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A Ciência Econômica e o Método Austríaco

5. A praxeologia e os fundamentos praxeológicos da epistemologia III

Esta explicação da resposta que Mises deu ao desafio de encontrar as fundamentações da ciência econômica é suficiente para satisfazer nossos propósitos aqui. Voltemo-nos agora ao meu segundo objetivo: a explanação do porquê e de como a praxeologia também fornece os fundamentos para a epistemologia. Mises estava ciente disto e estava convencido da grande importância que seu insight tinha para a filosofia racionalista. No entanto, Mises não tratou esta questão de uma forma sistemática. Existem apenas algumas poucas observação relativas a este problema, espalhadas ao longo de seu gigantesco acervo de escritos. Por esta razão, a partir deste ponto devo tentar desbravar novos caminhos.

Darei início a minha explanação introduzindo um segundo axioma a priori e esclarecendo sua relação com o axioma da ação. Este entendimento é a chave para solucionar nosso problema. O segundo axioma é conhecido por “a priori da argumentação”, que diz que os humanos são capazes de incorrer em uma argumentação e, portanto conhecem os significados de verdade e validade. [54] Assim como no caso do axioma da ação, este conhecimento não é derivado de observações: tudo que há para ser observado é um comportamento verbal e é necessária uma cognição refletiva prévia para interpretar este comportamento como argumentos significativos. E a validade deste axioma, do mesmo modo que a validade do axioma da ação, é irrefutável. É impossível alguém negar que é capaz de argumentar, pois a negação em si já seria um argumento. Na verdade, uma pessoa não seria nem capaz de dizer em pensamento “eu não tenho a capacidade de argumentar” para si mesma sem deste modo se autocontradizer. Uma pessoa não é capaz de argumentar que ela não é capaz de argumentar. E ninguém pode dizer que não sabe o que significa fazer a reivindicação da verdade ou validade de uma alegação sem reivindicar implicitamente que a negação desta proposição seja verdadeira.

Não é difícil perceber que os dois axiomas a priori-da ação e da argumentação-estão intimamente ligados. Por um lado, as ações são mais fundamentais que as argumentações, e é devido a sua existência que a idéia de validade pode surgir, ao passo que a argumentação é só uma sub-classe da ação. Por outro, argumentação se faz necessária para reconhecer estes fatos concernentes à ação e à argumentação e suas ligações mútuas. E, portanto, neste sentido, a argumentação deve ser considerada mais fundamental que a ação: sem argumentação não seria possível dizer que se sabe nada sobre a ação. Mas então, como é na argumentação que o insight é revelado, que-enquanto não poderíamos saber disto antes de alguma argumentação-na verdade, a possibilidade da argumentação pressupõe ação em que reivindicações de validade só podem ser explicitamente discutidas no curso de uma argumentação se os indivíduos envolvidos já souberem o que significa agir e tiverem conhecimento implícito na ação-tanto o significado de ação em geral quanto o da argumentação em particular devem ser considerados como cordas entrelaçadas logicamente necessárias ao conhecimento a priori.

Esta investigação acerca da inter-relação entre a a priori da ação e a a priori da argumentação sugere o seguinte: Tradicionalmente, a tarefa da epistemologia tem sido considerada a de formular o que pode ser entendido como verdadeiro a priori e também o que pode ser entendido a priori não ser a matéria do conhecimento a priori. Reconhecer, como acabamos de fazer, que reivindicações de conhecimento são feitas e decididas ao longo de uma argumentação, e que isto é inegável, torna possível restabelecer com maior precisão a tarefa da epistemologia como sendo a de formular aquelas proposições que são indiscutíveis argumentativamente, uma vez que suas validades já estão implícitas no próprio fato de se incorrer em uma argumentação e, portanto, não podem ser negadas argumentativamente; e também a tarefa de delimitar o alcance deste conhecimento a priori, separando-o do campo das proposições cujas validades não possam ser estabelecidas desta maneira, mas necessitam informações contingentes adicionais para serem validadas, ou que simplesmente não podem ser validadas e por isso não passam de meras afirmações metafísicas (no sentido pejorativo do termo metafísico).

Mas o que está implícito no próprio ato de argumentar? É a resposta a esta questão que é fornecida pela nossa investigação acerca das complexas interconexões entre a a priori da argumentação e a da ação: De um modo bem geral, não se pode negar argumentativamente que a argumentação pressupõe uma ação, e que argumentos, e o conhecimento incorporado a eles, pertencem aos agentes. E, mais especificamente, não é possível negar que o próprio conhecimento é uma categoria de ação; que a estrutura do conhecimento deve ser constrita pela função peculiar que o conhecimento desempenha no âmbito das categorias de ação; e que a existência destes limitantes estruturais nunca pode ser refutada por qualquer tipo de conhecimento.

É neste sentido que deve-se considerar que os insights contidos na praxeologia fornecem os fundamentos da epistemologia. O conhecimento pertence a uma categoria bem diferente daquelas que expliquei anteriormente-das de meios e fins. Tanto os fins que perseguimos com afinco através de nossas ações, quanto os meios que utilizamos para tentar alcançá-los, são valores escassos. Os valores que são atribuídos aos nossos objetivos são condicionados ao consumo, e são exterminados e destruídos no consumo, e, portanto devem ser novamente produzidos ad infinitum. E os meios utilizados também devem ser economizados. No entanto, o mesmo não procede em relação ao conhecimento-independente de alguém considerá-lo um meio ou um fim em si mesmo. Logicamente, o uso de meios escassos se faz necessário para se adquirir conhecimento-pelo menos do tempo e do próprio corpo. Porém, assim que o conhecimento é adquirido, ele deixa de ser escasso. Ele não pode ser consumido e os serviços que ele pode prestar como um meio não se exaurem. Uma vez adquirido, ele é um recurso inesgotável e incorpora um valor eterno, contanto que não seja simplesmente esquecido. [55] No entanto, o conhecimento não é um bem livre no mesmo sentido que o ar, em condições normais, é. Ao invés disso, ele é uma categoria de ação. Ele não é apenas um ingrediente mental usado em toda e qualquer ação. Mas o que é mais importante, bem diferente do ar, o conhecimento está sujeito a um processo de verificação, o que significa dizer que ele precisa provar que realiza uma função positiva para um agente dentro das limitações constantes da estrutura categórica das ações. É tarefa da epistemologia esclarecer quais são essas limitações e, desta forma, o que é possível se saber sobre a estrutura do conhecimento como tal.

Mesmo que o reconhecimento das limitações praxeológicas sobre a estrutura do conhecimento não seja por si só instantaneamente considerado de grande importância, ele sem dúvida possui algumas implicações extremamente importantes. Primeiramente, sob a luz deste insight, uma dificuldade recorrente da filosofia racionalista é superada. Uma crítica comum ao racionalismo da tradição Leibniz-Kant sempre foi a de que ele aparentemente implica em algum tipo de idealismo. Ao entender que as proposições verdadeiras a priori não podem ser derivadas de observações, o racionalismo responde a questão de como o conhecimento a priori pode ser obtido através da adoção do modelo de uma mente ativa, em contraste com o modelo empirista de uma passiva, da mente como um espelho na tradição de Locke e Hume. De acordo com a filosofia racionalista, as proposições verdadeiras a priori estavam fundamentadas na operação dos princípios do pensamento, que não poderiam ser concebidos operando de outra forma; elas estavam baseadas nas categorias de uma mente ativa. Neste momento, como os empiristas faziam questão de mostrar, a crítica óbvia a esta posição é, que se fosse este o caso, não seria possível explicar porque estas categorias mentais deveriam se conformar com a realidade. Além disso, seríamos obrigados a aceitar a absurda suposição idealística de que a realidade teria que ser considerada uma criação da mente, para assim poder afirmar que o conhecimento a priori poderia incorporar alguma informação sobre a estrutura da realidade. E evidentemente, uma declaração como esta parece ser justificada quando nos deparamos com declarações programáticas dos filósofos racionalistas como a seguinte declaração de Kant: “Até o presente momento foi assumido que nosso conhecimento tinha que se conformar com a realidade”, ao invés disto deveria ser assumido “que a realidade observável deveria se conformar com nossa mente”. [56]

A resposta a esta acusação é fornecida através do reconhecimento do fato de que o conhecimento é limitado estruturalmente pelo seu papel no sistema das categorias de ação. Pois assim que isto é entendido, todas as sugestões idealísticas da filosofia racionalista desaparecem, e no lugar delas uma epistemologia que reivindica que proposições verdadeiras a priori existem, passa a ser uma epistemologia realística. Entendido como sendo limitado por categorias de ação, o abismo aparentemente intransponível entre o mental de um lado e o real, o mundo físico exterior, do outro lado, é superado. Limitado desta forma, o conhecimento a priori deve ser algo tão mental quanto uma reflexão da estrutura da realidade, uma vez que é somente através de ações que a mente entra em contato com a realidade, por assim dizer. O ato de agir é um ajuste guiado cognitivamente de um corpo físico na realidade física. E assim, não pode haver nenhuma dúvida de que o conhecimento a priori, concebido como um insight sobre os limitantes estruturais impostos ao conhecimento qua conhecimento dos agentes, deve de fato corresponder à natureza das coisas. O caráter realista deste conhecimento estaria evidente por si só não apenas pelo fato de que ninguém poderiaconceber que fosse de outra maneira, mas pelo fato de que ninguém poderia revogar sua verdade.

Ainda há implicações mais específicas envolvidas no reconhecimento dos fundamentos praxeológicos da epistemologia-além da implicação geral de que ao substituir o modelo da mente de um agente através de meios de um corpo físico pelo modelo tradicional racionalista de uma mente ativa, o conhecimento a priori imediatamente se torna conhecimento realístico (na verdade tão realístico que pode ser entendido como literalmente impossível de não ser feito). Mais especificamente, sob a luz deste insight, aqueles infelizmente poucos filósofos racionalistas que-contrários ao Zeitgeist empirista-teimosamente sustentam em diversas frentes filosóficas que proposições verdadeiras a priori sobre o mundo real são possíveis, ganham um apoio decisivo. [57] Além disso, sob a luz do reconhecimento dos limitantes praxeológicos sobre a estrutura do conhecimento, estes diversos esforços racionalistas passam a ser sistematicamente integrados em um corpo unificado da filosofia racionalista.

Ao se entender explicitamente o conhecimento conforme mostrado na argumentação como uma categoria peculiar de ação, imediatamente fica claro porque a constante alegação racionalista de que as leis da lógica-começando pelas mais fundamentais, i.e., da lógica proposicional e das conjunções lógicas (“e”, “ou”, “se-então”) e quantificadores (“existe”, “todos”, “alguns”)-são proposições verdadeiras a priori sobre a realidade e não meras estipulações verbais relativas às regras de transformação de sinais arbitrariamente escolhidos, como os empiristas-formalistas teriam dito, está de fato correta. Elas são tanto leis do pensamento quanto leis da realidade, porque são leis que são fundamentalmente baseadas nas ações e não poderiam ser revogadas por nenhum agente. Em toda e qualquer ação, um agente identifica algumas situações específicas e as categorias de uma maneira, ao invés de outra, para ser capaz de fazer uma escolha. É isto que em última análise explica até a estrutura das proposições mais elementares (como “Sócrates é um homem”) compostas por um nome apropriado ou alguma expressão identificadora para a nomeação ou identificação de algo, e um predicado para afirmar ou negar alguma propriedade específica do objeto nomeado ou identificado; e o que explica os alicerces da lógica: as leis de identidade e contradição. E é esta característica universal da ação e escolha que também explica nosso entendimento das categorias “existe”, “todos” e, por implicação, “alguns”, assim como “e”, “ou”, “se-então” e “não”. [58] Logicamente, pode-se dizer que algo pode ser “A” e “não A” ao mesmo tempo, ou que “e” signifique isto ao invés de alguma outra coisa. Mas não se pode revogar a lei da contradição; e não se pode desfazer o significado real de “e”. Pois simplesmente em virtude de agir com um corpo físico num espaço físico, invariavelmente confirmamos a lei da contradição e invariavelmente demonstramos nosso conhecimento construtivo verdadeiro do significado de “e” e “ou”.

Semelhantemente, a razão fundamental pela qual a aritmética é uma disciplina a priori e ainda empírica, como os racionalistas sempre a conceberam, agora também se torna discernível. A ortodoxia empirista-formalista prevalecente considera a aritmética a manipulação de símbolos definidos arbitrariamente de acordo com regras de transformação estipuladas arbitrariamente, e, portanto, completamente destituída de qualquer significado empírico. Para esta visão, que evidentemente considera a aritmética uma grande brincadeira, por mais apurada que ela possa ser, a aplicabilidade bem sucedida da aritmética na física é um constrangimento intelectual. Na verdade, os empiristas-formalistas teriam que dizer simplesmente que este fato é um milagre. No entanto, fica claro que isto não é um milagre assim que o caráter praxeológico ou-usando a terminologia do filósofo-matemático racionalista mais notável, Paul Lorenzen e sua escola-o caráter operativo ou construtivista da aritmética é compreendido. A aritmética e sua qualidade de disciplina intelectual sintética-a priori baseia-se em nosso entendimento da repetição, da repetição da ação. Mais precisamente, ela depende de nosso entendimento do significado de “faça isso-e faça isso de novo, a partir do resultado atual”. E, portanto a aritmética lida com coisas reais: com unidades construídas ou construtivamente identificadas de alguma coisa. Ela demonstra quais relações são válidas entre estas unidades devido ao fato de que elas são construídas de acordo com a regra da repetição. Como Paul Lorenzen demonstrou em detalhes, hoje em dia nem tudo que é apresentado como sendo matemática pode ser construtivamente fundamentado-e estas partes deveriam então logicamente ser reconhecidas pelo que elas são: jogos simbólicos epistemologicamente inúteis. Mas todas as ferramentas matemáticas que são atualmente utilizadas pela física, i.e., as ferramentas da análise clássica, podem ser deduzidas construtivamente. Não se tratam de simbolismos empiricamente vazios, e sim proposições verdadeiras sobre a realidade. Se aplicam a todas as coisas, contanto que consistam de uma ou mais unidades distintas, e contanto que essas unidades sejam construídas ou identificadas como unidades através de um processo de “faça isso de novo, construa ou identifique outra unidade repetindo a operação anterior”. [59] Novamente, pode-se dizer, logicamente, que 2 mais 2 de vez em quando é 4, mas algumas vezes é 2 ou 5 unidades, e na realidade observável, para leões mais cabritos ou para coelhos, isso até pode ser verdade, [60] porém na realidade da ação, ao identificar e construir estas unidades em operações repetitivas, o fato de que 2 mais 2 não pode ser nada além de 4 não poderia ser refutado jamais.

Além disso, a antiga alegação racionalista de que a geometria, ou melhor, a geometria Euclidiana é a priori e ainda incorpora conhecimento empírico sobre o espaço, também ganha suporte, como resultado de nosso insight sobre os limitantes praxeológicos do conhecimento. Desde a descoberta das geometrias não-Euclidianas e particularmente desde a teoria relativista da gravidade de Einstein, a postura prevalecente referente a geometria é novamente empirista e formalista. Ela considera a geometria ou como parte da física a posteriori empírica, ou como formalismos empiricamente sem significado. Todavia, considerar a geometria um mero jogo, ou que ela esteja eternamente sujeita a ser testada empiricamente, parece ser irreconciliável com o fato de que a geometria Euclidiana é a base da engenharia e da construção, e que ninguém nestas áreas nem remotamente considere que estas proposições sejam apenas hipoteticamente verdadeiras. [61] Reconhecer que o conhecimento é limitado praxeologicamente explica porque a visão empirista-formalista é incorreta e porque o sucesso empírico da geometria Euclidiana não é um mero acidente do acaso. O conhecimento espacial também está incluído no significado de ação. Ação é o uso de um corpo físico no espaço. Sem ação não poderia existir nenhum conhecimento de relações espaciais, e nenhuma mensuração. Mensuração é relacionar algo a uma escala. Sem escalas, não existe nenhuma mensuração; logo não existe mensuração que poderia refutar a escala. Evidentemente, a escala suprema deve ser fornecida pelas normas que fundamentam a construção de movimentos corporais no espaço e a construção de instrumentos de mensuração por meio do corpo de alguém de acordo com os princípios de construções espaciais incorporadas a ela. Novamente, como Paul Lorenzen particularmente explicou, não é nada mais nada menos do que a reconstrução das normas ideais que fundamentam nossa construção destas formas básicas homogêneas como pontos, linhas, planos e distâncias, que estão de uma maneira mais ou menos perfeita, porém sempre aperfeiçoável, incorporadas ou concretizadas até mesmo em nossos instrumentos de mensuração espacial mais primitivos, como a régua. Naturalmente, estas implicações normativas e normas não podem ser refutadas pelo resultado de nenhuma mensuração empírica. Pelo contrário, suas validades cognitivas são confirmadas pelo fato de que são elas que tornam mensurações físicas possíveis. Qualquer mensuração real deve pressupor de antemão a validade das normas que orientam a construção das escalas de mensuração. É neste sentido que a geometria é uma ciência a priori; e que simultaneamente ela deva ser considerada uma disciplina empiricamente significativa, porque ela não só é a própria pré-condição para toda descrição empírica espacial, ela é também a pré-condição para toda orientação ativa no espaço. [62]

Em vista do reconhecimento do caráter praxeológico do conhecimento, estes insights relativos à natureza da lógica, a aritmética e a geometria ficam integradas e incorporadas em um sistema de dualismo epistemológico. [63] A justificação definitiva desta posição dualista, i.e., a reivindicação de que existem dois campos de pesquisa intelectual que a priori podem ser entendidos como dois campos que exigem métodos de tratamento e análise categoricamente distintos, também se apóia na natureza praxeológica do conhecimento. Isto explica porque devemos fazer a distinção entre um campo de objetos que é categorizado de uma maneira causal e um campo que, em vez disso, é categorizado teleologicamente.

Ao longo de minha argumentação sobre a praxeologia eu já indiquei resumidamente que a causalidade é uma categoria da ação. A idéia de causalidade, de que existem causas eficientes intemporais, constantes que permitem que alguém projete observações passadas relativas a relação de eventos no futuro, é uma coisa que (conforme observa o empirismo a partir de Hume) não possui nenhuma base de observação. Uma pessoa não pode observar o elo de ligação entre observações. Mesmo se alguém pudesse, esta observação não provaria ser uma conexão intemporal. Ao invés disto, o princípio de causalidade deve ser entendido como implícito em nosso entendimento de ação enquanto uma interferência com o mundo observável, levada a cabo com a intenção de alterar o curso “natural” dos eventos a fim de produzir um estado de coisas diferente e preferível, i.e., de fazer com que aconteçam coisas que não aconteceriam de outra forma, e assim pressupõe a noção de eventos que são relacionados entre si através de causas eficientes intemporais. Um agente pode cometer erros relativos às suas suposições particulares sobre qual interferência prévia tenha produzido qual resultado posterior. Porém, bem sucedida ou não, toda ação, alterada ou inalterada devido a seu sucesso ou insucesso anterior, pressupõe que existem eventos constantemente conectados como tais, mesmo que nenhuma causa em particular para qualquer evento específico possa ser previamente conhecida por algum agente. Sem esta suposição seria impossível categorizar duas ou mais experiências observáveis que se refutassem ou se confirmassem ao invés de interpretá-las como eventos logicamente incomensuráveis. Apenas porque já se assume a existência de causas eficientes intemporais como tais que é possível encontrar ocorrências particulares de confirmação ou refutação de evidências observáveis, ou que é possível existir um agente capaz de aprender alguma coisa a partir de experiências passadas ao classificar suas ações como bem sucedidas e confirmando algum conhecimento anterior, ou mal sucedidas e refutando-o. É simplesmente através do ato de agir e de fazer distinção entre sucessos e fracassos que a validade a priori do princípio da causalidade é estabelecida; mesmo se tentassem, ninguém conseguiria refutar sua validade. [64]

Entendendo a causalidade desta forma, como uma pressuposição necessária a ação, também fica imediatamente implícito que seu campo de aplicabilidade deve ser delimitado a priori ao da categoria da teleologia. Na verdade, as duas categorias são estritamente exclusivas e complementares. Uma ação pressupõe uma realidade observável causalmente estruturada, porém a realidade da ação, a qual podemos entender que não requer esta estrutura, não é estruturada causalmente. Ao invés disso, é uma realidade que deve ser categorizada teleologicamente, como comportamento significativo direcionado para um propósito. Na verdade, a ideia de que existem duas áreas de fenômenos categoricamente diferentes não pode ser revogada e nem negada, uma vez que estas tentativas teriam que pressupor eventos relacionados causalmente enquanto ações que ocorrem dentro da realidade observável, bem como a existência de fenômenos relacionados intencionalmente, ao invés de causalmente, a fim de interpretar estes eventos observáveis com o propósito deles refutarem algo. Nem um monismo causal e nem um teleológico poderiam ser justificados sem incorrer em uma clara contradição: expressar fisicamente qualquer uma das posições, e reivindicar estar dizendo algo significativo ao fazê-lo, na verdade já fica justificada uma complementaridade indiscutível de ambas, um campo de fenômenos causais e teleológicos. [65]

Tudo aquilo que não é uma ação deve ser necessariamente categorizado causalmente. Não se pode saber nada a priori sobre este campo de fenômenos, exceto que ele é estruturado causalmente-e que ele é estruturado de acordo com as categorias da lógica de proposições, da aritmética e da geometria. [66] Tudo o mais que se pode saber sobre o campo dos fenômenos deve ser derivado a partir de observações contingentes e assim representam conhecimento a posteriori. Particularmente, todo conhecimento relativo a dois ou mais eventos observáveis específicos, sendo causalmente relacionados ou não, é um conhecimento a posteriori. Obviamente, o campo dos fenômenos descrito desta maneira coincide (mais ou menos) com o que é comumente considerado ser o campo das ciências naturais empíricas.

Em contrapartida, tudo que é uma ação deve ser categorizado teleologicamente. Este campo de fenômenos é limitado pelas leis da lógica e também da aritmética. Porém não é limitado pelas leis da geometria enquanto incorporadas em nossos instrumentos de medição da extensão espacial de objetos, porque não existem ações à parte de interpretações subjetivas de coisas observáveis; portanto elas devem ser identificadas pelo entendimento refletivo ao invés de por mensurações espaciais. E as ações também não são eventos conectados causalmente, mas eventos que são conectados significativamente dentro de uma estrutura categórica de meios e fins.

Não é possível saber a priori quais são ou serão os valores, escolhas e custos específicos de um agente. Isto iria cair totalmente na alçada do conhecimento empírico a posteriori. Na verdade, que ação específica um agente irá empreender iria depender de seu conhecimento relativo à realidade observável e/ou à realidade das ações de outros agentes. E seria notoriamente impossível conceber estas classes de conhecimento como possíveis de serem previstos baseando-se em causas eficientes intemporais. Um agente pensante não pode prever qual será seu conhecimento futuro antes que ele tenha realmente adquirido este conhecimento, e ele demonstra, ao simplesmente fazer distinção entre as previsões bem e mal sucedidas, que ele deve se considerar capaz de aprender com experiências desconhecidas de maneiras até então desconhecidas. Portanto, o conhecimento relativo ao curso específico de ações é exclusivamente a posteriori. E uma vez que este conhecimento teria que incluir o conhecimento do próprio agente-como um componente necessário a toda ação da qual toda mudança pode influenciar uma ação específica sendo escolhida-o conhecimento teleológico também deve necessariamente ser reconstrutivo, ou conhecimento histórico. Ele forneceria apenas explicações ex-post que não teriam nenhuma influência sistemática na previsão de ações futuras, porque, em princípio, estados futuros de conhecimento jamais poderiam ser previstos tendo por base causas empíricas eficientes constantes. Obviamente, esta descrição de um ramo da ciência da ação a posteriori e reconstrutiva se conforma com a descrição usual de disciplinas como a história e a sociologia.[67]

O que sabemos que é verdadeiro a priori relativo ao campo da ação, e o que teria então que restringir qualquer explicação histórica ou sociológica é isto: Em primeiro lugar, qualquer destas explicações, que teriam essencialmente que reconstruir o conhecimento de um agente, teria que ser invariavelmente uma reconstrução em termos de conhecimento de fins e meios, de escolhas e custos, de lucros e prejuízos e assim por diante. E em segundo, já que é evidente que estas são categorias da praxeologia como concebida por Mises, todas estas explicações também devem ser restringidas pelas leis da praxeologia. E uma vez que estas leis são, conforme expliquei, leis a priori, elas também devem operar como limitantes lógicos sobre todo futuro curso de ação. Elas são válidas, independentemente de qualquer estado de conhecimento que um agente possa ter adquirido, simplesmente devido ao fato de que qualquer que seja este estado, ele deve ser descrito em termos de categorias de ação. E como se referem a ações como tais, as leis da praxeologia devem ser então da mesma duração que todo conhecimento preditivo que possa existir no campo da ciência da ação. Na verdade, ignorando por um momento que o status de ciência a priori da geometria foi fundamentalmente baseado em nosso entendimento da ação e na medida que a praxeologia teria que ser considerada a disciplina cognitiva mais fundamental, o papel peculiar da praxeologia adequado dentro do sistema completo da epistemologia pode ser entendido como algo análogo ao da geometria. A praxeologia é para o campo de ação o que a geometria Euclidiana é para o campo das observações (não-ações). Do mesmo modo que a geometria incorporada em nossos instrumentos de medição limitam a estrutura espacial da realidade observável, a praxeologia limita a gama das coisas que podem ser experimentadas no campo das ações. [68]

 [53] Mises diz: “O conhecimento é uma ferramenta da ação. Sua função é orientar o homem como proceder em seu esforço para remover um desconforto.. A categoria da ação é a categoria fundamental do conhecimento humano. Ela envolve todas as categorias da lógica e a categoria da regularidade e da causalidade. Ela envolve a categoria do tempo e a do valor.. Ao agir, a mente do indivíduo se compreende diferente de seu ambiente, o mundo exterior, e tenta estudar este ambiente a fim de influenciar o curso dos eventos que ocorrem nele” (The Ultimate Foundation of Economic Science, pp. 35-36). Ou: “Ambos, o raciocínio e o pensamento a priori por um lado e a ação humana por outro, são manifestações da mente. . . . Razão e ação são congenéricas e homogêneas; são dois aspectos do mesmo fenômeno.” (ibid., p.42). No entanto, ele abandona o problema mais ou menos neste ponto e conclui que “não é propósito da praxeologia investigar a relação entre pensar e agir.” Ação Humana, pág. 39).

 [54] Sobre a a priori da argumentação veja também K. 0. Apel, Transformation der Philosophie, vol. 2.

 [55] Sobre esta diferença fundamental entre a meios econômicos, i.e., escassos, e conhecimento, veja também Mises, Ação Humana, págs. 128,661.

[56] Immanuel Kant, Kritik der reinen vernunft, pág. 25. Se esta interpretação da epistemologia de Kant é na verdade correta ou não, é, logicamente, uma questão bem diferente. No entanto, esclarecer este problema não é a presente preocupação. Para uma interpretação ativista ou construtivista da filosofia de Kant, veja E. Kambartel, Erfahrung und Struktur, capítulo 3; também Hoppe, Handeln und Erkennen (Bern: Lang, 1976).

[57] Além dos trabalhos mencionados na nota 46, veja também Brand Blanshard, The Nature of Thought(London: Allen and Unwin, 1921); M. Cohen, Reason and Nature (New York: Harcourt, Brace, 1931); idem,Preface to Logic (New York: Holt, 1944); A. Pap, Semantics and Necessary Truth (New Haven: Yale University Press, 1958); S. Kripke, “Naming and Necessity,” em D. Davidson and G. Harman, eds., Semantics of Natural Language (New York: Reidel, 1972); H. Dingler, Die Ergreifung des Wirklichen (Frankfurt/M.: Suhrkamp, 1969); idem, Aufbau der exakten Fundamentalwissenschaft (Munich: Eidos, 1964); W Kamlah and P. Lorenzen,Logische deutik Propädeutik Mannheim: (Mannheim: Bibliographisches Institut, 1968); P. Lorenzen,Methodisches Denken (Frankfurt/M.: Suhrkamp, 1968); idem, Normative Logic and Ethics (Mannheim: Bibliographisches Institut, 1969); K. 0. Apel, Transformation der Philosophie.

[58] Em relação à interpretação racionalista da lógica veja Blanshard, Reason and Analysis, capítulos 6, 10; P. Lorenzen, Einführung in die operative Logik und Mathematik (Frankfurt/M.: Akademische Verlagsgesellschaft, 1970); K. Lorenz, Elements der Sprachkritik (Frankfurt/M.: Suhrkamp, 1970); idem, “Die dialogische Rechtfertigung der effektiven Logik,” em: F. Kambartel e J. Mittelstrass, eds., Zum normativen Fundament der Wissenschaft (Frankfurt/M.: Athenäum, 1973).
Em relação ao caráter de proposição da linguagem e da experiência, em particular, veja W. Kamlah e P. Lorenzen, Logische Propädeutik, capítulo 1; P. Lorenzen, Normative Logic and Ethics, capítulo 1. Lorenzen diz: “Eu intitulo um uso como uma convenção se eu conheço outro uso que eu possa aceitar no lugar..No entanto, eu não conheço outro comportamento que eu possa colocar no lugar do uso de sentenças elementares. Se eu não aceitasse nomes e predicadores apropriados, eu simplesmente não saberia como me expressar. . Todo nome apropriado é uma convenção . porém, usar nomes apropriados não é de forma alguma uma convenção: é um padrão único de comportamento linguístico. Portanto, vou chamá-lo de ‘lógico’. O mesmo vale para os predicadores. Todo predicador é uma convenção. Isto é comprovado pela existência de mais de uma língua natural. Mas todas as línguas usam predicadores.” (ibid., pág. 16). Veja também J. Mittelstrass, “Die Wiederkehr des Gleichen,” Ratio (1966).
Em relação à lei da identidade e da contradição, em particular, veja B. Blanshard, Reason and Analysis, págs. 276ff, 423ff.
Sobre uma avaliação crítica da lógica de 3 ou mais valores como formalismos simbólicos sem significado ou como pressupondo logicamente um entendimento da lógica bivalente tradicional veja W. Stegmüler,Hauptströmungen der Gegenwartsphilosophie vol. 2 (Stuttgart: Kröner, 1975), págs. 182-91; B. Blanshard,Reason and Analysis, págs. 269-75. Com relação, por exemplo, a lógica de vários valores, proposta por F. Waismann, Blanshard aponta: “Podemos apenas concordar com o Dr. Waismann-e com Hegel-que as distinções preto-e-branco da lógica formal são um tanto quanto inadequadas para o pensamento vivo. Porém, porque deveríamos ser como o Dr. Waismann, e dizer que ao adotarmos uma lógica mais diferenciada estaríamos adotando um sistema alternativo que seria incompatível com a lógica preto-e-branco? O que ele realmente fez foi reconhecer uma série de classificações dentro do velho significado da palavra “não”. Não temos dúvida de que estas classificações existem, e na verdade, até muitas outras que ele poderia distinguir. Mas um refinamento da antiga lógica não significa abandoná-la. Continua sendo verdade que a cor que eu vi ontem era uma determinada matiz de amarelo ou não, mesmo que o ‘não’ possa abranger uma multitude de aproximações, e mesmo que eu jamais possa vir a saber qual era a matiz que eu vi”. (ibid., págs. 273-74).

[59] Sobre a interpretação racionalista da aritmética veja Blanshard, Reason and Analysis, págs. 427-31; sobre a fundamentação construtivista da aritmética, em particular, veja Lorenzen, Einführung in die operative Logik and Mathematik; idem, Methodisches Denken, capítulo 6, 7; idem, Normative Logic and Ethics, capítulo 4; sobre a fundamentação construtivista da análise clássica veja see P. Lorenzen, Differential und Integral. Eine konstruktive Einführung in die klassische Analysis (Frankfurt/M.: Akademische Verlagsgesellschaft, 1965); para uma brilhante critíca geral do formalismo matemático veja Kambartel, Erfahrung und Struktur, capítulo 6, esp. págs. 236-42; sobre a irrelevância do famoso teorema de Gödel por uma aritmética fundamentada construtivamente veja P. Lorenzen, Metamathematik (Mannheim: Bibliographisches Institut, 1962); também Ch. Thiel, “Das Begründungsproblem der Mathematik und die Philosophie,” em F. Kambartel and J. Mittelstrass, eds., Zum normativen Fundament der Wissenschaft, esp. págs. 99-101. A prova de K. Gödel-que, como uma prova, por acaso dá suporte ao invés de questionar a reivindicação racionalista sobre a possibilidade do conhecimento a priori-apenas demonstra que o primeiro programa formalista Hilbert não poderia ser levado adiante, porque para demonstrar a consistência de algumas teorias axiomáticas seria preciso possuir uma meta-teoria com meios ainda mais consistentes do que os formalizados na própria teoria-objetiva. Curiosamente, as dificuldades do programa formalista levaram o antigo Hilbert, muitos anos antes da prova de Gödel de 1931, a reconhecer a necessidade de se reintroduzir uma interpretação substantiva da matemática à La Kant, o que daria a estes axiomas uma fundamentação e justificação que era totalmente independente de qualquer prova de consistência formal. Veja Kambartel, Erfahrung und Struktur, págs. 185-87.

[60] Exemplos deste tipo são usados por Karl Popper para “refutar” a ideia racionalista de que regras de aritmética são leis da realidade. Veja Karl Popper, Conjectures and Refutation (London: Routledge and Kegan Paul, 1969), PÁG. 211.

[61] Sobre isto veja também Mises, The Ultimate Foundation of Economic Science, págs. 12-14.

[62] Sobre o caráter apriorístico da geometria Euclidiana veja Lorenzen, Methodisches Denhen, capítulos 8 e 9; idem, Normative Logic and Ethics, capítulo 5; H. Dingler, Die Grundlagen der Geometrie (Stuttgart: Enke, 1933); sobre a geometria Euclidiana como uma pressuposição necessária ao objetivo, i.e., comunicável intersubjetivamente, medições e em particular de qualquer verificação empírica de geometrias não-Euclidianas (afinal, as lentes do telescópio que é usado para confirmar a teoria de Einstein relativa a estrutura não-Euclidiana do espaço físico devem ser construídas de acordo com os princípios Euclidianos) veja Karnbartel, Erfahrung und Struktur, págs. 132-33; P. Janich, Die Protophysik der Zeit (Mannheim: Bibliographisches Institut, 1969), págs. 45-50; idem, “Eindeutigkeit, Konsistenz und methodische Ordnung,” in F. Karnbartel and J. Mittelstrass, eds., Zum normativen Fundament der Wissenschaft.

Seguindo a orientação de Hugo Dingler, Paul Lorenzen e outros membros da então chamada escola Erlangen desenvolveram um sistema de proto-física, que contém todas as pressuposições apriorísticas da física empírica, incluindo, além da geometria, também a cronometria e a hitometria (i.e., a mecânica clássica sem gravitação, ou a mecânica “racional”). “A geometria, a cronometria e a hitometria são teorias a priori que tornam ‘possíveis’ medicações empíricas do espaço, do tempo e da matéria. Elas têm de ser estabelecidas antes que se possa iniciar a física, no sentido moderno dos campos de forças. Portanto, eu deveria apreciar a oportunidade de me referir a estas disciplinas por um nome comum: proto-física.” Lorenzen, Normative Logic and Ethics, pág. 60.

[63] À respeito da natureza fundamental do dualismo epistemológico veja também Mises, Theory and History, págs. 1-2.

[64] Sobre o caráter apriorístico da categoria da causalidade veja Mises, Human Action , capítulo 1; Hoppe,Kritik der kausalwissenschaftlichen Sozialforschung idem, “Is Research Based on Causal Scientic Principles Possible in the Social Sciences?”; sobre o princípio da causalidade ser uma pressuposição necessária em particular também do princípio da indeterminação da física quântica e o erro fundamental envolvido na interpretação do princípio Heisenberg como invalidando o princípio da causalidade veja Kambartel, Erfahrung und Struktur, págs. 138-40; também Hoppe, “In Defense of Extreme Rationalism,” [em .PDF] Review of Austrian Economics 3 (1988) nota 36. Na verdade, é exatamente o fato praxeológico indiscutível que separa atos de medição só pode ser executado sequencialmente o que explica a própria possibilidade de previsões irredutivelmente probabilísticas-ao invés de determinísticas-como são características da física quântica; e no entanto, para realizar qualquer experimento no campo da mecânica quântica, e em particular para repetir dois ou mais experimentos e afirmar que seja assim, a validade do princípio da causalidade já deve evidentemente estar pressuposta.

[65] Sobre a complementaridade necessária das categorias da causalidade e da teleologia veja Mises, Human Action , PÁG. 25; idem, The Ultimate Foundation of Economic Science, págs. 6-8; Hoppe, Kritik der kausalwissenschaftlichen Sozialforschung idem, “Is Research Based on Causal Scientific Principi Social Sciences?”; também G. v. Wright, Norm and Action (London: Routledge e Kegan Paul, 1963); idem,Explanation and Understanding (Ithaca, N.Y.: Cornell University Press, 1971); K. 0. Apel, Die Erklären: Verstehen Kontroverse in transzendental-pragmatischcr Sicht;(Frankfurt/M.: Suhrkamp, 1979).

[66] Ainda mais especificamente: ele é estruturado de acordo com as categorias da lógica, da aritmética e da proto-física (incluindo a geometria). Veja a nota 62 acima.

[67] Sobre a lógica da história e da sociologia serem disciplinas reconstrutivas veja também os trabalhos de Mises mencionados no começo deste capítulo. Hoppe, Kritik der kausalwissenschaftlichen Sozialforschung, capítulo 2.

[68] Sobre a distinção categórica da teoria e da história e da sociologia praxeológicas e os limitantes lógicos que a praxeologia impõe nas pesquisas históricas e sociológicas, bem como nas previsões sociais e econômicas veja Mises, Human Action , págs. 51-59,117-18; Hoppe, “In Defense of Extreme Rationalism,” [em .PDF] Review of Ausele trian Economics 3 (1988).

 

Hans-Hermann Hoppe
Hans-Hermann Hoppe
Hans-Hermann Hoppe é um membro sênior do Ludwig von Mises Institute, fundador e presidente da Property and Freedom Society e co-editor do periódico Review of Austrian Economics. Ele recebeu seu Ph.D e fez seu pós-doutorado na Goethe University em Frankfurt, Alemanha. Ele é o autor, entre outros trabalhos, de Uma Teoria sobre Socialismo e Capitalismo e A Economia e a Ética da Propriedade Privada.
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