Thursday, November 21, 2024
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O indivíduo, a censura corporativa e o despotismo governamental 

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Vivemos em um mundo onde somos censurados o tempo todo. Não é mais uma questão de quando ou como seremos censurados: a censura já foi plenamente institucionalizada. Infelizmente, a presente situação está tão ruim, que tivemos de nos acostumar com essa condição. De fato, o problema da censura se impõe como uma realidade tão severa, que determinadas redes sociais se tornaram completamente irrelevantes e obsoletas para quem tenta difundir alguns grãos de verdade no vasto oceano de mentiras, no qual o mundo se transformou. No Facebook, no Instagram e no Youtube, influenciadores evitam escrever ou pronunciar determinadas palavras, para não terem o seu conteúdo censurado ou desmonetizado. Toda essa censura corporativa, no entanto, é relativamente branda. Quando a censura vem do governo e das instituições republicanas, a situação se torna muito mais insalubre.

Infelizmente, esse é um assunto do qual tenho plena experiência e conhecimento de primeira mão. Tive três perfis sumariamente deletados do Facebook, e em uma incontável quantidade de vezes, fui impedido de publicar por um período de trinta dias. Pouco tempo depois, o Ministério Público abriu um processo contra mim, e censurou um artigo que escrevi — publicado neste site — e que foi removido arbitrariamente por decreto judicial.

Toda essa leviana censura arbitrária, no entanto, revela a luta que existe entre o indivíduo e as estruturas de poder que regem a sociedade.

De fato, inúmeras estruturas de poder regem a sociedade. E essas estruturas de poder, por várias razões e motivos, sempre tentarão subjugar os indivíduos.

Em uma generalização grosseira, podemos dizer que a sociedade é composta por três principais vetores: o governo, as grandes corporações e o indivíduo. Quando colocamos isso em perspectiva, em uma pirâmide hierárquica, à princípio não é tão simples assim definir quem tem mais poder ou quem manda de fato. Sem dúvida, algumas pessoas colocariam as grandes corporações acima do governo, alegando que são os interesses delas que verdadeiramente regem a sociedade. Certa vez Adib Jatene — que atuou como ministro da Saúde dos governos Collor e FHC — afirmou: “No Brasil, as empreiteiras definem a prioridade do estado.”

Outros colocariam o governo acima das grandes corporações, afirmando que nem sempre os governos se curvam às suas demandas. Mas, seja como for, isso não muda a parte primordial da questão — o fato de que, abaixo de ambos, está o indivíduo. E o indivíduo é o componente mais vulnerável desta equação, pois contra as agressões do governo e as arbitrariedades das grandes corporações, o indivíduo tem pouquíssimas chances de defesa. Ou, em muitos casos, defesa nenhuma.

Para piorar essa situação, sabemos perfeitamente que as grandes corporações e os governos, nos últimos anos, passaram a atender a todas as exigências políticas da agenda progressista politicamente correta — que se tornou, impreterivelmente, a religião secular do ocidente.

As grandes corporações (sobretudo as redes sociais) se comprometeram a censurar cada vez mais quem divulga ou difunde ideias que são contrárias — ou de alguma forma desmentem, ofendem e escarnecem — a agenda progressista.

O governo, por sua vez — sob a famigerada desculpa de estar combatendo discursos de ódio, extremismo e Fake News — se dispôs vigorosamente a processar influenciadores e retirar das plataformas digitais através de decretos judiciais arbitrários qualquer conteúdo que não está perfeitamente alinhado com o fascismo multicolorido da militância do arco-íris. De maneira que podemos afirmar, sem dúvida alguma, que já faz um tempo considerável que a sociedade enfrenta um novo período de censura, que está se tornando cada vez mais excruciante e implacável.

Nos últimos anos, ficou fácil perceber que todo e qualquer indivíduo que não é submisso à agenda progressista politicamente correta — e decide expressar abertamente as suas opiniões, posicionamentos ou convicções — pode virar um alvo. Cancelamento, censura, processo, multas e até mesmo prisão são as nefastas consequências que podem se abater sobre toda e qualquer pessoa que não se curva ao totalitarismo da seita progressista.

Nessas circunstâncias, mais uma vez o indivíduo se vê solitário em sua luta para se expressar livremente, sem ter que enfrentar consequências nefastas pelo simples fato de ser quem ele é e pensar da forma como pensa. E a liberdade de expressão, sempre relativizada pelos apologistas da censura, se vê cada vez mais ameaçada, tendo apenas uma meia dúzia de pessoas determinadas a defender ardorosamente o direito do indivíduo expressar suas ideias e opiniões, não importa quão polêmicas ou controversas elas sejam.

Nessas horas, os defensores mais intransigentes do estado democrático liberal simplesmente desaparecem. Precisam evitar a todo custo situações constrangedoras que os obriguem a reconhecer os problemas criados pelas instituições que eles tanto sacralizam. É mais fácil ignorar o fato incontestável de que o estado não dá garantias ou direitos aos cidadãos, mas antes faz exatamente o contrário: retira os direitos e as liberdades individuais quando isso é conveniente.

O estado, na verdade, é o maior responsável pela supressão dos direitos individuais. A ilusão utópica do estado humanitário, liberal, cordial, democrático e benfeitor pode ser facilmente destroçada pela realidade — algo que os apologistas mais fanáticos do estado se recusam ostensivamente a reconhecer.

Como o estado é a antítese da liberdade, a única coisa que pode fazer a liberdade resistir às investidas cada vez mais agressivas e persistentes do totalitarismo politicamente correto e da tirania judiciária é a desobediência civil. A recusa ostensiva de não obedecer e não acatar ordens restritivas, que representam violações sistemáticas das liberdades individuais.

Especialmente com a liberdade sendo atacada de tantos lados: políticas autoritárias são constituídas através de uma cultura perniciosa, que é essencialmente hostil às liberdades individuais. As grandes corporações absorvem a ideologia woke, e então as instituições governamentais capitalizam sobre o medo patológico da liberdade cultivado pelas massas. Alegando ser capaz de proteger a sociedade dos discursos de ódio, do extremismo e das Fake News — fantasmas imaginários que o próprio estado alimenta, para ter uma prerrogativa ideológica para expandir o seu poder sobre as massas —, o governo estabelece políticas paternalistas que infantilizam a sociedade.

Para as massas medíocres e simplórias, o mais importante é a ilusão de segurança. Por mais paradoxal que seja, para as multidões servis a liberdade é irrelevante. Mas para o indivíduo, é o elemento mais fundamental.

Obviamente, não são unicamente as redes sociais que sofrem desse problema. Infelizmente, o progressismo totalitário politicamente correto, como a metástase que é, já contaminou todos os segmentos da sociedade humana. Praticamente todas as grandes corporações (ou a maioria delas) viraram sucursais da epidemia progressista. Hollywood é um excelente exemplo. De indústria cinematográfica, se transformou em um instrumento de propaganda e difusão da ideologia woke. Todos os filmes — alguns de forma mais discreta, outros de maneira muito mais explícita — procuram doutrinar o público. E os estúdios cinematográficos se acham no direito de perseguir, demitir, intimidar e coagir atores, produtores e diretores que se recusam a ser subjugados pela ditadura do arco-íris.

De fato, o ambiente social, cultural e político não é nem um pouco propício para a manutenção da liberdade. E nesse oceano de deplorável tirania, o indivíduo se vê isolado, carente de um real alicerce que represente os seus interesses, sobrevivendo em ilhas de liberdade que estão sendo gradualmente diluídas, e se tornam cada vez menores. O problema é que desistir ou recusar-se a ser intransigente na manutenção de princípios e valores individuais significa se tornar refém do governo totalitário, das grandes corporações e da agenda progressista politicamente correta (que está sempre ampliando o seu campo de atuação, bem como o seu nível de autoritarismo). Quem compreende como o totalitarismo funciona, no entanto, sabe perfeitamente que a tirania política não costuma parar, muito menos retroceder.

O que virá em sequência, se o indivíduo não resistir? A obrigação de pintar uma mecha do cabelo de cor-de-rosa? Comparecer nas paradas LGBT da sua cidade, com uma cartela de comparecimento, para você comprovar que não é homofóbico? Aceitar que seu filho ignore a biologia e decore todos os “gêneros” que supostamente existem, de acordo com a ideologia woke? Aceitar cota para homossexuais, negros e transgêneros nas pequenas e médias empresas? Obrigação de falar, escrever e se comunicar única e exclusivamente na linguagem neutra?

Essas ideias podem parecer absurdas hoje, como também seria a noção de uma linguagem neutra há algumas décadas atrás, ou o próprio conceito irracional e estapafúrdio de definições como “agênero” ou “não-binário”. Hoje, no entanto, essas aberrações são plenamente aceitas, em muitos ambientes, como as universidades. Mais recentemente, até mesmo empresas privadas passaram a aceitar de maneira dócil e passiva essa aberração.

A questão é que, sabendo perfeitamente como a janela de Overton funciona, os engenheiros sociais tem pleno conhecimento do quão gradual devem ser as mudanças, para que novas normas de conduta sejam aceitas passivamente pela sociedade, sem nenhuma resistência. Não importa quão absurdas, irracionais, estúpidas ou desconectadas da realidade elas possam ser.

É fato incontestável que — graças a agenda woke e à ideologia progressista — delírios psiquiátricos e fantasias irracionais estão se sobrepondo à realidade.

Para piorar essa situação absurda, estão sendo censuradas, processadas e penalizadas as pessoas que se recusam a ser complacentes. As pessoas disfuncionais, por sua vez, estão recebendo total licença do sistema político e institucional para exigir que os seres humanos normais se curvem aos seus devaneios delirantes. Agora, a própria realidade prática e objetiva tem posição de criado subalterno diante dos caprichos pessoais e dos transtornos mentais de criaturas histéricas e irracionais, que foram levadas a acreditar que o mundo inteiro tem a obrigação de agradá-las.

As grandes corporações e os governos incorporaram a ideologia woke politicamente correta, e de tal forma, que não aceitam nenhuma dissidência. Os intransigentes e insubordinados estão sendo censurados, cancelados, processados, penalizados. Mais uma vez o indivíduo se vê completamente sozinho em sua luta pela preservação e manutenção da liberdade — o princípio mais fundamental de uma sociedade salutar e funcional. E que, paradoxalmente, à despeito de sua importância, carece totalmente de qualquer valor jurídico.

Tal situação comprova, pela milésima vez, que quando o assunto é resguardar direitos e liberdades individuais, o estado é completamente inútil.

Wagner Hertzog
Wagner Hertzog
é um defensor radical das liberdades individuais e um dedicado opositor da ditadura totalitária politicamente correta. Atualmente está sendo processado por artigo publicado neste site, que foi posteriormente removido por ordem judicial.
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2 COMENTÁRIOS

  1. Uma vez mais, somos agraciados por um excelente artigo de Wagner Hertzog, a meu ver, o melhor articulista do presente blog.
    Se há um paradoxo insandecido em meio a tal cenário, é que os mesmos que financiam a ideologia woke por todo lugar, no âmbito privado, são os seres mais conservadores que progressistinha inteligentinho nenhum cogitaria.
    Dentro de suas imensas mansões, com 30 empregados e 15 veículos, são patriarcais, com poderes quase semelhantes ao de um “pater familias” romano. Usufruem das carnes mais nobres, oriundas da Argentina e do Uruguai, enquanto apologizam simultaneamente ao consumo de insetos, cujo organismo humano não bem os assimila. Suas esposas, o que estereotipamente chamaríamos de “Amélias”, com submissão digna da recomendada pelo Apóstolo Paulo na epístola aos Efésios; os filhos, educados com tutores via homeschooling ou, se muito, em colégios internos com rigor da Inglaterra Vitoriana; é bem possível que sequer saibam recitar o nome de três artistas pop atuais, ou suas músicas (que ironicamente tendem a apoiar o Partido Democrata nos EUA ou o PT\PSOL no contexto brasileiro). E se um deles porventura descobre pertencer à sopa de letrinhas multicolorida, o mesmo (ou a mesma) morre em vida à família, que, na melhor das hipóteses, lhe fornece uma quantia razoável de dinheiro para sobreviver por si mesmo, em exílio permanente, com relações familiares completamente suspensas.
    Chimpanzés logo perceberiam a contradição flagrante entre o discurso dos que financiam essa agenda imunda globalista e quão “machistas patriarcais” são entre quatro paredes. Wokes progressistas, em sua maioria, jamais o fariam, em virtude do QI inferior aos referidos primatas.

  2. O estado (minúsculo de propósito) não é inútil: ele é NOVIVO. O inútil é um termo que dá a impressão de que se ele deixar de existir não ocorre nada na vida econômica e social. Ocorre sim: a econômica teria uma explosão de crescimento, estimulada pela “Mão Invisível” de Adam Smith (que Ludwig von Mises chama muito propriamente de “Ação Humana”…)

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