InícioArtigosA diferença entre preço e custo - e como os impostos distorcem...

A diferença entre preço e custo – e como os impostos distorcem tudo

right_priceSupunha que você compre 1 litro de gasolina por $3.  Quanto esse 1 litro lhe custou?  Um sujeito mais apressado responderia: “Mas que pergunta tola, Williams.  É óbvio que ele me custou $3”.

É aí que você se engana, pois há uma diferença entre preço e custo.  Para entender por que preço e custo não são a mesma coisa, considere a seguinte situação.  Suponha que, na cidade em que você mora, você rotineiramente pague $15 por um corte de cabelo.  Agora imagine que você descubra que haja uma barbearia em uma cidade a 2 mil quilômetros de distância cujo preço cobrado por um serviço idêntico seja de apenas $5.  Você por acaso iria passar a cortar o cabelo nesta outra cidade?  Tenho certeza de que sua resposta é não, pois, embora o preço seja bem menor, o custo envolvido na operação é bem maior.

Podemos pensar no preço como sendo o dinheiro que é dado em troca de uma transferência de propriedade.  Quando você comprou o litro de gasolina, você simplesmente transferiu a propriedade de seus $3.  Quanto o litro de gasolina realmente lhe custou é outro assunto.  Uma maneira de determinar o custo de um galão de gasolina é se perguntar a si próprio qual foi o sacrifício que você teve de fazer para obter os $3 necessários para comprar a gasolina.

Suponha que seu salário anual seja de $75.000.  O total de impostos que você paga — o imposto de renda, o INSS, o IPVA, o IPTU e todos os impostos indiretos — chega a 35% do seu salário.  Isso significa que, para comprar o litro de gasolina de $3, você teve de ganhar o equivalente a $4,60 por hora para ter os $3 após os impostos.  Isso significa que um litro de gasolina, na realidade, custa para você um sacrifício de $4,60.

Mas a gasolina é menos custosa para você do que para uma pessoa rica — por exemplo, alguém que ganhe um salário anual de $500.000.  Esta pessoa paga uma alíquota de imposto de renda maior do que você (e, adicionalmente, não é desarrazoado imaginar que seus gastos com IPTU e IPVA também sejam maiores).  Sendo assim, ela tem de ganhar mais de $5 por hora para ter os mesmos $3 após os impostos.

Se tudo o que os impostos fizessem fosse ocultar estes custos embutidos em tudo o que compramos, seria bom demais; porém, os impostos geram outras formas mais insidiosas de destruição.  Suponha que eu queira contratar você para consertar meu computador.  Ter este serviço feito vale $200 para mim, e efetuar tal serviço vale $200 para você.  A transação ocorre porque nós temos esta coincidência de desejos, e porque voluntariamente concordamos que tal transação melhorará nossa situação.  Agora, suponha que o governo imponha uma alíquota de 30% de imposto de renda sobre o seu ganho.  Isso significa que, se você consertar meu computador, você não mais receberia $200 — que era o que valia para você fazer o serviço —, mas somente $140 após os impostos.  Você poderá dizer “Que se dane este serviço; ficar com minha família vale mais do que $140”.

No entanto, você ainda assim poderá se oferecer para fazer o serviço, mas só se eu lhe pagar $283.  Desta forma, sua renda após os impostos continuaria sendo de $200 — que é o que tal serviço vale para você.  Mas aí há um problema.  O serviço de reparação valia $200 para mim, e não $283.  Sendo assim, é minha vez de dizer “que se dane tudo isso; não vale a pena”.

Este exemplo simples demonstra que um dos efeitos dos impostos é o de destruir as transações — e, por conseguinte, os empregos e a renda.  Na mais branda das hipóteses, impostos encarecem o valor final para o consumidor e reduzem a renda total do trabalhador.

Mas políticos possuem uma visão de mundo que, no jargão dos economistas, é caracterizada por umaelasticidade zero.  Em outras palavras, eles são idiotas o suficiente para acreditar que as pessoas, após um aumento de impostos, irão se comportar exatamente como se comportariam caso não houvesse esses impostos, e que o único efeito de um imposto é o de aumentar a arrecadação do governo, sendo totalmente neutro para a economia.  Já uma análise mais lisonjeira diria que os políticos não são nada idiotas e sabem perfeitamente que suas medidas destroem transações — e, logo, emprego e renda —, mas não estão nem aí porque se importam apenas em aumentar as receitas do governo.

Fica então uma pergunta: você e eu, bem como todo o país, estaríamos em melhor situação se você consertasse meu computador e eu lhe pagasse $200 em dinheiro vivo e nós dois concordássemos em não declarar a transação para a Receita Federal?  A resposta é sim e não.  Sim, pois haveria mais transações, mais empregos e mais riqueza.  Não, pois seríamos tratados como criminosos caso os burocratas descobrissem nossa transação voluntária, e poderíamos ir para a cadeia.

Impostos são sagrados para políticos.  É com impostos que eles mantêm suas mordomias e é com impostos que eles distribuem agrados para a sua base eleitoral.  Os efeitos econômicos dos impostos sobre os reais trabalhadores são um fenômeno pra lá de secundário nos cálculos desta gente.

Walter E. Williams
Walter E. Williams
Walter Williams foi professor honorário de economia da George Mason University e autor de sete livros. Suas colunas semanais eram publicadas em mais de 140 jornais americanos.
RELATED ARTICLES

1 COMENTÁRIO

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Most Popular