maior fraude já perpetrada contra um público desavisado
Kletos on Salvando Vidas
Maurício J. Melo on As lições econômicas de Belém
RAFAEL BORTOLI DEBARBA on O futuro que os planejadores nos reservam
Fernando Chiocca on Os “direitos” dos animais
Maurício J. Melo on O mito da Constituição
Maurício J. Melo on Os alemães estão de volta!
Tadeu de Barcelos Ferreira on Não existe vacina contra tirania
Maurício J. Melo on Em defesa do idealismo radical
Maurício J. Melo on Em defesa do idealismo radical
RAFAEL RODRIGO PACHECO DA SILVA on A incoerência intelectual do Conservadorismo
Thaynan Paulo Fernandes Bezerra de Mendonça on Liberdade através do voto?
Maurício J. Melo on Liberdade através do voto?
Maurício J. Melo on Políticos são todos iguais
Fernando Chiocca on Políticos são todos iguais
Vitor_Woz on Por que paleo?
Maurício Barbosa on Políticos são todos iguais
Maurício J. Melo on Votar é burrice
Graciano on Votar é burrice
Maurício J. Melo on Socialismo é escravidão (e pior)
Raissa on Gaslighting global
Maurício J. Melo on Gaslighting global
Maurício J. Melo on O ano dos disfarces
Maurício J. Melo on O culto covidiano
Graciano on O ano dos disfarces
Johana Klotz on O culto covidiano
Graciano on O culto covidiano
Fernando Chiocca on O culto covidiano
Mateus on O culto covidiano
Leonardo Ferraz on O canto de sereia do Estado
Maurício J. Melo on Quarentena: o novo totalitarismo
Maurício J. Melo on Por que o Estado existe?  
Fernando Chiocca on I. Um libertário realista
Luis Ritta on O roubo do TikTok
Maurício J. Melo on Síndrome de Melbourne
Maurício J. Melo on Porta de entrada
Joaquim Saad on Porta de entrada
Kletos Kassaki on No caminho do estado servil
Maurício de Souza Amaro on Aviso sobre o perigo de máscaras!
Joaquim Saad on Justiça injusta
Maurício de Souza Amaro on Aviso sobre o perigo de máscaras!
RAFAEL BORTOLI DEBARBA on No caminho do estado servil
Maurício J. Melo on Mises e Rothbard sobre democracia
Bruno Silva on Justiça injusta
Alberto Soares on O efeito placebo das máscaras
Bovino Revoltado on O medo é um monstro viral
Austríaco Iniciante on O medo é um monstro viral
Fernando Chiocca on A ética dos Lambedores de Botas
Matheus Alexandre on Opositores da quarentena, uni-vos
Maria Luiza Rivero on Opositores da quarentena, uni-vos
Rafael Bortoli Debarba on #SomosTodosDesembargardor
Ciro Mendonça da Conceição on Da quarentena ao Grande Reinício
Henrique Davi on O preço do tempo
Manoel Castro on #SomosTodosDesembargardor
Felipe L. on Por que não irei usar
Eduardo Perovano Santana on Prezados humanos: Máscaras não funcionam
Maurício J. Melo on Por que não irei usar
Pedro Antônio do Nascimento Netto on Prefácio do livro “Uma breve história do homem”
Joaquim Saad on Por que não irei usar
Matheus Alexandre on Por que não irei usar
Fernando Chiocca on Por que não irei usar
Fernando Chiocca on Por que não irei usar
Daniel Brandao on Por que não irei usar
LEANDRO FERNANDES on Os problemas da inflação
Luciana de Ascenção on Aviso sobre o perigo de máscaras!
Manoel Graciano on Preservem a inteligência!
Manoel Graciano on As lições do COVID-19
Manoel Graciano on Qual partido disse isso?
Manoel Graciano on Ambientalismo e Livre-Mercado
Abacate Libertário on O Ambientalista Libertário
Douglas Volcato on Uma defesa da Lei Natural
Joaquim Saad on Uma defesa da Lei Natural
Douglas Volcato on O Rio e o Velho Oeste
Ernesto Wenth Filho on Nietzsche, Pandemia e Libertarianismo
LAERCIO PEREIRA on Doença é a saúde do estado
Maurício J. Melo on Doença é a saúde do estado
José Carlos Andrade on Idade Média: uma análise libertária
Wellington Silveira Tejo on Cientificismo, o pai das constituições
Barbieri on O Gulag Sanitário
filipi rodrigues dos santos on O coletivismo implícito do minarquismo
filipi rodrigues dos santos on O coletivismo implícito do minarquismo
Kletos Kassaki on O Gulag Sanitário
Paulo Alberto Bezerra de Queiroz on Por que Bolsonaro se recusa a fechar a economia?
Privacidade on O Gulag Sanitário
Jothaeff Treisveizs on A Lei
Fernando Chiocca on É mentira
Renato Batista Sant'Ana on É mentira
Vanessa Marques on Sem produção não há renda
Anderson Lima Canella on Religião e libertarianismo
edersonxavierx@gmail.com on Sem produção não há renda
Mauricio Barbosa on Sem produção não há renda
Eduardo on Poder e Mercado
Valéria Affonso on Vocês foram enganados
JOAO B M ZABOT on Serviços não essenciais
Marcelino Mendes Cardoso on Vocês foram enganados
Jay Markus on Vocês foram enganados
Caio Rodrigues on Vocês foram enganados
Fernando Chiocca on Vocês foram enganados
João Rios on Vocês foram enganados
Sebastião on Vocês foram enganados
Alexandre Moreira Bolzani on Vocês foram enganados
João Victor Deusdará Banci on Uma crise é uma coisa terrível de se desperdiçar
João Victor Deusdará Banci on Mises, Hayek e a solução dos problemas ambientais
José Carlos Andrade on Banco Central é socialismo
thinklbs on O teste Hitler
Daniel Martinelli on Quem matou Jesus Cristo?
Vinicius Gabriel Tanaka de Holanda Cavalcanti on O que é a inflação?
Maurício J. Melo on Quem matou Jesus Cristo?
Edivaldo Júnior on Matemática básica do crime
Fernando Schwambach on Matemática básica do crime
Carloso on O PISA é inútil
Vítor Cruz on A origem do dinheiro
Maurício José Melo on Para entender o libertarianismo direito
LUIZ EDMUNDO DE OLIVEIRA MORAES on União Europeia: uma perversidade econômica e moral
Fernando Chiocca on À favor das cotas racistas
Ricardo on Imposto sobre o sol
vastolorde on Imposto sobre o sol
Max Táoli on Pobres de Esquerda
Joaquim Saad on Imposto sobre o sol
Fernando Chiocca on A ética da polícia
Paulo José Carlos Alexandre on Rothbard estava certo
Paulo José Carlos Alexandre on Rothbard estava certo
Paulo Alberto Bezerra de Queiroz Magalhães on Como consegui ser um policial libertário por 3 anos
fabio bronzeli pie on Libertarianismo Popular Brasileiro
João Pedro Nachbar on Socialismo e Política
SERGIO MOURA on O PISA é inútil
Jemuel on O PISA é inútil
Mariahelenasaad@gmail.com on O PISA é inútil
Yuri CW on O PISA é inútil
Rodrigo on Contra a esquerda
José Carlos Andrade on A maldade singular da esquerda
Lucas Andrade on À favor das cotas racistas
DouglasVolcato on À favor das cotas racistas
Fernando Chiocca on À favor das cotas racistas
TEFISCHER SOARES on À favor das cotas racistas
Natan R Paiva on À favor das cotas racistas
Joaquim Saad on À favor das cotas racistas
Caio Henrique Arruda on À favor das cotas racistas
Guilherme Nunes Amaral dos Santos on À favor das cotas racistas
GUSTAVO MORENO DE CAMPOS on A arma de fogo é a civilização
Samuel Isidoro dos Santos Júnior on Hoppefobia
Edmilson Moraes on O toque de Midas dos parasitas
Mauro Horst on Teoria do caos
Fernando Chiocca on Anarquia na Somália
liberotário on Anarquia na Somália
Rafael Bortoli Debarba on O teste Hitler
Lil Ancap on Por que eu não voto
Matheus Martins on A origem do dinheiro
OSWALDO C. B. JUNIOR on Se beber, dirija?
Jeferson Caetano on O teste Hitler
Rafael Bortoli Debarba on O teste Hitler
Rafael Bortoli Debarba on Nota sobre a alteração de nome
Alfredo Alves Chilembelembe Seyungo on A verdadeira face de Nelson Mandela
Nilo Francisco Pereira netto on Socialismo à brasileira, em números
Henrique on O custo do Iluminismo
Fernando Chiocca on Mises explica a guerra às drogas
Rafael Pinheiro on Iguais só em teoria
Rafael Bortoli Debarba on A origem do dinheiro
João Lucas on A anatomia do Estado
Fernando Chiocca on Simplificando o Homeschooling
Guilherme Silveira on O manifesto ambiental libertário
Fernando Chiocca on Entrevista com Miguel Anxo Bastos
DAVID FERREIRA DINIZ on Política é violência
Fernando Chiocca on A possibilidade da anarquia
Guilherme Campos Salles on O custo do Iluminismo
Eduardo Hendrikson Bilda on O custo do Iluminismo
Daniel on MÚSICA ANCAP BR
Wanderley Gomes on Privatize tudo
Joaquim Saad on O ‘progresso’ de Pinker
Cadu Pereira on A questão do aborto
Daniel on Poder e Mercado
Neliton Streppel on A Lei
Erick Trauevein Otoni on Bitcoin – a moeda na era digital
Skeptic on Genericídio
Fernando Chiocca on Genericídio
Antonio Nunes Rocha on Lord Keynes e a Lei de Say
Skeptic on Genericídio
Elias Conceição dos santos on O McDonald’s como o paradigma do progresso
Ignacio Ito on Política é violência
ANCAPISTA on Socialismo e Política
Élber de Almeida Siqueira on O argumento libertário contra a Lei Rouanet
ANTONIO CESAR RODRIGUES ALMENDRA on O Feminismo e o declínio da felicidade das mulheres
Neta das bruxas que nao conseguiram queimar on O Feminismo e o declínio da felicidade das mulheres
Jonathan Silva on Teoria do caos
Fernando Chiocca on Os “direitos” dos animais
Gabriel Peres Bernes on Os “direitos” dos animais
Paulo Monteiro Sampaio Paulo on Teoria do caos
Mídia Insana on O modelo de Ruanda
Fernando Chiocca on Lei Privada
Joaquim Saad on Repensando Churchill
Helton K on Repensando Churchill
PETRVS ENRICVS on Amadurecendo com Murray
DANIEL UMISEDO on Um Livre Mercado em 30 Dias
Joaquim Saad on A verdade sobre fake news
Klauber Gabriel Souza de Oliveira on A verdadeira face de Nelson Mandela
Jean Carlo Vieira on Votar deveria ser proibido
Fernando Chiocca on A verdade sobre fake news
Lucas Barbosa on A verdade sobre fake news
Fernando Chiocca on A verdade sobre fake news
Arthur Clemente on O bem caminha armado
Fernando Chiocca on A falácia da Curva de Laffer
MARCELLO FERREIRA LEAO on A falácia da Curva de Laffer
Gabriel Ramos Valadares on O bem caminha armado
Maurício on O bem caminha armado
Rafael Andrade on O bem caminha armado
Raimundo Almeida on Teoria do caos
Vanderlei Nogueira on Imposto = Roubo
Vinicius on O velho partido novo
Mauricio on O mito Hiroshima
Lorhan Mendes Aniceto on O princípio da secessão
Ignacio Ito on O princípio da secessão
Matheus Almeida on A questão do aborto
Ignacio Ito on Imposto = Roubo
Hans Hoppe on Imposto = Roubo
Jonas Coelho Nunes on Mises e a família
Giovanni on A questão do aborto
Jan Janosh Ravid on A falácia da Curva de Laffer
Satoshi Rothbard on Por que as pessoas não entendem?
Fernando Chiocca on A agressão “legalizada”
Mateus Duarte on A agressão “legalizada”
Fernando Dutra on A ética da liberdade
Augusto Cesar Androlage de Almeida on O trabalhismo de Vargas: tragédia do Brasil
Fernando Chiocca on Como uma Economia Cresce
Hélio Fontenele on Como uma Economia Cresce
Grégoire Demets on A Mentalidade Anticapitalista
FILIPE OLEGÁRIO DE CARVALHO on Mente, Materialismo e o destino do Homem
Wallace Nascimento on A economia dos ovos de Páscoa
Vinicius Gabriel Tanaka de Holanda Cavalcanti on A economia dos ovos de Páscoa
Eugni Rangel Fischer on A economia dos ovos de Páscoa
Cristiano Firmino on As Corporações e a Esquerda
Luciano Pavarotti on Imposto é roubo
Luciano Pavarotti on As Corporações e a Esquerda
Leandro Anevérgetes on Fascismo: uma aflição bipartidária
FELIPE FERREIRA CARDOSO on Os verdadeiros campeões das Olimpíadas
mateus on Privatize tudo
victor barreto on O que é a inflação?
Fábio Araújo on Imposto é roubo
Henrique Meirelles on A falácia da Curva de Laffer
Paulo Filipe Ferreira Cabral on A falácia da Curva de Laffer
sephora sá on A pena de morte
Ninguem Apenas on A falácia da Curva de Laffer
UserMaster on O que é a inflação?
Pedro Enrique Beruto on O que é a inflação?
Matheus Victor on Socialismo e Política
Rafael on Por que paleo?
vanderlei nogueira on Sociedade sem estado
vanderlei nogueira on Independência de Brasília ou morte
vanderlei nogueira on Independência de Brasília ou morte
Fernando Chiocca on Por que paleo?
Esdras Donglares on Por que paleo?
Fernando Chiocca on A Amazônia é nossa?
Fernando Chiocca on A Amazônia é nossa?
Margareth on A Amazônia é nossa?
André Lima on A questão do aborto
Fernando Chiocca on Socialismo e Política
André Manzaro on Por que paleo?
Markut on O mito Hiroshima
Eduardo César on Por que paleo?
Thiago Ferreira de Araujo on Porque eles odeiam Rothbard
mauricio barbosa on Capitalismo bolchevique
Vinicius Gabriel Tanaka de Holanda Cavalcanti on Uma agência assassina
rodrigo nunes on Sociedade sem estado
Fernando Chiocca on A natureza interior do governo
Marcello Perez Marques de Azevedo on Porque eles odeiam Rothbard
Virgílio Marques on Sociedade sem estado
Vinicius Gabriel Tanaka de Holanda Cavalcanti on O que é a inflação?
Fernando Chiocca on A ética da liberdade
Fernando Chiocca on Os “direitos” dos animais
Rafael Andrade on Por que imposto é roubo
Joseli Zonta on O presente do Natal
Ana Fernanda Castellano on Liberalismo Clássico Vs Anarcocapitalismo
Luciano Takaki on Privatizar por quê?
joão bosco v de souza on Privatizar por quê?
saoPaulo on A questão do aborto
joão bosco v de souza on Sociedade sem estado
Luciano Takaki on Sociedade sem estado
Luciano Takaki on Privatizar por quê?
joão bosco v de souza on Sociedade sem estado
joão bosco v de souza on Privatizar por quê?
Júnio Paschoal on Hoppefobia
Sem nomem on A anatomia do estado
Fernando Chiocca on Teoria do caos
RAFAEL SERGIO on Teoria do caos
Luciano Takaki on A questão do aborto
Bruno Cavalcante on Teoria do caos
Douglas Fernandes Dos Santos on Revivendo o Ocidente
Hélio do Amaral on O velho partido novo
Rafael Andrade on Populismo de direita
Fernando Chiocca on Votar deveria ser proibido
Thiago Leite Costa Valente on A revolução de Carl Menger
mauricio barbosa on O mito do socialismo democrático
Felipe Galves Duarte on Cuidado com as Armadilhas Kafkianas
mauricio barbosa on A escolha do campo de batalha
Leonardo da cruz reno on A posição de Mises sobre a secessão
Votin Habbar on O Caminho da Servidão
Luigi Carlo Favaro on A falácia do valor intrínseco
Bruno Cavalcante on Hoppefobia
Wellington Pablo F. on Pelo direito de dirigir alcoolizado
ANONIMO on Votos e Balas
Marcos Martinelli on Como funciona a burocracia estatal
Bruno Cavalcante on A verdade, completa e inegável
Aristeu Pardini on Entenda o marxismo em um minuto
Fernando Chiocca on O velho partido novo
Enderson Correa Bahia on O velho partido novo
Eder de Oliveira on A arma de fogo é a civilização
Fernando Chiocca on A arma de fogo é a civilização
Heider Leão on Votar é uma grande piada
Leo Lana on O velho partido novo
Fernando Chiocca on O mito do império da lei
gustavo ortenzi on O mito do império da lei
Douglas Fernandes Dos Santos on Democracia – o deus que falhou
mauricio barbosa on INSS e a ilusão de seguridade
mauricio barbosa on Justiça e direito de propriedade
Josias de Paula Jr. on Independência de Brasília ou morte
Bruno Cavalcante on Democracia – o deus que falhou
paulistana on IMB sob nova direção
Alexandre on IMB sob nova direção