Um dos maiores fracassos do governo federal é a guerra às drogas. Apesar de décadas de guerra, o governo federal ainda está longe de declarar vitória. Na verdade, é bem o contrário. Hoje, o governo federal ainda está travando ferozmente a guerra contra as drogas, tentando ao máximo vencer.
Ao longo das décadas, os apoiadores da guerra às drogas lamentaram que os funcionários federais simplesmente não tivessem realmente levado a sério a vitória na guerra contra as drogas. Se eles realmente “reprimissem”, eles finalmente venceriam a guerra contra as drogas.
Mas o que os apoiadores da guerra às drogas não conseguem perceber é que, ao longo das décadas de guerra contra as drogas, as autoridades federais impuseram forte repressão em muitos países. Por exemplo, nos EUA houve as sentenças mínimas obrigatórias, pelas quais foram enviados usuários, possuidores e distribuidores de drogas, especialmente negros, para a prisão por períodos excessivamente longos. A ideia era que, se um número suficiente de pessoas fosse preso durante grande parte de suas vidas, as pessoas seriam dissuadidas de violar as leis sobre drogas. Então a guerra às drogas estaria terminada.
Há também confisco de ativos, o que permite que o DEA, o departamento de narcóticos americano, e as polícias estaduais roubem dinheiro de pessoas, especialmente negros, que trafegam pela rodovia. Eles nem precisam acusá-los de delito de drogas. Eles apenas tiram o dinheiro deles. A ideia é que se alguém, principalmente um negro, está carregando uma grande quantia em dinheiro, tem que ser do tráfico de drogas. Portanto, o confisco de ativos deveria desencorajar as pessoas de vender drogas. Então, a guerra às drogas acabaria.
Há também as invasões ininterruptas a residências, principalmente de negros, no meio da noite. A ideia era que, se as pessoas soubessem que os policiais poderiam invadir suas casas e quartos no meio da noite e até matá-las, as pessoas seriam dissuadidas de possuir e usar drogas. Então, a guerra às drogas acabaria.
Exceto que nada disso funcionou. Quanto mais reprimiram, maior se tornou o problema da guerra às drogas.
Então, que tal se usarmos o modelo do México? Que tal se trouxermos os militares para lutar na guerra contra as drogas? Fizeram isso no México, mas o problema é que isto ainda não trouxe a vitória na guerra contra as drogas. Depois de mais de uma década tendo os militares travando a guerra contra as drogas, as autoridades mexicanas estão mais longe do que nunca de vencer. Na verdade, depois que eles trouxeram os militares para a briga, mais de 100.000 pessoas morreram ou desapareceram, não por causa das drogas, mas pela violência da guerra contra as drogas.
Bem, que tal reprimirmos como fizeram nas Filipinas durante o mandato presidencial de Rodrigo Duterte de 2016-2022. Durante o regime de Duterte, os agentes da guerra às drogas começaram a matar os infratores da lei de drogas no ato. Nada de prisões incômodas, procedimentos, processo legal, advogados, julgamentos e todos os aborrecimentos associados ao uso do sistema de justiça criminal para punir pessoas que violavam as leis antidrogas do governo. Apenas mate-os. Acho que todos concordariam que essa seria a repressão definitiva da guerra contra as drogas.
De acordo com um artigo da CNN Filipinas, “Durante o mandato de Duterte, a plataforma de monitoramento do governo RealNumbersPH mostrou que mais de 6.000 pessoas morreram em operações antidrogas ilegais. Organizações locais e internacionais de direitos humanos, no entanto, estimam um número ainda maior entre 12.000 e 30.000.”
Agora, eu diria que é uma verdadeira repressão da guerra às drogas. Certamente, eles ganharam a guerra contra as drogas nas Filipinas, certo?
Bem, não exatamente. De acordo com o mesmo artigo da CNN, “a Polícia Nacional das Filipinas (PNP) disse na segunda-feira que 2.092 pessoas em todo o país foram presas em operações antidrogas ilegais nas duas primeiras semanas do ano. Em uma coletiva de imprensa, o chefe do PNP, Rodolfo Azurin Jr., disse que as prisões foram feitas durante 1.518 operações separadas de 1 a 14 de janeiro, onde foram confiscados ₱ 70 milhões em drogas.
Ah bem. Parece que nada jamais vencerá a guerra contra as drogas. Acho que só temos que nos resignar a viver sob esse programa governamental fracassado, contínuo, interminável, perpétuo, mortal e destrutivo.
É claro que os apoiadores da guerra às drogas nunca consideram fazer algumas perguntas cruciais: Por que as pessoas não têm o direito de consumir o que quiserem? O que o governo tem a ver com isso? Por que o governo não pode simplesmente deixar as pessoas em paz? Quem fez do governo o pai do povo? Por que não apenas descriminalizar as drogas e acabar com a guerra contra as drogas, de uma vez por todas?
Artigo original aqui
Resposta óbvia: guerras dão lucro.
Eu, como libertário, reconheço que nem todo comportamento que me incomoda deve ser criminalizado ou “banido” através da violência; eu, como libertário, tenho consciência de que, por menos recomendável ou adequado que seja, algumas pessoas irão eventualmente apresentar vícios e pouco se pode fazer a respeito; eu, como libertário, estou disposto a aceitar o fato de que não vale a pena usar tantos recursos e tanta energia para tentar “eliminar” algo que faz parte da natureza e da cultura humanas; eu, como libertário, não quero usar a força avassaladora do leviatã contra aqueles cujos hábitos me ofendem. Quantos conservadores, entretanto, estão dispostos a encarar tudo isso e dizer “Bem, OK, que vivam e nos deixem viver, da forma como for mais conveniente a cada um de nós”?
Os efeitos colaterais da política de drogas holandesa
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O crime organizado permeia tudo, quando se deixam espaços para ele. A Holanda se tornou um dos maiores exportadores de drogas sintéticas devido à atitude tolerante em relação a entorpecentes, afirma Anabel Hernández.
https://www.dw.com/pt-br/os-efeitos-colaterais-da-liberal-pol%C3%ADtica-de-drogas-holandesa/a-51474620
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A Holanda reconhece: legalizar maconha foi erro
https://adeilsonfilosofo.jusbrasil.com.br/noticias/239200069/a-holanda-reconhece-legalizar-maconha-foi-erro
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O fracasso das experiências internacionais de legalização das drogas: “Por fora, bela viola; por dentro, pão bolorento”
https://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/fracasso-experiencias-internacionais-legalizacao-das/
Por essas que somos contra essas “legalizações” repletas de regulamentações e impostos, como a legalização do cigarro no Brasil, e somos a favor da revogação pura e simples da proibição: https://rothbardbrasil.com/o-fracasso-da-legalizacao-do-cigarro-uma-licao-para-o-caso-das-drogas/
Lembrando que não é necessário “legalizar as drogas” para que existam cracolândias, paramilitares violentos controlando seu comércio ou viciados vagando sem esperança pelas ruas: tudo isso é visto rotineiramente em locais onde a guerra às drogas é agressiva e permanente.