Um ótimo exemplo de falso radicalismo entre os tipos identificados com o Conservadorismo: o “debate” interminável sobre a “escolha da escola”.
Estou na casa dos 30 anos e ouço sobre o “debate sobre a escolha da escola” desde que me conheço por gente. Algumas pessoas chamam isso de “vouchers escolares“, mas a ideia básica é que os pais recebam uma bolsa para seus filhos, que seria então usada para “escolher” para qual escola mandá-los, seja uma escola pública ou escola particular.
Os conservatardos adoram isso porque, como sempre, isso permite que eles entrem no enquadramento esquerdóide da questão enquanto se posicionam como se estivessem oferecendo algum tipo de alternativa.
A ideia de vouchers escolares ressurgiu no debate público por causa da controvérsia em andamento sobre o conteúdo woke nas escolas, e isso é compreensível. Mas revela a ignorância das pessoas que o promovem; as escolas particulares costumam ser tão ruins quanto as escolas públicas, talvez fornecendo um padrão de instrução mais alto, mas ainda repletas de propaganda esquerdóide do DEI (Diversidade, Equidade, Inclusão).
O outro ângulo é a ideia de que algumas escolas são “ruins” e outras são “boas”, e que os pais devem poder enviar seus filhos para as “boas” escolas. Nenhum questionamento sobre POR QUE algumas escolas são “ruins” e outras são “boas” é feito. As próprias escolas são apenas “boas” ou “ruins” em abstrato.
No final das contas, os “vouchers escolares” resultarão apenas em ainda mais gasto do governo em educação de massa, que é o problema real em primeiro lugar. Se olharmos para trás na história, veremos rapidamente que a ideia de educação de massa é totalmente nova, um produto de meados do século XX e uma aberração histórica.
A educação de massa moderna e centralizada é apenas um pretexto para o controle social e a programação mental. Na verdade, não tem nada a ver com “educar” as pessoas, porque nem todos têm a mesma capacidade de se tornarem “educados”. A razão pela qual algumas escolas são “ruins” é porque estão cheias de crianças burras. Não é por falta de dinheiro, porque as crianças burras realmente exigem uma quantidade desproporcional de atenção e recursos para “educar”. Esses garotos mais burros nunca seriam nada além de estoquistas de varejo, mas se você mantiver a pretensão de “educá-los” e “melhorar os resultados dos adultos”, agora terá um cheque em branco para gastar quanto dinheiro quiser em seu programa de lavagem cerebral em massa.
Por outro lado, as crianças inteligentes são restringidas pelo peso morto dessas mesmas crianças burras; a intensidade de todo o programa deve ser “diminuída” para o menor denominador comum, e é por isso que muitas vezes ouvimos crianças inteligentes e de alto desempenho reclamando sobre como a escola é chata: elas sempre estariam predispostas ao alto desempenho e forçá-las a participar da educação em massa é basicamente uma perda de tempo. É como pegar um corredor de sprint e fazê-lo usar um daqueles sapatos terapêuticos grossos enquanto corre os 100 metros rasos.
Mas como os conservatardos são covardes e pensam que devem apelar para as sensibilidades esquerdóides sobre a aparência de uma boa pessoa, eles não estão dispostos a dizer que a “educação” deve ser para pessoas talentosas e de alto desempenho. Eles simplesmente aceitam a ideia de que todos podem e devem se tornar “educados” e se juntam à corrida para gastar infinitos milhões nas crianças mais idiotas de nossa sociedade.
E é assim que você surgem ideias temerárias como “vouchers escolares”.
Vouchers escolares: o caminho mais “eficiente” para a socialização da educação
Conservadores são parte do problema porque, conforme facilmente se observa, colocam sua necessidade doentia por “ordem” muito acima de qualquer noção de liberdade individual, e estão constantemente trocando esta por aquela ao menor sinal de “desordem” ou “ausência de autoridade” (vide o que houve durante a fraudemia, quando bastou que alguém dissesse as palavras “colapso do sistema de saúde” para que eles aceitassem deixar de respirar, de andar na rua e de trabalhar por quanto tempo algum “cientista” achasse necessário). Logo, a ideia de que a educação possa ser toda desregulamentada (como, de fato, deveria ser) lhes parece bastante “caótica” e dificilmente aceitável.
Concordo com o autor nas críticas aos conservadores; são inimigos da liberdade tão desagradáveis quanto os progressistas, sua imagem espelhada.
Discordo de quase todo o resto, porque mistura conceitos do “ideal filosófico” com questões práticas, e acaba caindo em um erro comum entre nós ancaps (temos que ter autocrítica): a idéia de que se não for para implantar uma sociedade completamente anarco-capitalista, sem o menor resquício de governo, no prazo de 24 horas, então é melhor não fazer nada e deixar tudo como está.
As considerações sobre a educação de massa e a obrigatoriedade das escolas são pertinentes, mas achar que só vale a pena se mexer se for para resolver tudo em um estalar de dedos é bobagem. Enquanto a sociedade anarco-capitalista não chega, é possível e desejável melhorar um pouco o que se têm.
Hoje, as prefeituras usam suas secretarias de educação como caixas-pretas onde se pode fazer absolutamente tudo. Qualquer tentativa de críticar ou mesmo de colher dados resulta em notícias histéricas na imprensa: “Fulano é contra a educação!”, “Ciclano quer reduzir o investimento público na educação!”, “Educação é o único caminho para um mundo melhor!”, e mais um monte de clichês.
Como a área de educação é completamente blindada contra críticas, é lá que os parentes dos políticos conseguem seus cabides de emprego. É lá que os estatistas doentes se escondem. É lá que os prefeitos alojam seu exército de cabos eleitorais. E o único modo de expor estes fatos e reduzir esse poder é dando ao povo o direito de escolher.
Hoje, as prefeituras gastam uma enormidade de trabalho para alocar “cientificamente” os alunos usuários da educação pública. Em contrapartida, surge um enorme mercado negro de comprovantes de endereço falsos, porque as pessoas sabem que existem escolas públicas “mais péssimas” e “menos péssimas” e tentam conseguir vaga para seus filhos nestas últimas. Mas como todo o processo é clandestino e “ilegal”, ninguém pode falar no assunto, inclusive a imprensa. E se alguém reclamar que precisou mentir para tirar o filho de uma escola insuportavelmente ruim, terá que ouvir um secretário municipal chamando-o de fraudador e inimigo da sociedade, por ousar questionar a suprema sabedoria do governo.
Em resumo: dar às famílias a liberdade de escolher a escola de seus filhos pode não resolver todos os problemas, mas terá o mérito de obrigar o governo a reconhecer o fato de que algumas escolas públicas são tão ruins que nem mesmo de graça existe demanda para elas.
Não seguimos essa” ideia de que se não for para implantar uma sociedade completamente anarco-capitalista, sem o menor resquício de governo, no prazo de 24 horas, então é melhor não fazer nada e deixar tudo como está”.
Somos favoráveis a toda e qualquer mudança, por menor que seja, na direção de mais liberdade. Só que esta cretinice de vouchers é uma mudança na direção de MENOS liberdade.
O socialismo dos vouchers
Nos EUA pode ser. Aqui no Brasil, não vejo como pode haver menos liberdade do que já há.
Para explicar melhor:
Como é hoje: as prefeituras somam uma porcentagem do seu orçamento, mais o que recebem dos estados e do governo federal, contratam funcionários e mantém um certo número de escolas, onde os alunos são matriculados sem possibilidade de escolha. Não há dados sobre desempenho, nem comparações de qualidade e eficiência. A prefeitura dá para cada escola a verba que quiser, segundo os critérios que quiser.
Como poderia ser: toda as verbas municipais, estaduais e federais sobre “educação básica” iriam para um fundo único que seria dividido em vouchers iguais (a princípio) para cada criança brasileira. Com esse voucher, o responsável matricula a criança onde achar melhor. As escolas podem continuar pertencendo à prefeitura, podem ser privatizadas, transformadas em cooperativas ou qualquer outra coisa. O importante é que a família tenha o direito de escolha e que se inicie um mercado com concorrência, onde cada escola recebe somente pelos “clientes” que conseguir.
O que aconteceu na Flórida tem muito pouco a ver com nossa realidade, mas não deixa de ser um roteiro para o que não se deve fazer.
Pega mal esse papo de crianças burras…
Indivíduos com “maior/menor desempenho” escolar seria mais adequado. Essa terminologia demonstra que tem algo errado na cabeça de quem escreveu, Inclusive no texto do Rockwell (divulgado aí em cima, onde ele fala: “maus alunos em seis grandes cidades podem tirar seus F’s e às vezes trazer comportamento criminoso às escolas privadas às nossas custas”). Pega mal essa redação aí!
Concordo que a redução do estado ao máximo tem que acontecer, não faz muito sentido achar que ou se acaba o estado logo ou “é melhor deixar como está”. Sistema de vouchers não tem nenhuma relação direta com simpatia à esquerda ou controle direto estatal. Pode haver aumento de gastos ou não, depende de como for conduzido. Não haveria nenhuma melhora no bem-estar geral da sociedade caso as crianças frequentassem essas escolas mais bem estruturadas (apesar da proliferação ideológica)? Maior capacidade de aprendizado não levaria a uma tendência a diminuição da violência na sociedade? aumento da capacidade produtiva?
Ou resolve-se num piscar de olhos ou deixa tudo como já está, né?…
Voucher é controle. Nem todas as instituições estariam elegível para aceita los.
E as que são elegível pelo menos no Brasil são padrão mec.
De fato que existem pessoas que não tem interesse nem intenção de trabalhar profundamente no seu intelecto ou no momento não tem condições. E preferem e/ou precisam de aprender um ofício, terem uma experiência mais técnica. Esses também estariam limitados as instituições que vouchers são aceitos.
Um caminho para oligopólio da educação nos meios ‘privados’.