InícioUncategorizedCapítulo 2 -Jeremy Bentham: O Utilitarista como o Grande Irmão

Capítulo 2 -Jeremy Bentham: O Utilitarista como o Grande Irmão

2.1. Do laissez-faire ao estatismo

Jeremy Bentham (1748-1832) começou como um smithiano devotado, mas mais consistentemente apegado ao laissez-faire. Durante seu período de interesse relativamente breve na economia, ele se tornou mais e mais estatista. Seu estatismo intensificado era meramente um aspecto de sua maior — e altamente infeliz — contribuição à economia: seu utilitarismo filosófico consistente. Esta contribuição, que abre uma ampla comporta para o despotismo estatal, ainda permanece como legado de Bentham para a economia neoclássica contemporânea.

Bentham nasceu em Londres como filho de um advogado abastado, passou sua infância em Oxford, e foi aceito para a prática jurídica em 1772. Mas rapidamente ficou claro que Bentham não estava interessado em uma carreira como advogado. Ao invés disso, ele se estabeleceu para viver com sua riqueza herdada e se tornar um filósofo recluso, teorista legal, e “idealizador” ou louco, eternamente se esforçando para fazer esquemas para a reforma legal e política que ele apresentava com entusiasmo para os grandes e poderosos.

O primeiro grande e duradouro interesse de Bentham foi no utilitarismo (que examinaremos adiante), e que ele iniciou com sua primeira obra publicada com a idade de 28 anos, o Fragment on Government (1776).

Pela maior parte de sua vida, Bentham operou como o Grande Homem[1], rabiscando caoticamente em manuscritos infinitos e prolixos elaborando seus projetos de reformas e códigos legais. A maior parte dos manuscritos permaneceu não publicada até muito depois de sua morte. O próspero Bentham viveu em uma casa grande cercada por lacaios e discípulos, que copiavam revisão após revisão de sua prosa ilegível para prepará-las para uma eventual publicação. Ele conversava com seus discípulos no mesmo jargão inventado com que ele temperava seus escritos. Conversador enérgico, Bentham não tolerava discordância vinda de seus aliados e discípulos; como seu jovem e precoce discípulo John Stuart Mill posteriormente lembrou com sutileza gentil, Bentham “falhou em enxergar luz vinda de outras mentes”. Por causa desta característica, Bentham estava cercado não por discípulos alertas e respeitáveis mas por aliados largamente incompreensivos que, nas palavras perceptivas do professor William Thomas, “olhavam para o seu trabalho com um certo ceticismo resignado como se suas falhas fossem o resultado de excentricidades para além do alcance do criticismo e de objeção”. Como continua Thomas:

“A ideia de que ele estava cercado por um bando de discípulos que tiravam de seu sistema uma busca pela crítica de cada aspecto da sociedade contemporânea, que eles mais tarde aplicariam a várias instituições com necessidade de reforma, é o produto da fábrica de mitos liberal posterior. Até onde eu sei, o círculo de Bentham é bastante diferente do de qualquer outro pensador político. Consistia não muito de homens que encontravam em seu trabalho uma explicação convincente do mundo social ao redor deles e se juntavam com ele para aprender mais de seus pensamentos, mas mais de homens surpreendidos em uma confusão cheia de expectativa pelo progresso de uma obra que eles gostariam de ajudar a completar, mas que permaneceu enlouquecedoramente elusiva e obscura.”[2]

O que Bentham precisava desesperadamente era de editores de sua obra que fossem empáticos e sinceros, mas seu relacionamento com seus seguidores impossibilitou que isto acontecesse. “Por esta razão”, acrescenta Thomas, “a massa continuamente acumulada de manuscritos permaneceu amplamente numa terra incognita, até mesmo para membros íntimos do nosso círculo”. Como resultado, por exemplo, uma obra tão central que se encontrava em manuscrito, Of Laws in General, surpreendentemente permaneceu sem edição, tampouco publicada, até os dias de hoje.

Se alguém fosse fazer esse papel, seria o seguidor excepcional de Bentham, James Mill, com quem lidamos mais adiante (Capítulo 3). De muitas formas, Mill tinha a capacidade e a personalidade para cumprir a tarefa, mas havia dois problemas fatais: primeiro, Mill se recusou a abandonar sua própria obra intelectual para se subordinar exclusivamente ao auxílio do Mestre. Como escreve Thomas, “Mais cedo ou mais tarde, todos os discípulos de Bentham encararam a escolha de absorção ou independência”. Apesar de ele ser um seguidor devotado do utilitarismo benthamista, a personalidade de Mill era tal que a absorção estava, para ele, fora de questão.

Segundo, o desleixado e volátil Bentham precisava desesperadamente de organização, e o vigoroso, sistemático, didático e intimidador James Mill era o homem para organizá-lo. Mas, como esperado, Bentham, o Grande Homem, não se deixava organizar por ninguém. O choque de personalidades era grande demais para que seu relacionamento fosse algo mais do que um companheirismo superficial, mesmo durante o discipulado de Mill, antes de Mill alcançar a independência econômica de seu rico patrono. Assim, em exasperação, Mill escreveu para um amigo próximo que também era amigo de Bentham sobre este: “A dor que ele parece sentir com o mero pensamento de ser chamado a dedicar sua atenção a uma questão, você não consegue conceber”. Ao mesmo tempo, Bentham, mesmo muito depois, confidenciou seu ressentimento odioso a Mill ao seu último discípulo, John Bowring: “ele nunca entrara em discussão comigo voluntariamente. Quando ele discordava de mim ele ficava quieto […] Ele espera subjugar todos por seu tom dominante — convencer a todos por sua positividade. Sua forma de falar é opressiva e autoritária.” Não há forma melhor de sumarizar o choque de personalidades entre eles.[3]

O primeiro trabalho publicado de Bentham, o Fragment on Government (1776), conseguiu para o jovem Bentham uma entreé para os principais círculos políticos, particularmente entre os amigos do Lorde Shelburne. Estes incluíam políticos Whig como o Lorde Camdem e William Pitt, o mais novo, e dois homens que rapidamente se tornaram amigos próximos de Bentham e seus primeiros discípulos, Étienne Dumont de Genebra e Sir Samuel Romilly. Dumont viria a se tornar o principal exportador da doutrina Benthamista para a Europa continental.

Enquanto a reforma utilitária política e legal continuou a ser seu principal interesse ao longo de sua vida, Bentham leu e absorveu o Riqueza das Nações entre o fim da década de 1770 e o começo da década de 1780, rapidamente se tornando um discípulo devoto. Apesar de Bentham não elogiar praticamente nenhum outro autor, ele habitualmente se referia a Adam Smith como “o pai da economia política”, um “grande mestre”, e um “escritor de gênio consumado”. No começo da década de 1780, o irmão de Bentham, Samuel, um engenheiro abastado, foi encorajado pela Imperatriz Catarina, a Grande, a organizar diversos projetos industriais. Samuel convidou Jeremy para ficar com ele na Rússia, coisa que ele fez do meio da década de 1780 até o fim de 1787, com uma visão de apresentar um “código [legal] que abarca tudo” para capacitar aquela déspota a governar seu Reino mais eficientemente.

Bentham caracteristicamente nunca completou o código para Catarina, mas, enquanto na Rússia, ele descobriu – falsamente, como descobrimos depois – que William Pitt, agora o primeiro-ministro, estava se preparando para incitar uma redução na taxa máxima legal de juros de 5 para 4%. Agitado, Bentham escreveu e rapidamente publicou, em 1787, sua primeira obra, e a única bem conhecida, sobre economia: o cintilante e extremamente crítico Defense of Usury. Tentando trazer mais consistência ao laissez-faire smithiano, Bentham argumenta contra todas as leis de usura. Ele baseou sua visão rigidamente no conceito de liberdade de contrato, declarando que “nenhum homem maduro e de mente sã, agindo livremente, e de olhos abertos, deve ser impedido […] de fazer uma tal barganha, no caminho para obter dinheiro, que ele considere apropriada”. A pressuposição, em qualquer situação, é a liberdade de contrato: “Você, que restringe contratos; você, que impõe restrições na liberdade do homem, é você […] que deve justificar suas ações.” Ademais, como pode a “usura” ser um crime quando é uma troca por consentimento mútuo do credor e do devedor? “A usura”, Bentham conclui, “se é uma ofensa, é uma ofensa cometida com consentimento, isto é, com o consentimento da parte supostamente prejudicada, [e, portanto,] não pode merecer um lugar no catálogo de ofensas, a não ser que o consentimento seja obtido de maneira injusta ou sem liberdade: no primeiro caso, coincide com fraude; no segundo, com extorsão.”

Em seu apêndice ao Defense of Usury, Bentham reafirma e refina a defesa de Turgot e Smith da poupança. A poupança resulta em um acúmulo de capital: “Quem guarda dinheiro, como é a frase, agrega proporcionalmente à massa geral de capital […] O mundo pode aumentar seu capital somente de uma forma: a saber, pela parcimônia.” Esta ideia leva ao princípio de que “o capital limita a troca”, que a extenção da troca ou produção é limitada pela quantidade de capital que foi acumulado. Resumidamente: “as trocas de cada nação são limitadas pela quantidade de capital.”

A implicação laissez-faire, como Bentham viu, é que a ação ou gasto governamental não pode aumentar a quantidade total de capital na sociedade; só pode desviar o capital do livre mercado para usos menos produtivos. Como resultado, “nenhuma regulação e nenhum esforço, qualquer que seja, seja da parte dos súditos ou dos governantes, pode aumentar a quantidade de riqueza produzida durante um dado período para uma quantidade além do que os poderes produtivos ou a quantidade de capital em mãos […] são capazes de produzir”.

O Defense of Usury teve um grande impacto na Bretanha e em outros lugares. O Dr. Thomas Reid, o distinto filósofo de “senso comum” escocês que sucedeu Adam Smith na cadeira de filosofia moral em Glasgow, endossou fortemente o livro. O grande Conde de Mirabeau, a força líder antes dos primeiros estágios da revolução francesa, fez com que o livro fosse traduzido para o francês. E nos Estados Unidos, o tratado passou por diversas edições, e inspirou vários estados a revogar suas leis contra a usura.

No curso do Defense, há indicações de análise valiosa. O empréstimo é definido como “trocar dinheiro presente por dinheiro futuro”, e outras insinuações da preferência temporal ou da espera como uma chave para a poupança incluem frases tais como a de que aquele que poupa tem “a resolução a sacrificar o presente pelo futuro”. Bentham também insinua que parte dos juros cobrados incluem uma compensação pelo risco, uma espécie de acréscimo de seguro pelo risco de perda que o credor corre.

Durante a década de 1780, Bentham também estava escrevendo seu “Essay on Reward”, publicado somente meio século depois como Rationale of Reward. Nele, Bentham escreveu entusiasmadamente sobre a “Competição como busca por recompensas”, e louvou as “vantagens resultantes da mais ilimitada liberdade de competição”. Era sobre este princípio de livre competição e oposição aos monopólios governamentais que “o pai da economia política” havia, nas palavras excessivamente entusiasmadas de Bentham, “criado uma nova ciência”.

Em sua próxima obra econômica, o não publicado “Manual of Political Economy” (1795), Bentham continuou o tema laissez-faire de “Não existe mais troca do que capital”. O governo, ele enfatizou, só consegue desviar fundos de investimentos do setor privado; não consegue aumentar o nível total do investimento. “O que quer que seja dado a um ramo qualquer, é igualmente retirado do resto […] Qualquer estadista que pensa em aumentar a soma da troca através da regulação, é a criança cujo olho é maior que a barriga.” Pelo fim deste mesmo trabalho, no entanto, uma nuvem não maior do que a mão de um homem[4] apareceu, e eventualmente tomou controle da análise econômica de Bentham. Bentham começou seu rápido declínio em direção ao ralo inflacionista. Em uma espécie de apêndice à obra, ele afirma que o papel-moeda governamental pode aumentar o capital se os recursos não forem “completamente empregados”. Não há análise, como, é claro, nunca houve no cânone inflacionista, de por que estes recursos estavam “sem emprego” em primeiro lugar, i.e., porque seus proprietários os privaram de uso. A resposta deve ser: por que o dono do recurso demandava um preço ou salário excessivamente alto: a inflação é portanto uma forma de enganar os proprietários de recursos para que eles diminuam suas reais demandas.

Não demorou muito para que Jeremy Bentham descesse ao pantano pegajoso de Adam Smith e sair do que seria a lei de Say de volta ao mercantilismo e ao inflacionismo. Pouco tempo depois, em uma não publicada “Proposal for the Circulation of a [New] Species of Paper Currency” (1796), Bentham com alegria casou seu espírito “idealizador” e construtivista com seu recém-descoberto inflacionismo. Ao invés de títulos flutuantes e pagamento de juros sobre eles, o governo, ele propôs, deveria simplesmente monopolizar toda a emissão de notas de papel no reino.

O governo poderia então emitir as notas, de preferência que não carreguem juros, ad libitum, e guardar os juros para si mesmo.

Bentham dificilmente estava em seu melhor quando respondeu à questão de qual limite poderia haver para esta emissão governamental do papel. O limite, ele respondeu, obviamente seria “a quantidade de papel-moeda no país”. O editor moderno de Bentham adequadamente escarnece este disparate: “É como dizer que “o céu é o limite” quando não sabemos o quão alto o céu pode ser.”[5]

Em seus escritos posteriores sobre o assunto, Bentham procurou por algum limite para a emissão de papel, mas sem sucesso. Mas seu compromisso com um caminho amplamente inflacionista se aprofundou posteriormente. Em seu não terminado “Circulating Annuities” (1800), ele desenvolveu mais seu esquema a favor da circulação de papéis governamentais, e louvou a utilidade de manutenção da inflação nos tempos de guerra. De fato, Bentham faz um ataque completo às ideias de Turgot, Smith e Say e de fato declara que o emprego do trabalho é diretamente proporcional à quantidade de dinheiro: “Adição nenhuma jamais é feita à quantidade de trabalho em qualquer lugar, mas apenas por uma adição feita à quantidade de dinheiro naquele lugar […] Neste ponto de vista, então, o dinheiro, parece, é a causa, e a causa sine qua non, do trabalho e da riqueza geral.” A quantidade de dinheiro é tudo; como na doutrina smithiana! De fato, Bentham foi adiante no Circulating Annuities, escarnecendo seu alegado mentor por denunciar a preocupação mercantilista com a acumulação estatal de ouro e prata e com uma balança “favorável” de troca. Não há absurdo, declarou Bentham,

na exultação testemunhada pelos homens públicos em observar em que grau o que é chamado de balança comercial está em favor deste país […] Seduzido pelo orgulho da descoberta, Adam Smith, ao tirar suas palavras da boca, tentou ridicularizar com uma base doentia a preferência dada ao ouro e à prata.

Depois de, mais uma vez, clamar pela eliminação do papel bancário em benefício de um monopólio governamental da emissão de papel (no fragmentário “Paper Mischief Exposed”, 1801), Bentham alcançou o ápice do inflacionismo em seu “The True Alarm” (1801). Em sua obra não publicada, Bentham não somente continuou o tema do emprego total, mas também resmungou sobre os efeitos ditos horríveis da acumulação, do dinheiro guardado do consumo que foi acumulado ao invés de investido. Neste caso, desastre: uma queda nos preços, lucros e produção. Em nenhum lugar Bentham reconhece que o acúmulo e uma queda geral nos preços também significa uma queda nos custos, e nenhuma redução necessária no investimento ou produção. De fato, Bentham trabalhou sobre a falácia de Mandeville sobre os efeitos benéficos e unicamente energizantes do gasto vultosos. Da forma mercantilista e proto-keynesiana, a poupança é acúmulo maligno enquanto o consumo volumoso anima a produção. Como pode o capital ser mantido, quem dirá aumentado, sem poupança, não é explicado neste modelo bizarro.

James Mill e David Ricardo foram considerados benthamistas leais, e isto eles eram na filosofia utilitária e em uma crença na democracia política. Na economia, no entanto, a história era diferente, e Mill e Ricardo, seguros como rochas na lei de Say e na análise de Turgot e Smith, foram firmes em desencorajar com sucesso a publicação do “The True Alarm”. Ricardo zombou de quase toda a economia benthamista posterior e, no caso do dinheiro e da produção, fez as questões apropriadas: “Por que deveria um mero aumento no dinheiro ter qualquer outro efeito além do de diminuir seu valor? Como causaria qualquer aumento na produção de mercadorias […] Dinheiro não pode invocar bens […] mas bens podem criar dinheiro.” O tema central de Bentham […] “de que dinheiro é a causa das riquezas” – este, Ricardo rejeitou firme e claramente.

Em seu penúltimo trabalho relevante sobre economia, Jeremy Bentham retornou a posição passada. Ele havia estrelado a parte econômica de sua carreira com um ataque duro às leis de usura; terminou-a ao defender controle máximo de preços sobre o pão. Por quê? Porque a massa do público favorece o pão barato (com certeza!), e então haveria um padrão “racional” e “determinado” para o preço bom e moral do pão, um padrão que aparentemente o livre contrato e o livre mercado não podem definir. O que seria um tal padrão? Mostrando que para Bentham o utilitarismo ad hoc e análise de custo-benefício haviam tirado completamente qualquer economia sã de sua tutela, ele respondeu que haveria de ser empírico e ad hoc. Lançando lógica econômica ao vento, Bentham sustentou que as autoridades deveriam fixar um preço máximo “moderado”, que pesaria os custos e benefícios, as vantagens e desvantagens, de cada preço possível. E Bentham assegurou os seus leitores de sua moderação: ele “não intencionava que [sua proposta] fosse um chicote ou escorpião para a punição dos criadores ou vendedores de grãos”. Mas este seria o resultado inevitável.

O empirismo ad hoc estava agora desenfreado em Bentham. Admitindo que todas as tentativas anteriores para estabelecer controle máximo dos preços foram desastrosas, como qualquer outro institucionalista ou historicista posterior, Bentham negou qualquer relevância, já que as circunstâncias de cada tempo e lugar particular são necessariamente diferentes. Resumidamente, Bentham negou a economia inteira – isto é, negou a possibilidade de leis serem abstraídas de circunstâncias particulares e se aplicarem a todas as trocas ou ações em todos os lugares.

Argumentando contra os oponentes do controle de preços, Bentham frequentemente usou um raciocínio que era tortuoso e mesmo absurdo. Por exemplo, à acusação de que o controle máximo de preços levaria à tentativa de consumo excedendo a oferta (um dos maiores problemas com o controle de preços), Bentham insistiu que isto não poderia acontecer na Bretanha, onde a Poor Law assegurava pagamento de bem-estar aos pobres com um aumento no preço do pão. A opinião de que, uma hora ou outra, a curva da demanda seria vertical e não cairia é em qualquer século um selo de ignorância econômica, e Bentham agora passou no teste. Por séculos, escritores e teóricos souberam que a demanda aumenta conforme o preço cai, e Bentham agora estava escrevendo como se a economia nunca tivesse existido – e nunca pudesse existir.

Já que a consistência era o reino da desprezada lógica dedutiva, Bentham negou que sua oposição às leis da usura houvesse qualquer relação com sua defesa do controle de preços do pão. Mas enquanto ele ainda sustentava que sua análise inicial estava correta, ele agora oferecia uma revisão crucial: ele não havia percebido que uma vantagem notável de uma lei sobre a usura é que o governo pode então pegar emprestado de modo mais barato (às custas, é claro, da eliminação de mutuários privados marginais). E ele continuou a admitir que ele agora havia encontrado esta “vantagem” decisiva, de modo que ele colocaria as leis de usura na agenda governamental: “Eu devo esperar observar vantagens nesta questão que predominam sobre suas desvantagens em todos as outras.”  Resumidamente, Bentham, o alegado “individualista” e expoente do laissez-faire, acha que a vantagem ao governo supera todas as desvantagens privadas!

De novo sobre suas visões iniciais sobre a usura, Bentham negou que ele jamais houvesse acreditado em quaisquer tendências auto ajustadoras e equilibradoras do mercado, que as taxas de juros adequadamente ajustam a poupança e o investimento. Ele prosseguiu em um revelador ataque contra o laissez-faire e os direitos naturais, para demonstrar de uma vez por todas a incompatibilidade entre o utilitarismo, por um lado, e o laissez-faire ou direitos de propriedade, por outro:

Eu não tenho, eu não tive, e nunca terei qualquer horror, sentimental ou anárquico, à mão do governo. Eu deixo para Adam Smith, e os defensores dos direitos do homem […] falar de invasões à liberdade natural, e dar qualquer argumento especial contra esta ou aquela lei, um argumento cujo efeito seria colocar um sinal negativo sobre todas as leis. A interferência do governo, tão frequentemente quanto nas minhas visões misturadas da questão, tem como resultado o mínimo de peso a mais para lado da vantagem, e é um evento que eu presencio com tanta satisfação quanto eu deveria [presenciar] sua tolerância, e com muito mais do que eu deveria [presenciar] sua negligência.

Pergunta-se por qual padrão místico o “científico” Bentham conseguiu medir as vantagens e desvantagens de cada lei particular.

Três anos depois, em 1804, Jeremy Bentham perdeu o interesse na economia, um fato ao qual nós devemos ser eternamente gratos. Só é infeliz que este decréscimo de zelo não ocorreu meia década antes. O caso de Jeremy Bentham, no entanto, deve ser instrutivo àquela tropa de economistas que tentam conciliar filosofia utilitária com economia de livre mercado.

Poderia se pensar que o mestre do utilitarismo teria contribuído com a análise de utilidade na economia, mas Bentham estranhamente provou que estava interessado somente nos campos “macro” do pensamento econômico. A única exceção veio no largamente infeliz True Alarm (1801), no qual Bentham não somente declarou que “todo o valor está fundado na utilidade”, mas também entrou em uma crítica persuasiva ao alegado “paradoxo do valor” de Adam Smith. A água, Bentham notou, pode ter e tem valor econômico, enquanto diamantes têm sim valor de uso como um fundamento de seu valor econômico. Continuando, Bentham aborda a refutação marginalista ao paradoxo do valor:

A razão pela qual não se pensa que a água tenha qualquer valor com a troca em vista é que ela é igualmente vazia de valor tendo em vista o uso. Se toda a quantidade [de água] requerida estiver disponível, o excedente não tem nenhum tipo de valor. Seria o mesmo no caso do vinho, do grão, e de tudo mais. A água, fornecida como é pela natureza sem qualquer esforço humano, é mais provável de ser encontrada em abundância, o que faz dela desnecessária; mas há muitas circunstâncias em que ela tem um valor de troca superior ao do vinho.

2.2 Utilitarismo pessoal

Como vimos, visões estritamente econômicas de Jeremy Bentham, especialmente quando ele deslizou de volta para o mercantilismo, não tiveram um impacto significativo no pensamento econômico, mesmo sobre seus próprios discípulos filosóficos tais como James Mill e Ricardo. Mas suas visões filosóficas, introduzidas na economia por estes mesmos discípulos, deixaram um impacto infeliz e permanente no pensamento econômico: elas proveram a economia com sua filosofia social subjacente e dominante. E esta dominância não seria menos poderosa por ser geralmente implícita e inexaminada.

O utilitarismo proveu à economia a habilidade de fazer um círculo quadrado: permitiu-na fazer pronunciamentos e tomar posições firmes sobre as políticas públicas, enquanto ainda pretendo ser pragmática, “científica”, e, portanto, “imparcial”. Conforme o século XIX procedeu e a economia começou a se tornar uma profissão separada, uma guilda com o seu próprio código e suas próprias práticas, tornou-se possuidora de um desejo incontrolável de imitar o sucesso e o prestígio das ciências físicas “rígidas”. Mas os “cientistas” deveriam ser objetivos, desinteressados, não enviesados em seus trabalhos científicos. Foi portanto assumido que a defesa de princípios morais ou de filosofia política por economistas significava, de alguma forma, a introdução do vírus do “viés”, “preconceito”, e uma atitude não-científica na disciplina da economia.

Esta atitude de imitação crua das ciências físicas ignorou o fato de que as pessoas e objetos inanimados são crucialmente diferentes: pedras ou átomos não têm valores nem fazem escolhas, enquanto pessoas inerentemente valorizam e escolhem. Ainda assim, seria perfeitamente possível que economistas confinassem a si mesmos a analisar as consequências de tais valores e escolhas, contanto que eles não tomassem um lado nas políticas públicas. Mas economistas se coçam para tomar tais posições; na verdade, o interesse nas políticas é geralmente a principal motivação para embarcar em um estudo da economia em primeiro lugar. E advogar por políticas – dizer que o governo deveria ou não deveria fazer A, B ou C – é ipso facto tomar uma posição valorativa e uma posição implicitamente ética. Não há jeito de contornar este fato, e o melhor que pode ser feito é fazer desta ética uma busca racional pela resposta de o que é melhor para o homem de acordo com sua natureza. Mas a busca da ciência “imparcial” bloqueou este caminho, e então economistas, ao adotar o utilitarismo, foram capazes de fingir ou enganarem a si mesmos para dizer que eles estavam sendo estritamente científicos, enquanto despejavam noções éticas duvidosas e não-analisadas na economia.

Desta forma, a economia acolheu o pior dos dois mundos, implicitamente se enterrando em falácias e vieses em nome da imparcialidade teimosa. A infecção benthamista da economia com o bacilo do utilitarismo nunca foi curada e permanece tão difundida e predominante como sempre.

O utilitarismo consiste em duas partes fundamentais: utilitarismo pessoal, e utilitarismo social, o último sendo construído sobre o primeiro. Ambos são falaciosos e perniciosos, mas o utilitarismo social, no qual estamos mais interessados aqui, adiciona muitas falácias, e seria insano mesmo se assumissemos o utilitarismo pessoal.

O utilitarismo pessoal, como apresentado por David Hume no meio do século XVIII, assume que cada indivíduo é governado somente pelo desejo de satisfazer suas emoções, suas “paixões”, e que estas emoções de felicidade ou infelicidade são dados primários inanalisáveis. A única função da razão humana é o seu uso como um meio, para mostrar a alguém como atingir seus objetivos. Não é função da razão estabelecer os próprios objetivos dos homens. A razão, para Hume e para utilitários posteriores, é somente serva, uma escrava das paixões. Não há lugar, então, para que a lei natural estabeleça qualquer ética para humanidade.

Mas o que, então, deve ser feito sobre o fato de que a maior parte das pessoas decidem sobre seus fins por princípios éticos, os quais não podem ser considerados redutíveis a uma emoção pessoal original? Ainda mais vergonhoso para o utilitarismo é o fato óbvio de que a emoção é frequentemente serva de tais princípios, e claramente não é um dado definitivo, mas, ao invés disso, é determinado pelo que acontece com tais princípios. Assim, alguém que adota fervorosamente uma certa filosofia ética ou política se sentirá feliz quando quer que esta filosofia tenha sucesso no mundo, e triste quando encontrar obstáculos. Emoções são então servas dos princípios, ao invés do contrário.

Apegado a tais anomalias, o utilitarismo, se orgulhando de ser anti-místico e científico, tem que ir contra os fatos e introduzir uma mistificação própria. Porque então tem que dizer que ou as pessoas só acham que adotaram princípios éticos governantes, e/ou que eles deveriam abandonar tais princípios e se ater somente a sentimentos não-analisados. Resumidamente, o utilitarismo tem que ou fugir frente aos fatos óbvios a qualquer um (uma metodologia que é certamente descaradamente não-científica) e/ou adotar uma visão ética não-analisada própria, em ataque a todas (as outras) visões éticas. Mas isso é místico, levado por valores, e refuta por si mesmo a própria doutrina antiética (ou melhor, de qualquer doutrina ética que não é escrava de paixões não-analisadas).

Em qualquer um dos casos, o utilitarismo refuta a si mesmo por violar seu próprio axioma de não ir além de emoções e avaliações dadas. Ademais, é uma experiência humana comum, mais uma vez, que desejos subjetivos não são absolutos, dados e imutáveis. Eles não são hermeticamente selados e blindados de persuasão, sejam eles racionais ou de outra ordem. A própria experiência e os argumentos de outros podem persuadir e persuadem as pessoas a mudar seus valores. Mas como poderia isto acontecer se todos os desejos e avaliações pessoais fossem puramente dados e portanto não sujeitos à alteração pela persuasão intersubjetiva de outros? Mas se esses desejos não são dados, e são mutáveis pela persuasão da argumentação moral, deve seguir-se então que, contrariamente às suposições do utilitarismo, princípios éticos supra-subjetivos que podem ser argumentados e que podem ter um impacto nos outros e em suas avaliações e objetivos existem sim.

Jeremy Bentham adicionou uma falácia posterior ao utilitarismo que cresceu e virou moda na Grã-Bretanha desde os dias de David Hume. Mais brutalmente, Bentham procurou reduzir todos os desejos e valores humanos do qualitativo para o quantitativo; todos os objetivos poderiam ser reduzidos à quantidade, e todos os valores aparentemente diferentes – e.g. alfinetes e poesia – poderiam ser reduzidos a meras diferenças de quantidade e grau. O impulso a reduzir a qualidade drasticamente como quantidade mais uma vez apelou para a paixão científica entre economistas. A quantidade é uniformemente o objeto de investigação nas ciências físicas, sólidas; então a preocupação pelos componentes qualitativos no estudo da ação humana não conota misticismo e uma atitude desleixada e não-científica? Mas, mais uma vez, os economistas esqueceram que a quantidade é precisamente o conceito adequado para lidar com pedras ou átomos; estas entidades não possuem consciência, não avaliam e não escolhem; portanto os seus movimentos podem e devem ser catalogados com precisão quantitativa. Mas seres humanos individuais, ao contrário, são conscientes, e adotam valores e agem sobre eles. As pessoas não são objetos sem motivação, sempre descrevendo um caminho quantitativo. As pessoas são qualitativas, isto é, respondem às diferenças qualitativas, e elas avaliam e escolhem sobre esta base. Reduzir a qualidade à quantidade, portanto, distorce gravemente a verdadeira natureza dos seres humanos e da ação humana, e ao distorcer a realidade, mostra-se o contrário do verdadeiramente científico.

A contribuição duvidosa de Jeremy Bentham à doutrina utilitária pessoal – além de ser seu maior propagador e popularizador conhecido – foi quantificá-la e cruelmente reduzi-la ainda mais. Tentando fazer uma doutrina ainda mais “científica”, Bentham tentou dar um padrão “científico” para emoções tais como felicidade e infelicidade: quantidades de prazer e dor. Todas as noções vagas de felicidade e desejo, para Bentham, podem ser reduzidas às quantidades de prazer e dor: prazer “bom”, dor “ruim”. O homem, portanto, simplesmente tenta maximizar o prazer e minimizar a dor. Neste caso, o indivíduo – e o cientista observando – pode se envolver em um “cálculo do prazer e da dor” replicável, que Bentham chamou de “o cálculo do prazer”[6] que pode ser usado para conseguir o resultado adequado no aconselhamento para ação ou não-ação em qualquer situação dada. Todo homem, portanto, pode engajar no que os economistas benthamitas de hoje em dia chamam de “análise de custo-benefício”; em qualquer situação, pode aferir os benefícios – unidades de prazer – pesá-los contra os custos – unidades de dor – e ver qual sobrepõe o outro.

Em uma discussão que o professor John Plamenatz chama de “a razão das paródias”, Bentham tenta dar “dimensões” objetivas ao prazer e à dor, de modo a estabelecer a rigidez científica de seu cálculo de prazer. Estas dimensões, afirma Bentham, são sete: intensidade, duração, certeza, proximidade, fecundidade, pureza, e extensão. Bentham afirma que, ao menos conceitualmente, todas estas qualidades podem ser mensuradas, e então multiplicadas juntas para chegar na quantidade de dor e prazer resultante de qualquer ação.

Simplesmente mostrar a teoria de Bentham das sete dimensões deve ser suficiente para demonstrar sua completa loucura. Estas emoções ou sensações são qualitativas e não quantitativas, e nenhuma destas “dimensões” pode ser multiplicada ou pesada em conjunto. Novamente, Bentham levantou uma infeliz analogia cientificista com objetos físicos. Um objeto tridimensional é um em que cada objeto é linear, e portanto em que todas estas unidades lineares podem ser multiplicadas umas pelas outras para chegar a unidades de volume. Na avaliação humana, mesmo com prazer e dor, não há unidade comum a cada uma de suas “dimensões”, e portanto não há forma de multiplicar as unidades. Como Professor Plamenatz firmemente pontua:

a verdade é que mesmo um Deus onisciente não poderia fazer tais cálculos, porque a própria noção deles é impossível. A intensidade de um prazer não pode ser mensurada contra sua duração, nem sua duração contra sua certeza ou incerteza, nem esta última propriedade contra a sua proximidade ou longinquidade.[7]

Plamenatz adiciona que é verdade, como Bentham afirma, que as pessoas frequentemente comparam caminhos de ação, e escolhem aqueles que acham mais desejáveis. Mas isto só significa que as pessoas escolhem entre alternativas, não que participam de cálculos quantitativos de unidades de prazer e dor.

Mas uma coisa pode ser dita sobre a doutrina grotesca de Bentham. Pelo menos Bentham tentou, não importa quão falaciosamente, basear sua análise de custo-benefício em um padrão objetivo de benefício e custo. Teoristas utilitários posteriores, junto com o corpo da economia, eventualmente abandonaram o cálculo de prazer e de dor. Mas ao fazê-lo, eles também desistiram de qualquer tentativa de prover qualquer padrão para basear custos e benefícios ad hoc em algum tipo de base inteligível. Desde então, o apelo ao custo e benefício, mesmo a nível pessoal, tem sido necessariamente vago, sem sustentação e arbitrário.

Ademais, John Wild eloquentemente contrasta a ética pessoal utilitária com a ética da lei natural:

A ética utilitária não faz distinção clara entre apetite cru ou interesse, e aquele desejo deliberado ou voluntário que é fundido com a razão prática. O valor, o prazer, ou satisfação é o objeto de qualquer interesse, não importa o quão incidental ou distorcido possa ser. Distinções qualitativas são simplesmente ignoradas, e o bem é concebido de uma forma puramente quantitativa como máximo de prazer ou satisfação [possível]. Razão não tem nada a ver com a extração de um apetite são. Um desejo não é mais legítimo do que outro. A razão é a escrava da paixão. Toda a sua função é exaurida no trabalho de esquemas pela maximização de tais interesses que calham de aparecer por probabilidade ou outras causas irracionais […]

Contra isso, a teoria da lei natural sustenta que há uma distinção clara entre apetites básicos e desejos deliberados e extraídos com a cooperação da razão prática. O bem não pode ser adequadamente concebido de forma puramente quantitativa. Interesses aleatórios que obstruem a completa realização de tendências comuns são condenados como antinaturais […] Quando a razão se torna escrava da paixão, a liberdade humana é perdida e a natureza humana é distorcida […]

[A] ética da lei natural separa claramente as necessidades e direitos essenciais dos direitos incidentais. O bem não é adequadamente entendido como uma mera maximização de propósitos qualitativamente indiferentes, mas uma maximização daquelas tendências que qualitativamente conformam-se à natureza do homem e que surgem através da deliberação racional e da escolha livre […] Há um padrão universal estável, sustentado sobre algo mais firme do que as areias movediças do apetite, ao qual um apelo pode ser feito mesmo das máximas concordâncias de uma sociedade corrupta. Este padrão é a lei da natureza que persiste contanto que o homem persista – que é, portanto, incorruptível e inalienável, e que justifica o direito à revolução contra uma ordem social corrupta e tirânica.”[8]

Finalmente, em adição aos problemas do cálculo de prazer e de dor, o utilitarismo pessoal aconselha que as ações sejam julgadas não por sua natureza mas por suas consequências. Mas, na análise não-benthamista, meramente de custo-benefício (em vez de análise “objetiva” de prazer e de dor), como pode alguém mensurar as consequências de qualquer ação? E por que é considerado mais fácil, quem dirá mais “científico”, julgar consequências do que julgar um ato em si mesmo por sua natureza? Ademais, é frequentemente bastante difícil descobrir quais serão as consequências de qualquer ação contemplada. Como devemos encontrar consequências secundárias, terciárias etc., isso sem falar das mais imediatas? Suspeitamos que Herbert Spencer, em sua crítica ao utilitarismo, estava correto: é frequentemente mais fácil saber o que está certo do que saber o que é conveniente.[9]

2.3 Utilitarismo social

Ao estender o utilitarismo do pessoal para o social, Bentham e seus seguidores incorporaram todas as falácias do primeiro, e adicionaram mais ainda. Se cada homem tentar maximizar o prazer (e minimizar a dor), então toda a regra ética social, para os benthamitas, é de buscar sempre “a maior felicidade do maior número”, em um cálculo social de felicidade em que cada homem conta por um, nem mais nem menos.

A primeira questão é a questão poderosa da auto-refutação: se cada homem é necessariamente governado pela regra de maximizar o prazer, então por que estão estes filósofos utilitários fazendo algo bastante diferente, isto é, buscar um princípio social abstrato (“a maior felicidade do maior número”)?[10] E por que o princípio moral abstrato deles – porque ele é o que é – é legítimo, enquanto todos os outros, tal como os direitos naturais, são bruscamente dispensados como sem significado? Que justificativa há para a grandíssima fórmula da felicidade? Não há qualquer resposta; é simplesmente assumido como axiomático, acima de qualquer questionamento.

Em adição à natureza auto-refutativa dos utilitaristas tendendo a um princípio moral abstrato primordial – e não-analisado –, o princípio em si mesmo é, no melhor dos casos, duvidoso. O que é tão bom sobre o “maior número”? Suponha que a vasta maioria das pessoas em uma sociedade odeiam e insultam os ruivos, e desejam muito matá-los. Suponha ainda que há somente alguns poucos ruivos existentes em uma dada época, de modo que sua perda não deixaria a marca de uma queda de nível na produção geral nas rendas dos não-ruivos restantes. Devemos então dizer que é “bom”, depois de fazer nosso cálculo de felicidade social, que a vasta maioria execute animadamente os ruivos, e assim maximizem seu prazer ou sua felicidade? E se não, por que não? Como Felix Adler sarcasticamente coloca, os utilitários “proclamam a maior felicidade do maior número de pessoas como o fim social, mas falham em fazer inteligível a razão de a felicidade do maior número de pessoas ser convincente como um fim sobre aqueles que calham de pertencer ao número menor”.[11]

Ademais, a pressuposição igualitária de cada pessoa contando precisamente como um é dificilmente evidente em si mesma. Por que não algum sistema de pesos? Novamente, nós temos um objeto de fé não-examinado e não-científico no seio do utilitarismo.

Finalmente, enquanto o utilitarismo falsamente assume que ou moral ou ético seja um dado puramente subjetivo para cada indivíduo, ele, ao contrário, assume que estes desejos subjetivos podem ser adicionados, subtraídos, e pesados entre vários indivíduos na sociedade de modo a resultar no cálculo de uma felicidade social máxima. Mas como pode uma “utilidade social” ou “custo social” objetivo e calculável surgir de desejos puramente subjetivos, especialmente considerando que os desejos ou utilidades subjetivos são estritamente ordinais, e não podem ser comparados, adicionados ou subtraídos entre pessoas diferentes? A verdade, então, é o oposto das pressuposições centrais do utilitarismo. Os princípios morais, que o utilitarismo rejeita como mera emoção subjetiva, são intersubjetivos e podem ser usados para persuadir diversas pessoas; enquanto utilidades e custos são puramente subjetivos a cada indivíduo e portanto não podem ser comparados ou ponderados entre pessoas.

Talvez a razão pela qual Bentham furtivamente muda de um “prazer máximo” no utilitarismo pessoal para a “felicidade” no campo social seja que falar do “maior prazer do maior número”  seria muito abertamente cômico, já que a emoção ou sensação de prazer é bastante claramente não adicionável ou subtraível entre pessoas. Substituir pela mais vaga e ampla “felicidade” permitiu a Bentham saltar sobre tais problemas.[12]

O utilitarismo de Bentham o levou a uma “agenda” crescentemente numerosa para a intervenção governamental na economia. Algumas partes desta agenda nós já vimos acima. Outros itens incluem: um estado de bem-estar social; a taxação para uma redistribuição igualitária da riqueza ao menos parcial; conselhos governamentais, institutos e universidades; atividades públicas para curar o desemprego bem como para encorajar o investimento privado; seguro governamental; regulação de bancos e corretores; garantia de quantidade e qualidade de bens.

2.4 O grande irmão: o panóptico

A economia utilitária foi frequentemente – e, da minha perspectiva propriamente dita – acusada de tentar substituir a ética por “eficiência” em advogar pelo desenvolvimento das políticas públicas. “Eficiência”, em contraste com a “ética”, soa insensível, durão e “científico”. Ainda assim, exaltar a “eficiência” só joga o problema ético para baixo do tapete. Em detrimento de quais interesses, às custas de quem, deve a eficiência social ser buscada? Em nome de uma ciência espúria, “a eficiência” frequentemente se torna uma máscara para a exploração, para a pilhagem de um grupo de pessoas pelo benefício de outro. Frequentemente, economistas utilitários têm sido acusados de estarem dispostos a aconselhar a “sociedade” sobre como construir os “campos de concentração” mais eficientes. Aqueles que defendem que esta acusação é um reductio ad absurdum injusto deveriam contemplar a vida e o pensamento do príncipe dos filósofos utilitários, Jeremy Bentham. Em um sentido profundo, Bentham foi um reductio ad absurdum ambulante do benthamismo, uma lição viva sobre os resultados de sua própria doutrina.

Foi em 1768, com a idade de 20 anos, que Jeremy Bentham, voltando para a sua alma mater, Oxford, para uma formatura de ex-aluno, que encontrou por acaso uma cópia do Essay on Government de Joseph Priestley, e esbarrou na frase que mudou e dominou sua vida daí em diante: “a maior felicidade do maior número de pessoas”. Mas, como Gertrude Himmelfarb pontua em seus ensaios cintilantes e devastadores sobre Bentham, de todas as suas numerosas maquinações e brincadeiras em busca deste objetivo ilusório, a mais próxima do coração de Jeremy era seu plano pelo panóptico. Ao visitar seu irmão Samuel na Rússia, na década de 1780, Bentham descobriu que seu irmão havia desenhado um panóptico como um trabalho de oficina, e Bentham imediatamente entendeu a ideia do panóptico como o lugar ideal para uma prisão, uma escola, uma fábrica – de fato, para toda a vida social. “Panóptico”, em grego, significa “que tudo vê”, e o nome era altamente adequado para o objeto em vista. Outro sinônimo benthamista para o panóptico era “a Casa de Inspeção”. A ideia era maximizar a supervisão de prisioneiros, alunos, indigentes, empregados por um inspetor que tudo vê, que estaria sentado em uma torre no centro de uma construção em forma de teia de aranha circular, capaz de espiar todas as celas na periferia. Por espelhos e outros dispositivos, cada um na teia de aranha nunca poderia saber de onde um inspetor estaria olhando em qualquer dado momento. Assim, o panóptico atingiria o objetivo de uma sociedade 100% inspecionada e supervisionada sem os meios; já que todos poderiam estar sob inspeção a qualquer momento sem saber disso.

Os apologistas de Bentham reduziram esse esquema meramente ao de um “reformatório”, mas Bentham tentou deixar claro que todas as instituições sociais seriam englobadas pelo panóptico; que deveria servir como um modelo para “casas de indústria, casas de trabalho, abrigos para os pobres, fábricas manuais, hospícios, leprosários, hospitais e escolas”. Um ateu e dificilmente próximo de citações bíblicas, Bentham ainda assim se tornou rapsódico sobre a ideia social de um panóptico, citando dos Salmos: “Tu sabes o meu assentar e o meu levantar; de longe entendes o meu pensamento […]”

Como a Professora Himmelfarb aptamente coloca:

Bentham não acreditava em Deus, mas acreditava nas qualidades apoteotizadas em Deus. O Panóptico era uma realização do ideal divino; espionando as maneiras do transgressor por meios de um esquema arquitetural engenhoso, tornando a noite no dia com luz artificial e refletores, mantendo os homens captivos por um sistema intricado de inspeção.[13]

O objetivo de Bentham era aproximar, ou simular, a “perfeição ideal” da completa e contínua inspeção de todos. Por causa do “olho invisível” do inspetor, cada preso iria conceber a si mesmos em um estado de total e de contínua inspeção, atingindo assim a “aparente onipresença do inspetor”.

Consistente com o utilitarismo, o arranjo social foi decidido sob o déspota social, que age “cientificamente” em nome da maior felicidade de todos. Com esse nome, sua regra maximiza a “eficiência”. Assim, no projeto original de Bentham, todo preso seria mantido em confinamento solitário, visto que isso maximizaria o seu estar “seguro e quieto”, sem chance de multidões indisciplinadas ou de planejamentos de fuga.

Ao argumentar por seu panóptico, Bentham em um ponto reconhece as dúvidas e reservas das pessoas que parecem querer inspeção máxima de suas crianças ou outras acusações. Ele reconhece uma possível acusação de que seu inspetor seria excessivamente despótico, ou até mesmo que o encarceramento e o confinamento solitário de todos poderia ser “produtor de uma imbecilidade”, de modo que um homem antes livre não seria, em sentido próprio, totalmente humano: “E se o resultado desse artifício sofisticadamente forjado não pudesse construir um conjunto de máquinas feitas à semelhança do homem?” Para essa questão crítica, Jeremy Bentham deu uma resposta bruta, brusca e quintessencialmente brutal: quem se importa? Ele disse. A única questão pertinente era: “iria a felicidade ser mais provável de ser maximizada ou diminuída por essa disciplina?” Para nosso “cientista” da felicidade, não havia dúvidas da resposta: “chame-os de soldados, chame-os de monges, chame-os de máquinas; contanto que eles sejam uns felizes, não me importarei”.[14] Assim fala o prototípico humanitário com a guilhotina, ou ao menos com a senzala.

Bentham estava só ansiando por modificar o confinamento solitário de cada prisioneiro no panóptico apenas por causa dos grandes gastos de construir uma cela inteira para cada pessoa. A economia era uma preocupação eminente no funcionamento do panóptico — economia e produtividade. Bentham estava preocupado em maximizar o trabalho forçado dos prisioneiros. No final das contas, “A indústria é uma benção; porque pintá-la como uma maldição?” Sete horas e meia por dia suficientes para o sono, e uma hora e meia para refeições, pois, no final das contas, ele admoestou, “que não se esqueça, momentos de refeições são momentos de descanso: alimentação é recreação.” Não há razão porquê prisioneiros não deveriam ser forçados a trabalhar 14 ou até 15 horas por dia, seis dias por semana. De fato, Bentham escreveu para um amigo que ele tem tido “medo” de revelar muitas de suas propostas, “por medo de ser espancado”. Ele tinha em mente que os prisioneiros trabalhassem não menos de “proveitosas dezesseis horas e meia” por dia, vestindo-os sem meias, camisas ou chapéus, e os alimentando exclusivamente de batatas, as quais naquele tempo eram tidas até mesmo pelos cidadãos mais pobres como servindo apenas como lavagem para animais. A roupa de cama era para ser a mais barata possível, com sacos sendo usados em vez de lençóis e redes no lugar de camas.

A preocupação principal de Bentham com a economia e com a produtividade é entendível por meio de um elemento crucial para seu plano panóptico — um elemento frequentemente negligenciado por historiadores posteriores. Pois o Grande Inspetor era para ser ninguém mais ninguém menos que o próprio Bentham. As prisões do reino, e presumivelmente escolas e fábricas, eram para ser contratadas de Bentham, que seria o contratador, inspetor e aquele que lucraria com o esquema. Não há dúvidas, então, que Bentham tinha tamanha confiança suprema na habilidade do inspetor de maximizar sua própria felicidade junto da felicidade do “maior número” de prisioneiros do panóptico ao mesmo tempo. O ganho de longo prazo de Bentham, senão a “maior felicidade” dos prisioneiros, era também para ser assegurada por provisões de longo prazo que manteriam prisioneiros “livres” na escravidão quase permanente do inspetor. No plano final de Bentham para seu panóptico, nenhum prisioneiro seria solto a não ser que ele se alistasse no exército ou na marinha; ou tivesse um título de £50 posto por ele por um “chefe de família responsável”. Deve-se perceber que £50 era uma baita soma naquela época, quando o trabalhador comum sem habilidade recebia um salário por volta de 10 xelins por semana — ou por volta de um salário de dois anos. O título era para ser renovado anualmente, e qualquer falha em renovar seria sujeita ao prisioneiro ser reingressado no panóptico, “embora devesse ser vitalício.” Por que qualquer chefe de família responsável estaria interessado em colocar um título de £50 para um ex-prisioneiro? Para Bentham, a resposta era clara: apenas se os prisioneiros estivessem querendo contratar seu trabalho para aquele chefe de família, com o entendimento de que o chefe de família teria o mesmo poder sobre o trabalhador como “aquele do pai sobre seu filho, ou de um mestre sobre seu aprendiz”. Visto que esse título gigantesco tinha de ser renovado a todo ano, o ex-prisioneiro era imaginado por Bentham como um escravo perpétuo para o chefe de família. Se não houvesse título, o prisioneiro teria de ser deportado para um “estabelecimento subsidiário”, também regido segundo os princípios do panóptico. E quem melhor para dirigir tais estabelecimentos senão o principal contratante da prisão, i.e., o próprio Bentham? De fato, todas as condições do panóptico foram designadas para induzir os prisioneiros ou outros prisioneiros a serem escravizados pelo contratante (Bentham) praticamente pela vida inteira.

Em vista da principal preocupação de Bentham com o panóptico, e de sua explícita identificação de si mesmo como o contratante, precisamos relembrar do que Himmelfarb aponta como sendo:

a estranha, quase intencional desatenção dos biógrafos e historiadores para a mais marcante característica do plano é a causa decisiva de sua rejeição. Para eles, Bentham era um filantropo que sacrificou anos de sua vida e a maior parte de sua fortuna para a causa exemplar da reforma penal e que era inexplicavelmente, como um biógrafo colocara, “não era para ser permitida a beneficiar seu país.” A maioria dos livros sobre Bentham e até mesmo algumas das mais respeitáveis histórias de reforma penal não mencionam tanto o sistema de contrato em conexão com o Panóptico, muito menos identificam Bentham como o contratante proposto.[15]

Finalmente, o Panóptico de Bentham era suposto a estar intimamente conectado com uma máquina de processamento de madeira que seu irmão Samuel inventou na Rússia por volta do mesmo tempo do projeto de Panóptico. Que melhor uso para milhares, talvez muitos milhares de prisioneiros do que estarem ocupados em trabalho mal pago processando enormes quantias de madeira? A máquina de processamento de madeira de Samuel se provou como sendo muito custosa para ser construída e impulsionada por uma engrenagem a vapor; então por que não, nos próprios termos de Bentham, “o trabalho humano ser extraído de uma classe de pessoa, sob cuja parte nem destreza nem boa vontade eram para ser reconhecidas […] agora substituídas pela engrenagem a vapor […]?

Que Bentham não visou confinar o panóptico para a classe de prisioneiros é mostrado particularmente por seu esquema de albergue panóptico. Escrito originalmente em 1797 e re-emitido em 1812, o Pauper Management Improved de Bentham imaginou uma sociedade por ações, como a Companhia das Índias Orientais, contratadas pelo governo para operar 250 “casas industriais” cada uma para armazenar 2000 pobres sujeitos a autoridade “absoluta” de um contratante-inspetor-governador, em uma construção e sofrendo sob um regime muito similar à prisão do panóptico.

Quem iria constituir a classe de pobres vivendo sob regime de trabalho escravo do albergue do panóptico? Para Bentham, para a companhia — da qual ele, é claro, seria a cabeça — seriam designados “poderes coercitivos” para pegar qualquer um “que não tenha meios de subsistência visíveis ou propriedades atribuíveis, nem meios de subsistência honestos e suficientes”. Nessa definição bastante elástica, o cidadão médio seria legalmente encorajado a ajudar e favorecer os poderes coercitivos da empresa do asilo, apreendendo qualquer pessoa que ele considerasse com meios de subsistência insuficientes e mandando-o para o asilo panóptico.

A escala imaginada por Bentham da rede de albergue do panóptico não era outra coisa senão grandiosa. As casas eram para confinar não apenas 500.000 pobres mas também seus filhos, que eram para continuar ligados à companhia, então mesmo se seus pais fossem dispensados ainda eram mantidos enquanto aprendizes até o início de seus 20 anos, mesmo se casados. Esses aprendizes estariam confinados em 250 casas adicionais de panóptico, trazendo o número total de prisioneiros nas casas de indústria a não menos de um milhão. Se considerarmos que a população total da Inglaterra naquela época era de apenas nove milhões, isso significa que Bentham previa o confinamento ao trabalho escravo, regimentado e explorado por ele mesmo, de pelo menos 11% da população do país. De fato, às vezes Bentham imaginava que seus panópticos encarcerariam até três quintos da população britânica.

Jeremy Bentham concebeu seu panóptico em 1786, aos 38 anos; cinco anos depois, ele publicou o esquema e lutou muito por ele por mais duas décadas, também insistindo em vão que a França e a Índia adotassem o esquema. O Parlamento finalmente rejeitou o plano em 1811. Pelo resto de sua longa vida, Bentham lamentou a derrota. Perto do fim de sua vida, aos 83 anos, Bentham escreveu uma história do caso, paranoicamente convencido de que o rei George III havia sabotado o plano por uma vingança pessoal decorrente da oposição de Bentham, durante a década de 1780, à guerra projetada do rei contra Rússia. (O título do livro é “History of the War Between Jeremy Bentham and George III, por Um dos Beligerantes”). Bentham lamentou, “imagine como ele me odiou […] E para ele, todos os pobres no país, bem como todos os prisioneiros no país, poderiam ter estado em minhas mãos”.[16] De fato uma tragédia!

Jeremy Bentham começou na vida como um Tory, um típico crente no “despotismo esclarecido” do século XVIII. Ele precisava dos déspotas esclarecidos, seja Catarina, a Grande, da Rússia, ou George III, para implementar suas reformas e caprichosos esquemas para “a maior felicidade do maior número”. Mas a falha em pôr o panóptico em prática soou a ele como sons de monarquia absoluta. Como ele escreveu, “Eu […] nunca suspeitei que as pessoas no poder fossem contra a reforma. Eu supus que eles apenas queriam conhecer o que era bom para incorporá-lo.” Desiludido, Bentham permitiu a si mesmo ser convertido, parcialmente por seu grande discípulo James Mill, à democracia radical, e para a panóplia do que veio a ser chamado de radicalismo filosófico. Como Himmelfarb resume o novo radicalismo, sua inovação “foi fazer da maior felicidade do maior número dependente do maior poder do maior número” o maior poder a ser alojado em uma “legislação omnicompetente”.[17] E se, como Himmelfarb coloca, a “maior felicidade do maior número” pode requerer “a maior miséria dos poucos”, então que assim seja.

Pouco parece um exagero quando Douglas Long compara a perspectiva social de Bentham com aquela do  totalitarista “científico”, B.F. Skinner. Bentham escreveu perto do fim de sua vida que as palavras “liberdade” e “liberal” estavam entre “as mais perniciosas” na língua inglesa, porque elas obscurecem os genuínos problemas, que são “felicidade” e “segurança”. Para Bentham, o estado é o berço necessário da lei, e é dever de todo cidadão individual obedecer a essa lei. O que o público precisa e quer não é liberdade, mas sim “segurança”, para a qual o poder do estado soberano precisa ser insubordinado e infinito. (E quem irá guardar o cidadão de seu soberano?) Para Bentham, como Long coloca:

em virtude de sua própria natureza a ideia de liberdade, mais que qualquer outro conceito, punha uma ameaça contínua a completude e estabilidade que Bentham via em sua “ciência da natureza humana”. A qualidade indeterminada e em aberto da visão libertária do homem era alienígena para Bentham. Ele visou em verdade a perfeição da física social neo Newtoniana[18]

É certamente apto, senão grandiloquente, que Bentham viu a ele mesmo como “O Newton do mundo moral”.

Os radicais filosóficos, apesar de sua proclamada devoção ao laissez-faire, adotaram não apenas o credo democrático tardio de Bentham, mas também sua devoção ao panóptico. John Stuart Mill, até mesmo em sua versão mais anti benthamista no curso de sua eternamente oscilante carreira, nunca criticou o panóptico. Mais fortemente, o brilhante “Lenin” de Bentham, James Mill, apesar de seu anseio em enterrar as visões econômicas estatistas de Bentham, admirou o panóptico como uma extravagância do próprio Mestre. Em um artigo sobre “Prisões e Disciplina das Prisões”, escrito para a Encyclopedia Britannica em 1822 ou 1823, Mill elevou o panóptico aos céus, como “perfeitamente exposto e provado” sobre o grande princípio da utilidade. Todo aspecto do Panóptico recebeu os elogios de Mill: a arquitetura, as redes em vez de camas, a inspeção que via tudo, o sistema de trabalho, o sistema de contrato, a escravidão perpétua dos “prisioneiros libertos”. O elogio generoso de Mill foi tanto privado quanto público, pois em uma carta ao editor da Encyclopedia, Mill insistiu que o panóptico “parece-me se aproximar da perfeição”.

 

 

____________________________

Notas

[1]           Nota do Tradutor: O Grande Homem aqui faz referência à Teoria do Grande Homem.

[2]          William E.C. Thomas, The Philosophic Radicals: Nine Studies in Theory and Practice 1817–1841 (Oxford: The Clarendon Press, 1979), p. 25.

[3]          Veja, ibid., pp. 35–6.

[4]           Nota do Tradutor: Referência bíblica, o trecho em questão é referência a I Reis 18:44.

[5]          Werner Stark, “Introduction”, em Stark (ed.), Jeremy Bentham’s Economic Writings (Londres: George Allen & Unwin, 1951), II, 18–19.

[6]          Nota do Tradutor: Trata-se do cálculo felicífico, também conhecido como cálculo hedonista. Mas, para melhor compreensão geral, traduziu-se o termo como cálculo de prazer, acreditando não ter criado com isso perda significativa de conteúdo para aqueles que já estão familiarizados com Bentham e acreditando estarmos facilitando o caminho para aqueles que tem seu primeiro contato com o autor apenas neste momento.

[7]          John Plamenatz, The English Utilitarians (2nd ed., Oxford: Basil Blackwell, 1958), pp. 73–4.

[8]          John Wild, Plato’s Modern Enemies and the Theory of Natural Law (Chicago: University of Chicago Press, 1953), pp. 69–70.

[9]          Herbert Spencer, Social Statics (Nova York: Robert Schalkenbach Foundation, 1970), pp. 3ff.

[10]        Como Plamenatz aponta, Bentham e seus seguidores afirmam “que nenhum homem pode desejar qualquer prazer exceto o seu”, e ainda, paradoxalmente, “ambos insistem que a maior felicidade, não importa de quem, é o único critério de moralidade”. Plamenatz, op. cit. nota 4, pág. 18. E o professor Veatch aponta que “os utilitaristas sempre tiveram alguma dificuldade em mostrar por que alguém tem a obrigação de pensar nos outros. Se alguém começa baseando sua ética em princípios diretamente hedonistas, afirmando que o prazer é a única coisa próxima de algum valor na vida e recomendando que o agente moral simplesmente faça o que lhe agrada, é evidentemente difícil fazer a transição de tal ponto de partida para a afirmação adicional de que esse mesmo agente moral deve se preocupar não apenas com seu próprio prazer, mas igualmente com o prazer dos outros”. Henry B. Veatch, Rational Man: A Modern Interpretation of Aristotelian Ethics (Bloomington, Indiana: Indiana University Press, 1962), pp. 182–3.

[11]        Felix Adler, The Relation of Ethics to Social Science’, em H.J. Rogers, (ed.), Congress of Arts and Science (Boston: Houghton Mifflin, 1906), VII, p. 673. Peter Geach também aponta que “e se, mesmo em termos utilitários, mais felicidade social pode ser obtida seguindo os desejos do número menor?”  Veja Peter Geach, The Virtues (Cambridge: Cambridge University Press, 1977), pp. 91ff.

[12]        Existem muitas outras falhas profundas no utilitarismo. Por um lado, mesmo supondo que a felicidade pode ser somada ou subtraída entre as pessoas, por que não poderia ser obtida mais felicidade social total seguindo os desejos do número menor? E o que então? Veja Geach, op. cit., nota 8. Além disso, a suposição utilitarista de completa indiferença moral entre utilidades ou preferências subjetivas muitas vezes se mostrará contra-intuitiva. Quantas pessoas, por exemplo (a maioria?) sustentarão teimosamente com os utilitaristas que o desejo de alguém de ver uma pessoa inocente ferida deve contar tão plenamente no cálculo social quanto outras preferências menos prejudiciais? Cf. Murray N. Rothbard, The Ethics of Liberty (Atlantic Highlands, NJ: Humanities Press, 1982), p. 213.

[13]        Gertrude Himmelfarb, Victorian Minds (1970, Gloucester, Mass.: Peter Smith, 1975), p. 35.

[14]          Ibid., p. 38.

[15]          Ibid., pp. 58–9.

[16]        Ibid., p. 71.

[17]        Ibid., p. 76.

[18]        Douglas C. Long, Bentham on Liberty (Toronto: University of Toronto Press, 1977), p. 164. Como Long escreveu: Bentham “ampliou sua visão das funções atribuíveis a um legislador até que elas […] parecessem incluir todas as formas imagináveis de controle social sobre o universo das ações humanas”.  Ibid., p. 214.

Murray N. Rothbard
Murray N. Rothbard
Murray N. Rothbard (1926-1995) foi um decano da Escola Austríaca e o fundador do moderno libertarianismo. Também foi o vice-presidente acadêmico do Ludwig von Mises Institute e do Center for Libertarian Studies.
RELATED ARTICLES

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Most Popular

Recent Comments

Maurício J. Melo on A casta política de Milei
Maurício J. Melo on A vitória é o nosso objetivo
Maurício J. Melo on A vitória é o nosso objetivo
Leitão de Almeida on Esquisitices da Religião Judaica
Maurício J. Melo on Esquisitices da Religião Judaica
Taurindio on Chegando a Palestina
Maurício J. Melo on Esquisitices da Religião Judaica
Fernando Chiocca on Anarcosionismo
Fernando Chiocca on Anarcosionismo
Daniel Gomes on Milei é um desastre
Daniel Gomes on Milei é um desastre
maurício on Milei é um desastre
Leitão de Almeida on Milei é um desastre
Joaquim Saad on Anarcosionismo
Mateus on Anarcosionismo
Revoltado on Justificando o mal
SilvanaB on Ayn Rand está morta
SilvanaB on Ayn Rand está morta
SilvanaB on Ayn Rand está morta
Carlos Santos Lisboa on A Argentina deve repudiar sua dívida
Jeferson Santana Menezes on As seis lições
Maurício J. Melo on Ayn Rand está morta
Maurício J. Melo on Ayn Rand está morta
Fernando Chiocca on Ayn Rand está morta
Luan Oliveira on Ayn Rand está morta
Fernando Chiocca on Ayn Rand está morta
Maurício J. Melo on Ayn Rand está morta
YURI CASTILHO WERMELINGER on Ayn Rand está morta
Maurício J. Melo on Ayn Rand está morta
YURI CASTILHO WERMELINGER on Ayn Rand está morta
YURI CASTILHO WERMELINGER on Ayn Rand está morta
PAULO ROBERTO MATZENBACHER DA ROSA on O mito do genocídio congolês de Leopoldo II da Bélgica
Fernando Chiocca on Ayn Rand está morta
Maurício J. Melo on Ayn Rand está morta
YURI CASTILHO WERMELINGER on Ayn Rand está morta
Maurício J. Melo on Ayn Rand está morta
Fernando Chiocca on O antissemitismo do marxismo 
Maurício J. Melo on O antissemitismo do marxismo 
Maurício J. Melo on Bem-estar social fora do estado
Maurício J. Melo on A guerra do Ocidente contra Deus
Maurício J. Melo on A guerra do Ocidente contra Deus
Maurício J. Melo on A guerra do Ocidente contra Deus
Maurício J. Melo on Objetivismo, Hitler e Kant
Norberto Correia on A Teoria da Moeda e do Crédito
maurício on O Massacre
Maurício J. Melo on A vietnamização da Ucrânia
Maurício J. Melo on A vietnamização da Ucrânia
Maurício J. Melo on Intervenção estatal e Anarquia
Maurício J. Melo on O Massacre
ROBINSON DANIEL DOS SANTOS on A falácia da Curva de Laffer
Maurício J. Melo on Da natureza do Estado
Maurício J. Melo on Da natureza do Estado
Maurício J. Melo on Um mau diagnóstico do populismo
Maurício J. Melo on O que é autodeterminação?
Marco Antônio F on Anarquia, Deus e o Papa Francisco
Renato Cipriani on Uma tarde no supermercado . . .
Maurício J. Melo on O mito do Homo Economicus
Voluntarquista Proprietariano on Anarquia, Deus e o Papa Francisco
Antonio Marcos de Souza on A Ditadura Ginocêntrica Ocidental
Maurício J. Melol on O problema do microlibertarianismo
Leninha Carvalho on As seis lições
Carlos Santos Lisboa on Confederados palestinos
Ivanise dos Santos Ferreira on Os efeitos econômicos da inflação
Ivanise dos Santos Ferreira on Os efeitos econômicos da inflação
Ivanise dos Santos Ferreira on Os efeitos econômicos da inflação
Marco Antônio F on Israel enlouqueceu?
Maurício J. Melo on Confederados palestinos
Maurício J. Melo on Confederados palestinos
Fernando Chiocca on Confederados palestinos
Matheus Polli on Confederados palestinos
Pobre Mineiro on Confederados palestinos
Matheus Oliveira De Toledo on Verdades inconvenientes sobre Israel
Ex-microempresario on O bombardeio do catolicismo japonês
Ex-microempresario on O bombardeio do catolicismo japonês
Ex-microempresario on O bombardeio do catolicismo japonês
Ana Laura Schilling on A pobreza do debate sobre as drogas
Maurício J. Melo on Israel enlouqueceu?
Fernando Chiocca on Israel enlouqueceu?
Matheus Oliveira De Toledo on A queda do pensamento crítico
Ex-microempresario on O bombardeio do catolicismo japonês
Ex-microempresario on O bombardeio do catolicismo japonês
Julio Cesar on As seis lições
Marco Antônio F on Anarquia, Deus e o Papa Francisco
Carola Megalomaníco Defensor do Clero Totalitário Religioso on Política é tirania por procuração
historiador on Por trás de Waco
Francês on O mistério continua
Revoltado on O mistério continua
Maurício J. Melo on Anarquia, Deus e o Papa Francisco
José Tadeu Silva on A OMS é um perigo real e presente
Revoltado on Dia da Mulher marxista
José Olimpio Velasques Possobom on É hora de separar escola e Estado
Bozo Patriotário Bitconheiro on Libertarianismo e boicotes
maurício on A catástrofe Reagan
maurício on A catástrofe Reagan
Imbecil Individual on A catástrofe Reagan
Flávia Augusta de Amorim Veloso on Tragédia provocada: A síndrome da morte súbita
Conrado Morais on O mal inerente do centrismo
Maurício J. Melo on Isso é legal?
Maurício J. Melo on O que podemos aprender com Putin
Imbecil Individual on Por que as drogas são proibidas?
Marco Antônio F on Por que as drogas são proibidas?
Marco Antônio F on Por que as drogas são proibidas?
Maurício J. Melo on Por que as drogas são proibidas?
Maurício J. Melo on Por que as drogas são proibidas?
Maurício J. Melo on Por que as drogas são proibidas?
Ex-microempresario on Por que as drogas são proibidas?
Ex-microempresario on Por que as drogas são proibidas?
Maurício J. Melo on Por que as drogas são proibidas?
Maurício J. Melo on Por que as drogas são proibidas?
Maurício J. Melo on Por que as drogas são proibidas?
Ex-microempresario on Por que as drogas são proibidas?
Maurício J. Melo on Por que as drogas são proibidas?
Maurício J. Melo on Ayn Rand sobre o Oriente Médio
Maurício J. Melo on Ayn Rand sobre o Oriente Médio
Daniel Gomes on Sobre a guerra na Palestina
Maurício J. Melo on Ayn Rand sobre o Oriente Médio
Maurício J. Melo on Uma Carta Aberta a Walter E. Block
Estado máximo, cidadão mínimo. on O que realmente está errado com o plano industrial do PT
Maurício J. Melo on Sobre a guerra na Palestina
Maurício J. Melo on Kulturkampf!
Maurício J. Melo on Discurso de Javier Milei em Davos
Maurício J. Melo on Discurso de Javier Milei em Davos
Maurício J. Melo on Discurso de Javier Milei em Davos
Maurício J. Melo on Discurso de Javier Milei em Davos
Maurício J. Melo on Covid e conformismo no Japão
Marco Antônio F on Tem cheiro de Genocídio
Marco Antônio F on Tem cheiro de Genocídio
Pobre Mineiro on Tem cheiro de Genocídio
Rodrigo Alfredo on Tem cheiro de Genocídio
Marco Antônio F on Tem cheiro de Genocídio
Maurício J. Melo on Tem cheiro de Genocídio
Maurício J. Melo on Fora de Controle
Pobre Mineiro on Fora de Controle
Maurício J. Melo on Fora de Controle
Antonio Gilberto Bertechini on Por que a crise climática é uma grande farsa
Pobre Mineiro on Fora de Controle
Phillipi on Anarquismo cristão
Maurício on A tramoia de Wuhan
Maurício J. Melo on Fora de Controle
Chris on Fora de Controle
Maurício J. Melo on Os lados da história
Pobre Mineiro on “Os piores dias em Gaza”
Maurício J. Melo on Os lados da história
Ex-microempresario on Os lados da história
Pobre Mineiro on Os lados da história
Pobre Mineiro on Os lados da história
Pobre Mineiro on Os lados da história
Maurício J. Melo on Os lados da história
Fernando Chiocca on “Os piores dias em Gaza”
Pobre Mineiro on Os lados da história
Fernando Chiocca on “Os piores dias em Gaza”
Maurício J. Melo on Os lados da história
Ex-microempresario on Os lados da história
Maurício J. Melo on Os lados da história
Ex-microempresario on Os lados da história
Maurício J. Melo on Os lados da história
Ex-microempresario on Os lados da história
Cristério Pahanguasimwe. on O que é a Economia Austríaca?
Pobre Mineiro on Morte e destruição em Gaza
Pobre Mineiro on A imoralidade da COP28
Maurício J. Melo on Sim, existem palestinos inocentes
Maurício J. Melo on Morte e destruição em Gaza
Maurício J. Melo on Morte e destruição em Gaza
Fernando Chiocca on Sim, existem palestinos inocentes
HELLITON SOARES MESQUITA on Sim, existem palestinos inocentes
Revoltado on A imoralidade da COP28
Pobre Mineiro on Morte e destruição em Gaza
Pobre Mineiro on Morte e destruição em Gaza
Fernando Chiocca on Morte e destruição em Gaza
HELLITON SOARES MESQUITA on Morte e destruição em Gaza
Maurício J. Melo on Morte e destruição em Gaza
Pobre Mineiro on Inspiração para a Nakba?
Historiador Libertário on Randianos são coletivistas genocidas
Historiador Libertário on Randianos são coletivistas genocidas
Historiador Libertário on Randianos são coletivistas genocidas
Historiador Libertário on Randianos são coletivistas genocidas
Maurício J. Melo on A controvérsia em torno de JFK
Joaquim Saad on Canudos vs estado positivo
Maurício J. Melo on A Economia de Javier Milei
Maurício J. Melo on A Economia de Javier Milei
Maurício J. Melo on Combatendo a ofensiva do Woke
Pobre Mineiro on Rothbard sobre Guerra
Douglas Silvério on As seis lições
Maurício José Melo on A verdadeira tragédia de Waco
Joaquim Saad on O Retorno à Moeda Sólida
Joaquim Saad on O Retorno à Moeda Sólida
Maurício J. Melo on Juízes contra o Império da Lei
Revoltado on George Floyd se matou
Revoltado on George Floyd se matou
Juan Pablo Alfonsin on Normalizando a feiura e a subversão
Cláudio Aparecido da Silva. on O conflito no Oriente Médio e o que vem por aí
Maurício J. Melo on A economia e o mundo real
Maurício J. Melo on George Floyd se matou
Victor Camargos on A economia e o mundo real
Pobre Mineiro on George Floyd se matou
Revoltado on George Floyd se matou
Universitário desmiolado on A precária situação alimentar cubana
JOSE CARLOS RODRIGUES on O maior roubo de ouro da história
Historiador Libertário on Rothbard, Milei, Bolsonaro e a nova direita
Pobre Mineiro on Vitória do Hamas
Edvaldo Apolinario da Silva on Greves e sindicatos criminosos
Maurício J. Melo on Como se define “libertário”?
Maurício J. Melo on A economia da guerra
Alexander on Não viva por mentiras
Lady Gogó on Não viva por mentiras
Roberto on A era da inversão
Roberto on A era da inversão
Samsung - Leonardo Hidalgo Barbosa on A anatomia do Estado
Maurício J. Melo on O Anarquista Relutante
Caterina Mantuano on O Caminho da Servidão
Maurício J. Melo on Mais sobre Hiroshima e Nagasaki
Pedro Lopes on A realidade na Ucrânia
Eduardo Prestes on A verdade sobre mães solteiras
Guilherme on Imposto sobre rodas
José Olimpio Velasques Possobom on Precisamos de verdade e beleza
Ex-microempresario on A OMS é um perigo real e presente
José Olimpio Velasques Possobom on A OMS é um perigo real e presente
Maurício J. Melo on Rothbard sobre o utilitarismo
LUIZ ANTONIO LORENZON on Papa Francisco e a vacina contra a Covid
Juri Peixoto on Entrevistas
Maurício J. Melo on Os Incas e o Estado Coletivista
Marcus Seixas on Imposto sobre rodas
Samuel Jackson on Devemos orar pela Ucrânia?
Maurício J. Melo on Imposto sobre rodas
Lucas Q. J. on Imposto sobre rodas
Tony Clusters on Afinal, o agro é fascista?
Joaquim Saad on A justiça social é justa?
Caterina on Mercado versus estado
Fernando Chiocca on A ética da liberdade
Fernando Chiocca on A verdadeira tragédia de Waco
Carlos Eduardo de Carvalho on Ação Humana – Um Tratado de Economia
João Marcos Theodoro on Ludwig von Mises: um racionalista social
Maurício José Melo on Lacrada woke em cima de Rothbard?
José Carlos Munhol Jr on Lacrada woke em cima de Rothbard?
Fernando Chiocca on Lacrada woke em cima de Rothbard?
Matador de onça on Os “direitos” dos animais
Micael Viegas Alcantara de Souza on Em defesa do direito de firmar contratos livremente
Adversário do Estado on Lacrada woke em cima de Rothbard?
Maurício José Melo on Nações por consentimento
Nairon de Alencar on Precisamos do Estado?
Marcus Seixas on Aflições Econômicas
Nairon de Alencar on O Governo Onipotente
Demetrius Giovanni Soares on O Governo Onipotente
Nairon de Alencar on A economia da inveja
Nairon de Alencar on Leitura de Sima Qian
Nairon de Alencar on O que sabíamos nos primeiros dias
Cândido Martins Ribeiro on A Mulher Rei dá ‘tilt’ na lacração
Robertodbarros on Precisamos de verdade e beleza
Cândido Martins Ribeiro on Precisamos de verdade e beleza
Cândido Martins Ribeiro on Precisamos de verdade e beleza
Robertodbarros on Precisamos de verdade e beleza
Marcus Seixas on O problema da democracia
Marcus Seixas on O problema da democracia
Marco Antonio F on O problema da democracia
Marco Antonio F on O problema da democracia
Cândido Martins Ribeiro on O problema da democracia
Cândido Martins Ribeiro on As linhas de frente das guerras linguísticas
Richard Feynman on Por que você não vota?
Maurício J. Melo on A fogueira de livros do Google
Maurício J. Melo on Por que você não vota?
Maurício J. Melo on Em defesa dos demagogos
Yabhiel M. Giustizia on Coerção e Consenso
Maurício J. Melo on Hoppefobia Redux
Maurício J. Melo on O problema com a autoridade
Maurício J. Melo on Raça! Aquele livro de Murray
Cândido Martins Ribeiro on Europa se suicida com suas sanções
Cândido Martins Ribeiro on Como os monarcas se tornaram servos do Estado
Nikus Janestus on Os “direitos” dos animais
João Marcos Theodoro on O verdadeiro significado de inflação
Maurício J. Melo on O ex-mafioso e a Democracia
Nikus Janestus on O ex-mafioso e a Democracia
Maurício J. Melo on Comédia Vs Estado
Cândido Martins Ribeiro on Patentes e Progresso
Maurício J. Melo on Al Capone e a data de validade
Fernando Chiocca on Comédia Vs Estado
dannobumi on Comédia Vs Estado
Maurício J. Melo on Patentes e Progresso
Demetrius Giovanni Soares on Patentes e Progresso
Demetrius Giovanni Soares on O coletivismo implícito do minarquismo
Demetrius Giovanni Soares on O coletivismo implícito do minarquismo
Cândido Martins Ribeiro on Patentes e Progresso
Cândido Martins Ribeiro on Patentes e Progresso
Maurício J. Melo on Patentes e Progresso
Cândido Martins Ribeiro on Patentes e Progresso
Cândido Martins Ribeiro on Patentes e Progresso
Demetrius Giovanni Soares on Carta aos Brasileiros Contra a Democracia
Demetrius Giovanni Soares on Patentes e Progresso
Maurício J. Melo on Patentes e Progresso
Maurício J. Melo on Patentes e Progresso
Maurício J. Melo on Patentes e Progresso
Maurício J. Melo on Patentes e Progresso
Cândido Martins Ribeiro on Patentes e Progresso
Maurício J. Melo on Patentes e Progresso
Maurício J. Melo on Mensagem de Natal de Viganò
Maurício J. Melo on Mentiras feias do Covid
Cândido Martins Ribeiro on Soljenítsin sobre a OTAN, Ucrânia e Putin
Cândido Martins Ribeiro on Soljenítsin sobre a OTAN, Ucrânia e Putin
Maurício J. Melo on Os vândalos linguísticos
Richard Feynman on A guerra imaginária
Shrek on Morte por vacina
Maurício J. Melo on Morte por vacina
Kletos Kassaki on Os verdadeiros anarquistas
Cândido Martins Ribeiro on A guerra imaginária
Maurício J. Melo on A guerra imaginária
Thomas Morus on A guerra imaginária
Cândido Martins Ribeiro on A guerra imaginária
Joaquim Saad on Os verdadeiros anarquistas
Cândido Martins Ribeiro on A conspiração Covid contra a humanidade
Gabriel Figueiro on Estado? Não, Obrigado!
Maurício J. Melo on Revelação do método
Maurício J. Melo on A missão de Isaías
Maurício J. Melo on A questão dos camelôs
Nikus Janestus on A questão dos camelôs
Ancapo Resfrogado on Votar deveria ser proibido
Fernando Chiocca on A missão de Isaías
Maurício J. Melo on Reservas fracionárias são fraude
Sedevacante Católico on A missão de Isaías
Sedevacante Católico on Uma vitória para a vida e a liberdade
Richard Feynman on A missão de Isaías
Richard Feynman on Cristianismo Vs Estatismo
Nikus Janestus on Cristianismo Vs Estatismo
Maurício J. Melo on Cristianismo Vs Estatismo
Maurício J. Melo on A ontologia do bitcoin
Maurício J. Melo on Sobre “as estradas” . . .
Nikus Janestus on Sobre “as estradas” . . .
Maurício J. Melo on Sobre “as estradas” . . .
Nikus Janestus on Sobre “as estradas” . . .
Richard Feynman on A busca pela liberdade real
Robertodbarros on A busca pela liberdade real
Maurício J. Melo on Coletivismo de Guerra
Maurício J. Melo on A Ditadura Ginocêntrica Ocidental
Simon Riley on Contra a Esquerda
Thomas Cotrim on Canudos vs estado positivo
Junior Lisboa on Canudos vs estado positivo
Thomas Cotrim on Canudos vs estado positivo
Maurício J. Melo on Canudos vs estado positivo
Maurício J. Melo on A guerra da Ucrânia é uma fraude
Richard Feynman on Descentralizado e neutro
Maurício J. Melo on O inimigo dos meus inimigos
Maurício J. Melo on Descentralizado e neutro
Maurício J. Melo on Descentralizado e neutro
Maurício J. Melo on A questão das nacionalidades
Maurício J. Melo on Todo mundo é um especialista
Maurício J. Melo on Adeus à Dama de Ferro
Maurício J. Melo on As elites erradas
Maurício J. Melo on Sobre a defesa do Estado
Maurício J. Melo on Após os Romanovs
Maurício J. Melo on A situação militar na Ucrânia
Amigo do Ancapistao on Entendendo a guerra entre oligarquias
RAFAEL BORTOLI DEBARBA on Toda a nossa pompa de outrora
Maurício J. Melo on Duas semanas para achatar o mundo
RAFAEL BORTOLI DEBARBA on Após os Romanovs
Maurício J. Melo on Os antropólogos refutaram Menger?
Dalessandro Sofista on O mito de hoje
Dalessandro Sofista on Uma crise mundial fabricada
Maurício J. Melo on O mito de hoje
Carlos Santanna on A vingança dos Putin-Nazistas!
Maurício J. Melo on O inimigo globalista
cosmic dwarf on O inimigo globalista
Maurício J. Melo on O inimigo globalista
Richard Feynman on Heróis, vilões e sanções
Fernando Chiocca on A vingança dos Putin-Nazistas!
Maurício J. Melo on A vingança dos Putin-Nazistas!
Marcus Seixas on O que temos a perder
Maurício J. Melo on Putin é o novo coronavírus?
Maurício J. Melo on A esquerda, os pobres e o estado
Maurício J. Melo on Heróis, vilões e sanções
Maurício J. Melo on O que temos a perder
Richard Feynman on Heróis, vilões e sanções
Maurício J. Melo on Heróis, vilões e sanções
Maurício J. Melo on Tudo por culpa da OTAN
Maurício J. Melo on O Ocidente é o melhor – Parte 3
Maurício J. Melo on Trudeau: nosso inimigo mortal
Teóphilo Noturno on Pelo direito de não ser cobaia
pauloricardomartinscamargos@gmail.com on O verdadeiro crime de Monark
Maurício J. Melo on O verdadeiro crime de Monark
Maurício J. Melo on A Matrix Covid
cosmic dwarf on A Matrix Covid
vagner.macedo on A Matrix Covid
Vitus on A Matrix Covid
Maurício J. Melo on Síndrome da Insanidade Vacinal
James Lauda on Mentiras gays
cosmic dwarf on Mentiras gays
Marcus Seixas on Da escuridão para a luz
Maurício J. Melo on Da escuridão para a luz
Maurício J. Melo on Mentiras gays
Richard Feynman on Mentiras gays
carlosoliveira on Mentiras gays
carlosoliveira on Mentiras gays
Maurício J. Melo on A mudança constante da narrativa
Mateus Duarte on Mentiras gays
Richard Feynman on Nem votos nem balas
Richard Feynman on Nem votos nem balas
Richard Feynman on O que deve ser feito
Fabricia on O que deve ser feito
Maurício J. Melo on Moderados versus radicais
Richard Feynman on Moderados versus radicais
Richard Feynman on As crianças do comunismo
felipecojeda@gmail.com on O sacrifício monumental de Novak Djokovic
Matos_Rodrigues on As crianças do comunismo
Matos_Rodrigues on As crianças do comunismo
Maurício J. Melo on As crianças do comunismo
Richard Feynman on É o fim das doses de reforço
Maurício J. Melo on É o fim das doses de reforço
felipecojeda@gmail.com on É o fim das doses de reforço
Kletos Kassaki on É o fim das doses de reforço
Maurício J. Melo on Rothbard e as escolhas imorais
Maurício J. Melo on A apartação dos não-vacinados
Maurício J. Melo on A apartação dos não-vacinados
Yuri Castilho Wermelinger on Como retomar nossa liberdade em 2022
Marcus Seixas on Uma sociedade conformada
Maurício J. Melo on Abaixo da superfície
Robertodbarros on Abaixo da superfície
Richard Feynman on Anarquismo cristão
Maurício J. Melo on Anarquismo cristão
Quebrada libertaria on Anarquismo cristão
gfaleck@hotmail.com on Anarquismo cristão
Maurício J. Melo on Fauci: o Dr. Mengele americano
Maurício J. Melo on O homem esquecido
Filodóxo on O custo do Iluminismo
Maurício J. Melo on Contra a Esquerda
RF3L1X on Contra a Esquerda
RF3L1X on Contra a Esquerda
Robertodbarros on Uma pandemia dos vacinados
Robertodbarros on Uma pandemia dos vacinados
Maurício J. Melo on A questão do aborto
Pedro Lucas on A questão do aborto
Pedro Lucas on A questão do aborto
Pedro Lucas on A questão do aborto
Pedro Lucas on A questão do aborto
Maurício J. Melo on Hugh Akston = Human Action?
Richard Feynman on Corrupção legalizada
Principalsuspeito on Corrupção legalizada
Maurício J. Melo on Hoppefobia
Maurício J. Melo on Hoppefobia
Richard Feynman on O que a economia não é
Richard Feynman on O que a economia não é
Maurício J. Melo on O que a economia não é
Richard Feynman on O que a economia não é
Douglas Volcato on O Mito da Defesa Nacional
Douglas Volcato on Economia, Sociedade & História
Canal Amplo Espectro Reflexoes on A Cingapura sozinha acaba com a narrativa covidiana
Daniel Vitor Gomes on Hayek e o Prêmio Nobel
Maurício J. Melo on Hayek e o Prêmio Nobel
Maurício J. Melo on Democracia e faits accomplis
Gilciclista on DECLARAÇÃO DE MÉDICOS
Gael I. Ritli on O inimigo é sempre o estado
Maurício J. Melo on Claro que eu sou um libertário
Maurício J. Melo on DECLARAÇÃO DE MÉDICOS
Maurício J. Melo on Donuts e circo
Maurício J. Melo on Um libertarianismo rothbardiano
Daniel Vitor Gomes on O mito da “reforma” tributária
Daniel Vitor Gomes on Populismo de direita
Daniel Vitor Gomes on Os “direitos” dos animais
Daniel Vitor Gomes on Os “direitos” dos animais
Maurício J. Melo on A verdade sobre fake news
Hemorroida Incandescente do Barroso on Socialismo – Uma análise econômica e sociológica
Richard Feynman on Nem votos nem balas
Maurício J. Melo on Nem votos nem balas
Richard Feynman on Nem votos nem balas
Richard Feynman on A lei moral contra a tirania
Maurício J. Melo on A ética da liberdade
cosmic dwarf on O Império contra-ataca
peridot 2f5l cut-5gx on Nacionalismo e Secessão
Maurício J. Melo on Nacionalismo e Secessão
The Schofield County on O catolicismo e o austrolibertarianismo
The Schofield County on O catolicismo e o austrolibertarianismo
pauloartur1991 on O Mito da Defesa Nacional
Cadmiel Estillac Pimentel on A teoria subjetivista do valor é ideológica?
Maurício J. Melo on Anarcocapitalismo e nacionalismo
Maurício J. Melo on A pobreza: causas e implicações
Richard Feynman on O inimigo é sempre o estado
Robertodbarros on Como o Texas matou o Covid
cosmic dwarf on Como o Texas matou o Covid
ApenasUmInfiltradonoEstado on Cientificismo, o pai das constituições
Paulo Marcelo on A ascensão do Bitcoin
Robertodbarros on O inimigo é sempre o estado
Maurício J. Melo on O inimigo é sempre o estado
Fernando Chiocca on O inimigo é sempre o estado
Robertodbarros on O inimigo é sempre o estado
Maurício J. Melo on O inimigo é sempre o estado
Rafael Henrique Rodrigues Alves on Criptomoedas, Hayek e o fim do papel moeda
Richard Feynman on Que mundo louco
Maurício J. Melo on Que mundo louco
gabriel9891 on Os perigos das máscaras
Will Peter on Os perigos das máscaras
Fernando Chiocca on Os perigos das máscaras
guilherme allan on Os perigos das máscaras
Juliano Arantes de Andrade on Não existe “seguir a ciência”
Maurício J. Melo on Mises sobre secessão
Fernando Chiocca on O velho partido novo
Maurício J. Melo on O velho partido novo
Richard Feynman on O velho partido novo
Maurício J. Melo on Não temas
Claudio Souza on Brasil, tira tua máscara!
Maurício J. Melo on Por que imposto é roubo
Yuri Castilho Wermelinger on A felicidade é essencial
Yuri Castilho Wermelinger on Como se deve viver?
Yuri Castilho Wermelinger on Como se deve viver?
Yuri Castilho Wermelinger on Por que o jornalismo econômico é tão ruim?
Yuri Castilho Wermelinger on Por que o jornalismo econômico é tão ruim?
Maurício J. Melo on Como se deve viver?
Yuri Castilho Wermelinger on Harmonia de classes, não guerra de classes
Yuri Castilho Wermelinger on Meu empregador exige máscara, e agora?
Yuri Castilho Wermelinger on O aniversário de 1 ano da quarentena
Maurício J. Melo on Em defesa do Paleolibertarianismo
Maurício J. Melo on O cavalo de Troia da concorrência
Maurício J. Melo on A Era Progressista e a Família
Rômulo Eduardo on A Era Progressista e a Família
Yuri Castilho Wermelinger on Quem controla e mantém o estado moderno?
Richard Feynman on Por que Rothbard perdura
Mauricio J. Melo on O mito do “poder econômico”
Mauricio J. Melo on O mito do “poder econômico”
Yuri Castilho Wermelinger on O mito do “poder econômico”
Yuri Castilho Wermelinger on O mito do “poder econômico”
Yuri Castilho Wermelinger on Manipulação em massa – Como funciona
Yuri Castilho Wermelinger on Coca-Cola, favoritismo e guerra às drogas
Mauricio J. Melo on Justiça injusta
Yuri Castilho Wermelinger on Coca-Cola, favoritismo e guerra às drogas
Richard Feynman on A grande fraude da vacina
Yuri Castilho Wermelinger on Hoppefobia
Mauricio J. Melo on Hoppefobia
Yuri Castilho Wermelinger on Máscara, moeda, estado e a estupidez humana
Joaquim Saad de Carvalho on Máscara, moeda, estado e a estupidez humana
Marcos Vasconcelos Kretschmer on Economia em 15 minutos
Mauricio J. Melo on Mises contra Marx
Zeli Teixeira de Carvalho Filho on A deplorável ascensão dos idiotas úteis
Joaquim Alberto Vasconcellos on A deplorável ascensão dos idiotas úteis
A Vitória Eugênia de Araújo Bastos on A deplorável ascensão dos idiotas úteis
RAFAEL BORTOLI DEBARBA on A farsa sobre Abraham Lincoln
Maurício J. Melo on A farsa sobre Abraham Lincoln
charles santos da silva on Hoppe sobre como lidar com o Corona 
Luciano Gomes de Carvalho Pereira on Bem-vindo a 2021, a era da pós-persuasão!
Luciano Gomes de Carvalho Pereira on Bem-vindo a 2021, a era da pós-persuasão!
Rafael Rodrigo Pacheco da Silva on Afinal, qual é a desse “Grande Reinício”?
RAFAEL BORTOLI DEBARBA on A deplorável ascensão dos idiotas úteis
Wendel Kaíque Padilha on A deplorável ascensão dos idiotas úteis
Marcius Santos on O Caminho da Servidão
Maurício J. Melo on A gênese do estado
Maurício J. Melo on 20 coisas que 2020 me ensinou
Kletos on Mostrar respeito?
Juliano Oliveira on 20 coisas que 2020 me ensinou
maria cleonice cardoso da silva on Aliança Mundial de Médicos: “Não há Pandemia.”
Regina Cassia Ferreira de Araújo on Aliança Mundial de Médicos: “Não há Pandemia.”
Alex Barbosa on Brasil, tira tua máscara!
Regina Lúcia Allemand Mancebo on Brasil, tira tua máscara!
Marcelo Corrêa Merlo Pantuzza on Aliança Mundial de Médicos: “Não há Pandemia.”
A Vitória Eugênia de Araújo Bastos on A maior fraude já perpetrada contra um público desavisado
Kletos on Salvando Vidas
Maurício J. Melo on As lições econômicas de Belém
RAFAEL BORTOLI DEBARBA on O futuro que os planejadores nos reservam
Fernando Chiocca on Os “direitos” dos animais
Maurício J. Melo on O mito da Constituição
Maurício J. Melo on Os alemães estão de volta!
Tadeu de Barcelos Ferreira on Não existe vacina contra tirania
Maurício J. Melo on Em defesa do idealismo radical
Maurício J. Melo on Em defesa do idealismo radical
RAFAEL RODRIGO PACHECO DA SILVA on A incoerência intelectual do Conservadorismo
Thaynan Paulo Fernandes Bezerra de Mendonça on Liberdade através do voto?
Maurício J. Melo on Liberdade através do voto?
Maurício J. Melo on Políticos são todos iguais
Fernando Chiocca on Políticos são todos iguais
Vitor_Woz on Por que paleo?
Maurício Barbosa on Políticos são todos iguais
Maurício J. Melo on Votar é burrice
Graciano on Votar é burrice
Maurício J. Melo on Socialismo é escravidão (e pior)
Raissa on Gaslighting global
Maurício J. Melo on Gaslighting global
Maurício J. Melo on O ano dos disfarces
Maurício J. Melo on O culto covidiano
Graciano on O ano dos disfarces
Johana Klotz on O culto covidiano
Graciano on O culto covidiano
Fernando Chiocca on O culto covidiano
Mateus on O culto covidiano
Leonardo Ferraz on O canto de sereia do Estado
Maurício J. Melo on Quarentena: o novo totalitarismo
Maurício J. Melo on Por que o Estado existe?  
Fernando Chiocca on I. Um libertário realista
Luis Ritta on O roubo do TikTok
Maurício J. Melo on Síndrome de Melbourne
Maurício J. Melo on Porta de entrada
Joaquim Saad on Porta de entrada
Kletos Kassaki on No caminho do estado servil
Maurício de Souza Amaro on Aviso sobre o perigo de máscaras!
Joaquim Saad on Justiça injusta
Maurício de Souza Amaro on Aviso sobre o perigo de máscaras!
RAFAEL BORTOLI DEBARBA on No caminho do estado servil
Maurício J. Melo on Mises e Rothbard sobre democracia
Bruno Silva on Justiça injusta
Alberto Soares on O efeito placebo das máscaras
Bovino Revoltado on O medo é um monstro viral
Austríaco Iniciante on O medo é um monstro viral
Fernando Chiocca on A ética dos Lambedores de Botas
Matheus Alexandre on Opositores da quarentena, uni-vos
Maria Luiza Rivero on Opositores da quarentena, uni-vos
Rafael Bortoli Debarba on #SomosTodosDesembargardor
Ciro Mendonça da Conceição on Da quarentena ao Grande Reinício
Henrique Davi on O preço do tempo
Manoel Castro on #SomosTodosDesembargardor
Felipe L. on Por que não irei usar
Eduardo Perovano Santana on Prezados humanos: Máscaras não funcionam
Maurício J. Melo on Por que não irei usar
Pedro Antônio do Nascimento Netto on Prefácio do livro “Uma breve história do homem”
Joaquim Saad on Por que não irei usar
Matheus Alexandre on Por que não irei usar
Fernando Chiocca on Por que não irei usar
Fernando Chiocca on Por que não irei usar
Daniel Brandao on Por que não irei usar
LEANDRO FERNANDES on Os problemas da inflação
Luciana de Ascenção on Aviso sobre o perigo de máscaras!
Manoel Graciano on Preservem a inteligência!
Manoel Graciano on As lições do COVID-19
Manoel Graciano on Qual partido disse isso?
Manoel Graciano on Ambientalismo e Livre-Mercado
Abacate Libertário on O Ambientalista Libertário
Douglas Volcato on Uma defesa da Lei Natural
Joaquim Saad on Uma defesa da Lei Natural
Douglas Volcato on O Rio e o Velho Oeste
Ernesto Wenth Filho on Nietzsche, Pandemia e Libertarianismo
LAERCIO PEREIRA on Doença é a saúde do estado
Maurício J. Melo on Doença é a saúde do estado
José Carlos Andrade on Idade Média: uma análise libertária
Wellington Silveira Tejo on Cientificismo, o pai das constituições
Barbieri on O Gulag Sanitário
filipi rodrigues dos santos on O coletivismo implícito do minarquismo
filipi rodrigues dos santos on O coletivismo implícito do minarquismo
Kletos Kassaki on O Gulag Sanitário
Paulo Alberto Bezerra de Queiroz on Por que Bolsonaro se recusa a fechar a economia?
Privacidade on O Gulag Sanitário
Jothaeff Treisveizs on A Lei
Fernando Chiocca on É mentira
Renato Batista Sant'Ana on É mentira
Vanessa Marques on Sem produção não há renda
Anderson Lima Canella on Religião e libertarianismo
edersonxavierx@gmail.com on Sem produção não há renda
Mauricio Barbosa on Sem produção não há renda
Eduardo on Poder e Mercado
Valéria Affonso on Vocês foram enganados
JOAO B M ZABOT on Serviços não essenciais
Marcelino Mendes Cardoso on Vocês foram enganados
Jay Markus on Vocês foram enganados
Caio Rodrigues on Vocês foram enganados
Fernando Chiocca on Vocês foram enganados
João Rios on Vocês foram enganados
Sebastião on Vocês foram enganados
Alexandre Moreira Bolzani on Vocês foram enganados
João Victor Deusdará Banci on Uma crise é uma coisa terrível de se desperdiçar
João Victor Deusdará Banci on Mises, Hayek e a solução dos problemas ambientais
José Carlos Andrade on Banco Central é socialismo
thinklbs on O teste Hitler
Daniel Martinelli on Quem matou Jesus Cristo?
Vinicius Gabriel Tanaka de Holanda Cavalcanti on O que é a inflação?
Maurício J. Melo on Quem matou Jesus Cristo?
Edivaldo Júnior on Matemática básica do crime
Fernando Schwambach on Matemática básica do crime
Carloso on O PISA é inútil
Vítor Cruz on A origem do dinheiro
Maurício José Melo on Para entender o libertarianismo direito
LUIZ EDMUNDO DE OLIVEIRA MORAES on União Europeia: uma perversidade econômica e moral
Fernando Chiocca on À favor das cotas racistas
Ricardo on Imposto sobre o sol
vastolorde on Imposto sobre o sol
Max Táoli on Pobres de Esquerda
Joaquim Saad on Imposto sobre o sol
Fernando Chiocca on A ética da polícia
Paulo José Carlos Alexandre on Rothbard estava certo
Paulo José Carlos Alexandre on Rothbard estava certo
Paulo Alberto Bezerra de Queiroz Magalhães on Como consegui ser um policial libertário por 3 anos
fabio bronzeli pie on Libertarianismo Popular Brasileiro
João Pedro Nachbar on Socialismo e Política
SERGIO MOURA on O PISA é inútil
Jemuel on O PISA é inútil
Mariahelenasaad@gmail.com on O PISA é inútil
Yuri CW on O PISA é inútil
Rodrigo on Contra a esquerda
José Carlos Andrade on A maldade singular da esquerda
Lucas Andrade on À favor das cotas racistas
DouglasVolcato on À favor das cotas racistas
Fernando Chiocca on À favor das cotas racistas
TEFISCHER SOARES on À favor das cotas racistas
Natan R Paiva on À favor das cotas racistas
Joaquim Saad on À favor das cotas racistas
Caio Henrique Arruda on À favor das cotas racistas
Guilherme Nunes Amaral dos Santos on À favor das cotas racistas
GUSTAVO MORENO DE CAMPOS on A arma de fogo é a civilização
Samuel Isidoro dos Santos Júnior on Hoppefobia
Edmilson Moraes on O toque de Midas dos parasitas
Mauro Horst on Teoria do caos
Fernando Chiocca on Anarquia na Somália
liberotário on Anarquia na Somália
Rafael Bortoli Debarba on O teste Hitler
Lil Ancap on Por que eu não voto
Matheus Martins on A origem do dinheiro
OSWALDO C. B. JUNIOR on Se beber, dirija?
Jeferson Caetano on O teste Hitler
Rafael Bortoli Debarba on O teste Hitler
Rafael Bortoli Debarba on Nota sobre a alteração de nome
Alfredo Alves Chilembelembe Seyungo on A verdadeira face de Nelson Mandela
Nilo Francisco Pereira netto on Socialismo à brasileira, em números
Henrique on O custo do Iluminismo
Fernando Chiocca on Mises explica a guerra às drogas
Rafael Pinheiro on Iguais só em teoria
Rafael Bortoli Debarba on A origem do dinheiro
João Lucas on A anatomia do Estado
Fernando Chiocca on Simplificando o Homeschooling
Guilherme Silveira on O manifesto ambiental libertário
Fernando Chiocca on Entrevista com Miguel Anxo Bastos
DAVID FERREIRA DINIZ on Política é violência
Fernando Chiocca on A possibilidade da anarquia
Guilherme Campos Salles on O custo do Iluminismo
Eduardo Hendrikson Bilda on O custo do Iluminismo
Daniel on MÚSICA ANCAP BR
Wanderley Gomes on Privatize tudo
Joaquim Saad on O ‘progresso’ de Pinker
Cadu Pereira on A questão do aborto
Daniel on Poder e Mercado
Neliton Streppel on A Lei
Erick Trauevein Otoni on Bitcoin – a moeda na era digital
Skeptic on Genericídio
Fernando Chiocca on Genericídio
Antonio Nunes Rocha on Lord Keynes e a Lei de Say
Skeptic on Genericídio
Elias Conceição dos santos on O McDonald’s como o paradigma do progresso
Ignacio Ito on Política é violência
ANCAPISTA on Socialismo e Política
Élber de Almeida Siqueira on O argumento libertário contra a Lei Rouanet
ANTONIO CESAR RODRIGUES ALMENDRA on O Feminismo e o declínio da felicidade das mulheres
Neta das bruxas que nao conseguiram queimar on O Feminismo e o declínio da felicidade das mulheres
Jonathan Silva on Teoria do caos
Fernando Chiocca on Os “direitos” dos animais
Gabriel Peres Bernes on Os “direitos” dos animais
Paulo Monteiro Sampaio Paulo on Teoria do caos
Mídia Insana on O modelo de Ruanda
Fernando Chiocca on Lei Privada
Joaquim Saad on Repensando Churchill
Helton K on Repensando Churchill
PETRVS ENRICVS on Amadurecendo com Murray
DANIEL UMISEDO on Um Livre Mercado em 30 Dias
Joaquim Saad on A verdade sobre fake news
Klauber Gabriel Souza de Oliveira on A verdadeira face de Nelson Mandela
Jean Carlo Vieira on Votar deveria ser proibido
Fernando Chiocca on A verdade sobre fake news
Lucas Barbosa on A verdade sobre fake news
Fernando Chiocca on A verdade sobre fake news
Arthur Clemente on O bem caminha armado
Fernando Chiocca on A falácia da Curva de Laffer
MARCELLO FERREIRA LEAO on A falácia da Curva de Laffer
Gabriel Ramos Valadares on O bem caminha armado
Maurício on O bem caminha armado
Rafael Andrade on O bem caminha armado
Raimundo Almeida on Teoria do caos
Vanderlei Nogueira on Imposto = Roubo
Vinicius on O velho partido novo
Mauricio on O mito Hiroshima
Lorhan Mendes Aniceto on O princípio da secessão
Ignacio Ito on O princípio da secessão
Matheus Almeida on A questão do aborto
Ignacio Ito on Imposto = Roubo
Hans Hoppe on Imposto = Roubo
Jonas Coelho Nunes on Mises e a família
Giovanni on A questão do aborto
Jan Janosh Ravid on A falácia da Curva de Laffer
Satoshi Rothbard on Por que as pessoas não entendem?
Fernando Chiocca on A agressão “legalizada”
Mateus Duarte on A agressão “legalizada”
Fernando Dutra on A ética da liberdade
Augusto Cesar Androlage de Almeida on O trabalhismo de Vargas: tragédia do Brasil
Fernando Chiocca on Como uma Economia Cresce
Hélio Fontenele on Como uma Economia Cresce
Grégoire Demets on A Mentalidade Anticapitalista
FILIPE OLEGÁRIO DE CARVALHO on Mente, Materialismo e o destino do Homem
Wallace Nascimento on A economia dos ovos de Páscoa
Vinicius Gabriel Tanaka de Holanda Cavalcanti on A economia dos ovos de Páscoa
Eugni Rangel Fischer on A economia dos ovos de Páscoa
Cristiano Firmino on As Corporações e a Esquerda
Luciano Pavarotti on Imposto é roubo
Luciano Pavarotti on As Corporações e a Esquerda
Leandro Anevérgetes on Fascismo: uma aflição bipartidária
FELIPE FERREIRA CARDOSO on Os verdadeiros campeões das Olimpíadas
mateus on Privatize tudo
victor barreto on O que é a inflação?
Fábio Araújo on Imposto é roubo
Henrique Meirelles on A falácia da Curva de Laffer
Paulo Filipe Ferreira Cabral on A falácia da Curva de Laffer
sephora sá on A pena de morte
Ninguem Apenas on A falácia da Curva de Laffer
UserMaster on O que é a inflação?
Pedro Enrique Beruto on O que é a inflação?
Matheus Victor on Socialismo e Política
Rafael on Por que paleo?
vanderlei nogueira on Sociedade sem estado
vanderlei nogueira on Independência de Brasília ou morte
vanderlei nogueira on Independência de Brasília ou morte
Fernando Chiocca on Por que paleo?
Esdras Donglares on Por que paleo?
Fernando Chiocca on A Amazônia é nossa?
Fernando Chiocca on A Amazônia é nossa?
Margareth on A Amazônia é nossa?
André Lima on A questão do aborto
Fernando Chiocca on Socialismo e Política
André Manzaro on Por que paleo?
Markut on O mito Hiroshima
Eduardo César on Por que paleo?
Thiago Ferreira de Araujo on Porque eles odeiam Rothbard
mauricio barbosa on Capitalismo bolchevique
Vinicius Gabriel Tanaka de Holanda Cavalcanti on Uma agência assassina
rodrigo nunes on Sociedade sem estado
Fernando Chiocca on A natureza interior do governo
Marcello Perez Marques de Azevedo on Porque eles odeiam Rothbard
Virgílio Marques on Sociedade sem estado
Vinicius Gabriel Tanaka de Holanda Cavalcanti on O que é a inflação?
Fernando Chiocca on A ética da liberdade
Fernando Chiocca on Os “direitos” dos animais
Rafael Andrade on Por que imposto é roubo
Joseli Zonta on O presente do Natal
Ana Fernanda Castellano on Liberalismo Clássico Vs Anarcocapitalismo
Luciano Takaki on Privatizar por quê?
joão bosco v de souza on Privatizar por quê?
saoPaulo on A questão do aborto
joão bosco v de souza on Sociedade sem estado
Luciano Takaki on Sociedade sem estado
Luciano Takaki on Privatizar por quê?
joão bosco v de souza on Sociedade sem estado
joão bosco v de souza on Privatizar por quê?
Júnio Paschoal on Hoppefobia
Sem nomem on A anatomia do estado
Fernando Chiocca on Teoria do caos
RAFAEL SERGIO on Teoria do caos
Luciano Takaki on A questão do aborto
Bruno Cavalcante on Teoria do caos
Douglas Fernandes Dos Santos on Revivendo o Ocidente
Hélio do Amaral on O velho partido novo
Rafael Andrade on Populismo de direita
Fernando Chiocca on Votar deveria ser proibido
Thiago Leite Costa Valente on A revolução de Carl Menger
mauricio barbosa on O mito do socialismo democrático
Felipe Galves Duarte on Cuidado com as Armadilhas Kafkianas
mauricio barbosa on A escolha do campo de batalha
Leonardo da cruz reno on A posição de Mises sobre a secessão
Votin Habbar on O Caminho da Servidão
Luigi Carlo Favaro on A falácia do valor intrínseco
Bruno Cavalcante on Hoppefobia
Wellington Pablo F. on Pelo direito de dirigir alcoolizado
ANONIMO on Votos e Balas
Marcos Martinelli on Como funciona a burocracia estatal
Bruno Cavalcante on A verdade, completa e inegável
Aristeu Pardini on Entenda o marxismo em um minuto
Fernando Chiocca on O velho partido novo
Enderson Correa Bahia on O velho partido novo
Eder de Oliveira on A arma de fogo é a civilização
Fernando Chiocca on A arma de fogo é a civilização
Heider Leão on Votar é uma grande piada
Leo Lana on O velho partido novo
Fernando Chiocca on O mito do império da lei
gustavo ortenzi on O mito do império da lei
Douglas Fernandes Dos Santos on Democracia – o deus que falhou
mauricio barbosa on INSS e a ilusão de seguridade
mauricio barbosa on Justiça e direito de propriedade
Josias de Paula Jr. on Independência de Brasília ou morte
Bruno Cavalcante on Democracia – o deus que falhou
paulistana on IMB sob nova direção
Alexandre on IMB sob nova direção