Se você frequenta, ou frequentou, uma igreja conservadora, evangélica ou fundamentalista, provavelmente já te falaram como é importante votar em candidatos com valores familiares, morais, tradicionais ou bíblicos.
Bem, eu com certeza apoio os valores familiares, morais, tradicionais e bíblicos, mas não comungo do sacramento da religião civil chamado voto. Já dei a conhecer minha visão da política e dei vinte razões pelas quais não voto, então não vou entrar nisso aqui.
Portanto, embora eu apoie os valores familiares, morais, tradicionais e bíblicos, na maioria das vezes há um problema em votar em candidatos que afirmam ter, parecem ter ou dizem ter esses valores.
Em uma eleição geral, onde os eleitores só têm a escolha entre o time da direita ou o time da esquerda, o socialista A ou o fascista B, o estatista do bem-estar social ou o estatista proibicionista, votar em valores bíblicos sempre significa simplesmente votar no candidato de direita. Igrejas conservadoras, evangélicas e fundamentalistas nunca dizem isso diretamente, mas é exatamente isso que elas querem que todos os membros de suas igrejas façam. Para evitar simplesmente dizer “vote nos candidatos da direita”, eles pregam, às vezes literalmente, o voto em valores bíblicos. Às vezes, isso é complementado pela publicação ou promoção de “guias do eleitor” que fazem os candidatos esquerdistas parecerem ruins (não que isso seja difícil de fazer) e os candidatos direitistas parecem bons – deixando o leitor sem dúvidas em quem ele deve votar.
Em uma eleição onde os eleitores cristãos tenham que escolher entre dois ou mais candidatos direitistas, eles são instruídos a votar no candidato que melhor incorpora ou expressa valores bíblicos.
Mas quais são esses valores bíblicos? Nunca são mencionadas coisas como honestidade, integridade, amor, generosidade, compaixão, humildade, caridade, paciência e temperança. Em primeiro lugar, está a oposição ao aborto. Em seguida, segue-se, não em uma ordem específica, a oposição ao casamento gay, à agenda transgênero e à legalização da maconha. Às vezes, esses “valores” são complementados por promessas de consertar a educação pública, restaurar a oração e a leitura da Bíblia nas escolas públicas, afixar os 10 Mandamentos nas escolas públicas e remover livros repreensíveis das bibliotecas escolares.
Bem, certamente não há nada de errado em se opor ao aborto, ao casamento gay e à agenda transgênero – eu me oponho veementemente a todos os três. Embora eu pessoalmente me oponha ao uso recreativo da maconha, isso não tem nada a ver com a questão de se a maconha deve ser legal (deveria). Sou um defensor da oração, da leitura da Bíblia, dos 10 Mandamentos e de livros saudáveis, mas também sou um defensor da abolição da educação pública e não de tentar consertá-la aplicando-lhe uma dose de religião.
Então, qual é o problema de votar em candidatos com valores bíblicos?
Nada, se o seu foco não estiver inteiramente nisso. O problema é isto ser tudo em que alguém foque. O que um candidato pensa sobre liberdade econômica, liberdade individual, liberdade pessoal, paz, direitos de propriedade e governo limitado nunca é considerado.
O candidato direitista típico com valores bíblicos pode não ter problemas com leis antidiscriminação que violam a liberdade de associação, liberdade de contrato, liberdade de reunião, direitos de propriedade e liberdade de pensamento.
O candidato direitista típico com valores bíblicos pode não ter nenhum problema com o governo trancando as pessoas em jaulas por possuir muito de uma planta que o governo desaprova.
O candidato direitista típico com valores bíblicos pode não ter problemas com uma força policial local militarizada que apreende os bens das pessoas em nome da luta contra as drogas.
O candidato direitista típico com valores bíblicos pode não ter problemas com a medicina socializada como o SUS ou hospitais públicos municipais.
O candidato direitista típico com valores bíblicos pode não ter nenhum problema com o vasto estado de bem-estar social que transfere renda e redistribui riqueza, desde que haja requisitos de trabalho de bem-estar social e limites de tempo para receber benefícios.
O candidato direitista típico com valores bíblicos pode não ter nenhum problema com o apoio a guerras assassinas como a de Israel contra palestinos.
O candidato direitista típico com valores bíblicos fala sobre o direito de portar armas, mas pode não ter problemas com algumas leis federais de controle de armas e apoia uma vasta burocracia para a compra de armas.
Se eu votasse, preferiria votar em um ateu queer pró-aborto – que se opusesse a guerras, bolsas, auxílio e programas de bem-estar e defendesse a liberdade econômica, a liberdade individual, a liberdade pessoal, a paz, os direitos de propriedade e o governo limitado, desde que me deixasse em paz e não tentasse impor seus valores antibíblicos a mim ou ao país – a votar no típico candidato direitista com valores bíblicos.
Os valores bíblicos incluem muito mais do que ser antiaborto, acreditar que um casamento é apenas entre um homem e uma mulher e aceitar que existem apenas dois gêneros imutáveis.
Adaptado deste artigo original
“Se eu votasse, preferiria votar em um ateu queer pró-aborto – que se opusesse a guerras, bolsas, auxílio e programas de bem-estar e defendesse a liberdade econômica, a liberdade individual, a liberdade pessoal, a paz, os direitos de propriedade e o governo limitado, desde que me deixasse em paz e não tentasse impor seus valores antibíblicos a mim ou ao país – do que no típico candidato direitista com valores bíblicos.”
Então ser contra o direto a vida é uma das coisas menos relevantes?
desde que me deixasse em paz e não tentasse impor seus valores antibíblicos a mim ou ao país.
Mas isso somente num campo teórico muito abstrato. Por que é impossível na prática. Um ateu queer é sempre um degenerado esquizofrênico (possuído), e sendo pró-aborto é uma impossibilidade que ele respeite qualquer direito a qualquer coisa.
Olha lá, o CORNO-CÂNCERvador que apoia o genocídio do estado de i$raHELL contra o povo palestino querendo falar de “direito a vida”. PATÉTICO, RISÍVEL.
https://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736(24)01169-3/fulltext
https://www.vice.com/en/article/israeli-intelligence-health-ministry-death-toll/
Eu não sou sionista, considero o estado de Israel terrorista.
Calma, cara.
“Se eu votasse, preferiria votar em um ateu queer pró-aborto”
Não sei que tipo de raciocínio leva este Sr. a fazer está declaração infeliz, mas certamente é por causa de bobagens como essa que a Santa Igreja Católica proibiu ao longo de seus 2000 anos de história a liberdade de pensamento e já teve o saudoso Index de livros proibidos.
A expressão “valores bíblicos” é tão sem sentido e vazia quanto o discurso ateu. É somente a Igreja católica que tem o monopólio da correta interpretação bíblicas, sendo que a partir da verdade revelada, nos legou a única moralidade possível.
O catolicismo é incompatível com o anarcocapitalismo. No entanto, é a única possível. Ou seja, Murray fucking Rothbard não é nada. Mas é tudo.
Para mim acreditar no estado já é antibíblico, ou, por melhor dizer, anticristão.