O intelectual progressista enxerga o capitalismo como o pior de todos os males. Ele afirma que a humanidade era mais feliz antigamente. Entretanto, como afirma um historiador britânico, a revolução industrial “veio como guerra ou praga” para as pessoas. A “burguesia” transformou abundância em escassez. Alguns magnatas aproveitaram todos os luxos. Segundo Marx, o trabalhador “afunda cada vez mais” porque a burguesia “é incompetente em garantir uma mínima existência ao escravo em sua escravidão.”
Ainda mais grave são os efeitos intelectuais e morais do sistema de produção capitalista. Os progressistas acreditam que existe apenas uma maneira de libertar a humanidade da miséria e da degradação produzidas pelo laissez-faire e o individualismo severo: adotar o planejamento central, sistema que os russos estão experimentando com sucesso. É verdade que os resultados obtidos ainda não são satisfatórios. Mas essas insuficiências são causadas por condições específicas da Rússia. O Ocidente vai se desviar das armadilhas russas e aceitar o Estado de Bem-Estar Social sem as características meramente acidentais que o descaracterizaram tanto na Rússia quanto na Alemanha de Hitler.
Essa é a filosofia aplicada na maioria das escolas de hoje, propagada nos livros e nas novelas. É essa a doutrina que guia as ações de quase todos os governos atuais. O norte-americano progressista sente vergonha do chamado retardo social em seu país. Ele acredita que os Estados Unidos têm o dever de subsidiar abundantemente os governos socialistas estrangeiros para garantir que eles sigam com seus desastrosos planos governamentais. Em sua visão, os verdadeiros inimigos do povo norte-americano são as grandes empresas, exatamente isso, as empresas que garantem ao cidadão comum o melhor padrão de vida atingido na história. Ele apoia cada passo dado na direção ao controle total tanto das empresas como do progresso. Ele caluniosamente acusa aqueles que alertam sobre os efeitos perversos do desperdício, gastos deficitários e desapropriação de capital como reacionários, monarcas econômicos e fascistas. Ele nunca menciona os produtos novos ou melhorados que as empresas tornaram acessíveis às massas em quase todos os anos. Mas ele vai ao delírio com as conquistas bastante questionáveis do Tennessee Valley Authority, as diferenças que são corrigidas coletando impostos das grandes empresas.
Os propagadores mais apaixonados dessa ideologia são encontrados nas universidades de história, ciências políticas, sociologia e literatura. Os professores desses departamentos aproveitam a vantagem referindo-se aos assuntos econômicos sem nenhuma familiaridade. Isso é especialmente agravante no caso dos historiadores. A história dos últimos 200 anos é tratada de forma escandalosa. Apenas recentemente, eruditos conhecidos começaram a desmascarar as falácias grosseiras de Lujo Brentano, Webbs, Hammonds, Tawney, Arnold Toynbee, Elie Halévy, Beards e outros autores. Na última reunião da Mont Pèlerin Society, o ocupante da cadeira de história econômica da London School of Economics, professor T.S. Ashton, apresentou um artigo mostrando que a visão comumente aceita da evolução econômica do século XIX “não é estudada e aplicada por qualquer consenso econômico’’. Os historiadores deturparam os fatos quando inventaram a lenda de que “a forma mais comum de organização no capitalismo, a fábrica, surgiu a partir das demandas, não das pessoas comuns, mas dos ricos e dos governantes.”
A verdade é que a principal característica do capitalismo era (e ainda é) a produção em massa para atender às necessidades da população. Sempre que as fábricas com seus métodos de produção em massa por máquinas autônomas invadiam um novo ramo de produção, esse produto passava a ser mais barato. As fábricas voltaram a sua produção aos produtos mais caros e refinados apenas em um estágio posterior, quando a melhoria sem precedentes que tinham causado no padrão de vida das pessoas tornou razoável a aplicação de métodos de produção em escala também em produtos melhores. As grandes empresas atendem às necessidades de muitos; dependendo exclusivamente do consumo em massa. Na qualidade de consumidor o cidadão comum é soberano, sua decisão de comprar ou não comprar decide o destino das atividades empresariais. O “proletariado” é o famoso cliente que tem sempre razão.
O método mais popular de depreciar o capitalismo é torná-lo responsável por todas condições consideradas insatisfatórias. A tuberculose e a sífilis foram consideradas doenças capitalistas. A destituição de dezenas de milhões de pessoas em países como a Índia, que não adotaram o capitalismo, é culpa do próprio sistema. É triste o fato de que as pessoas tornem-se debilitadas na velhice e então morrem. Mas isso acontece não só para o vendedor, como também para os empregadores e não era menos trágico nas eras pré-capitalistas quanto é no capitalismo. Prostituição, alcoolismo e dependência de drogas são todas chamadas mudanças capitalistas. Sempre que as pessoas acusarem os delitos cometido pelos capitalistas, um professor sabido ou um artista sofisticado irá se referir aos altos rendimentos das estrelas de cinema, boxeadores e lutadores. Mas quem contribuiu mais para esses rendimentos: os milionários ou os “proletários?”
É preciso admitir que os piores excessos nessa propaganda não são cometidos por professores de economia, mas por professores de outras ciências sociais: jornalistas, escritores e, às vezes, até mesmo por ministros. Mas a fonte de todos os slogans desse fanatismo frenético é o ensinamento transmitido nas escolas de políticas econômicas “institucionalizadas”. Todos esses dogmas e falácias são rastreados até as doutrinas supostamente econômicas.
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Tradução de Daniel Navalon