InícioUncategorizedCapítulo 4 - O Declínio do Sistema Ricardiano, 1820-48

Capítulo 4 – O Declínio do Sistema Ricardiano, 1820-48

4.1 O enigma da popularidade de Ricardo

O que deve ser levado em conta para explicar a popularidade dos Princípios de Ricardo, e para a persistência do sistema ricardiano? O “revolucionário” da utilidade marginal, W. Stanley Jevons, escrevendo o prefácio para a segunda edição de seu grande Teoria da Economia Política em 1879, foi forçado a se queixar da dominância contínua da doutrina Ricardiana, e para lamentar que “quando, depois de muito tempo, um verdadeiro sistema econômico for estabelecido, ficará evidente que aquele hábil, porém errôneo homem, David Ricardo, manobrou o carro da ciência econômica para uma estrada errada […].” De fato. E Ricardo levou a melhor com uma teoria que não somente estava longe da evidência em si mesma, mas também era bizarra em vários sentidos (como a teoria do valor trabalho), e escreveu seu trabalho de forma garranchada e obscurantista que dificilmente esperaríamos que atravessasse o campo, tanto entre os leigos quanto entre os mais particularmente interessados em economia.

Parte da explicação, como apontado por Schumpeter, é que Ricardo estava em sintonia política com o Zeitgeist. Apesar de sua metodologia ser muito abstrata, como deve ser para se divorciar da, e falsificar a realidade, a motivação de Ricardo não era teoria abstrata, mas seu uso em alcançar conclusões político-econômicas. Ricardo, assim como Mill, era adepto à livre troca e ao laissez-faire, e, como veremos, ao dinheiro sólido, e aplica seu sistema abstrato como um martelo em seus serviços. Essa ideologia estava rapidamente se tornando a onda do futuro na Inglaterra, nos meios intelectuais e de negócios.[1]

Mas e quanto a escrita de Ricardo, péssima em estilo e organização? A crítica sincera de Alexander Gray acertou em cheio:

Sobre a forma ao invés da substância das escritas de Ricardo, talvez seja suficiente dizer que ele não era escritor. Ele mesmo vagamente percebeu que era um escritor ruim, mas é dúbio se ele conhecia a extensão dessa verdade. É bajulação sem bom senso se referir ao seu principal trabalho, Os Princípios da Economia Política e Tributação, até mesmo como um livro. Ao invés disso, se parece com os restos varridos do estudo de um homem ocupado — capítulos com tamanhos variados, que ele claramente achou difícil colocar na ordem certa, notas bruscas e memorandos que interessavam o autor. Em defesa, pode ser admitido que Ricardo […] não tinha a intenção de escrever um livro. Esses eram de fato memorandos escritos para si e seus amigos, publicados com a incitação de seus amigos [na verdade, de Mill]. Mas esta é uma fraca consolação ao viajante solitário confuso na selva Ricardiana.[2]

É bem possível, entretanto, que foi exatamente o obscurantismo de Ricardo que causou seu sucesso. Para muitos, leigos e profissionais, obscuridade e escrita ruim resultam em profundidade. Se não conseguem compreendê-lo, e ouvem que tal é um grande homem e suas teorias são o farol atual, a crença deles em sua profundidade seria redobrada.[3],[4] A obscuridade possui vários charmes. Ademais, existem charmes particulares aos adeptos que rodeiam o grande homem, o círculo de iniciados que afirmam — provavelmente certos — que apenas eles podem verdadeiramente entender esse trabalho. Apenas eles podem penetrar o nevoeiro causado pela profundidade da sabedoria do grande homem.

Schumpeter percebe que “rapidamente seu círculo desenvolveu a postura — tão divertida, mas também, ‘Ai de mim!’, muito melancólica de observar — de crianças que foram presenteadas com um novo brinquedo. Eles pensaram que aquilo era o mundo. Para eles era de valor incalculável que apenas eles conseguissem se abaixar para apreciar quem era estúpido demais para se elevar a alturas Ricardianas.”[5] Sua obscuridade e dificuldade apenas elevou o gozo e orgulho dos adeptos sobre o novo brinquedo. Nos dias de hoje, esse efeito é consideravelmente elevado pelo fato que a obscuridade provê aos discípulos e críticos mais para ser conversado e escrito sobre, e, portanto, aumenta enormemente as oportunidades de carreiras para estudiosos na atual era do publicar ou perecer.

Outra razão para a popularidade do Ricardianismo era a atividade de Cadre persistente do infatigável James Mill. Uma das ações mais importantes de Mill foi ajudar a fundar o Clube de Economia Política em Londres em 1821, clube esse que rapidamente se tornou o centro da discussão econômica e aprendizado por muitos anos na Grã-Bretanha. É característico da troca prematura do começo do século XIX do locus da economia da Escócia para a Inglaterra que essa transferência fosse tanto de ocupação quanto de localização. Na Escócia, o pensamento econômico estava centrado nas duas grandes cidades de Edimburgo e Glasgow, com influência difundida em academias, livrarias, círculos empresariais e membros de clubes sociais nas duas cidades. Na Inglaterra, ao contrário, quase não havia economia acadêmica no decorrer das universidades fossilizadas. Dos 30 membros fundadores do Clube da Economia Política, apenas um — Thomas Robert Malthus — era um acadêmico, ensinando economia política no Colégio da Companhia Britânica das Índias Orientais em Haileybury. Os outros principais economistas ingleses no clube incluíam David Ricardo, o empresário e financiador Thomas Tooke (1774-1858), com o Coronel Robert Torrens dos Fuzileiros Reais presidindo o primeiro encontro. Os outros eram empresários, assessores de imprensa e oficiais do governo.

Poucos anos mais tarde, oportunidades acadêmicas começaram a se abrir. O amigo escocês de Mill e também principal Ricardiano, John Ramsay McCulloch, que esteve palestrando por vários anos, se tornou professor de economia política em 1828 no Colégio Universitário de Londres, e entrou no Clube da Economia Política logo após. Mas depois de quatro anos de ensino, ele teve que gastar o resto de sua vida como auditor financeiro. O primeiro posto de economia em Oxford era a cadeira fundada pelo banqueiro e evangelista Henry Drummond em 1825, mas o prazo da cadeira foi de apenas cinco anos. O primeiro titular da cadeira foi o advogado e importante jovem economista Nassau William Senior (1790-1864), filho de um vigário anglicano em Berkshire, que havia estudado em Oxford e entrado no Clube da Economia Política dois anos antes.[6] O novo Colégio do Rei de Londres, estabelecido no mesmo ano que o Colégio Universitário (1828) como um refúgio Tory e Anglicano para compensar seu vizinho não-denominacional, apontou Sênior para seu próprio posto de economia política em 1831. Mas Sênior foi expulso sem cerimônia por publicar um panfleto incentivando a redução do orçamento do estabelecimento anglicano na Irlanda, e ele passou o resto de sua carreira como um advogado de bens imobiliários e advogado do governo, com a exceção de outro professorado Drummond em Oxford entre 1847-52.

Cambridge tratava a economia com tal desdém que sua única contribuição foi a de ter um jovem advogado sem nenhuma distinção no campo, George Pryme, que ensinava economia sem pagamento e em horários impopulares. Pryme ensinou sob essas condições por mais de 40 anos a partir de 1816, notavelmente se tornando professor de economia política em 1828. Aparentemente ele não escreveu nada sobre economia e não contribuiu em nenhuma discussão importante.

4.2 O rápido declínio da economia Ricardiana

Antes de partir para a explicação do problema, deve-se ter relativa certeza que o problema realmente existe. Certamente, uma resposta parcial ao enigma da popularidade e dominância de Ricardo sobre a economia inglesa é que tal dominância era em grande parte um mito. Até recentemente, a visão ortodoxa na história do pensamento econômico era que o Ricardianismo dominou o pensamento Britânico por ocasião da publicação do Princípios de Ricardo passando pela revolução fracassada de Jevons em 1871, e até 1890 quando o neo-ricardianismo de Alfred Marshall supostamente integrou a utilidade marginal dentro de uma estrutura basicamente ricardiana. Uma das últimas expressões dessa ortodoxia veio em 1949, quando o professor Sydney G. Checkland, de uma perspectiva anti-ricardiana, lamentou o modo em que os dois escoceses, James Mill e McCullock, como Ricardo — o judeu luso-espanhol — exilados de suas culturas nativas, e, portanto, presumivelmente alienados da vida inglesa mainstream, usaram táticas de cadre brilhantes para atingir a hegemonia sobre o pensamento inglês. Checkland viu que Mill era o líder da cadre dos Ricardianos, sabiamente aconselhando Ricardo a não dar publicidade às críticas ao se negar a respondê-las na terceira edição, 1821, de seu Princípios. Mill escreveu seus Elementos de Economia Política como um compêndio ricardiano em 1821, mas uma vez que ele carecia de atração popular, o mais jovem McCulloch, que era mais carismático, extremamente forte, estrondoso, robusto, típica figura de homem escocês bebedor de whisky, assumiu como propagador e popularizador do ricardianismo.

A primeira importante revisão do mito do triunfo ricardiano veio com a refutação do marxista Ronald Meek a Checkland no ano seguinte.[7] Checkland, diz ele, cometeu um erro crucial: seguir J.M. Keynes e tratar a lei de Say como equivalente ao sistema ricardiano. Enquanto Ricardo e McCulloch seguiam Mill em considerar a lei de Say como muito importante, eles não a viam como crucial para o sistema ricardiano, que na verdade era composto de teorias do valor e da distribuição ricardianas. Enquanto a lei de Say realmente triunfou em seu início, apenas com Malthus temporariamente se opondo, o sistema ricardiano propriamente dito sofreu um destino muito diferente.

De fato, como ele conseguiu fazer em outras áreas da história do pensamento econômico, John Maynard Keynes, em seu Teoria Geral, enviesou e distorceu o desenvolvimento ricardiano. Foi apenas Keynes, em sua preocupação em promover déficits governamentais e inflacionismo, atacando a lei de Say, que fez daquela lei um aspecto central do sistema ricardiano. Também foi Keynes quem distorceu os fatos ao defender Malthus como o herói proto-keynesiano, obstinadamente necessitando de uma alternativa anti-Say e anti-ricardiana ao sistema ricardiano. Pelo contrário, Malthus, apesar de muitas diferenças, se considerava um smithiano e era em geral amigável com o ricardianismo assim como com Ricardo em pessoa. O interesse de Malthus na suposta “saturação geral” e em denunciar a lei de Say, era um produto efêmero da depressão pós-guerra napoleônica na Inglaterra. Quando a prosperidade Inglesa retornou após 1823, Malthus perdeu completamente o interesse no problema da saturação geral, e não escreveu mais sobre isso. A lei de Say havia triunfado, exceto em meio a alguns grupos marginalizados de radicais em meio ao submundo econômico; e Malthus determinadamente recusou-se a ser atraído a uma aliança com eles. Essas pessoas marginalizadas, que continuavam suas lamentações exaustas sobre uma saturação geral durante a década de 1830, incluíam o prolífico Tory de esquerda, estatista, poeta e ensaísta Robert Southey (1774-1843), que atacou a deflação após a Guerra Napoleônica, e o membro do parlamento, geólogo e autoridade quando o assunto é vulcões George Pullet Scrope (1797-1843). Levantando o apelo falacioso do subconsumo, Scrope, em seu Princípios de Economia Política (1833), acusou que qualquer declínio no consumo em favor de um “aumento geral na propensão a poupar” iria necessariamente e “proporcionalmente diminuir a demanda em comparação a oferta, e ocasionar uma saturação geral”. Nessa velha falácia proto-Keynesiana, as poupanças aparentemente “vazam” para fora da economia, e resultam em depressão permanente (?). Aparentemente, o investimento, uma vez que é transicional e não “final”, não é considerado gasto de qualquer forma. E então, como em todas as variedades de análises econômicas estranhas, o sistema de preços, e a relação do preço de venda com os custos, é de alguma forma não considerada digna de qualquer menção.[8]

George Pullet Scrope originalmente era chamado de George Thomson, filho de John Pullet Thomson, chefe de uma firma de mercantes russos. Adotou o nome Scrope após se casar com uma herdeira da família Scrope. Nascido em Londres, Scrope estudou em Oxford e Cambridge, e foi um membro da Câmara dos Comuns por 35 anos. Um campeão das livres trocas, escreveu tantos panfletos sobre problemas econômicos (aproximadamente 70) que era comumente apelidado de “Scrope do Panfleto”.

Em contraste ao triunfo da lei de Say, o sistema ricardiano foi apropriadamente e rapidamente repudiado no mundo econômico inglês. Em Janeiro de 1831, oito anos após a morte de Ricardo, o coronel Robert Torrens discursou ao Clube da Economia Política que Ricardo havia ajudado a fundar. Torrens levantou a questão crucial: quantos dos princípios ricardianos ainda eram tidos como corretos? Sua resposta: todos os grandes princípios do sistema ricardiano foram abandonados, especialmente os mais críticos sobre valor, renda e lucros. Samuel Bailey, em sua grande adesão a teoria do valor-utilidade em 1825, havia esmagado a teoria do valor-trabalho: Thomas Perronet Thompson havia se livrado da teoria ricardiana da renda; a teoria dos lucros é fraca pois Ricardo ignorou a substituição do capital: e a teoria dos salários de subsistência Malthusiana havia sido amplamente abandonada.

Para o marxiano Ronald Meek, toda essa deserção do ricardianismo era composta por uma trama capitalista contra a teoria do valor trabalho, cujas implicações socialistas foram prolongadas durante os anos de 1820 pelos socialistas ricardianos. De qualquer forma, até 1829-31, não haviam adeptos da teoria do valor trabalho sobrando no mainstream econômico inglês; para Meek, a única exceção era McCulloch, que por vezes abandonou Ricardo em muitos de seus problemas, incluindo a ideia de trabalho produtivo vs improdutivo, a teoria do lucro, e a teoria de conflito de classes no mercado implícita na teoria ricardiana de distribuição.[9] Apenas a lei de Say, com suas fortes implicações de laissez-faire, sobreviveu aquilo que Meek lamenta como “o expurgo”.

Mas o “expurgo” ou abandono havia vindo ainda mais cedo, antecedendo os socialistas ricardianos. O professor Frank W. Fetter, em seu clássico artigo,[10] aponta que após a morte de Ricardo em 1823, James Mill escreveu desesperadamente para McCulloch e anotou que eles eram “os dois únicos discípulos genuínos” de Ricardo na existência, e McCulloch não permaneceu sendo um discípulo por muito tempo.

Fetter nota que a opinião econômica nos anos de 1820 era diversa e instável, exceto por uma adesão geral à livre troca. Todos rejeitaram a conclusão ricardiana pomposa de que lucros variam inversamente aos salários, exceto como um truísmo aritmético banal. Além disso, até o próprio Ricardo apontou o caminho para abandonar sua própria, crucial e permanente, teoria dos salários de subsistência (que o alemão socialista Ferdinand Lassalle mais tarde chamou de “a Lei de Ferro dos Salários”).

Ricardo adotou a teoria dos salários de subsistência, retirada da primeira edição hard-core e malthusiana[11] do Ensaio sobre a População de Malthus (1798). Mas muitas de suas declarações à parte desse modelo formal rígido foram adotadas da versão mais fraca, de fato contraditória, a segunda edição do Ensaio (1803). Essas eram qualificações as quais Marx iria corretamente anotar em equivalência a deserção da “lei de ferro”. Críticas da doutrina malthusiana predominaram nos jornais até o fim dos anos de 1820. Dessa forma, no começo de 1826, um escritor anotou na Monthly Review que a lei de aumento persistente da população operava apenas em sociedades pobres. Ele se move

em uma proporção inversa à aquisição de riqueza; […] isto é, somente quando as pessoas se tornam mais propensas ao luxo, quando aqueles compromissos que formam o principal charme na vida humilde perdem suas trações pela substituição de hábitos de requintes, que o aumento [da população] se torna progressivamente menor.

Finalmente, em 1829, as cartas de Nassau W. Senior para Malthus efetivamente chutaram para longe a lei de ferro. Em sua troca de correspondência publicada, seguindo a entrega de suas Lições Sobre a População (Duas Lições Sobre a População, à qual é adicionada A Correspondência entre o Autor e o Rev. T.R. Malthus (Londres, 1829)), Senior deu um golpe devastador na doutrina malthusiana. Em primeiro lugar, enquanto concordava que o crescimento populacional excessivo poderia algum dia ser um problema, Sênior efetivamente virou Malthus do avesso ao apontar que enquanto a população de fato pressionava a oferta de comida em países subdesenvolvidos, a história dos países prósperos do Ocidente foi marcada por um aumento no fornecimento de comida que superou o aumento populacional.

Realmente, esse fato é demonstrado simplesmente pelo aumento do padrão de vida dos países ocidentais ao longo dos séculos. E esse crescimento econômico deve se dar por uma tendência geral da agricultura e outras produtividades crescerem, assim como as pessoas se dedicando a salvaguardar seu alto padrão de vida. Como resultado, a população não cresce o suficiente para reduzir o padrão de vida do público ao nível de subsistência. Enquanto Malthus não iria verbalmente tão longe quanto Senior em falar sobre uma “tendência geral para a comida crescer mais que a população”, era claro a partir da resposta de Malthus que o Malthus mais tranquilo da segunda edição havia triunfado. Que Senior viu todas as implicações das trocas da segunda edição, também é demonstrado por sua própria formulação do princípio populacional: “que a população do mundo […] é limitada apenas pela moral ou mal físico, ou pelo medo da deficiência de tais artigos de riqueza que os hábitos dos indivíduos de cada classe de seus habitantes o levaram a adquirir”. (Itálico adicionado).

Mas enquanto a lei de ferro dos salários estava finalizada de facto, ela ainda continuou reinando, como esteve, de jure. Para Nassau Senior, sofrendo de piedade excessiva para com Malthus, faltava o instinto para a jugular que iria remover o véu da evasão das graves falácias da doutrina malthusiana. Ao invés disso, Senior colaborou com a mentira, insistindo, apesar de saber que não era verdade, em continuar a saudar o princípio malthusiano da população como um pilar da ciência econômica. Como Joseph Schumpeter, sempre vivo para as tolices dos economistas, lamentou:

[Senior] sempre tratou Malthus com infinito respeito — ele até mesmo o chamava de benfeitor da humanidade (sic!) — e fez tudo em seu alcance para minimizar seu desvio daquilo que evidentemente considerava ser a doutrina estabelecida. Toda justificação menor está lá para a prática de alguns escritores tardios, que com um pontificado nauseante, trataram Senior como um pupilo não tão inteligente que precisava ser endireitado por Malthus. Na verdade, é perfeitamente claro que Senior percebeu até que ponto as qualificações de Malthus deveriam ter significado retratação e em qual grau sua adoção a alguma das opiniões antigas significava contradição.[12]

4.3 A teoria da Renda

A teoria ricardiana da renda foi efetivamente demolida por Thomas Perronet Thompson (1783-1869) em seu panfleto, A Verdadeira Teoria da Renda (1836). Thompson pronunciou-se contra o cume falacioso do sistema ricardiano: “A célebre Teoria da Renda”, Thompson acusou, “é baseada em uma falácia”, pois a demanda é a chave do preço dos cereais e da renda.

A falácia se situa, em assumir ser a causa aquilo que em realidade é apenas uma consequência […] [é] o aumento no preço de produção […] que permite e causa a utilização para cultivo de terreno inferior; e não o cultivo em terreno inferior que causa o aumento na renda.

Thompson vai adiante e escreve em espanto que Ricardo percebeu a falácia na visão de que grãos vendem por um alto preço em decorrência do pagamento de renda, e não vice-versa, e ainda sim insistiu em adotar uma teoria de custos e preços similar. Aqui, Ricardo reverteu causa e efeito ao defender que a cultivação em terreno inferior causa um aumento no preço do grão, em vez de o contrário.

Durante o mesmo ano, o Coronel Robert Torrens em pessoa destruiu a teoria ricardiana da renda ainda mais efetivamente, se focando na falácia crucial da renda-como-um-diferencial. Caracteristicamente, Torrens, que estava envolvido em todas as controvérsias econômicas da época e mudou de opinião significantemente em quase todas, entregou seu coup de grace na terceira edição de um trabalho, ao qual havia originalmente pré-datado Ricardo na descoberta e defesa da teoria da renda diferencial. Esse trabalho era o Ensaio Sobre o Comércio Exterior, originalmente publicado em 1815. Mas agora, Torrens aperfeiçoou o ponto crucial de que a renda de terra, A, não depende de sua maior ou menor fertilidade que outro pedaço de terra, B; que, ao contrário, a renda de cada terreno se deriva de sua própria produtividade, ponto, em torno parcialmente determinada pela escassez daquela terra particular e pela demanda de seus produtos. A existência de retorno em um pedaço de terra não depende, de qualquer modo, da existência de terras piores. Como Torrens coloca:

Nem as gradações do solo, nem a aplicação sucessiva de capital à terra, com retornos cada vez menores, são de qualquer forma essenciais para o surgimento e ascensão de renda. Se todo solo fosse de determinada qualidade uniforme, e se a terra, após ser adequadamente estocada, não pudesse gerar produção adicional […] ainda sim o aumento no valor da produção bruta […] causaria uma porção da produção excedente no solo a assumir a forma de aluguel.

No exato mesmo ano, 1831, que o Coronel Torrens estava desta forma declarando a morte do sistema ricardiano, o Rev. Richard Jones (1790-1855), um graduado de Cambridge, colocou o último prego no caixão de teoria ricardiana em seu discurso “sobre o aluguel”, em seu Ensaio sobre a Distribuição de Riqueza. Um indutivista baconiano, historicista e anti-teórico que paradoxalmente sucedeu primeiro Sênior como professor de economia política no King’s College, Londres, e então seguiu Malthus como professor no Colégio das Índias Orientais de Haileybury, Jones enfatizou o erro no ditado histórico de Ricardo, de que as terras mais férteis são sempre cultivadas primeiro em todos os países, que então moviam sucessivamente para terras cada vez menos férteis.

Por Schumpeter e outros terem rejeitado o caso de Jones como fato histórico confuso e com um modelo teórico abstrato, é um desvio do ponto real. Falacioso e anti-teórico, Richard Jones indubitavelmente era; mas de seu próprio ponto de vista, David Ricardo não estava simplesmente arranjando um modelo teórico completamente irrealista. Ricardo estava interessado, acima de tudo, em aplicações políticas, e era desiludido o suficiente para acreditar que seu modelo estaria despejando leis precisas sobre tendências passadas e futuras.

Para Ricardo, aumentos inexoráveis no aluguel, desenvolvimento econômico futuro debilitado, eram consequências empíricas previsíveis de sua própria teoria. Fatos empíricos específicos não podem originar ou testar uma teoria, mas uma lei teórica que tenta prever passado e futuro pode ser validamente respondida ao se analisar o curso real da história. Fatos empíricos podem ser utilizados propriamente para refutar generalizações empíricas.

As várias demolições da teoria da renda de Ricardo, especialmente a de Perronet Thompson, rapidamente triunfaram na literatura econômica. A crítica de Thompson foi antecipada em jornais influentes, na British Critic tão cedo quanto 1821, e por Nassau W. Senior na Quarterly Review no mesmo ano. No começo da década de 1830, a visão de Thompson havia triunfado nos jornais, incluindo um artigo de Samuel Mountifort Longfield, o primeiro professor irlandês de economia política no Trinity College, Dublin. Por volta de 1804, a teoria ricardiana da renda estava completamente morta, e quase fora de discussão; fora McCulloch, o único disposta a defendê-la era o ardente e emotivo ricardiano, o poeta e escritor Thomas de Quincey (1785-1859).

David Ricardo, como ele próprio reconheceu, não originou sua diferencial teoria do aluguel. Ela começou em 1777, com a publicação de Uma Investigação acerca da Natureza das Leis dos Cereais, pelo fazendeiro escocês, James Anderson (1739-1808). como fazendeiro em Aberdeenshire, Anderson fundou e editou a Weekly Bee, e mais tarde se mudou para Londres, onde editou publicações em ciência agrícola e em artes. A teoria de Anderson, entretanto, permaneceu esquecida, até ser independentemente replicada por três escritores em 1815: Thomas Robert Malthus, em seu Investigação acerca da Natureza e Progresso da Renda; Um Ensaio Sobre a Aplicação do Capital a Terra, do Sir Edward West (1782-1828); e a primeira edição do Ensaio sobre o Comércio Exterior de Grãos, de Torrens. Malthus não integrou sua teoria em qualquer coisa como o sistema ricardiano, e, além do mais, raramente era um oponente dos senhorios ou da renda de terras. Pelo contrário, Malthus defendia as Leis dos Cereais. Por outro lado, West, um advogado e sócio do University College, Oxford, que mais tarde atuou como juiz suprema corte na Índia e morreu cedo por uma doença, ficou muito próximo de antecipar o sistema ricardiano que Schumpeter habitualmente se refere como a teoria “ricardiana ocidental”.

A Questão interessante é: o que deu origem, em um período tão curto de tempo (1815-17) a tão grande preocupação, ou ao menos atenção para o suposto problema do aumento dos aluguéis? Pois, à parte do relativamente desconhecido James Anderson, a atenção ao aumento das rendas aconteceu dentro de alguns poucos anos após o fim das Guerras Napoleônicas. A resposta foi brilhantemente fornecida pelo economista americano “austríaco” do começo do século vinte, Frank Albert Fetter: As Guerras Napoleônicas dos primeiros quinze anos do século XIX foram marcadas por altas taxações, bloqueios de importações de bens, inflação da moeda, e consequentemente altos preços de “grãos” sem precedentes na Inglaterra e, portanto, rendas agrícolas altamente inflacionadas. Certamente não é acidente, como Fetter percebe, que “a suposta doutrina ricardiana da renda foi independentemente formulada por vários outros escritores — West, Malthus, Torrens e outros entre 1813 e 1815 — quando os preços do trigo estavam em seu pico.[13]

4.4 Coronel Perronet Thompson: benthamista anti-Ricardiano

Devemos parar por um momento para considerar o caráter fascinante do Coronel Perronet Thompson, um ardente benthamista radical, e defensor do livre-comércio e contrário às Leis dos Cereais. Thompson, filho de um comerciante próspero e banqueiro de Sussex, e membro do parlamento por uma década, passou a primeira parte de sua fase adulta como um militar, aposentando-se do serviço ativo em 1922 com 39 anos de idade e a patente de tenente. Apesar de sua patente relativamente baixa, Thompson foi nomeado o primeiro governador real da colônia de Serra Leoa em 1808, mas foi rapidamente removido por clamar pela abolição do comércio de escravos. Sua dispensa pelo governo tory britânico causada pelo problema da escravidão radicalizou o jovem Thompson, cuja educação em liberalismo clássico estava ainda mais desenvolvida com a leitura de Adam Smith e Turgot. Depois de se aposentar do serviço militar, Thompson foi compensado por sua baixa patente em trabalho importante sobre uma carreira militar longa sendo repetidamente promovido enquanto inativo. Na hora de sua morte, Thompson havia ascendido até o mais alto tipo de general.

Antes de ingressar ao serviço militar, Thompson havia se graduado no Queen’s College, Cambridge, e se tornado um afiliado daquele mesmo colégio. Ao se aposentar da vida militar, entrou para o grupo de admiradores de Bentham e mergulhou no utilitarismo e radicalismo benthamista. A primeira obra publicada de Thompson apareceu na primeira edição do próprio periódico de Bentham, o West minister Review (1824). Sua Verdadeira Teoria da Renda, designada para apoiar as considerações de Adam Smith em comparação a Ricardo, dando seguimento; e no próximo ano, Perronet Thompson publicou seu famoso Catecismo sobre as Leis dos Cereais (1827), amplamente considerado o trabalho mais importante em toda a literatura Anti-Leis dos Cereais. Depois, Thompson se tornou um dos membros mais efetivos da Liga Anti-Leis dos Cereais. Em 1829, apenas meia década desde sua imersão na política, o agora Tenente Coronel Thomas Perronet Thompson se tornou o único proprietário do Westminster Review benthamista, e contribuiu com artigos sobre todo tipo de assunto, até se abdicar da posse sete anos mais tarde. Depois de ser derrotado no Parlamento em 1834, Thompson venceu a eleição um ano mais tarde, opondo-se a George Grote e aos radicais filosóficos do Parlamento. Perdendo seu assento dois anos mais tarde, concorreu várias vezes sem sucesso, servindo no Parlamento de 1847 a 1852, e de novo de 1857 a 1859.

Os escritos de Thompson eram prolíficos, e em várias áreas. Com 59 anos de idade, uma coleção de seis volumes de seus trabalhos até a data de sua publicação foi publicada, Exercícios, Políticos e Outros [Exercises, Political and Others] (1842), e ele permaneceu escrevendo panfletos e artigos em jornais sobre a reforma democrática até um dia antes de sua morte, com 86 anos de idade. Em adição a suas grandes preocupações políticas e econômicas, Thompson escreveu trabalhos sobre matemática, a ciência dos acústicos, e a teoria da harmonia musical. Um órgão construído de forma similar à teoria harmônica de Thompson recebeu menção de honra na Grande Exposição de 1851.

Thompson contribuiu mais para a economia que somente seu ataque à renda de terras. Seu primeiro artigo no Westminster Review, “On the Instrument of Exchange”, seguiu as posições inflacionistas próprias de Bentham ao defender um papel-moeda irreversível. Outra, igualmente dúbia, contribuição de Thompson na mesma dissertação seguiu uma pista feita dez anos antes por Malthus. Malthus, que foi treinado em matemática em Cambridge, observou, em um panfleto em 1814, que o cálculo diferencial poderia se mostrar útil nas teorias morais, econômicas e políticas, uma vez que muitas perguntas dessas disciplinas se centram em torno da busca por máxima e mínima. Na data de publicação de seu Princípios de Economia Política em 1820, entretanto, Malthus havia sabiamente amadurecido para cético sobre as possibilidades da matemática na economia, assim como na ética e na política. Thompson, entretanto, também treinado em matemática em Cambridge, não tinha tais escrúpulos, e seu artigo de 1824 abriu uma porta fatal ao utilizar o cálculo diferencial para definir o ganho máximo. O benthamista perfeito, embebido em olhar ao máximo de prazer e mínimo de dor, havia batido fatalmente fundo; a Caixa de Pandora fora aberta.

A simpatia de Thompson pela economia matemática, entretanto, não o impediu de condenar a busca de Smith-Ricardo por uma medida de valor fixa e invariável, que ele havia sabiamente dispensado como uma quimera. Ademais, na Westminster Review em 1832, Thompson criticou incisivamente todas as teorias do valor, mostrando que preço e custo quase sempre se diferem. E essas diferenças, ele adicionou, não são acidentais e efêmeras, como Smith e especialmente Ricardo assumiram em seu foco pelo preço “natural” de longo prazo; pelo contrário, essas diferenças “de curto prazo” são a essência do mundo real dinâmico: “Essa oscilação perpétua em ambos os lados do preço de custo, ao invés de serem acidentes inconsideráveis, são na verdade o grande agente pelo qual o mundo comercial é mantido em movimento”.

4.5 Samuel Bailey e a teoria do valor subjetivo

Em 1825, Samuel Bailey (1791-1870), ainda um jovem mercante de Sheffield em ascensão, publicou uma demolição meticulosa da teoria de valor ricardiana, em seu Uma Dissertação Crítica sobre a Natureza, Medidas e Causas do Valor. Bailey finalmente trouxe para a economia Inglesa a teoria subjetiva do valor da tradição Francesa; infelizmente, ele não foi nobre o suficiente para reconhecer esse fato. Enquanto sua dissertação estava claramente na tradição de Say, por exemplo, suas breves e bruscas referências ao Tratado de Say não deram pistas do reconhecimento de seu grandioso endividamento. Mas em qualquer caso, a demolição de Ricardo por Bailey foi devastadora. Começando pela definição de Ricardo do valor como preço relativo, ou poder de compra, de bens particulares, Bailey continuou demonstrando a absurdez e contradição interna da afirmação de Ricardo de que cada bem possui um valor absoluto e invariável da qualidade das horas de trabalho empregadas em sua produção. Para começo de conversa, se a quantidade de trabalho necessária para produzir um bem A permanece a mesma, seu valor, contra Ricardo, dificilmente pode ser invariável, se a quantidade de trabalho empregada em outros bens, B, C, D, etc. mudou. Em resumo, valor é estritamente relacional, é uma classificação entre os bens, e, portanto, não pode ser absoluto ou invariável.

Ademais, Bailey demonstrou que o valor não é de modo algum inerente aos bens, mas, ao invés disso, é quase sempre um processo de avaliação subjetiva na mente dos indivíduos. O valor, como Bailey mostrou, “em sentido primordial, parece significar a estima que qualquer objeto possui. Denota, estritamente falando, um efeito produzido na mente”. Valor é puramente um “afeto mental”. Além disso, ele fortemente afirma que o valor não é somente uma estimação subjetiva, mas também que essa avaliação é necessariamente relativa entre vários bens ou objetos; o valor é uma questão de preferência relativa. Assim, Bailey:

Quando consideramos um objeto em si mesmo, sem referência de um para outro; a emoção ou prazer ou satisfação, a qual nós veremos sua utilidade ou beleza, dificilmente pode assumir a denominação de valor. É somente quando objetos são considerados como sujeitos a preferência ou troca, que o sentimento específico de valor pode surgir. Quando são assim considerados, nossa estima por um objeto, ou nosso desejo de possuí-lo, pode ser igual a, ou maior ou menor que nossa estima por outro […]

Mas se o valor é subjetivo e de avaliação relativa (ou relacional), segue-se que é absurdo que Ricardo anseie por uma medida de valor invariável.

Em uma cintilante e notável passagem, Bailey demonstra as contradições internas e absurdidades de qualquer teoria do valor absoluto, e especificamente da variante do valor-trabalho ricardiana. Os ricardianos haviam perdido de vista

a natureza relativa do valor, e […] considerado isso como algo positivo e absoluto; de forma que se houvesse apenas duas mercadorias no mundo, e que se por alguma circunstância ambas ou alguma passassem a ser produzidas com o dobro da quantidade de trabalho, ambas iriam aumentar seu valor real, apesar de que sua relação entre si deva permanecer imperturbada. De acordo com essa doutrina, todas as coisas devem se tornar mais valiosas imediatamente, por necessitarem imediatamente de mais trabalho para sua produção, uma posição completamente divergente da verdade, que o valor denota a relação na qual commodities se apresentam umas às outras como artigos de troca. O valor real, em uma palavra, é nessa teoria considerada como sendo o resultado independente do trabalho; e consequentemente, se sob quaisquer circunstâncias a quantidade de trabalho é aumentada, o valor real também aumenta. Assim sendo, o paradoxo. [citando o ricardiano devoto Thomas De Quincey] “que é possível que A continuamente aumente seu valor — em observação de valor real — e ainda sim comandar um decréscimo contínuo da quantidade de B”; e isso ainda que elas sejam as únicas commodities existentes.

Em suma, assim como Bailey pungentemente notou,

“o próprio termo valor absoluto, implica o mesmo tipo de absurdez que a distância absoluta […]”.

Bailey então entra em uma penetrante discussão sobre a teoria de medição, mostrando o tremendo abismo entre medição genuína de objetos reais ou físicos e qualquer ideia de “medir” alguma coisa tão subjetiva e relativa como a valoração humana.

No caso de objetos físicos, tais conceitos como comprimento ou largura são medidos pela fixação de uma medida física invariável, tal como a régua de pés, e então comparando o comprimento dos outros objetos em questão com essa tal regra.

Na valoração humana, a “medição” é consideravelmente diferente; é simplesmente a expressão de preços ou poder de compra relativos de diferentes bens em termos de dinheiro, ou meios de trocas de alguém. Aqui não há operação física como na medida de objetos físicos. No caso do dinheiro, há uma “expressão comum ou denominador de valor” no dinheiro ao invés de um objeto físico invariável de comparação.

De fato, esses preços ou quantidades são relativos e variáveis, e não há invariabilidade envolvida. Na verdade, Bailey teria feito ainda melhor em abandonar o termo “medição” completamente, e reservá-lo estritamente para os padrões invariáveis usados para comparar objetos físicos, simplesmente limitando a ideia de comparar preços relativos em termos de dinheiros ao termo “expressão comum” ou “denominador comum”. Uma enorme confusão na teoria econômica poderia ter sido evitada.

No caminho de demolir a ideia de uma medida de valor invariável, Bailey deu um tiro fatal na noção de que o valor do dinheiro é invariável sobre o tempo, e, portanto, pode ser usado para comparar preços gerais com o passar do tempo.

Enquanto a mercadoria do dinheiro não é mais fixa no valor que qualquer outra, um de seus atributos, e uma das razões pelas quais é escolhida como dinheiro no mercado, é a sua “constância de valor comparativo”, como Bailey sensivelmente denominou em uma obra mais tardio sobre o dinheiro e seu valor (Money and its Vicissitudes in Value, 1837). Mas seu valor não é constante, e, portanto, não há como medir o valor sobre o tempo. Mas mercadorias apenas possuem relações de valor entre si ao mesmo tempo; uma mercadoria não possui valor em relação a si mesma em diferentes períodos do tempo. Como Bailey colocou;

Não podemos determinar uma relação de tecidos em um período de tempo para tecidos em outro período, como determinamos a relação do tecido nos dias atuais. Tudo que podemos fazer é comparar a relação na qual o tecido permaneceu em cada período com alguma outra commodity […] Não podemos dizer, que um par de meias no reinado de Jaime I poderia ser trocado por seis pares nos dias atuais; e portanto não podemos dizer, que um par no reinado de Jaime I era igual em valor a seis pares atualmente, sem alguma referência a outro artigo.

Valor é a relação entre mercadorias contemporâneas, pois apenas tais admitiriam ser trocadas entre si; e se compararmos o valor de uma commodity em um período com seu valor em outro, será apenas uma comparação da relação na qual ela permaneceu nesses diferentes períodos em relação a outra commodity.

Até recentemente, historiadores acreditaram que o trabalho de Bailey não teve impacto no mundo ricardiano da economia britânica, e caiu no desconhecimento, apenas para ser ressuscitado no final do século XIX por economistas procurando por precursores da teoria da utilidade marginal. Na verdade, agora sabemos que, apesar da cruel agressão pessoal (provavelmente de James Mill) em Bailey na Westminster Review, a Dissertação Crítica de Bailey foi amplamente lida em meio aos economistas e praticamente e varreu o campo.

Nos ritos fúnebres de janeiro de 1831 ao sistema ricardiano antes do Clube de Economia Política, o Coronel Robert Torrens declarou que “sobre o valor”, a Dissertação de Bailey “resolveu o problema”. De fato, no ano que seguiu a publicação do trabalho de Bailey, Torrens o elogiou fortemente na terceira edição de seu Ensaio sobre O Comércio Internacional de Cereais, chamando-a em seu prefácio de “um espécime magistral de lógica perspicaz e precisa”, hasteando “aquela linguagem vaga e ambígua na qual alguns de nossos economistas mais eminentes se entregaram”.

E notavelmente, o instável Torrens manteve essa opinião por toda a sua vida. Na extensa introdução ao seu The Budget (1844), na qual revisou e retratou muitas de suas opiniões anteriores, o Coronel Torrens saiu de seu caminho para afirmar que

“o dotado autor de ‘Uma Dissertação Sobre a Natureza, Causas e Medidas do Valor’, finalmente resolveu um problema longo e agitado, sobre se o valor deveria ser tido como uma qualidade absoluta ou positiva inerente às commodities, ou como uma relação existente entre si”.

Samuel Bailey escreveu uma resposta efetiva à crítica de Westminster (A Letter to a Political Economist, 1826), mas à parte de seu tratado Money, a maioria de seus numerosos escritos lidavam com filosofia e reforma política. Pois esse próspero mercador de Sheffield, nascido em uma família mercantil, fundador e quatro vezes presidente da Sheffield Literary and Philosophical Society, era, em assuntos intelectuais, um fervoroso benthamista. Dedicou grande parte de seus recursos intelectuais a escritos benthamistas sobre filosofia e reforma radical, e concorreu duas vezes sem sucesso com um bilhete de reforma ao parlamento. Bailey fez um impacto filosófico considerável com seu primeiro livro, seu Ensaio Sobre a Formação e Publicação da Opinião Pública (1821). A ênfase da dissertação no valor utilitário da livre discussão influenciou fortemente James Mill, a On Liberty de John Stuart Mill, e Francis Place. Em assuntos econômicos, o Ensaio de Bailey baseou a atividade econômica no subjetivo, no fenômeno mental, e explicitamente rejeitou a ênfase em objetos materiais dos economistas clássicos britânicos.

A metodologia da economia, que Bailey sustentava, era introspectiva dos arredores empíricos de alguém. Bailey via a economia como uma “ciência da mente” ao invés de como uma tecnologia. Claramente, sua metodologia e filosofia eram muito mais “austríacas” do que se imaginava.[14]

As obras mais tardias de Bailey eram não-econômicas, incluindo Ensaio Sobre a Busca da Verdade (1844), A Teoria do Raciocínio (1851, 1852), e três séries de Cartas sobre a Filosofia da Mente Humana (1855-62). Sua última publicação foi um livro de dois volumes que usava etimologia para rearranjar e reinterpretar algumas das peças de Shakespeare (On the Received Text of Shakespeare’s Dramatic Writings and its Improvement (1862-66)).

Samuel Bailey foi o mais importante e influente teórico do valor subjetivo; mas ele não foi o primeiro a trazer a teoria subjetiva do valor à Bretanha do século XIX. Essa honra pertence ao praticamente desconhecido escocês John Craig (c. 1780-c. 1850). Tudo que sabemos sobre Craig é que ele era um cidadão de Glasgow, e era um membro da fraternidade da Sociedade Real de Edimburgo, e ainda assim nada mais é conhecido sobre sua ocupação ou passado. Depois de escrever um trabalho de três volumes sobre os Elementos de Ciência Política (1814), Craig fez sua impressionante, porém despercebida contribuição à economia, em seu Observações Sobre Algumas Doutrina Fundamentais de Economia Política (1821).

Craig não somente trouxe a utilidade para uma economia britânica dominada por discussões sobre o custo e o “preço natural”; pela primeira vez na Grã-Bretanha, ele trouxe a teoria do valor para a beira do conceito de utilidade marginal. Começando com o axioma de que a utilidade é a base de todo valor, Craig procede para a influência da oferta:

“valores relativos de mercadorias podem mudar, e as pessoas que por acaso possuem tais artigos que são produzidos em uma quantia mais larga que outrora, ou a qual de outras circunstâncias se tornam menores em demanda, podem se ver mais pobres […]”.

Em resumo, um aumento de quantidade causa decréscimo no valor. Uma maior abundância resultar em menor valor já foi considerado como trivialidade dentro do pensamento econômico; mas por que exatamente isso é verdade? Primeiramente, Craig percebe que uma crescente quantidade de, por exemplo, tecidos de lã, diminuirão seu preço. Ele então procede para explicar, em uma passagem verdadeiramente notável, que

Todo o Tecido de Lã, que, na estimativa dos compradores, valia o preço inicial, fora outrora trazido ao mercado, e se agora mais está disponível, deve estar para aqueles que antes não reconheciam sua utilidade como equivalente ao preço antigo. Novos compradores de fato aparecerão em proporção à redução do preço; pois, a cada passo do declínio, o valor se assemelha à estimativa, a qual um número adicional de pessoas havia formado a respeito de seu poder de produzir gratificação, ou em outras palavras, ao valor estimado de seu uso.

Portanto, John Craig não somente refutou explicitamente a visão smithiana da separação de valor em uso para valor em troca, demonstrando que o último depende estritamente do primeiro. Até mais importante que isso, Craig havia captado a essência da doutrina da utilidade marginal sem o nome: mostrando que conforme a quantidade de um bem cresce, seu preço deve cair a fim de tocar um novo grupo de compradores para o qual a estimativa de utilidade do bem foi muito baixa para permitir que comprassem o bem pelo valor originalmente mais alto pelo produto menor.

Em resumo, compradores anteriormente sub marginais se tornam compradores marginais pelo produto adicional conforme o preço diminui. Assim como o Professor Thor Bruce declara,

Craig aparece na exata beira de expressar a ideia da utilidade marginal. Ele se separou da teoria apoiada por seus contemporâneos, que era baseada na ideia de custo, e se tornou o primeiro expoente da ideia de conexão valor e utilidade. Em, então enfatizar a teoria da utilidade, foi o pioneiro da Escola Austríaca da última metade do século XIX.[15]

Craig não para por aí. Se mais tecido de lã, por exemplo, foi produzido e seu preço reduzido, os antigos compradores agora possuem um excedente de receita, que utilizarão para aumentar a demanda, e portanto, o preço de outros produtos. Portanto, a queda de valor nos tecidos de lã aumentarão a demanda e o preço de outros bens. Sendo assim, um fornecimento aumentado de alguns bens não necessariamente resulta numa queda geral de valores, mas ao invés disso, em uma reestruturação de preços e uma renda adicional aos consumidores.

Craig conclui de sua análise do valor que o valor-de-troca não apenas depende do valor-de-uso, mas também é uma medida precisa daquele valor. Craig aponta em sua introdução ao Remarks, que se deparou com o Treatise de J.B. Say somente após ter escrito o corpo de seu tratado, e que percebeu a semelhança na abordagem. Ele adiciona, entretanto, que a concentração de Say ao valor-de-troca propriamente dita deveria ser corrigida para apontar que ele também é a personificação ou expressão do valor em uso.

Atacando a teoria de custo ou trabalho ricardiana, Craig aponta que o valor de qualquer bem é determinado não pelo seu custo de produção, mas por sua oferta e demanda, a demanda variando continuamente em correspondência com os desejos dos consumidores, e a oferta mudando de acordo com a escassez ou abundância de seus agentes de produção, assim como a fertilidade da agricultura. Ou, como Craig coloca:

mesmo se os custos fossem determinados, isso não nos permitiria julgar do valor trocável. O valor de troca depende inteiramente da proporção no mercado a qual a demanda por um artigo pode dar à oferta, uma proporção sempre variável, por um lado, de acordo com a plenitude ou escassez de capital ou trabalho, e fertilidade da temporada.

Se Samuel Bailey fosse precedido por John Craig, seria sucedido, seis anos após sua Dissertation, por Charles Foster Cotterill, em seu an Examination of the Doctrine of Value… (1831). Cotterill não apenas apoiou, em geral, a teoria subjetiva da utilidade, de Bayley; ele também pronunciou, no mesmo ano que Torrens, o falecimento do movimento ricardiano, perplexamente percebendo que “alguns ricardianos ainda permanecem”.

4.6 Nassau Senior, a conexão Whately, e a teoria da utilidade

Durante o fim da década de 1820, Nassau W. Senior entregou uma série de palestras como professor Drummond em Oxford, algumas das quais foram recolhidas no único livro publicado por Senior, seu Outline of the Science of Political Economy (1836). Senior levou adiante a teoria da utilidade subjetiva, de Bailey; O quanto ele foi influenciado por Bailey é difícil de dizer, uma vez que, como a maioria dos economistas de sua era, Senior não reconhecia praticamente, nenhum colega de opinião similar ou influências sobre seu próprio trabalho.

Senior reconhecia J.B. Say, entretanto, e então começou sua análise de valor dizendo que o valor depende da utilidade e escassez, retornando então para a tradição continental. Senior acrescentou que a utilidade é relativa aos desejos humanos e a diferentes pessoas, e não é intrínseca a objetos. Utilidade, ele afirmou:

denota nenhuma qualidade intrínseca nas coisas que dizemos serem úteis; isso simplesmente expressa suas relações às dores e prazeres da humanidade. E, conforme a susceptibilidade de dor e prazer a partir de um objeto particular é criada e modificada por causas inumeráveis, e que variam constantemente, encontramos uma diversidade sem fim na utilidade relativa de diferentes objetos para diferentes pessoas, diversidade cuja é o motivo de todas as trocas.

Escassez, ou a limitação natural de oferta, foi para Senior, a maior influência na utilidade relativa. No curso de sua discussão, Senior praticamente chegou a formular uma lei enfraquecida de utilidade marginal:

Não apenas há limite ao prazer que as commodities de qualquer dada classe podem oferecer, mas o prazer enfraquece em uma taxa rapidamente crescente muito antes que esses limites sejam atingidos. Dois artigos do mesmo tipo raramente oferecerão o dobro do valor de um, e ainda menos irão dez dar cinco vezes o valor de dois.

Enquanto completava seus estudos em Oxford, o jovem Senior adquiriu como tutor, um jovem homem, apenas três anos mais novo que ele próprio, um recentemente designado como membro no Oriel College, do qual havia se graduado muitos anos antes. O Rev. Richard Whately (1787-1863), filósofo e teólogo, e filho de um ministro anglicano, iria se tornar para a vida toda o mais próximo amigo de Senior. Apesar de Senior ter se tornado um advogado, ele permaneceu como uma parte central no círculo do Oriel College agrupado em volta do carismático Whately. O círculo se ocupava de estudos e atividades de literatura, com Senior publicando vários artigos literários e lançando uma breve intelectual literária trimestral, a London Review. Whately publicou aquilo que se tornaria o texto padrão de lógica, o Elements of Logic (1826), no qual Senior adicionou um apêndice no “Termos Ambíguos Usados na Economia Política”. Realmente, Whately foi provavelmente responsável por injetar uma lamentável tendência em Senior a respeito de cortar palavras e logomaquia, que ajudaram a enfraquecer a influência do grande Senior ao mundo da economia. De qualquer forma, Senior aprendeu filosofia e teologia de Whately, e os economistas tardios aprenderam com Senior.

Em Oxford, o círculo de Oriel estava se tornando um centro influente para opiniões liberais e whig dentro da Igreja Anglicana, de fato uma influência notável naquela universidade de altos tories e da alta igreja.[16] Quando o professorado Drummond em economia política se abriu em 1825, Whately segurou o posto para Nassau Senior, e quando o termo de Senior se expirou cinco anos depois, ele recomendou e obteve a posição para Whately como seu sucessor. As Palestras Drummond de Whately, o Introductory Lectures on Political Economy (1831. segunda edição, 1832) continuaram e expandiram a tradição de Senior, particularmente na teoria do valor.

Realmente, metodologicamente, Whately foi mais adiante que Senior. Seus interesses linguísticos e filosóficos levaram Whately a ver que o conceito e terminologia de “economia política” tratava de unir esses dois campos distintos. Essa confusão atrapalhou o desenvolvimento científico da economia; uma vez que Whately propôs sua substituição por uma outra palavra, cataláctico, a ciência das trocas, pela economia política. Whately definiu o homem como “um animal que faz trocas”, mostrando que mesmo os animais racionalmente mais próximos da racionalidade humana não haviam “ao que tudo indica, noções de trocas, ou de qualquer forma trocado uma coisa por outra”. Se focando nos atos humanos de troca ao invés das coisas que eram trocadas, Whately era conduzido quase imediatamente a uma teoria do valor subjetivo, uma vez que viu que “a mesma coisa é diferente para pessoas diferentes”, e que diferenças no valor subjetivo são a fundação de todas as trocas. Ademais, Whately mostrou que “trabalho não [é] essencial ao valor”, e percebeu que pérolas não “possuem um alto preço por homens haverem mergulhado por elas; mas pelo contrário, homens mergulham por elas pois possuem um alto preço”.

Whately viu que o reino econômico, e particularmente a atividade de trocas no mercado, mereciam sua própria esfera de análise e investigação. Mesmo se a integração acontecer mais tarde, uma vez que a análise é aplicada ao reino político, deve haver antes uma separação que libere a cabeça ao raciocínio.

Mas após a separação e análise, integração; e Richard Whately compreendeu que o simples fato de que uma esfera separada fosse segurada para a análise catalática significava ainda mais que a integração com a análise moral e teológica era necessária para conclusões políticas. Em suas palestras Drummond, Whately estava preocupado em mostrar, primeiro, que, contrário aos tories de Oxford, a economia política não era pecaminosa, materialista, ou oposta ao Cristianismo. Em primeiro lugar, economia política não deve ser considerada, como havia feito Smith e os clássicos, como um estudo da riqueza; ao invés disso, deve ser considerada um estudo das trocas humanas. Mas até mesmo um estudo sobre a riqueza não é pecaminoso; em primeiro lugar, examinar os meios de se aumentar a riqueza não é pecaminoso per se. Não há a necessidade de que os economistas políticos saírem de seu papel como cientistas ou cataláxicos, e defenderem a política como um meio para a obtenção de riquezas ou seu uso em quaisquer outras áreas. Certamente, uma vez que ele faz, defende a política pública não como um economista político, mas como alguma outra coisa. Whately também denunciou, em seu turno, a tentativa de monopolizar a economia pelo ateu agressivo, secular e “anti-Cristão” círculo Ricardiano. Certamente esse último adjetivo não seria excessivo para pessoas como James Mill e os Benthamitas radicais. Whately também acreditava que os ensinamentos ricardianos eram perigosos e “anti-Cristãos” no sentido de que implicam um conflito de classes inerente entre capital e trabalho, e entre proprietários e todos os outros, e portanto negavam o essencial laissez-faire contido em uma ordem social harmônica, uma ordem que testemunha para a existência da sabedoria divina. Em resumo, para Whately, a harmonia do laissez-faire e o discernimento cristão a respeito de uma ordem divina se encontram em um extenso estágio integrador. Portanto, enquanto a análise econômica é científica e livre de valor, e não pode diretamente implicar em conclusões políticas, tais análises irão levar à conclusões de laissez-faire e, sendo assim, é perfeitamente consistente com o entendimento cristão sobre uma ordem divina beneficente.

Em adição à sua sutil exposição a respeito da natureza de e distinções entre a economia positiva e normativa, Whately denunciou a ingênua metodologia da colheita de fatos dos indutivistas Baconianos de Cambridge, liderada por Richard Jones e William Whewell. O papel da colheita de dados, Whately perceptivamente apontou, não era o de moldar uma teoria, mas em aplicá-la para condições específicas. Observar os fatos sem a orientação de uma teoria em sua seleção é quase impossível. Avanços científicos, Whately corretamente notou, não vêm do maior recolhimento de dados, mas de se observar fatos antigos de novas formas — um exemplo é o conhecimento moderno sobre a natureza da circulação do sangue.

Em 1832, Richard Whately largou prematuramente sua cadeira Drummond ao receber uma nomeação surpresa ao alto posto de arcebispo Anglicano de Dublin, onde ele escandalizou os fiéis evangélicos ao se recusar a ser anti-Católico e por insistir em ser jubiloso no Sabbath. O posto de arcebispo se suportou com este sendo um dos dois “visitantes” do Trinity College, Dublin, os dois que formaram a corte do apelo maior para todas as disputas dentro do colégio. Whately usou sua influência em Trinity para passar por cima, sobre a violenta oposição, do estabelecimento de uma nova cadeira de economia política em Trinity, sob termos modelados similarmente à cadeira Drummond. Pelo resto de sua vida, Whately examinou e selecionou candidatos ao posto por si mesmo, e pagou o salário dos professores.

A oposição da diretoria e do reitor da Universidade de Dublin era fundada no medo do suposto radicalismo da economia política. O reitor desejava que Whately garantisse que os titulares da nova cadeira tivessem “tivessem as ideias conservadoras sãs e salvas”, ao qual o arcebispo indignamente respondeu que estava “aterrorizado com tal sugestão, envolvendo como fez a introdução de partidos políticos no tema da ciência abstrata[…]”.

Era uma sutil, porém importante distinção de que Whately estava tentando expressar — a um assunto que atormenta a academia até hoje. Ele estava tentando dizer que era próprio — realmente importante — selecionar um professor com a visão correta sobre as ainda maiores implicações de seu tema assim como de seus aspectos estritamente científicos. Ainda sim era definitivamente importante que não era próprio julgar o professorado com base em suas posições diretas em assuntos políticos estreitos, o qual Whately agrupou como “políticas de partido”. Então, ao receber o acordo na cadeira Whately, o arcebispo atentamente questionou e selecionou os professores com base em seu comprometimento com a visão liberal-Cristã sobre a harmonia do universo em geral, e sobre o livre mercado em particular; e com respeito à teoria do valor subjetivo de Senior em oposição à teoria do trabalho ricardiana.

O próprio Whately escreveu um pouco mais sobre economia, reiterando suas ideias em seu Easy Lessons on Money Matters; for the Use of Young People (1833), um trabalho extremamente popular para crianças, que passou por 15 edições nos próximos 20 anos, sendo traduzido para diversas línguas. Surpreendentemente, em sua cartilha, Whately insinuou outro grande avanço teórico: generalizar a teoria do apreçamento para todos os fatores de produção: “Se você refletir cuidadosamente o significado das palavras ‘Aluguel, Empregar e Juros’, você perceberá que todas elas, em realidade, indicam um mesmo tipo de pagamento”.[17] Mas, infelizmente, Whately não se dedicou mais a fundo no campo econômico, e o conhecimento sobre valor e a teoria da distribuição, se tornou disperso e fragmentário. A partir de agora, ele dependerá que os titulares da cadeira Whately busquem uma tradição subjetiva de forma mais sistemática.

O primeiro titular da cadeira Whately se encaixou admiravelmente dentro dos requisitos do arcebispo. Samuel Mountifort Longfield (1802-84), o filho de um vigário Anglicano em County Cork, na Irlanda, havia se graduado no Trinity College uma década mais cedo, e havia recebido uma medalha de ouro um ciências por excelência particular em física e matemática. Longfield mais tarde recebeu a cobiçada bolsa de estudos em Trinity, uma pós concentrada em ciências e matemática – áreas em que a Trinity era muito mais forte que Oxford e Cambridge, que agora estavam ampliando seu currículo exclusivamente clássico para entrarem no mundo moderno. Enquanto servia como um membro do colégio, Longfield entrou para a Dublin Law School, e ao se graduar em 1831, tornou-se assistente do professor de lei feudal e inglesa em Dublin. Não apenas isso: Longfield entregou uma série de palestras públicas sobre a lei comum que foi recebida com grande positividade.

Mountifort Longfield mais do que supriu as expectativas de Whately. Ele não somente utilizou a tranquilidade e estímulo da cadeira para martelar uma teoría surpreendentemente inteiramente subjetiva e até mesmo marginalista do valor e da distribuição – uma alternativa genuína ao Ricardianismo; ele também transmitiu sua marca, e uma tradição de teoria do valor subjetiva alternativa na Dublin University, deixando sucessores dignos para sua cadeira. O impacto do sistema de Longfield foi apresentado em sua primeira série de palestras publicadas, Lectures on Political Economy (1834). Pelo resto de seu período, Longfield publicou mais duas coleções de palestras; em 1836, ele deixou a cadeira Whately para prosseguir com sua carreira legal, se tornando professor Regius de lei feudal e inglesa na Dublin University. Mais tarde ele se tornou um membro do Conselho da Rainha. Longfield era um especialista em leis de imóveis, e em 1849, foi nomeado como um dos três comissários de terras na Irlanda. Uma década depois, ele se tornou o prestigioso juiz do tribunal de propriedades na Irlanda. De lá em diante, ele foi amplamente reconhecido na Grã-Bretanha como “Juiz Longfield” por seus esforços em nome da reforma de terras na Irlanda. Com exceção de alguns artigos sobre negócios bancários, Longfield não tinha mais tempo livre para se dedicar aos estudos econômicos, e então, suas surpreendentes contribuições para a economia foram comprimidas dentro de seus quatro anos na cadeira Whately. Ao fim de sua vida, Longfield retornou ao seu antigo interesse em matemática, publicando um texto matemático, An Elementary Treatise on Series, em 1872.

A perspectiva geral sobre a harmonia de mercado de Longfield era relativamente similar à de Whately. Em seu Lectures, ele escreveu que “as leis correspondentes à criação, distribuição e consumo de riqueza, foram estruturadas pelo Grande Autor de nossa existência, considerando nossa felicidade, que é manifesta pelas leis que governam o mundo material”. Além disso, Longfield estava perturbado com a teoria pessimista de distribuição de Ricardo, e por sua representação do conflito de classes inerente a trabalhadores, capitalistas e proprietários, estando os dois primeiros condenados por uma inevitável crescente “parte do leão” do produto aprovisionando a classe improdutiva dos proprietários.

Dentro da teoria do valor, Longfield decifrou a teoria subjetiva do valor e preço de forma mais completa do que já se havia feito antes na Grã-Bretanha. Ele se concentrou firmemente no preço de mercado como uma consideração mais importante que o preço do longo prazo, e também mostrou que ambos são, em qualquer caso, determinados por oferta e demanda. Longfield explorou novas áreas importantes em sua análise detalhada da demanda marginal. Aqui, ele desenvolveu o conceito de demanda do consumidor como uma escala, relacionada a conjuntos de preços, e até mesmo desenvolveu a ideia de escalas individuais de demanda em queda como a base fundamental da demanda de mercado agregada. Até mais completamente que John Craig, Longfield mostrou que as curvas de demanda de mercado são constituídas por um espectro de comprados marginal, supramarginais e submarginais, cada qual com diferentes intensidades de demanda. Ademais, “a medida da intensidade da demanda de qualquer pessoa por qualquer mercadoria é a quantidade a qual ele estaria desejando e capaz de dar por ele, em vez de permanecer sem ela, ou negligenciar a gratificação com a qual ela é calculada para arcá-lo”. Assim, é claro, apesar das diferentes intensidades de demanda, todas as trocas estarão no mesmo preço de mercado. Se, então, “o preço é tentado a ser aumentado um grau além dessa soma, os demandadores, que pela mudança deixam de ser compradores, precisam ser aqueles que a intensidade de cuja demanda fosse precisamente medida pelo preço do primeiro […] Assim, o preço do mercado é mensurado pela demanda, a qual, sendo da menor intensidade, ainda leva a vendas reais”. Em suma, a demanda marginal se torna uma chave para a determinação do preço.

Em sua análise da oferta, Longfield mostrou que a oferta relevante ao preço de mercado cotidiano real é um estoque previamente produzido de um bem agora fixo pelo período presente imediato (em resumo, o que seria agora chamado de uma curva de oferta vertical para o período de mercado imediato). Ademais, Longfield viu claramente, em contraste com Ricardo, que o custo de produção de modo algum determina o preço; na melhor das hipóteses, contribui indiretamente para essa determinação ao ofertar a extensão da oferta. Sua análise vem para mais perto da última teoria austríaca ao brilhantemente apontar que o efeito do custo sobre a oferta vem das expectativas dos produtores em decidir o quanto de um bem fazer e colocar no mercado. Assim, o custo de produção age por sua influência sobre a oferta, “visto que os homens não irão produzir mercadorias a não ser com expectativa razoável de vendê-los por mais que o custo de produzí-las”.

O professor Laurence Moss, um biógrafo de Longfield, descontinuou a contribuição do último para a teoria do valor enquanto não sendo uma teoria da utilidade marginal.[18] Moss responde que, enquanto Longfield percebeu que a utilidade era a fonte de toda demanda, ele não analisou a utilidade para além disso, e se prendeu meramente a uma análise de demanda marginal e de tabulação de demanda. Essa visão revisionista parece meramente uma bagatela sobre termos; enquanto Longfield não usou o termo utilidade marginal ou quebrou a “utilidade” em indivíduos ou grupos, o fato de tê-lo feito para a demanda e para os graus de demanda corrobora em boa parte para uma completa teoria da utilidade. O Professor Moss está no perigo de errar o termo pela substância. É verdade, entretanto, que um infeliz e prolongado ricardianismo levou Longfield a endossar o trabalho como medida de valor, um conceito o qual é em cada pedaço tão falacioso quanto a própria teoria do valor-trabalho.

Na Irlanda, como veremos, Mountifort Longfield, ajudado por Whately, deixou um importante legado de teoria do valor subjetivo e de anti-ricardianismo para seus sucessores na cátedra de Whately em Dublin. Mas, infelizmente, ele não teve influência na Inglaterra, onde ele era ironicamente bem-conhecimento como Juíz Longfield, o reformador de terras irlandês, e desconhecido como um importante e desafiador economista. Senior, embora mais próximo em doutrina, sabia de Longfield mas se referiu a ele apenas num ponto trivial e não mostrou sinal de ser influenciado por ele. Essa negligência foi intensificada pela extrema provincialidade da economia inglesa no século XIX. Geralmente, eles não iriam dignar-se a noticiar escritores estrangeiros, especialmente “coloniais” como os irlandeses e os americanos dos quais eles poderiam ter lucrado.

Mas Mountifort Longfield teve sucesso, ao menos, em estabelecer uma tradição de valor-utilidade na Irlanda. Seu sucessor na cátedra de Whately, Isaac  Butt (1813-79), orgulhosamente se chamou de um discípulo de Longfield, e advertiu seus estudantes a ler, acima de tudo na economia, Longfield, Say e Senio – de fato um trio e tanto. Como Longfield, e ainda mais assim, as contribuições econômicas de Butt estiveram confinadas ao prazo de 1836-40 de sua cátedra de Whately, suas mais importantes publicações, Lição Introdutória (1837) e Aluguel, Lucros, e Trabalho (1838), consistindo em aulas dadas no Trinity College. como veremos mais abaixo, a principal contribuição de Butt foi generalizar a teoria de produtividade marginal de precificação de fatores e integrar a análise de utilidade de Say com essa teoria. Na teoria de utilidade propriamente dita, Butt corrigiu o erro à la Smith de Longfield ao se referir ao consumo per se como “improdutivo”. Butt também notou que a teoria do valor-trabalho pode ser, em um sentido, aplicável se o trabalho for apenas o único recurso escasso, e se, ademais, ele for homogêneo e incontavelmente móvel entre indústrias. Mas tais condições são, é claro, impossíveis.

Isaac Butt começou como um precocioso erudito clássico e tradutor de Virgílio. Ele foi nomeado para a cátedra de Whately na jovem idade de 23 anos, enquanto lecionava lá, ele tomou seus exames de bancada. Depois de seu mandato ter terminado, Butt se tornou um eminente procurador, e logo se tornou vereador da Cidade de Dublin. Mais tarde, Isaac Butt denunciou a política britânica durante a fome na Irlanda, e foi mais adiante para se tornar um famoso e marcante advogado da Home Rule da Irlanda. Butt defendeu líderes da revolta irlandesa de 1848 no tribunal, assim como fez com os rebeldes fenianos no final da década de 1860. Butt foi também o fundador, líder e chefe organizador da Home Rule Party, servindo por um tempo no Parlamento. Seus escritos publicados depois de seu período no Trinity College lidaram com a questão de terras da Irlanda, onde Butt advogou pela reforma agrária em nome dos locatários irlandeses. Como advogado dos locatários, Butt ficou do lado mal pago dessas disputas legais, e portanto nunca esteve bem financeiramente e estava frequentemente afundado em dívidas. Suas principais publicações sobre a questão irlandesa foram Uma voz para a Irlanda – a Fome na Terra, O que Tem Sido Feito e O Que é Para ser Feito (1847), e O Povo Irlandês e a Terra Irlandesa (mi).

O sucessor de Isaac Butt na cátedra de Whately, James Anthony Lawson (1817-87), era também um procurador envolvido com a questão Irlandesa, mas ele tomou a rota oposta a Butt, tornando-se um advogado austero da lei e da ordem britânica e da supressão de seus conterrâneos rebeldes. Lawson também se tornou o titular da cátedra de economia política em uma idade notavelmente jovem (24), servindo integralmente de 1841 até 1846. Lawson entrou no Parlamento, e ascendeu até se tornar advogado-geral e então procurador-geral para a Irlanda, tornando-se um juíz da Common Pleas em 1868. Lá ele repartiu a punição para os rebeldes da terra e os fenianos; enquanto Richard Cantillon permanece enquanto o único possivelmente assassinato na história do pensamento econômico, Lawson sofreu uma tentativa de assassinato nas estradas de Dublin em 1882.

A produtividade de Lawson na economia seguiu o mesmo caminho restrito que o de seus predecessores. Seu único livro publicado foi seu Cinco Lições de Economia Política (1844), consistindo de algumas de suas aulas no Trinity College; em anos mais tardios, ele ocasionalmente imprimiu algumas de suas aulas sobre tópicos legais, a melhor conhecido sendo sobre lei mercantil em 1855.

Infelizmente, a série de leituras de Lawson sobre o valor foram perdidas, sua única referência publicada a elas sendo contida em um breve apêndice para suas Cinco Lições. ELe sabia o suficiente, entretanto, para ver que Lawson estava decididamente na tradição da utilidade do Trinity College, e até fez uma distinta contribuição a essa doutrina. Assim, Lawson declarou que foi a utilidade subjetiva e somente a utilidade que determinou o preço de todos os bens. Lawson declarou que “é uma proposição que é sempre verdade, e de aplicação universal, que o valor trocável de todos os artigos depende de sua utilidade, isto é, de seu poder de gratificar os anseios e desejos do homem”. (Itálicos no original). Todas outras tentativas de explicação e valor ele viu somente como parciais. A demanda e a oferta, por exemplo, podem apenas influenciar o preço enquanto efeito dela sobre a utilidade. Ao lidar com o efeito de um aumento da oferta, Lawson chegou completamente e notavelmente na lei da utilidade marginal decrescente. Assim, se a oferta de alguém de um bem é aumentada,

isso irá geralmente diminuir sua utilidade para ele, ou o grau no qual ele deseja sua possessão, pois enquanto nossos desejos particulares são capazes de ser satisfeitos, é óbvio que nós podemos ter mais de um artigo do que queremos usar, portanto, reter a posse desse excedente é menos desejável para nós.

Quando chega a teoria do valor do custo-de-produção, Lawson apontou que a utilidade de um produto, e não seu custo, determina o quanto alguém irá pagar por ele. Enquanto o preço pode às vezes equalizar o custo de produção, isso não significa que o custo determina o preço. Pelo contrário, a coincidência do custo e do preço, adicionou Lawson, pode apenas vir à tona “através do meio de uma mudança na oferta e quando isso não pode ser trazido à tona, não há tal coincidência e nenhuma tendência rumo a ela”. Dessa maneira, Lawson chegou à posição recém-elaborada de Stanley Jevons da posição de valor de uma geração depois.

Em suas Cinco Lições, Lawson também desenvolveu a ideia Whatleyana de economia e de calaxia enquanto o estudo do homem que troca. Em sua primeira lição, Lawson declarou que a economia vê o homem “em conexão com seus companheiros, tendo referência somente a essas relações as quais são as consequências de um ato particular, para o qual sua natureza o leva, a saber, o ato de fazer trocas.” Em sua segunda lição, Lawson falhou em continuar essa linha, e recuou para discussões mais antigas de economia política enquanto o estudo da “riqueza”.[19]

O próximo titular da cátedra Whately, William Neilson Hancock (1820-88), um estudante de Whately em Oxford, lecionou no Trinity de 1846 até 1851, e foi também um procurador. Ele era um advogado particularmente erudito, e, nos últimos dois anos de seu mandato no Trinity, ele simultaneamente era titular das cátedras de jurisprudência e de economia política no novo Queen’s College, Belfast. Depois disso, Hancock foi um secretário para muitas comissões do governo sobre assuntos de terra e de educação, e mantinha posições enquanto atendente da Coroa e Hapaner em Dublin. Ele foi o principal fundador da Statistical Society of Ireland em 1847, e da Social Inquiry Society of Belfast quatro anos depois.

Em contraste com os outros titulares das cadeiras do Trinity College, Hancock estava interessado em obra estatística e empírica; ele se graduou no Trinity em 1842 com um diploma em matemática. Ele publicou uma série de artigos e panfletos sobre questões empíricas. Muitos deles lidava, quase inevitavelmente, com a questão de terras irlandesas, onde, tal como Longfield e Butt mas diferente de Lawson, ele defendeu os direitos dos locatários irlandeses e deplorou o efeito sobre suas condições do sistema imposto pelo britânicos de arrendamento de terras: e.g., The Tenant-right of Ulster (1845); Impediments to the Prosperity of Ireland (1850); e Two Reports for the Irish Government on the History of the Landlord and Tenant Question in Ireland (1859, 1866). Outros panfletos lidavam com a taxação e com o governo local, nos quais ele advogou por um imposto único sobre a renda, incluindo a herança de riqueza. Um terceiro grupo de artigos defendia um controle estrito e supervisão dos bancos de poupança. A obra estatística de Hancock foi feita sob a influência e guia de Thomas Larcom, um topógrafo e estatístico que ocupou muitas posições no governo, tornando-se sub-secretário para a Irlanda na década de 1850.

Enquanto melhor conhecido pela economia aplicada, Hancock publicou uma obra teórica valiosa consistinto de sua Introductory Lecture on Political Economy, 1848 (1849) entregue no Trinity  College. Ele começou notando a ambiguidade que esteve sempre presente no uso da palavra “valor” e deixou claro que “a palavra ‘preço’ é, felizmente, livre de toda ambiguidade, e sempre significa o valor trocável de uma mercadoria, estimado no dinheiro do país onde a troca acontece”. Ele propôs, então, usar a palavra preço exclusivamente em vez de valor de troca. O preço, ademais, pode mudar ou “pelo lado das coisas”, ou “pelo lado do inheiro”. Tratando do primeiro, ele nota que tais mudanças podem penas acontecer enquanto um resultado de uma ou de duas das subsequentes causas: “ou uma mudança no grau no qual sua posse é desejada, ou em sua desejabilidade; ou uma mudança na força das causas pela qual sua oferta é limitada ou, em outras palavras, pela qual ela é feita escassa”. Voltando-se a demanda, Hancock adicionou que “o grau no qual a posse de uma mercadoria é desejado, é medida pelo número de pessoas capazes e que querem comprar a cada quantidade de preço”. A utilidade de Hancock, ou a análise de utilidade quase marginal, enfatizou um aspecto bem diferente do que a análise de seus predecessores: a saber, outro aspecto do que agora chamaríamos de curva de demanda decrescente. Pois ele notou que “é observado que, para as mercadorias num geral, o aumento de desejabilidade delas aumenta muito rápido enquanto seus preços caem”.

Sobre a oferta, Hancock novamente enfatizou limitações de oferta em vez de em custos; e as limitações, ou escassez, de oferta são dependentes das escassez de vários fatores de produção. Ele implicou que os retornos a esses fatores é uma questão de seus preços, e que qualquer explicação dos preços dos fatores precisam tratá-las uniformemente, de acordo com as influências sobre sua demanda e sua oferta, i.e., “pela aplicação das leis já afirmadas em relação a outros preços”.

Mas, enquanto Hancock esteve claramente na tradição de utilidade de Trinity, vemos já um recuo, uma perda de interesse e uma maior vagueza na discussão de valor ou, em verdade, de teoria num geral. E, de fato, William Neilson Hancock foi destinado aser o último da distinta linha dos teóricos irlandeses da utilidade subjetiva no Trinity College.

 

4.7 William Forster Lloyd e a teoria da utilidade na Inglaterra

Justamente porque Mountifort Longfield e a conexão com o Trinity College não tinha influência na Inglaterra não significa que a teoria da utilidade do valor morreu com economistas tão proeminentes como Bailey e Senior. De fato, o sucessor de Nassau Senior na cátedra de Drummond em Oxford foi também um distinto teórico da utilidade. William Forster Lloyd (1794-1852) foi o filho de um reitor anglicano de Gloucestershire. Lloyd foi para Christ Church, Oxford, onde ele graduou em matemática e se pós graduou em estudos clássicos. Lloyd era um leitor de grego e então professor de matemática em Christ Church, e também foi ordenado ministro anglicano, mas nunca serviu em uma paróquia. Lloyd foi titular da cátedra de Drummond de 1832 até 1837, e parece ter feito pouco depois disso. Um homem doente, Lloyd se aposentou para a sua cidade e mostrou pouco interesse na economia, na escrita ou na política antes de morrer na meia idade.

Mas para Lloyd, assim como os outros titulares das cátedras de Drummond e de Whately, seu mandato como professor providenciou a ele tanto a oportunidade quanto o estímulo para compor, entregar e publicar aulas sobre economia. Suas várias lições, incluindo uma entregue sobre valor em 1833, foram todas publicadas separadamente, e então coletadas e republicadas como Lectures on Population, Value, Poor-Laws, and Rent (1837).

Não se precisa concordar em política para se ter visões similares da teoria econômica. Vimos, por exemplo, a atitude rígida de James Lawson contra o campesinato. Enquanto William Lloyd era um teórico da utilidade, ele estava longe de um Whatelyano em Oxford; pelo contrário, em Oxford, Lloyd pertenceu ao alto círculo Tory em Christ Church que era o principal contrapeso aos liberais em Oriel. Líder os Tories de Christ Church era o irmão mais velho d e William, Charles Lloyd (1774-1829), que foi tutor do futuro primeiro-ministro Sir Robert Peel em Christ Church, e logo se tornou um amigo próximo e conselheiro para Peel. Em sua morte prematura, Charles Lloyd era professor Regius de divindade e de cânone em Christ Church, bem como servia de Bispo em Oxford. Ele era amplamente conhecido como “o Professor de Oxford mais influente de seus dias”. Embora Lloyd ensinasse e inspirasse muitos dos líderes do futuro movimento ultra-Tory proto-Católico de Oxford, ele mesmo, bem como William Lloyd, eram Tories Peelistas moderados, tanto teologicamente quanto politicamente. A influência de Peel e de seu irmão mais velho Charles indubitavelmente assegurou a cátedra de Drummond para William Lloyd.

A maior parte das lições era dedicada a suas visões quase estatistas e paternalistas sobre política pública. De interesse particular, entretanto, eram suas lições sobre valor. Aí, Lloyd, cambaleando pela literatura, pensa que ele descobriu no Riqueza das Nações a inspiração para uma teoria subjetiva do valor. O valor , afirma Lloyd, é “um sentimento da mente”. Pode ser entendido enquanto pertencente a um único objeto, ele adicionou, onde o sentido revela a si mesmo “à margem da separação entre o anseio satisfeito e não satisfeito”. Mas o valor, ou até mesmo a utilidade, não pode ser intrínseca a nenhum objeto. A utilidade, aponta E.R.A. Seligman sobre a teoria de Lloyd, “é predicada de um objeto com referência aos anseios da humanidade. O gelo é útil no verão, inútil no inverno. Ainda assim, as qualidades intrínsecas do gelo são a todo tempo e em todos os lugares a mesma”.[20]

Depois de trilhar o que seria agora o fundamento familiar sobre um aumento na oferta de um objeto diminuindo e eventualmente saciando a demanda, William Lloyd subidamente chega a uma grande luz — notavelmente um retrato claro da lei de utilidade marginal decrescente. Lloyd aponta:

Supomos o caso de um homem faminto tendo uma onça, e apenas uma onça de comida a seu comando. Para ele essa onça é obviamente de grande importância. Supomos que ele agora tenha duas onças. Essas ainda são de grande importância; mas a importância da segunda não é igual àquela da única onça. Em outras palavras, ele não iria sofrer tanto de partilhar uma de suas duas onças […] do modo como ele iria sofrer, se ele tivesse apenas uma onça, ao partilhar essa uma onça e não manter nenhuma. A importância de uma terceira onça é ainda menor do que a da segunda; então do mesmo modo de uma quarta, até que até certo ponto, em um contínuo aumento do número de onças, chegamos a um ponto em que […] o apetite é inteiramente […] perdido; com respeito a uma única onça, é essa a questão de indiferença se ela é partida ou retida. Assim, enquanto ele é escassamente ofertado com comida, ele mantém uma dada porção dela em grande estima, em outras palavras, ele estabelece um grande valor sobre ela; quando sua oferta é aumentada, sua estima por uma dada quantidade é diminuída, ou, em outras palavras, ele coloca menos valor nela.

Do mesmo modo, Lloyd continua, as utilidades de diferentes bens comparados um com o outro e cada um de seus valores cai com o aumento na oferta; de modo que um bem que pode ser mais valioso do que outro em um sentido filosófico absoluto, no sentido de uma classe da mercadoria, pode valer muito pouco se sua oferta é abundante. Assim, “água é mais querida por um homem quase morrendo de sede do que por outro que já saciou sua sede, e a deseja apenas para se limpar. É sobre os anseios, assim estimados, que o valor depende”. Mais especificamente,

Se, para um homem que já possui meia dúzia de casacos, e você oferecer outra, ele pode provavelmente responder que ele não teria uso para elas. Aqui, entretanto, ele falaria, não da utilidade abstrata do casaco, mas de sua utilidade especial para ele sob as circunstâncias de seu desejo por casacos já estar sendo suprido o suficiente. Isso, embora não seja ainda a mesma coisa como o valor, se aproxima muito disso. O casaco não seria de uso algum para ele; portanto, se ele fosse tê-lo, ele não seria valioso em sua estima […] Mas isso é muito diferente da utilidade do casaco no sentido geral de utilidade […][21]

William Lloyd estava também claro de que o valor, sendo subjetivo não poderia ser medido. Em um passagem reminiscente e que vai além de Bailey, ele escreve incisivamente que

Seria de fato difícil descobrir qualquer teste acurado, pelo qual medir ou a utilidade absoluta de um objeto único, ou a razão exata das utilidades comparativas de diferentes objetos. Ainda assim não segue que a noção de utilidade não tem fundamento na natureza das coisas. Não se segue, que porque uma coisa é incapaz de ser mensurada, que ela não tem existência real. A existência do calor não era mais negável antes de termômetros serem inventados, do que no presente.

Lloyd continua para apontar, bem corretamente, que o valor ou a valoração é anterior a troca, e que tais valorações também acontecem no caso de uma economia de um Robinson Crusoe isolado. Infelizmente, Lloyd encantado com a distinção entre valor e troca, e da culposa divisão de Smith entre valores de uso e de troca, que ele falhou em completar a tarefa da teoria da demanda e conectar a análise de utilidade marginal com a demanda do consumidor e a determinação da precificação de mercado. Tais homens, como Butt, Longfield, Lloyd e Bailey martelaram muitos dos tijolos do edifício da teoria da utilidade marginal da precificação e até mesmo da teoria da produtividade de preços fatores; precisou-se dos austríacos, entretanto, para que os pedaços fossem colocados juntos e se desenvolvesse um todo integrado.

Se a teoria do valor de Lloyd parece ter tido pouca ou nenhuma influência na Inglaterra, a eminente teoria da utilidade de Nassau Senior foi pega e enaltecida depois da publicação de suas Lições. Thomas C. Banfield (c. 1800-60), gastou muitos anos na Alemanha, e em suas lições de 1844 em Cambridge, Banfield trouxe para a inglaterra a boa nova de que a teoria econômica no Continente não estava enferrujada por nenhum miasma ricardiano; em verdade, ele notou que uma forma flexível de smithianismo estava dominante na Europa. Em adição a basear suas doutrinas em Say, von Storch, e Senior, Banfield foi o primeiro economista inglês a se referir ao teórico marginal Heinrich von Thünen, e ao avançado smithiano Friedrich von Hermann. No prefácio para suas aulas, publicadas como A Organização da Indústria (1845), Thomas Banfield apontou que enormes mudanças que foram feitas na teoria econômicas durante as últimas duas décadas pela teoria subjetiva do valor, “a qul demanda dos produtores ao menos tanta atenção às melhorias físicas e mentais de seus cidadãos companheiros consumidores quanto às operações mecânicas” ou produção. Os salários, ele notou, irão depender da produtividade do trabalho, i.e., “a utilidade do instrumento do qual um homem entende o uso”. Em suas lições, Banfield enfatizou a relatividade e o grau de intensidade dos anseios coo a função da ciência econômica.

Certamente parece que a economia na Inglaterra, pelo final da década de 1840, foi equilibrada por um poderoso avanço “austríaco”, por um sistema integrado elaborando o efeito dos propósitos humanos e valores e sua interação com a escassez de recursos. Ainda assim algo aconteceu; e a economia, equilibrada por um grande avanço, afundou de volta no lamaçal de falácias constituindo o sistema ricardiano. E o importante corpo do pensamento pré-austríaco anti-ricardiano foi esquecido como se nunca tivesse existido, apenas para ser ressucitado ou uma geração depois ou tão tarde quanto no século XX. Como esse infeliz retrocesso veio à tona será tratado mais abaixo.

4.8 Um teórico da utilidade em Kentucky

Se as contribuições do Trinity College para a teoria da utilidade subjetiva permaneceram desconhecidas fora da Irlanda, ainda mais obscuro era uma isolada e incrível contribuição para o curso de diversos artigos em um jornal de Kentucky. Escrita pelo juvenil mas influente editor do Frankfort (Ky) Argus, Amos Kendall (1789-1869), mais tarde se tornando um brain-truster principal de Andrew Jackson em sua batalha contra os bancos de reserva fracionária e particularmente contra o Banco dos Estados Unidos, os artigos permaneceram não lidos e desconhecidos até mesmo nos Estados Unidos até serem exumados por historiadores no século XX.[22] E ainda assim, especialmente considerando que eles foram escritos em 1820, antecipando Bailey e até mesmo Craig, eles eram fenomenais. Eles não apenas defendiam o valor subjetivo; ele foram a primeira expressão da lei de utilidade marginal decrescente.

Kendall foi movido a explorar a questão do valor econômico por uma fervorosa disputa em Kentucky durante o catastrófico Pânico de 1819 sobre se os devedores deviam ou não receber o auxílio das mãos do governo do estado. Enquanto Kendall não era oposto a todas medidas de auxílio, ele foi perturbado por propostas que teriam repudiado toda dívida existente. Para explorar o assunto de forma profunda, Kendall publicou três artigos no Argus, começando em 27 de Abril, examinando os problemas do dinheiro e, mais fundamentalmente, a natureza do valor. Infelizmente, em sua autobiografia, juntada e editada postumamente por seu genro, Kendall não faz alusão sobre quais economistas podem ter inspirado suas visões avançadas.

Em seu primeiro artigo, Kendall foi direto ao básico e examinou a questão do valor per se. Ele começa ao dizer que houve muitas explicações errôneas do valor: trabalho gasto, preço, e até mesmo demanda. Mas, ele aponta,

Todas essas noções são errôneas. As coisas têm valor, não porque elas são produzidas pelo trabalho, nem porque elas estão na demanda geral, nem porque elas irão vender ou ser trocadas por um certo número de dólares, mas simplesmente porque os homens desejam possuí-las. A Desejabilidade é valor. Em exata proporção que uma coisa é desejável ela é valorável. (itálicos no original).

Kendall continuou, ao desconsiderar o “paradoxo do valor”, para dizer que a água e o ar tem pouco ou nenhum valor por causa de sua abundância “Fosse carne e pão tão comuns quanto o ar e a luz, eles não possuiriam mais valor; eles não iriam criar desejo.” No Jardim do Éden, a terra, sendo superabundante, possuía nenhum valor. O trabalho, continuou Kendall, conferia nenhum valor, pois:

No que diz respeito ao produto do trabalho, o valor é geralmente antecedente ao trabalho da produção. Ele desabrocha de nosso desejo de possuir aquilo que nosso trabalho pode produzir. Fosse o trabalho para fixar valor sobre seus produtos, todo sobre o qual muito fora gasto seria muito valioso. Isso notoriamente não é um fato […] Mas o trabalho pode não fazer uma coisa valiosa que não foi desejada. O trabalho pode ser em vão. Pode ser aplicado à produção daquilo que ninguém deseja, que não tem valor.

E Kendall brilhantemente concluiu: “as coisas não se tornam valiosas porque os homens gastam trabalho sobre elas, mas os homens gastam seu trabalho sobre elas porque elas são valiosas.”

A demanda por um produto, ademais, estima-se do desejo do homem por obtê-lo O desejo é primariamente: “A demanda não é, portanto, a causa do valor […] Uma coisa se torna desejável ou valiosa antes de haver uma demanda por ela. a demanda segue […] Mas quando o desejo de possuir ela cessa, ela não tem mais valor, e não está mais em demanda.

O próximo passo, para Kendall, é que os desejos, sendo subjetivos e evanescentes, não podem ser medidos, e que, portanto ,nenhum deles podem ser valor:

Qual padrão pode ser inventado para os desejos do homem? Poderiam as necessidades, os confortos, os prazeres, as modas, as opiniões e os caprichos do homem serem reduzidos a qualquer padrão? Não estariam eles sempre em mudança como os ventos do paraíso? A medida nunca varia. Uma jarda é sempre igual a extensão com a qual ela é comparada […] Estas extensões, superfícies, e quantidades nunca variam ou mudam. Portanto, elas podem ser reduzidas e um padrão o qual deve ser uniforme e durar para sempre. Mas, o valor nunca varia? Irá aquilo que agora vale 1 dolar sempre valer apenas a mesma soma?

Gostos e desejos sempre estão mudando e assim, portanto é valor; consequentemente ele não pode ter medida ou padrão. Kendall então conclui sua devastadora crítica — uma que podemos desejar que Ricardo e seus epígonos leram e entenderam:

Para fazer um padrão de valor você precisa primeiro fazer cada acre de terra, cada alqueire de trigo, e qualquer dada quantidade de qualquer outro artigo, em todos os tempos, em todas as situações e sob todas as circunstâncias, vendem por precisamente a mesma quantidade. É preciso não haver tal coisa como lucro ou perda, ou comprar ou vender.

Nós dizemos o suficiente para mostrar a total impossibilidade de um padrão de valor, e que para falar seriamente de qualquer tal coisa é simplesmente ridícula. Podemos muito bem falar de um padrão de fome, sede, opinião, moda capricho, e todos esses desejos […] o qual faz as coisas desejáveis.

4.9 Salários e lucros

Em adição a teoria do valor-trabalho, outra pedra angular vital do sistema ricardiano -a alegada relação inversa de salários e lucros- foi também perfurada rapidamente por economistas britânicos. Nós já vimos o desaparecimento do hard-core Malthus da primeira edição do Ensaio sobre a População tão necessário para as conclusões da teoria ricardiana.

Ainda mais que a rejeição explícita do malthusianismo, os periódicos veementemente atacaram a visão ricardiana de que os salários e os lucros movem inversamente um ao outro. A British Critic denunciou essa tese tão logo quanto em Outubro de 1817, e dois anos depois outro escritor zerou a metodologia do que seria mais tarde chamado de “vício ricardiano” como escárnio adequado:

tomando por garantido, como sempre, que o dinheiro nunca muda em valor e que a proporção entre a oferta e a demanda de qualquer dada mercadoria nunca altera (a qual é como se o astrônomo fosse assumir como base de seus cálculos, que todos os planetas se mantém estáticos e que eles todos se mantém estáticos por toda a eternidade), ele assinada uma soma específica para ser dividida entre o mestre e o trabalhador, como o preço inalterável dos bens os quais eles produzem; de tal adaptação de condições hipotéticas, naturalmente se segue, que, se o trabalhador conseguir mais, o mestre-manufatureiro precisa receber menos, havendo aí apenas uma certa soma para dividir entre eles.[23]

Outros escritores, incluindo Malthus em 1824, fizeram críticas similares, e também notaram que, empiricamente, salários e lucros geralmente aumentam ou diminuem na mesma direção. Assim, John Craig apontou que, historicamente, salários e lucros não se moviam inversamente, mas juntamente: “É mais uma circunstância alarmante atender a essa teoria, que o que ela representa enquanto o efeito necessário produzido por altos salários sobre lucros em todos os ramos da indústria, é diretamente contrário a experiência em cada negociaçãoa particular.” Craig continuou para explicar que “uma nova demanda por uma mercadoria a princípio enriqueceu aqueles, que, estando em posse dessas mercadorias, são permitidos a aumentar o preço; o desejo de participar em seus ganhos logos dirige novo capital para sua produção, e um novo aumento nos salários assegura rapidamente”.

Novamente, não é legítimo para os apologistas ricardianos negligenciar essa crítica como sendo histórica em vez de analítica em sua natureza, pois generalizações empíricas significam aplicar diretamente à realidade como no sistema ricardiano são propriamente abertas para refutação empírica. Tais refutações podem desafiar as conclusões bem como o procedimento mais familiarmente “teórico” de desafiar o realismo das premissas da teoria.

Por volta da década de 1840, a ideia de uma relação inversa entre salários e lucros fora completamente descartada. Mas, se a teoria da subsistência malthusiana não determina os salários em si mesmos, então o oque fez? Não muitos caminharam nesse território desconhecido. Mas tão logo em 1821 o desconhecido mas notável escocês John craig enfatizou que os salários são determinados pela oferta e pela demanda por trabalho, e não emm nenhum sentido pelo preço da comida. Dois elementos na demanda por trabalho foram afirmadas embora não analisadas totalmente: o “capital a partir do qual os salários são antecipados para o trabalhador”, e a “demanda pelo produto de seu trabalho.” Craig, por sua vez, habilmente demoliu a espúria distinção de Adam Smith entre trabalho “produtivo” e “improdutivo”. Ele convincentemente concluiu que “a riqueza pode consistir em qualquer seja o objeto do desejo de um homem, e todo emprego o qual multiplique esses objetos de desejo, ou o qual adiciona a propriedade deles de render gozo é produtivo”.

O próximo passo importante na teoria dos salários veio de Samuel Bailey que, no percurso de sua crítica definitiva da teoria do valor ricardiana em 1825, apontou o papel crucial da produtividade do trabalho em determinar os salários:

o valor do trabalho não depende totalmente da proporção do produto total o qual é dado aos trabalhadores em troca do trabalho deles, mas também sobre a produtividade do trabalho […] A proposição, de quando o trabalho aumenta, os lucros precisam cair, é verdade apenas quando seu aumento não é devido a um aumento em suas forças produtivas […] Se o poder produtivo do trabalho for aumentado, isto é, se o mesmo trabalho produz mais mercadorias ao mesmo tempo, o trabalho pode aumentar em valor sem uma queda, não, mesmo com um aumento de lucros.

Um dos problemas críticos no desenvolvimento da teoria da produtividade dos salários foi a insistência ricardiana em enfatizar as alegadas leis de distribuição agregada, de “salários” como um todo e como uma partilha total do produto nacional e da renda, em vez de enquanto taxas salariais de unidades individuais de trabalho. J.B. Say apresentou uma teoria da produtividade de salários, mas não analisou a determinação de taxas salariais particulares em qualquer detalhe. Nassau Senior, no início da década de 1830, enquanto confuso sobre o tópico dos salários, desabrochou a favor da teoria da produtividade. Ele também conseguiu demolir a doutrina do trabalho “produtivo” vs “improdutivo” de Adam Smith, enfatizando, como fez J.B. Say, a “produção” como o fluxo de serviços, os quais emanam tanto de produtos materiais quanto de produtos imateriais.

O passo pra frente verdadeiramente revolucionário na teoria dos salários — em verdade na teoria de toda precificação de fator — veio com Mountifort Longfield, em suas Lições de Economia Política. Como vimos, Longfield estava preocupado em mostrar, em contraste com a teoria de conflito de classes de distribuição de renda, que os trabalhadores se beneficiam do desenvolvimento capitalista. (Ironicamente, o laissez-faire Harmonielehre de Longfield foi substituído por uma atitude muito mais estatista na sua vida tardia). Enquanto ele fazia isso, Longfield tomou a teoria correta, mas vaga, da produtividade de rendas de fatores de J.B.  Say, e desenvolveu, pela primeira vez, uma notável teoria da produtividade marginal de preços de aluguel (i.e., preços por unidade tempo) de bens de capital (os quais Longfield estranhamente chamou de “lucros”, em uma típica confusão de retornos sobre capital com a precificação de bens de capital que infestou a economia desde o início do século XIX). Desenvolvendo as especifidades, Longfield mostrou que o preço de cada máquina irá tender a equalizar a produtividade marginal da máquina, i.e., o valor produtivo (em termos de valor do produto deles) da máquina menos produtiva a qual paga para ser empregada no mercado, i.e., a máquina marginal.

Assim, pela primeira vez, em um desconhecido eco de Turgot, Longfield usou o adequado método ceteris paribus de analisar os retornos produtivos, mantendo um fator ou classe de fatores constante, variando outros conjuntos de fatores, e analisando o resultado.

Longfield parou aí em sua brilhante contribuição pré-austríaca, aplicando a análise de produtividade marginal apenas para bens de capital. Ele estava contente que a análise mostrou que salários — a renda de trabalho residual deixada depois do pagamento ao capital — subiu enquanto a produtividade marginal do capital caiu com cada aumento na quantidade de capital. Em suma, a acumulação de capital levou a um aumento nos salários. Ademais, Longfield demoliu qualquer medo malthusiano totalmente. Não apenas estava o malthusianismo hard-core há muito tempo descartado, mas até mesmo a ênfase menos rígida no nível costumeiro de salário dos trabalhadores enquanto determinando a oferta de trabalho teve a cadeia causal invertida. Em vez disso, o imposto, ele sensatamente apontou, é guiado pelo atual salário de mercado prevalecente em vez do contrário. Como um seguidor irlandês anônimo escreveu na Dublin University Magazine uma década depois (Julho 1845), o imposto se tornará cabível para ser pago qualquer que seja a taxa salarial prevalecente, enquanto ainda seria considerado desgracento ser pago abaixo dessa norma. Assim, a demanda por trabalho, em vez de sua oferta, irá dominar a determinação do salário de mercado.

A posterior demolição de Longfield de um malthusianismo ainda menos rígido apontou que o crescimento da população pode ter um efeito favorável ao ampliar o mercado para bens manufaturados, aumentando, desse modo, a produtividade marginal de bens de capital nesse quadro. Assim, a população pode crescer, capital pode desenvolver, e tanto os capitalistas quanto os trabalhadores se beneficiarão — uma figuração muito mais realista do desenvolvimento capitalista do que a ricardiana.

O sucessor e discípulo de Longfield, Isaac Butt, entretanto, não estava contente em parar aí, e ele providenciou um excepcional desenvolvimento da análise longfieldiana. E primeiro lugar, Butt tomou o passo crucial de ver que a análise de produtividade marginal de Longfield poderia ser generalizada a partir de bens de capital para todos os fatores de produção: para salários e para aluguéis de terra. cada uma dessas classes de fatores poderia ser analisada em termos de produtividade marginal, e o resultado seria que cada vez elas iriam obter o retorno, ou o preço, dos fatores menos produtivos lucrativos para serem empregados no mercado (o trabalhador marginal ou acre de terra). Assim, qualquer miolo de sentido que havia para a teoria ricardiana dos retornos diferenciais de renda de terra foi içado e incorporado na brilhante e pioneira teoria generalizada de precificação marginal de fatores de Butt.

Não apenas isso: Butt também se baseou sobre a análise de utilidade de Say e sobre a correta mas vaga análise e produtividade, e integrou ela ao menos em esboços, com a teoria generalizada longfieldiana da produtividade marginal. Em suma, em uma prefiguração do insight austríaco Menger-Böhm-Bawerk, o valor dos bens de consumo, determinados pela utilidade subjetiva dos bens para os consumidores, é imputado de volta sobre o mercado para os valores dos vários fatores de produção, os quais irão ser definidos iguais ao valor-produtividade marginal de cada fator. Assim, o preço unidade de todo tipo de fator tenderá a ser igual a seu valor-produtividade marginal enquanto imputado e volta através do processo de mercado competitivo da utilidade subjetiva dos produtos finais.

Infelizmente, essa excelente tradição Say-Longfield-Butt de teoria da produtividade não teve influência e nenhum sucessor. Embora Senior, como um colega Whatelyano, certamente soube da obra de Longfield, ele nunca se referiu a ele ou a Butt, e até mesmo os sucessores irlandeses de Longfield no Trinity College, Dublin, enquanto continuaram a teoria de valor-utildade, negligenciou a teoria corolário de imputação e produtividade.

É verdade que a análise de produtividade marginal de Longfield ganhou um fiel seguidor na Inglaterra, Joseph Salway Eisdell, cuja obra de dois volumes, Um Tratado da Indústria das Nações (1839), propôs uma versão sofisticada da teoria longfieldiana. O livro feito pelo desconhecido Eisdell, entretanto, afundou sem deixar traços, ganhando nenhuma revisão nos jornais, ou citações em qualquer outro lugar.

Mas, se a precificação de fatores fora analisada, e enquanto os lucros? Se os lucros não pudessem ser explicados simplesmente como um resíduo, então eles têm de ser explicados diretamente, e assim alguns economistas começaram a procurar por uma teoria satisfatória do que iria determinar os lucros de longo prazo ou o que posteriormente seria chamado de retorno em juros de longo prazo. Por uma coisa, foi apontado que Ricardo errou grandemente ao assumir mobilidade instantânea e total de capital, e houve uma volta à perspectiva mais realista de Adam Smith. Um escritor na Monthly Review, em 1822, por exemplo, enfatizou “a impraticabilidade de transferir capital e as aquisições pessoais de habilidade de um negócio para outro”.

Mas, se os lucros fossem apenas uniformes como uma tendência de longo prazo, o que explicaram elas? Malthus se moveu para mais perto da visão correta, na Quarterly Review em 1824, ao enfatizar que, enquanto os aluguéis são determinados pela produtividade, lucro, por exemplo, o que é ganho ao manter vinho e ao vendê-lo quando ele matura, é devido a “espera”, e quanto mais longa a espera maior a margem de lucro.

Uma contribuição particularmente importante para a literatura do jornal apontou para as teorias eventualmente corretas do lucro e dos juros. ESse foi um artigo feito por William Ellis (1794-1872) na Westminster Review benthamista, em Janeiro de 1826. Em uma análise altamente sofisticada de poupança e de investimento, Ellis apontou que a poupança é induzida por “a expectativa de maior gozo do que é adiado do que do consumo imediato”, enquanto, por outro lado, o investimento é atraído pela expectativa de lucro. No percurso de analisar os investimentos, Ellis, com grande perspicácia, distinguiu lucros como um retorno pela tomada de risco em diferença aos juros, enquanto um retorno sobre poupanças que podem também portar um acréscimo de risco.

Particularmente interessante foi a pioneira teoria dos riscos de lucros. “A largueza do lucro”, ele manteve, “precisa ser proporcionada ao risco incorrido ao tesouro da reserva e ao empregá-lo na produção”. Ele também entusiasticamente enfatizou a importância de um lucro altamente esperado por incorrer em inovação tecnológica. A nova tecnologia é “não-testado” e sua introdução precisa superar “a perda de maquinário suplantado, o anseio por habilidade e por prática, em mão de obra e em incerteza do resultado, todo se unem na prevenção da adoção e aplicação do que não é testado”. Reprimindo escritores anteriores por ignorar a inovação e seus problemas, Ellis apontou que suas dificuldades “são somente conquistadas […] pela perspectiva do maior lucro adicional, com o qual a invenção adotada é esperada a ser acompanhada”.

Ellis também introduziu a separação dos elementos de “lucro bruto” em uma firma de negócios, e distinguir elas do juros normal de longo prazo. Onde um empreendedor usa seu próprio capital exclusivamente, seu lucro bruto, Ellis perspicazmente apontou, pode ser quebrado em um acréscimo por cisco, remuneração para o trabalho do empreendedor e supervisão, e, finalmente a “remuneração pelo emprego produtivo de suas poupanças, a qual é chamada de juros”. Empréstimos produtivos em negócios tendem a comprimir a parte de juros do lucro de negócios bruto.

Quem foi William Ellis, que contribuiu com um tão estonteantemente perspicaz e avançado artigo para um dos distintos jornais da Grã-Bretanha? Aparentemente, essa foi a única incursão de Ellis na economia. Nascido em Londres, Ellis se tornou um missionário não conformista, e passou sua vida trabalhando e viajando para a London Missionary Society. Enviado à Polinésia de 1816 até 1824, Ellis, que trabalhou como um jardineiro em sua juventude, habituou-se com muitos dos frutos e plantas tropicais na Polinésia, e também desenvolveu a primeira editora nos South Seas. Os frutos dessa obra apareceu na Polynesian Researches(1829), de dois volumes. Seu interesse na teoria dos lucros logo em seu retorno de sua primeira estada na polinésia parece ter sido um esporte na ocupada carreira missionária de Ellis.

Enquanto ele não era tão perspicaz quanto Ellis, uma divisão analítica similar de lucros brutos e líquidos foi contribuía pelo filósofo escocês Sir George Ramsay (1800-71), em uma obra desconhecida e despercebida, Um Ensaio sobre a Distribuição de Riqueza(1836). Enquanto muito do livro era ricardiano, Ramsay adotou o conceito de empreendedor dos franceses, e ele também rompeu os lucros brutos do capital em juros sobre o uso do capital, e os “Lucros de empreendimento”, o qual era, por sua vez, dividido em salários de gerenciamento e superintendência, e pagamento  pelo risco incorrido pelos “mestres”, ou empreendedores. Ramsay apontou que, analiticamente, os empreendedores recebem os lucros de empreendimento, enquanto os capitalistas recebem juros ou “lucros” sobre o capital. Na prática, entretanto, os dois retornos são geralmente combinados como os lucros brutos de empreendedores capitalistas.

Ramsay foi também o primeiro bretão a adotar a análise de Destutt de Tracy do processo de produção enquanto ou mudança da forma de matéria, ou de lugar geográfico, para o qual Ramsay adicionou, uma mudança no tempo.

4.10 Abstinência e tempo na teoria dos lucros

Se o lucro fosse talvez relacionado ao risco, o que então explica o componente de “juros” de longo prazo dos lucros de negócios. A explicação dominante para os juros de longo prazo na economia britânica logo se tornou a teoria dos juros-abstinência.

A primeira apresentação do tempo como o determinante do juros veio de uma teoria relacionada, mas superior, a da abstinência: A teoria pioneira da preferência-temporal de Samuel Bailey. A discussão de Bailey veio em curso de sua brilhante demolição da teoria do valor-trabalho de Ricard oe sua defesa de uma teoria alternativa de utilidade. Bailey começa sua discussão do tempo e do valor ao notar que, se uma mercadoria leva mais tempo do que outra para sua produção, até mesmo usar a mesma quantidade de capital e de trabalho, seu valor será maior. Enquanto Ricardo admite um problema aqui, James Mill em seu Elementos de Economia Política infatigavelmente afirma que o tempo, sendo “uma mera palavra abstrata”, não poderia de modo algum adicionar valor a qualquer coisa.

Refutando Mill, Bailey aponta que “toda criação de valor” implica em uma “operação mental” — em suma, uma análise subjetiva do valor. Dada um prazer particular, Bailey continuou, “nós geralmente preferimos um prazer ou gozo presente do que um distante” — em suma, o fato onipresente da preferência temporal para a vida humana. Assim:

Estamos querendo, mesmo que por algum sacrifício de propriedade, possuir para nós o que iria de outro modo requerer tempo, para perseguir, sem esperar durante a operação […] Se qualquer artigo fosse oferecido a nós, de outro modo não alcançável senão depois de se passar um ano, deveríamos querer dar algo para gozar disso agora.

Considerações da influência do tempo-desconto de compradores, vendedores e capitalistas, bem como as partes que percebem, por exemplo, que o vinho ganha valor ao ser mantido por longos períodos de tempo. Bailey, interessado em refutar o valor e outras teorias subjetivas do valor em vez de explicar os juros per se, não se pressionou em explicar a preferência temporal como a base dos juros nem para discutir a taxa de tempo-desconto. Mas sua análise claramente pavimentou a via para a posterior teoria austríaca da preferência-temporal, embora Böhm-Bawerk, o criador da teoria, permanecesse inconsciência dos insights de Bailey.[24]

Seis anos depois, G. Poulett Scrope — apesar de suas infelizes visões alternativas sobre a lei de Say — fez uma importante contribuição para a teoria dos lucros (ou dos juros), ao pioneirar uma teoria dos juros-abstinência. Escrevendo na Quarterly Review para Janeiro de 1831, Scrope deplorou a ausência de qualquer teoria genuína do lucro em Ricardo, e procedeu para desenvolver uma teoria da abstinência.

Apesar das restrições incaridosas de Böhm-Bawerk sobre a teoria mais altamente desenvolvida da abstinência de Nassau Senior,  não há uma grande diferença entre a visão da abstinência e a últma, e a mais sofisticada teoria austríaca da preferência temporal. O lucro, disse Scrope, era “a compensação pela abstinência de gratificação imediata”, envolvida em poupar e em investir em vez de consumir. Mas Scrope não parou em esboçar uma teoria da abstinência; muito do lucro, ele apontou, é a forma estrita de lucro idêntico com os juros. O que é vulgarmente chamado “lucro”, como Scrope chamou, é idêntico com o “lucro bruto” de Ellis. Isso consiste, prosseguiu Scrope, de juros sobre capital + seguro contra os riscos dos negócios + salários pelo trabalho de superintendência do capitalista. Scrope também adicionou o aluguel de monopólio, no qual ele juntou a possessão de solo superior ou localização junto com os ganhos de invenções ou processos patenteados.

Mas o locus classicus da teoria da abstinência eram as lições de Nassau W. Senior. É verdade que elas não foram publicadas até 1836, quando elas foram publicadas como Esboço da Ciência da Economia Política (e também com o artigo sobre “economia política” para a Encyclopedia Metropolitana, mas elas foram entregues mais cedo que as lições em Oxford em 1827-28.

Senior apontou que as poupanças e a criação de capital necessariamente envolvem o doloroso sacrifício presente, uma abstinência de consumo imediato, o qual iria apenas ser incorrido em expectativa de uma recompensa compensadora. Infelizmente, Senior carecia do conceito de preferência temporal, de modo que ele era confuso sobre a motivação específica que levaria as pessoas a preferir o consumo presente ao futuro. Mas ele chegou a conclusões muito similares, relacionando o grau de abstinência-dor (ou, como os austríacos posteriormente colocariam, preferência-temporal para o presente pelo futuro) ou os povos “menos civilizados” e as classes “menos educadas”, que são geralmente “as mais improvidentes, e consequentemente as menos abstinentes”.

Até mais interessante e valioso do que a teoria da abstinência de Senior foi sua desenvolvida teoria do capital, a qual fortemente antecipou a doutrina austríaca. Pois Senior viu que fatores de produção poderia ser divididos em duas classes: a original, os primários: terra (ou recursos naturais) e trabalho; e todos os secundários, bens intermediários que são produzidos por esforços conjuntos dos fatores primários (bem como enquanto fatores intermediários pré-existentes). Eventualmente, os fatores intermediários são transformados em bens de consumo que podem satisfazer os anseios dos consumidores. Pode-se pensar que, em última instância, os fatores intermediários, ou bens de capital, podem ser reduzidos à natureza e ao trabalho, mas isso não pode ser feito, porque outro elemento é preciso para combinar os fatores primários em mais e mais capital: a abstinência. Pois, novamente antecipando os austríacos, Senior viu que um aspecto crucial desse processo de produção é que ele precisa levar tempo e, portanto, um ato de abstinência, um “prazo” adicionou Senior, “pelo qual expressamos a conduta de uma pessoa que ou se abstém […], ou designadamente prefere a produção remonta àquela de resultados imediatos”.

O capital, ou bens de capital, então, tomando tempo, são o resultado da combinação da terra, do trabalho e da abstinência, e consistem na aplicação de recursos presentes para produção futura. Os bens de capital são produzidos em vez de os primários, os fatores de produção. E o modo pelo qual a produção e os padrões de vida podem aumentar indefinidamente é pelo uso dos produtos do trabalho e da natureza, “enquanto os meios de posterior produção”. O capital, Senior sumarizou,

não é simples instrumento produtivo: ele é na maioria dos casos o resultados de todos os três instrumentos produtivos combinados. Algum agente natural pode ter providenciado o material, algum atraso do gozo pode em geral ter reservado isso do uso improduzido, e algum trabalho pode no geral ter sido empregado para preparar e preservá-lo.

Senior, então, não dá simplesmente uma teoria do lucro-produtividade ou dos juros-produtividade ingênua. Enquanto todos os fatores ganham sua produtividade, e portanto o trabalho ganha salários, e a terra ou os agentes naturais ganham aluguel, os bens de capital não são simplesmente agentes produtivos de outros fatores; e assim, tirando a influência e da terra e do trabalho, a última distinta contribuição produtiva do capital é o juros — o retorno à abstinência. Enquanto não chegando totalmente nisso, Senior estava aqui tateando uma distinção entre retorno bruto de bens de capital, cuja produtividade é refletida em seus preços de mercado, e seu retorno líquido (depois de deduzí-la dos salários, aluguéis, e preços de outros bens intermediários em sua produção), o qual equaliza a taxa de juros e é pagamento por abstinência ou preferência temporal.

Em sua discussão de como aumentar a provisão de fundos de capital pode permitir extensões sempre em aumento da divisão do trabalho e a produção de bens de consumo, Nassau Senior capturou a essência do insight austríaco de que o capital, e eventualmente a produção, expande com poupanças aumentadas por causa da produtividade física superior de processos mais demorados, ou “indiretos”, de produção. Visto que leva mais tempo para investir nesses processos mais longos e em fatores intermediários, deve haver maior anseio para investir no futuro enquanto oposto ao gozo presente.

Enquanto isso, o colega whatelyano de Senior, Mountifort Longfield, estava trabalhando em uma linha similar. Mesmo se os capitalistas qua capitalistas e não enquanto trabalhadores, produzem nada tangível, eles performaram um serviço vital ao poupar capital e pagar os fatores para que engajem em processos de produção que “consomem tempo”. Enquanto a maior parte dos classicistas britânicos, incluindo Ricardo, falaram perfunctoriamente de um período de produção, eles o ligaram estritamente a um ciclo de colheita de um ano na agricultura. Longfield pôde quebrar essa estrutura agrícola, se movendo “rumo a fazer dimensão do tempo de produção uma variável em sua análise. Ele fez isso ao ligar o período de produção diretamente a divisão do trabalho e identificando aumentos em um com extensões da outra”.[25]

Longfield completou essa ligação ao repetir a famosa discussão de Adam Smith da fábrica de alfinetes e a divisão do trabalho, enquanto mostrou que estender essa divisão irá trazer mais processos indiretos ao jogo. Em suma, maiores investimentos de capital irão eventualmente diminuir o tempo de trabalho requerido para produzir uma unidade de produção, mas apenas ao aumentar o tempo de espera entre o ponto inicial de investimento e a eventual unidade de bens de consumo. Durante o tempo de espera pelo eventual produto, os trabalhadores precisam poder viver, e essa vida é precisamente o que os capitalistas providenciam.

Eles fazem isso ao “abster” do consumo, desse modo permitindo com que o trabalhador “consuma algo produzido pela labuta de outros, embora nada produzido por ele já tenha sido consumido por qualquer um”. Em suma, enquanto o produto do trabalho está fora no futuro, o capitalista poupa dinheiro agora e emprega o trabalhador: “A pessoa que emprega a ele (o trabalhador) e direciona seu trabalho, em geral o paga em primeira instância, e re-paga ele mesmo pela venda dos artigos assim produzidos.”[26] Desse modo, Longfieldpôde oferecer uma notável antecipação da teoria Böhm-Bawerkiana do capital.

O lucro bruto dos capitalistas, então, consistem em duas partes: um retorno pelo serviço de antecipar os salários para os trabalhadores até o produtor ser vendido (juros de longo prazo), e retornos pelo trabalho de direção e pela assunção de riscos de negócio. Longfield não fez tentativa alguma de enfantizar a última e concentrou-se na primeira, o retorno pelo serviço de antecipar salários. Assim, enquanto Longfield aponta em antecipação da sofisticada e altamente perspicaz teoria austríaca da produtividade marginal descontada da precificação de fatores, o trabalhador, com efeito, para ao capitalista um disconto de sua produtividade marginal pelo serviço de ofertar dinheiro agora em vez de ter de esperar pela venda do produto. Novamente Longfield:

[O capitalista] paga os salários imediatamente, e, em retorno, recebe o valor do trabalho [do trabalhador], para ser disposto para a melhor vantagem […] Assim, o valor do trabalho fixado em […] qualquer artigo, é maior que os salários desse trabalho. A diferença é o lucro feito pelo capitalista para suas antecipações; isto é, como se fosse, o desconto o qual o trabalhador paga pelo pagamento em prontidão.

É apenas um pequeno passo de sua análise para a identificação desse desconto enquanto um pagamento pela preferência temporal.

Sir George Ramsay, em sua obra de 1836, também enfatizou a importância do tempo na produção e no capital, embora dificilmente tão sofisticada quanto a maneira de Senior. O tempo, bem como o trabalho, entra no capital, e Ramsay aponta como um exemplo de dois barris de vinho idênticos. O barril que envelhece mais aumenta em valor, de modo que o valor, portanto, depende não apenas do trabalho gasto, mas também “da extensão de tempo durante qualquer porção do produto desse trabalho tenha existido como um capital fixo”. Finalmente, em 1839, Joseph S. Eisdell, um seguidor inglês desconhecido de Longfield, generalizou a teoria da produtividade marginal, também notando o importante serviço dos capitalistas em servir ao trabalhador ao “antecipara seus salários imediatamente sob a performance de seu trabalho, antes de os bens estarem prontos para venda, ele também sendo necessitoso de esperar até a venda, e a receita monetária para os bens”. Aqui, Eisdell capturou a essência do serviço que o capitalista rende ao trabalho e pelo qual o último quer “pagar” ao primeiro seu desconto ou retorno em lucro: o serviço de pagar o trabalhador agora, no presente, enquanto o capitalista toma o fardo de esperar por seu retorno até algum ponto no futuro.

4.11 John Rae e a teoria “austríaca” do capital e dos juros

A mais notável contribuição para a teoria do capital e dos juros no período pós-ricardiano foi pelo vagabundo e excêntrico John Rae (1796-1872). Rae desenvolveu sua teoria como parte de um tratado designado para argumentar por uma tarifa protetiva: Alguns Novos Princípio Para a Questão da Economia Política (Boston, 1834). Rae teve a mais extensa e completa análise desenvolvida, até Böhm-Bawerk e os Austríacos, do papel crucial do tempo na teoria do capital e dos juros. Na teoria do capital, Rae viu que uma chave para a produção é aumentar o investimento em bens de capital, eles mesmos o produto do trabalho e da natureza, e que bens de capital podem ser ranqueados com base em sua taxa de retorno, e o tempo necessariamente envolvido da formação deles até seu esgotamento. Especificamente, estender o processo de produção, ou o tempo envolvido no processo de investir em capital, irá permitir o uso de bens de capital de maior produtividade física. Mas, enquanto esperar um tempo maior irá se permitir a tocar mais fisicamente em processos de produção, esse benefício precisa sempre ser pesado contra a indesejada necessidade de esperar mais no futuro até o retorno do capital ser obtido. E aqui, John Rae apresentou o desenvolvimento mais completo da época da teoria dos juros da preferência temporal. Para balancear contra a maior produtividade de esperar mais no futuro, o capitalista precisa cobrar uma taxa de juros baseada na maior desejabilidade do presente enquanto contra os bens futuros. Em suma, os investidores precisa sacrificar o presente por bens futuros, e assim eles precisam ser compensados por esse investimento por um retorno que reflete seu grau de preferência temporal. Os investidores estarão sacrificando um bem presente menor por um bem futuro maior, o grau de diferente — seu retorno em juros — sendo dependente do anseio cultural e psicológico das pessoas em tomar uma visão de longo prazo do futuro. Aqueles com menores taxas de preferência temporal, i.e., aqueles que tomam uma visão mais longa do futuro, estão particularmente visando aumentar o padrão de vida de suas crianças; por outro lado, para Rae, aqueles com maior preferência temporal possuem fracos princípios morais e intelectuais e sofrem de um “defeito da imaginação”.

Rae também antecipou a teoria schumpeteriana ao por grande ênfase na importância de invenções e enfatizou que as invenções abriam novas oportunidades para investimentos em capital altamente lucrativos, e que, resultando em altos lucros estimularam tal investimento.

Schumpeter pagou algo tributo para a conquista de Rae, chamando sua obra de “uma teoria do capital”, concebida em profundidade e amplitude sem precedentes”, embora, estranhamente o suficiente, ele não mencione a ênfase de Rae em invenções. Schumpeter adiciona, entretanto, que dados “dez anos de silencioso trabalho, agraciado por uma renda adequada”, o Novos Princípios de Rae “poderia ter gerado um outro — e mais profundo — Riqueza das Nações”. E Böhm-Bawerk, que não conheceu a conquista de Rae na primeira edição de seu História e Crítica de Teorias de Juros, por uma vez foi muito generoso em sua brilhante explicação, em edições posteriores, chamando a obra de Rae “excessivamente original e notável”.

A conquista de John Rae foi a mais marcante porque ela não veio de um escritos afundado em discussões econômicas da Grã-Bretanha de seus dias. Pelo contrário, ela veio de um homem que precisa ser descrito num geral como um brilhante vagabundo, pé no saco e perdedor John Rae era um escocês, nascido em Aberdeen, o filho de um próspero mercador autônomo e engenheiro naval. Interessado em invenção e nas ciências naturais, Rae, tão jovem estudante de matemática na University of Aberdeen, apresentou algumas invenções em mecânica a seu professor, que as considerou ingênuas mas impráticas. Deixando as invenções para não irritar seu pai que tinha mentalidade prática, Rae decidiu, na graduação, ir para a University of Edinburgh para estudar medicina. Mas, típico de Rae, enquanto estudava para sua dissertação de mestrado, ele se convenceu que as teorias fisiológicas prevalecentes eram falsas, e assim ele deixou a escola médica, determinado para escrever uma grandiosa “história filosófica” da humanidade. Embarcando nessa ambígua mas verdadeiramente imprática obra de vida, Rae se afundou no estudo da biologia, filologia, etnologia, aeronáutica, geologia, educação e nas ciências sociais, indubitavelmente com ideias radicais em todas elas. Muito pouco disso sequer fora escrito ou publicado, sua obra publicada consistindo em alguns artigos esparços sobre tais assuntos como emigração, educação, religião canadense, costumes havaianos e legislação, e línguas polinésias. Seus artigos existentes não publicados são sobre tópicos geológicos.

Esse tipo de plano de vida mal foi calculado para dar a John Rae uma renda segura, e a falência de seu pai, bem como um possível estigma social de seu casamento com a filha de um pastor, o fez emigrar para as matas interiores do Canada, na idade de 25.

Foi durante o curso desse auto-estudo que John Rae leu o Riqueza das Nações, e desenvolveu uma antipatia ao comprometimento geral dos escocêses com as livres negociações e com o laissez-faire. Em particular, Rae adquiriu um interesse vitalício no protecionismo e nos subsídios governamentais para a indústria. Ao menos um pouco dessa reação refletiu uma hostilidade tipicamente escocesa calvinista ao luxo e a indulgência do consumidor. Um forte advogado da parcimônia e da abstinência, Rae lamentou qualquer consumo luxuoso entre as classes mais baixas, a qual enfraqueceu seu “desejo efeito por acumulação”. Apetites sensuais levam os pobres a casarem e a aumentar seu número de crianças indevidamente, enfraquecendo também sua prosperidade pra poupar e para aumentar o padrão de vida deles. O primeiro interesse de Rae na tarifa protetiva veio na Escócia em 1819, atacando o desejo dos numerosos seguidores de Adam Smith para diminuir grandemente as taxas e tarifas sobre o whisky, e permitir a manufatura de whisky em pequenos alambiques. Rae reagiu de forma nervosa, preocupado como estava com a “moral geral do povo” resultante de uma abundância de whisky barato.

Chegando no Canada, Rae logo se tornou diretor em uma escola privada e um médico em um pequeno vilarejo de Williamstown, Ontario. Williamston era o centro da ocupação escocesa presbiteriana no Canadá, e Rae, um devoto adepto da Igreja Presbiteriana da Escócia, se embrulhou nas reivindicações dessa Igreja ao apoio do governo enquanto contra as reivindicações exclusivistas da Igreja da Inglaterra. À parte do elitismo anglicano que não cabia às condições norte americana, Rae opinou, a Igreja Presbiteriana da Escócia insistiu em austera moralidade enquanto contra a frouxidão dos anglicanos. Ele criticou os Estados Unidos por não terem uma religião estabelecida, desse modo diminuindo a renda e tenura do clero e enfraquecendo os laços de “genuína religião”.

Depois de uma década em Williamstown, John Rae sentiu que era hora de mudar. Em 1831, ele se dispensou de seu posto como diretor, e como um dos três coronéis do Distrito Leste de Ontario, e se mudou para Montreal. Ele decidiu começar trabalhar em seu projeto de vida, ou ao menos em um subconjunto dele para ser dedicado ao “Presente Estado do Canadá”, o qual iria apresentar as suas ideias sobre geologia canadense e desenvolvimento econômico, e fazer um forte apelo pela continuidade do Canadá no Império Britânico. Enquanto em Montreal, ele fez a petição ao governo do Canadá Superior por uma viagem e pesquisa garantida para financiar esse trabalho projetado, mas a Assembléia do Canadá Superior sentiu que haviam coisas mais importantes estavam para ser feitas e recusaram a proposta de garantia de Rae, apesar da recomendação favorável do tenente-governador.

Rae estava ainda determinado para trabalha nesse projeto de vida, e ele reparou no vilarejo lenhador de Godmanchester, não longe de Montreal, onde ele aparentemente trabalhou em tarefas subalternas cortando lenha enquanto publicava artigos pró-Império Britânico na Montreal Gazette. Lá ele escreveu o que se pensava ser outro subconjunto de seu plano mestre, sua grande obra sobre os Novos Princípios de Economia Política.

O espírito da revolução contra o Império Britânico estava fora no Canadá, e a s cartas de Rae para a Gazette eram virulentas em denunciação. Os críticos da Grã-Bretanha, ele fulminou, eram “grosseiras má interpretações, falsidades infames e blasfêmias horrendas”. Chamando de volta os horrores da Revolução Francesa, Rae trovejou dizendo que “as bandeiras da justiça imperial precisam ser mostradas, de outro modo em um curto período o reinado do terror será tentado no Canadá, e arruinar tudo triunfantemente.

Em vista das fortes conexões de Rae em Montreal, é difícil ver  porquê ele resolveu morfar em Godmanchester. Sua irmã, Ann Cuthbert, uma poeta e diretora de uma escola de entabuamento, foi casada com um rico mercador de têxteis, James Fleming. O irmão de Fleming, John, era um proeminente escritor bem como um dos oficiais cabeça do Banco do Canadá edo Banco de Montreal, e a família se mudou no círculo dos principais mercadores escoceses e ultra-lealistas ao Império Britânico, cercados por uma população canaense do que eles tomaram dos insurgentes e radicais franco-canadenses.

Rae concebeu seu Novos Princípios para ser outro subconjunto de sua obra de vida, dessa vez dedicada ao crescimento das nações e a necessidade por uma tarifa protetiva e outras formas de promoção governamental da indústria. Ele terminou o livro em 1833 e originalmente quis publicá-lo na Inglaterra, mas por algum motivo mudou seus planos e viajou para Boston para buscar ajuda na publicação de seu livro lá. Em Boston, Rae se encontrou e foi levado sob a asa do poderoso Alexander Hill Everett (1790-1847), um dos principais Bramãs em Boston, um protégé do ex-presidente John Quincy Adams, e recente ministro de Adam para a Espanha. Um completo linguista e classicista, bem como um promotor, Everett deixou o serviço do governo para se tornar o editor do proeminente e influente North American Review. Uma década depois, Everett escreveu o Novas Ideias sobre a População (1823), no qual ele sensatamente atacou Malthus por não perceber que o crescimento da população pode trazer abundância, não pobreza, ao extender a divisão do trabalho, expandindo mercados e cidades, e aumentando a produção de comida e de manufaturas.

Everett, como o resto de New England, posteriormente mudou da defesa do livre mercado para a defesa de uma tarifa protetiva, particularmente para as nascentes manufaturas têxteis da região. Os protecionistas estavam procurando selvagemente por livretos e acadêmicos que pudessem apoiar a causa deles, visto que as obras de Adam Smith e de J.B. Say eram dominantes em universidades americanas. Se encontrando e estando impressionado com John Rae e ouvindo de sua nova obra protecionista, Everett estava entusiástico sobre ele e conseguiu, sem ver, publicar o livro em Boston.

Aparentemente, Everett comprou um porco em um puxão. Revisando-a na North American Review, Everett amaldiçoou o New Principles de Rae com fatigado louvor. Ele estava procurando por um tratado protecionista impactante; em vez isso ,ele achou um livro cheio com jargões técnicos que ele mal podia compreender. E muito disso tinha pouco ou nada a ver com a questão da tarifa. A maior parte do livro lidou com a teoria do capital e dos juros, e com a importância da expansão de capital para o crescimento de uma nação. Como Everett incisivamente apontou, essas visões não estão realmente em variação com aquelas de Adam Smith. E nenhuma delas lidou diretamente com a questão protecionista.

Para o próprio Rae as conexões estavam claras, senão muito remotas para aqueles interessados em política pública. Ele acreditou que o desenvolvimento econômico dependia juntamente de novas invenções e da aplicação delas em investimento de capital, e muito de suas políticas governamentais propostas eram subsídios e recompensas para novas invenções e indústrias, para serem financiadas por pesadas tarifas sobre importações de “luxos”. Desse modo, a alma calvinista de Rae seria satisfeita, pois o governo estaria impondo princípios morais ao promover a parcimônia, invenção e indústria, enquanto desencorajaria luxúrias pecaminosas, especialmente, em uma prefiguração de Thorstein Veblen, onde “o consumo é […] conspícuo” e, portanto, particularmente desperdiçador. A denúncia do consumo luxurioso por parte de Rae, o qual Rae brutalmente chamou de “uma perda para a sociedade, em proporção a sua quantidade”, não coube muito bem a Everett, mas sua principal crítica era de que o país precisava de “um ensaio bem escrito e bem raciocinado sobre essa questão [protecionista”, uma obra de “compasso suficiente e autoridade para servir como um livreto”. Claramente, a obra de John Rae não preencheu a conta.

O livro era uma falha comercial, e foi rapidamente esquecido. O entendivelmente aborrecido e amargurado Rae escreveu em uma carta, anos depois, que, “infelizmente, eu fui induzido a publicar em Boston, sob a garantia de A.H. Everett que seria apreciado lá. Ele estava, entretanto, eu creio que com medo disso. Não pude fazê-lo concordar comigo, nem ninguém lá, se eu estava certo ou errado, e assim continuou com o louvor de seu estilo, etc. Isso acabou com ele”. Em adição, os defensores das livres negociações e os adoradores no altar de Adam Smith – que vieram com crítica direta considerável no livro – atacaram a obra de Rae. Mas possivelmente mais fatal que qualquer um desses fatores foi o tempo do livro. Pois depois da tarifa de 1833, diminuindo as tarifas consideravelmente, a agitação pelas tarifas nos Estados Unidos começou a subsidiar, e a tarifa foi repetidamente diminuída ao longo da década de 1840. As negociações livres aparentemente triunfaram, ao menos até a Guerra Civil.

No Canadá, ademais, mal houve economista ou acadêmico algum de prontidão para louvar a obra de Rae, e na Grã-Bretanha havia um escárnio geral aos “colonials”, e falha em tratar a América do Norte com seriedade. Na Inglaterra, entretanto, Nassau Senior, cuja obra sobre capital e juros não estava tão longe da de Rae, leu o New Principles por meados de 1840, e a admirou grandemente, e traços de Rae podem ser achados nos escritos posteriores de Senior. Senior passou o livro adiante para John Stuart Mill, que o elogiou fervorosamente em seu popular tratado de 1848, o Principles of Political Economy. Rae ouviu falar do louvor feito por Mill cinco anos depois, através de um amigo canadense, e escreveu fervorosamente senão lamentosamente para Mill que “essa é a única coisa conectada com essa publicação que me rendeu qualquer gratificação”.

Aqui um mistério surge para a história do pensamento econômico. Apesar do elogio fervoroso de Mill ao livro de Rae no que era o tratado dominante sobre economia por uma geração, nenhum economista em qualquer lugar captou a referência, e o conhecimento de Rae praticamente desapareceu. A única exceção foi o grande economista clássico italiano Francesco Ferrara (1810-1900), que traduziu o New Principles de Rae para o italiano em meados da década de 1850. À parte disso, nada. W. Stanley Jevons, dedicou-se à história do pensamento econômico, aparentemente nunca ouviu falar do livro, e até o grande Böhm-Bawerk nunca leu John Rae quando, em meados da década de 1850, ele escreveu a primeira edição de seu História e Crítica das Teorias de Juros. Rae permaneceu desconhecido para os economistas até sua memória ser revivida, e sua obra reimpressa, pelo Professor Charles Whitney Mixter na virada do século XX. Talvez para desvendar o quebra-cabeça nas edições tardias de Böhm-Bawerk, onde que ele aponta que os elogios de Mill para Rae, embora fervorosos, eram gerais e até mesmo banais, e mal conveio ao brlihantismo e originalidade de sua obra sobre capital e juros. Como Böhm-Bawerk explicou:

Mas é um fato estranho que em todas as suas numerosas citações [de Rae] John Stuart Mill nunca incluiu qualquer do material que constitui a essência das ideias originais de Rae. Ele cita, em vez disso, meramente incidentais ornamentais, e até mesmo entre aqueles do tipo de coisa que poderia ser usada para ilustrar as doutrinas tradicionais que o próprio Mill estava apresentando. E, visto que o livro de Rae parece ter sido livro em sua versão original apenas por pouquíssimas pessoas, apenas a parte mais interessante de seus conteúdos permaneceram desconhecidas para seus contemporâneos. Havia pouca tendência de que eles, e até mesmo menos que as gerações subsequentes, seriam notificadas pelas citações de Mill da importância do livro, ou impelida a conduzir qualquer pesquisa a sua obra rapidamente esquecida.[27]

Desapontado na recepção de seu livro, desempregado e destituído, Rae ganhou um apontamento como membro chefe de uma escola de gramática distrital do governo no que era então a fronteira litigiante de Hamilton, Ontario. Lá ele viveu em refinada pobreza com um salário baixo e estava continuamente em dívida, mas ele era aparentemente amado por seus estudantes e foi conhecido em Hamilton como um gracioso e elegante patinador de gelo bem como presidente da Hamilton Literary Society. Lá ele desempenhou um papel proeminente no primeiro contingente da milícia de Hamilton, a qual, em 1837 e 1838, ajudou a derrubar uma rebelião armada feita por nacionalistas canadenses ansiosos por contar os laços com o império. Rae engajou em experimentos aeronáuticos com balões, e escreveu de forma crescente sobre tópicos geológicos. Ele também continuou a trabalhar sobre a geografia econômica do Canadá, e finalmente em 1840, completou sua magum opus, um livro extenso sobre as “Linhas gerais da História natural e dos Estatutos do Canadá”.

Infelizmente, entretanto, a década de 1840 viu o destino desferir uma série de marteladas contra John Rae. Primeiro, o manuscrito de seu livro sobre o Canadá foi irremediavelmente perdido em rota para possíveis publicadores em Nova York. Segundo, depois de lecionar em Hamilton por 14 anos, Rae foi sumariamente demitido em 1848. O problema foi que Rae ficou inevitavelmente enredado em conflitos educacionais políticos, particularmente sobre nomear presbiterianos para o ensino e postos administrativos no sistema escolar da escola de Ontario, dominada pelos anglicanos. Além disso, em 1843, na Disrupção, a Igreja da Escócia (e portanto sua Igreja Presbiteriana afiliada no Canadá) se dividiu em um irreparável cisma, com calvinistas radicais opostos à dominação secular do estado da Igreja se separando da Igreja estabelecida da Escócia e formando a Igreja Livre. Como podemos esperar de sua pessoa, Rae, junto de seus amigos, juntou-se à Free Church, que lhe perdeu o apoio política dos oficiais presbiterianos estabelecidos, dominantes em seu distrito escolar. A estadia de Rae em Hamilton foi amaldiçoada.

Rae então deixou o Canadá e deu aulas em Boston e Nova York, onde, um ano após sua demissão, recebeu outro golpe surpreendente – a notícia da morte de sua esposa, Eliza. Desencorajado, inquieto, sem dinheiro e desenraizado aos 53 anos, John Rae começou uma nova vida de peregrinação e deriva. Atraído pela corrida do ouro, navegou para a Califórnia, onde deu algumas aulas acadêmicas e fez carpintaria; com problemas de saúde na Califórnia, Rae logo partiu para as ilhas havaianas, onde passaria o resto de seus dias. Lá, na ilha de Maui, Rae prosperou economicamente pela primeira vez, ensinando inglês para nativos havaianos, cultivando e atuando como agente médico do conselho de saúde. Rae começou a florescer politicamente por causa de sua nova amizade com um colega expatriado escocês, Robert Crichton Wyllie, cirurgião da Universidade de Glasgow, rico empresário e agora ministro das relações exteriores do reino havaiano. Com o patrocínio de Wyllie, Rae tornou-se legista, tabelião, assistente médico e juiz distrital em Maui.

Suas circunstâncias favoráveis agora levaram Rae a retomar seus vários interesses científicos: ele escreveu artigos e documentos sobre geologia, particularmente sobre vulcões, marés oceânicas e geologia havaiana; na língua polinésia; e tentou reavivar o interesse em comercializar suas invenções de navegação há muito negligenciadas.

Mas John Rae era incapaz de guardar dinheiro, e assim perpetuamente reverteu à miséria. Com seu patrono Wyllie morto e com problemas de saúde, Rae aceitou a oferta de um velho amigo e ex-aluno para pagar sua viagem do Havaí para morar com ele permanentemente em sua casa em Staten Island. Mas Rae morreu em Staten Island no ano seguinte.

Inquieto e excêntrico, John Rae, em certo sentido, escreveu um epitáfio adequado e pungente para si mesmo em New Principles, em sua apreciação sensível do papel solitário do inventor ou inovador na sociedade:

Perseguir objetos que não são percebidos pelos outros, ou se percebidos, cuja importância está além do alcance de suas concepções, os motivos de sua conduta são necessariamente mal compreendidos. Eles são estimados ou ociosos, culposamente negligentes em prestar contas dos talentos que possuem, estúpidos deficientes nas partes comuns necessárias para cumprir os ofícios comuns da vida, ou loucos incapazes de confiar em seu desempenho; excluídos da estima ou do companheirismo daqueles cuja consideração eles poderiam valorizar, eles são postos em contato com aqueles com quem eles não podem ter nada em comum, patifes que riem deles como suas presas, tolos que se compadecem deles como seus companheiros. Suas personalidades incompreendidas, privados de toda simpatia, desprovidos de quaisquer aprovações, a “guerra eterna”, que eles têm de travar com a fortuna, é duplamente penosa, porque eles sabem que, se sucumbirem, serão levados para fora do campo, não apenas desconhecido, mas mal concebido.[28]

4.12 Nassau Senior, praxeologia e John Stuart Mill

Há poucos economistas em qualquer era que são conscientes de si mesmo sobre a metodologia de seu ofício. Isso foi ainda mais verdadeiro durante o suposto apogeu da escola clássica britânica que, como vimos, foi uma era de desintegração e não de triunfo do paradigma ricardiano. Mas um excelente metodologista foi um dos melhores economistas daquela época, Nassau W. Senior. Senior, de fato, pegou a tocha do método praxeológico que havia sido exposto e usado pelo grande economista francês do início do século XIX, Jean-Baptiste Say.

Senior começou a expor seus pontos de vista sobre metodologia em sua primeira aula introdutória em Oxford em 1826. Com excepcional clareza, ele começou afirmando que a teoria econômica se baseia nos mais amplos insights gerais sobre a natureza humana, insights que são evidentes em si mesmos no sentido de que, uma vez declarados, eles ordenam assentimento universal. A teoria econômica, diz Senior, “será baseada em pouquíssimas proposições gerais, que são o resultado da observação, ou consciência, e que quase todo homem, assim que as ouve, admite, como familiar aos seus pensamentos, ou pelo menos, conforme incluído em seus conhecimentos anteriores”. Mas se essas premissas, ou axiomas, baseiam-se no conhecimento geral do homem e do mundo, então as conclusões deduzidas delas devem possuir igual generalidade: “Suas conclusões também são quase tão gerais quanto suas premissas – aquelas que se relacionam com a natureza e a produção de riqueza são universalmente verdadeiras.” É então a tarefa do economista restringir as conclusões às áreas que são diretamente relevantes para o problema em mãos. Assim:

aquelas [conclusões] que dizem respeito à distribuição da riqueza, são suscetíveis de serem afetadas por instituições peculiares de países particulares—nos casos, por exemplo, de escravidão, leis para o milho ou leis para os pobres—o estado natural das coisas pode ser estabelecido como regra geral, e as anomalias produzidas por causas perturbadoras particulares podem ser posteriormente explicadas.

Enquanto especificamente parte de suas conclusões apodíticas, as leis generalizadas de Nassau Senior das que outros economistas têm se aproximado ou tateando. Por exemplo, Sênior definiu “riqueza” como todos os bens e serviços que possuem utilidade e que, portanto, serão comprados em troca. Ele então definiu em sua primeira “proposição fundamental”: “Que toda pessoa deseja obter, com o mínimo de sacrifício possível, o máximo possível dos artigos de riqueza.” Sênior não apenas generalizou habilmente alguns insights importantes da ação humana universal: ele também rejeitou, desse modo, a infeliz distinção de Adam Smith. entre trabalho “produtivo” (material) e “improdutivo” (imaterial); tudo o que as pessoas desejavam e estavam dispostas a comprar era “produtivo”. É porque Ricardo, pelo menos implicitamente, adotou essa distinção que ele foi capaz de descartar com cavalheirescamente qualquer explicação sobre a precificação de serviços imateriais e, portanto, avançar para uma teoria de custo do valor.

Ao elaborar essa primeira proposição fundamental, Senior passou a um eloquente resumo da relação entre desejo, diversidade individual, escolha e esforço humano:

Ao afirmar que todo homem deseja obter riqueza adicional com o menor sacrifício possível, não devemos supor que todos, ou mesmo que qualquer um, desejem uma quantidade indefinida de tudo […] O que queremos dizer é que nenhuma pessoa sente que sua totalidade deseja ser adequadamente suprida; que cada pessoa tem alguns desejos insatisfeitos que acredita que a riqueza adicional gratificaria. A natureza e a urgência dos desejos de cada indivíduo são tão variadas quanto as diferenças de caráter individual. Alguns podem desejar o poder, outros a distinção, outros o lazer […] O dinheiro parece ser o único objeto pelo qual o desejo é universal; e é assim porque o dinheiro é uma riqueza abstrata […]

Como existe diversidade igual na quantidade e no tipo de sacrifício que diferentes indivíduos, ou mesmo o mesmo indivíduo, encontrarão na busca da riqueza.[29]

Duas décadas depois, ao retornar à cátedra Drummond em Oxford, Nassau Senior, em suas aulas introdutórias em 1847, voltou ao problema da metodologia da economia (publicado em 1852 em suas Quatro Lições Introdutórias sobre Economia Política) Ele agora definia a ciência econômica enquanto expondo “as leis que regulam a produção e distribuição de riqueza, na medida em que dependem da ação da mente humana” — a última cláusula enfatizando que a economia era uma ciência “mental” e não “física”. De fato, Senior viu claramente que o método científico adequado era dualista, as ciências físicas tratando das propriedades da matéria, enquanto as mentais estudam “as sensações, faculdades e hábitos da mente humana, e consideram na matéria apenas as qualidades que as produzem”. ‘. Os métodos das duas ciências devem necessariamente diferir, pois as ciências físicas “sendo apenas secundariamente conhecedoras da mente, extraem suas premissas quase exclusivamente da observação ou hipótese”. A observação pode guiar ciências estritamente empíricas como a tecnologia, mas ciências como a física, “aquelas que tratam apenas de magnitude e número […] as extraem totalmente de hipóteses. As ciências físicas devem basear-se em hipóteses provisórias, precisamente porque são ‘apenas secundariamente relacionadas com a mente’”. Por outro lado, “as ciências mentais e as artes mentais extraem suas premissas principalmente da consciência. Os assuntos com os quais eles estão principalmente familiarizados são o funcionamento da mente humana. E a única mente cujo funcionamento um homem realmente conhece é a sua própria”. E é claro que a economia era uma das ciências mentais.

Dessa forma, Nassau Senior, com brilhante clareza, desenvolveu o essencial do que Ludwig von Mises, um século depois, chamaria de “praxeologia”. Como no caso de outras ciências mentais, a economia não pode, como as ciências físicas, conduzir experimentos. É verdade, observou Senior, que a economia lida com assuntos materiais como produção, produtividade e retornos decrescentes, mas o “economista político se detém neles apenas com referência aos fenômenos mentais que servem para explicar”, como entre os motivos ou fontes ou capital, aluguel, lucro, etc. Em resumo, escreve Senior,

Todos os termos técnicos da Economia Política, representam, portanto, tanto ideias puramente mentais, tais como demanda, utilidade, valor, e abstinência,, quanto objetos que, embora alguns deles possam ser materiais, são considerados pelo Economista Político apenas na medida em que são as causas de certas afetações da mente humana, como riqueza, capital, aluguel, salários e lucros.

É importante considerar a outrora famosa batalha entre Nassau Senior e John Stuart Mill sobre o método econômico, pois Mill logo se tornaria o imerecidamente imponente economista do meio século seguinte. Mill concordou que a economia, enquanto uma ciência mental, não pode conduzir experimentos; mas não concluiu, com Senior, que suas premissas ou axiomas deveriam ser completos, gerais e apodíticos. Em vez disso, ele afirmou que os fundamentos e premissas da economia só podem ser “hipotéticos”, ou seja, eles devem fazer suposições que abstraem e, portanto, distorcem a realidade. Os axiomas da economia são apenas parcialmente ou hipoteticamente verdadeiros. Em suma, para Mill, uma vez que a economia se concentra no desejo do homem por riqueza, ela deve assumir, mesmo que admitidamente falsamente, que o desejo único do homem é por riqueza. Assim, como Mill afirmou em seus Essays on Some Unsettled Questions in Political Economy em 1844:

A Economia Política […] não trata de toda a natureza do homem enquanto modificada pelo estado social, nem de toda a conduta do homem na sociedade. Ela está preocupada apenas como um ser que deseja possuir riqueza e que é capaz de julgar a eficácia comparativa dos meios para obter esse fim. Ela prevê apenas os fenômenos do estado social que ocorrem em consequência da busca de riqueza. Faz uma abstração completa de qualquer outra paixão ou motivo humano […] A Economia Política considera a humanidade ocupada unicamente em adquirir e consumir riquezas; e visa mostrar qual é o curso de ação para o qual a humanidade vivendo em um estado de sociedade seria impelida, se esse motivo […] fosse a regente absoluta de todas as ações deles […] Não que algum economista político tenha sido tão absurdo a ponto de supor que a humanidade seja realmente assim constituída, mas porque este é o modo pelo qual a ciência deve necessariamente proceder.[30]

Mill admitiu que o pressuposto fundador de sua economia era “uma definição arbitrária do homem”. Pois ela raciocinou a partir de “premissas assumidas – de premissas que podem ser totalmente sem fundamento de fato, e que não se pretende que sejam universalmente de acordo com ela […]”.

E assim, John Stuart Mill, neste prenúncio da metodologia da deliberada criação do falacioso “homem econômico” – o homem que só está interessado em buscar a riqueza – elaborou o que poderia ser chamado de metodologia ortodoxa, dominante ou “positivista” em economia. O método positivista, estabelecido com clareza tão falaciosa e fatídica por Mill, após uma luta com métodos praxeológicos alternativos (assim como outros), finalmente triunfou em meados do século XX com a infeliz ascensão ao domínio do positivismo de Vilfredo Pareto e Milton Friedman.

Parte da motivação das palestras ponderadas de Senior sobre o método em 1847 foi precisamente engajar-se em uma crítica e demolição do positivismo miliano. Uma vez que Mill, como Smith e Ricardo antes dele, retornaram à sua falaciosa limitação da “riqueza” aos bens materiais, a distorção resultante da teoria do valor e da produção tornou a tarefa de Senior ainda mais importante. O ataque de Senior a Mill, assim como a Ricardo, foi formidável e devastador. Ele deixou claras suas diferenças essenciais:

nem o raciocínio do Sr. Mill, nem o exemplo do Sr. Ricardo me induzem a tratar a Economia Política como uma ciência hipotética. Não acho necessário e, se for desnecessário, não acho desejável.

Parece-me que, se substituirmos a hipótese do Sr. Mill, de que a riqueza e o prazer dispendioso são o único objeto do desejo humano, a afirmação de que são objetos de desejo universais e constantes, de que são desejados por todos os homens e em todos os momentos, teremos estabelecido uma base igualmente firme para nosso raciocínio subsequente, e colocaremos uma verdade no lugar de uma suposição arbitrária. (itálicos adicionados).

Sênior prossegue admitindo que, de fato, não seremos agora capazes de inferir, do fato de que um trabalhador pode agir de modo a obter salários mais altos, ou lucros mais altos para um capitalista, que “eles certamente agirão dessa maneira”. Mas, pelo menos, “seremos capazes de inferir que eles o farão na ausência de causas perturbadoras”. E se formos capazes, como freqüentemente será o caso, de declarar os casos em que se espera que essas causas existam, e a força com que elas provavelmente operam, teremos removido todas as objeções ao positivo em oposição ao positivo. o tratamento hipotético da ciência”.[31]

Um perigo do método hipotético, Senior sabia e profeticamente aponta, é o perigo perpétuo de esquecer que as premissas não são completas e são apenas suposições parciais e até falsas. Outra falha ainda mais profunda é que, como as suposições são falsas desde o início, não há como trazer experiência ou observação para corrigir ou mesmo verificar as conclusões da análise abstrata. Dessa forma, os positivistas, que sempre alardeiam seu método como sendo o único verdadeiramente científico e “empírico”, acabam se apoiando em falsas premissas desenfreadas e incorrigíveis. Por outro lado, e ironicamente, o método praxeológico, há muito acusado de misticismo a priori, é o único que baseia a teoria em premissas amplamente conhecidas e profundamente empíricas – aliás, universalmente verdadeiras”

Sendo universalmente verdadeiro, o método praxieológico fornece leis completas e não parciais e, portanto, geralmente falsas. Como Marian Bowley astutamente vê a diferença:

Assim, na questão da definição do desejo de riqueza: se for afirmado na forma de Mill que todos sempre preferem a riqueza a qualquer outra coisa [o “homem econômico”], com a advertência adicional de que é apenas uma hipótese, a relação constante entre o desejo de riqueza e todos os outros motivos conflitantes não é definido completamente pela lei geral. Permanece necessário introduzir uma premissa adicional em cada indivíduo, estabelecendo a relação geral de outros motivos com o desejo de riqueza, bem como avaliar as variáveis reais. Agora, a explicação de Senior sobre o desejo de riqueza inclui informações sobre as interconexões entre as variáveis.

Ou, como Miss Bowley explica mais adiante:

A substituição de vantagens líquidas por ganhos feita por Senior equivale a definir em termos gerais a relação entre todas as variáveis que influenciam a distribuição de recursos entre ocupações, em vez de deixar essa relação ser considerada de novo em cada uso.[32]

Assim, um positivista, assumindo que os empresários estão sempre e apenas interessados em maximizar os lucros monetários, pode ignorar e ignorar casos de empresários que colocam outros motivos (como dar um cargo executivo a um parente) acima dos lucros. Ou, pior ainda, se, reconhecendo tais casos, ele ficaria tentado a descartar esses casos com desprezo como “comportamento irracional”. Da mesma forma, Charles Dickens, que repetidamente zombou e atacou a economia clássica em suas novidades, teve um filho utilitarista que se recusou a ajudar sua mãe empobrecida, alegando que a ciência da economia política lhe dizia que para ser racional um homem deve sempre comprar no mercado mais barato. e vender no mais caro. E visto que a economia clássica de Smith-Ricardo-Mill enfatizava apenas o custo de produção e, portanto, estava totalmente impedida até mesmo de falar sobre o consumidor, estava especialmente aberta a esse equívoco dickensiano.

 

___________________________________

Notas

[1]          J.A. Schumpeter, History of Economic Analysis (Nova York: Oxford University Press, 1954), p. 473 (italicos no original).

[2]          Alexander Gray, The Development of Economic Doctrine (Londres: Longmans, Green and Co., 1931), pp. 170–71. Notando que Ricardo habitualmente escrevia em conclusões abrangentes, seguidas de resmungos e retrocessos, permitindo que seus seguidores alegassem que tais perseguidores da lógica ricardiana como Marx e Henry George “deturparam” Ricardo, Gray retruca que “talvez a lição final a ser aprendida com Ricardo é que as graças literárias não são meramente ornamentais, mas úteis, e que aquele que é deficiente na arte da expressão só tem culpa de si mesmo se for mal interpretado.” Amem! Ibid., p. 189.

[3]          Nenhuma passagem mais encantadora foi escrita sobre a eficácia do obscuro do que no brilhante ensaio de H.L. Mencken sobre a obra de Thorstein Veblen: “O que era genuinamente notável sobre elas [as ideias de Veblen] não era sua novidade, ou sua complexidade, nem mesmo o fato de que um professor deveria abrigá-las; era a maneira espantosamente grandiosa e rococó de sua declaração, o tédio e a flatulência quase inacreditáveis da prosa do talentoso diretor, seu talento sem precedentes para não dizer nada de maneira augusta e heróica[…] Se alguém cavasse um túnel sob suas grandes pedras e estalagmites de palavras, cavasse em sua vasta cozinha de polissílabos discordantes e estridentes, explodisse a casca dura e grossa de sua maneira quase teológica, o que se encontrava em seu discurso era principalmente uma massa de platitudes – o auto-evidente tornado horrível, o óbvio em termos de assombro.

“Marx, ouso dizer, havia dito muito sobre isso muito antes dele, e o que Marx ignorou foi dito repetidamente por seus herdeiros e cessionários. Mas Marx, nesse ramo, trabalhava sob uma desvantagem técnica; ele escrevia em alemão, uma língua que ele realmente entendia. O professor Veblen não se submeteu a tal desvantagem. Embora nascido, acredito, nestes Estados, e residindo aqui toda a sua vida, ele conseguiu o efeito, talvez sem empregar os meios, de pensar em alguma língua estrangeira maluca – digamos suaíli, sumério ou búlgaro antigo – e então dolorosamente arranhar seu pensamento em um inglês copioso, mas incerto e aprendido em livros. O resultado foi um estilo que afetou os centros cerebrais superiores como um constante rolar de expressos do metrô. O segundo resultado foi uma espécie de entorpecimento dos sentidos, como antes de uma maravilha fabulosa e sobrenatural.  E o terceiro resultado, se não me engano, foi a celebridade do professor como um Grande Pensador.” H.L. Mencken, “Professor Veblen”, A Mencken Crestomathy (Nova York: Knopf, 1949), pp. 269–70.

[4]          St Clair escreve sobre o poeta e ardente Ricardiano Thomas De Quincey: “De Quincey, um grande admirador de Ricardo, atribuiu sua obscuridade à profundidade do pensamento. É natural, disse o autor do Opium Eater, que um homem de intelecto brilhante se expresse em linguagem elíptica, difícil para pessoas menos dotadas de seguir […] .” Oswald St Clair, A Key to Ricardo (1957, Nova York: M. Kelley, 1965), p. xxiii.

[5]          Schumpeter, op. cit., nota 1, p. 474.

[6]          Os ancestrais de Sênior eram comerciantes prósperos. Seu avô, Nassau Thomas Senior, havia se convertido do judaísmo ao cristianismo em meados do século XVIII. O pai de Nassau Thomas, Moses Aaron Senior, emigrou de Hamburgo na década de 1720; vinha de uma longa linhagem de judeus hispano-portugueses que haviam sido comerciantes e financistas na Espanha e emigraram para Amsterdã e Hamburgo.

[7]          S.G. Checkland, “The Propagation of Ricardian Economics in England”, Economica, s.s., 16 (fevereiro de 1949), pp. 40–52; Ronald Meek, “The Decline of Ricardian Economics in England”, Economica, s.s. 17 (fevereiro de 1950), pp. 43–62.

[8]          Outros escritores que defendem obstinadamente as falácias do subconsumismo nesse período incluem o protecionista proprietário de terras de Yorkshire e, mais tarde, o deputado Edward Stillingfleet Cayley (1802-1862); Capitão William R.A. Pettman; e um importante burocrata real na Índia, Sir William Henry Sleeman (1788–1856).

[9]          Desde o artigo de Meek, D.P. O’Brien, no primeiro estudo abrangente de McCulloch, demonstrou que McCulloch havia abandonado a teoria ricardiana do valor-trabalho pela teoria smithiana de custo de produção, mais qualificada. Na verdade, O’Brien mostra que McCulloch era muito mais smithiano do que ricardiano.  D.P. O’Brien, J.R.   McCulloch: A Study in Classical Economics (Nova York: Barnes & Noble, 1970).

[10]        Frank W. Fetter, “The Rise and Decline of Ricardian Economies”, History of Political Economy, 1 (Primavera de 1969), pp. 67-84.

[11]        Citado em Barry Gordon, “Criticism of Ricardian Views on Value and Distribution in the British Periodicals, 1820–1850”, History of Political Economy, 1 (outono de 1969) , pág. 380.

[12]        Schumpeter, op. cit., nota 1, p. 580n. Veja também Edwin Cannan, A History of the Theories of Production & Distribution (3rd ed., Londres: Staples Press, 1917), pp. 133–4.

[13]        Frank A. Fetter, “Rent”, Encyclopedia of the Social Sciences, reimpresso em M. Rothbard (ed.), Capital, Interest, and Rent: Essays in the Theory of Distribution, by Frank A. Fetter (Kansas City: Sheed Andrews & McMeel, 1977), p. 368.

[14]        Só recentemente foi reconhecido que Bailey era filosoficamente austríaco – uma visão enterrada na negligenciada dissertação de doutorado de Robert Rauner em 1956 na Universidade de Londres, “Samuel Bailey and Classical Economics”. Denis P. O’Brien, “Classical Reassessments”, em W.O. Thweatt (ed.), Classical Political Economy: A Survey of Recent Literature (Boston: Kluwer, 1988), pp. 199–200.

[15]        Thor W. Bruce, “The Economic Theories of John Craig, A Forgotten English Economist”, Quarterly Journal of Economics, 52 (Agosto de 1938), p. 699.

[16]        O biógrafo de Whately observou que Oxford “era de um jeito, e Richard Whately de outro”.  Oxford havia se resignado à ortodoxia e ao toryismo e Whately era um “inquiridor e um liberal”. Em W.J. Fitzpatrick, Anecdotal Memoirs of Richard Whately… (Londres, 1864), I, p. 56, citado em Salim Rashid, “Richard Whately and Christian Political Economy at Oxford and Dublin”, Journal of the History of Ideas, 38 (Jan.-Mar. 1977), p. 148. Em 1826, Whately publicou anonimamente um panfleto empolgante e controverso, Letters of the Church, by an Episcopalian, pedindo o desmantelamento da Igreja Anglicana e a separação entre Igreja e Estado. Ibid.

[17]        O reverendo John McVickar, professor de economia política e filosofia moral na Universidade de Columbia, foi levado a reescrever as Easy Lessons de Whately para um público americano, em sua própria cartilha para crianças, Primeiras Lições de Economia Política (1835).

[18]        Laurence S. Moss, Mountifort Longfield:  Ireland’s First Professor of Political Economy (Ottawa, 111.: Green Hill Pubs, 1976), pp. 39–42.

[19]        Um escritor inglês que adotou a cataláctica durante esse período foi o pseudônimo Patrick Plough que, no costume da época, introduziu e explicou o termo no título de seu tratado, Letters on the Rudiments of a Science, called, formerly, improperly. Political Economy, recently more pertinently, Catallactics (Londres, 1842). Veja Israel Kirzner, The Economic Point of View:  An Essay in the History of Economic Thought (Princeton, N.J.: Van Nostrand, 1960), pp. 72–5.

[20]        E.R.A. Seligman, “On Some Neglected British Economists, V,” Economic Journal, 13 (Set. 1903), pp. 360–1.

[21]        A “utilidade especial” de Lloyd era o seu termo para o que mais tarde seria chamado de “utilidade marginal”; utilidade ‘abstrata’ ou ‘geral’ mais tarde seria chamada de ‘utilidade total’. Veja Seligman, op. cit., nota 20, pp. 360–1.

[22]        Kendall nasceu em uma família de fazendeiros de Massachusetts e se formou no Dartmouth College em 1811 como o cabeça de sua turma. Tornou-se advogado e emigrou para Kentucky em 1814, onde atuou como advogado, editor e chefe dos correios. Tornou-se editor do importante Frankfort (Ky) Argus na capital do Kentucky, em 1814, e mais tarde tornou-se um dos principais conselheiros e chefe dos correios jacksonianos.

[23]        Citado em Gordon, op. cit., nota 11, p. 384.

[24]        Bailey, no entanto, acrescentou uma crítica metodológica bem-vinda à tentativa desajeitada de James Mill de definir o aumento do valor do vinho através do envelhecimento como algum tipo de gasto místico e indireto do valor de um ano de trabalho. Como Bailey ironicamente refutou a afirmação de Mill de que o equivalente “trabalho pode ser corretamente considerado como tendo sido gasto” no vinho: “um fato pode ser corretamente considerado como tendo ocorrido apenas quando realmente ocorreu”. O Coronel Torrens também fez uma crítica semelhante à teoria do trabalho de Mill.

[25]        Moss, op. cit., nota 18, p. 67.

[26]        Ibid., pp. 68, 201.

[27]        Eugen von Böhm-Bawerk, Capital and Interest, Vol. I, History and Critique of Interest Theories (South Holland, 111.: Libertarian Press, 1959), p. 208.

[28]        Citado em R. Warren James, John Rae: Political Economist (Toronto: University of Toronto Press, 1965), I, pp. 191–2.

[29]        Publicado em Outline of the Science of Political Economy de Senior (1836), citado em Marian Bowley, Nassau Senior and Classical Economics (1937, Nova York: AM Kelley, 1949), pp. 47-8.

[30]        Deve-se notar que, nesta passagem, Mill também fez duas exceções à sua suposta motivação exclusiva do desejo de riqueza: aversão ao trabalho e desejo de consumir no presente. Mas ele acrescentou corretamente, embora esses motivos possam entrar em conflito com a busca da riqueza, eles também “a acompanham sempre como um empecilho ou impedimento, portanto, estão inseparavelmente misturados na consideração dela”.

[31]        O uso do termo “positivo” por Sênior, diríamos agora, é “praxeológico”, seu “hipotético”, diríamos agora amplamente “positivista”.

[32]        Bowley, op. cit., nota 29, pp. 63, 62n.

Murray N. Rothbard
Murray N. Rothbard
Murray N. Rothbard (1926-1995) foi um decano da Escola Austríaca e o fundador do moderno libertarianismo. Também foi o vice-presidente acadêmico do Ludwig von Mises Institute e do Center for Libertarian Studies.
RELATED ARTICLES

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Most Popular

Recent Comments

Maurício J. Melo on A casta política de Milei
Maurício J. Melo on A vitória é o nosso objetivo
Maurício J. Melo on A vitória é o nosso objetivo
Leitão de Almeida on Esquisitices da Religião Judaica
Maurício J. Melo on Esquisitices da Religião Judaica
Taurindio on Chegando a Palestina
Maurício J. Melo on Esquisitices da Religião Judaica
Fernando Chiocca on Anarcosionismo
Fernando Chiocca on Anarcosionismo
Daniel Gomes on Milei é um desastre
Daniel Gomes on Milei é um desastre
maurício on Milei é um desastre
Leitão de Almeida on Milei é um desastre
Joaquim Saad on Anarcosionismo
Mateus on Anarcosionismo
Revoltado on Justificando o mal
SilvanaB on Ayn Rand está morta
SilvanaB on Ayn Rand está morta
SilvanaB on Ayn Rand está morta
Carlos Santos Lisboa on A Argentina deve repudiar sua dívida
Jeferson Santana Menezes on As seis lições
Maurício J. Melo on Ayn Rand está morta
Maurício J. Melo on Ayn Rand está morta
Fernando Chiocca on Ayn Rand está morta
Luan Oliveira on Ayn Rand está morta
Fernando Chiocca on Ayn Rand está morta
Maurício J. Melo on Ayn Rand está morta
YURI CASTILHO WERMELINGER on Ayn Rand está morta
Maurício J. Melo on Ayn Rand está morta
YURI CASTILHO WERMELINGER on Ayn Rand está morta
YURI CASTILHO WERMELINGER on Ayn Rand está morta
PAULO ROBERTO MATZENBACHER DA ROSA on O mito do genocídio congolês de Leopoldo II da Bélgica
Fernando Chiocca on Ayn Rand está morta
Maurício J. Melo on Ayn Rand está morta
YURI CASTILHO WERMELINGER on Ayn Rand está morta
Maurício J. Melo on Ayn Rand está morta
Fernando Chiocca on O antissemitismo do marxismo 
Maurício J. Melo on O antissemitismo do marxismo 
Maurício J. Melo on Bem-estar social fora do estado
Maurício J. Melo on A guerra do Ocidente contra Deus
Maurício J. Melo on A guerra do Ocidente contra Deus
Maurício J. Melo on A guerra do Ocidente contra Deus
Maurício J. Melo on Objetivismo, Hitler e Kant
Norberto Correia on A Teoria da Moeda e do Crédito
maurício on O Massacre
Maurício J. Melo on A vietnamização da Ucrânia
Maurício J. Melo on A vietnamização da Ucrânia
Maurício J. Melo on Intervenção estatal e Anarquia
Maurício J. Melo on O Massacre
ROBINSON DANIEL DOS SANTOS on A falácia da Curva de Laffer
Maurício J. Melo on Da natureza do Estado
Maurício J. Melo on Da natureza do Estado
Maurício J. Melo on Um mau diagnóstico do populismo
Maurício J. Melo on O que é autodeterminação?
Marco Antônio F on Anarquia, Deus e o Papa Francisco
Renato Cipriani on Uma tarde no supermercado . . .
Maurício J. Melo on O mito do Homo Economicus
Voluntarquista Proprietariano on Anarquia, Deus e o Papa Francisco
Antonio Marcos de Souza on A Ditadura Ginocêntrica Ocidental
Maurício J. Melol on O problema do microlibertarianismo
Leninha Carvalho on As seis lições
Carlos Santos Lisboa on Confederados palestinos
Ivanise dos Santos Ferreira on Os efeitos econômicos da inflação
Ivanise dos Santos Ferreira on Os efeitos econômicos da inflação
Ivanise dos Santos Ferreira on Os efeitos econômicos da inflação
Marco Antônio F on Israel enlouqueceu?
Maurício J. Melo on Confederados palestinos
Maurício J. Melo on Confederados palestinos
Fernando Chiocca on Confederados palestinos
Matheus Polli on Confederados palestinos
Pobre Mineiro on Confederados palestinos
Matheus Oliveira De Toledo on Verdades inconvenientes sobre Israel
Ex-microempresario on O bombardeio do catolicismo japonês
Ex-microempresario on O bombardeio do catolicismo japonês
Ex-microempresario on O bombardeio do catolicismo japonês
Ana Laura Schilling on A pobreza do debate sobre as drogas
Maurício J. Melo on Israel enlouqueceu?
Fernando Chiocca on Israel enlouqueceu?
Matheus Oliveira De Toledo on A queda do pensamento crítico
Ex-microempresario on O bombardeio do catolicismo japonês
Ex-microempresario on O bombardeio do catolicismo japonês
Julio Cesar on As seis lições
Marco Antônio F on Anarquia, Deus e o Papa Francisco
Carola Megalomaníco Defensor do Clero Totalitário Religioso on Política é tirania por procuração
historiador on Por trás de Waco
Francês on O mistério continua
Revoltado on O mistério continua
Maurício J. Melo on Anarquia, Deus e o Papa Francisco
José Tadeu Silva on A OMS é um perigo real e presente
Revoltado on Dia da Mulher marxista
José Olimpio Velasques Possobom on É hora de separar escola e Estado
Bozo Patriotário Bitconheiro on Libertarianismo e boicotes
maurício on A catástrofe Reagan
maurício on A catástrofe Reagan
Imbecil Individual on A catástrofe Reagan
Flávia Augusta de Amorim Veloso on Tragédia provocada: A síndrome da morte súbita
Conrado Morais on O mal inerente do centrismo
Maurício J. Melo on Isso é legal?
Maurício J. Melo on O que podemos aprender com Putin
Imbecil Individual on Por que as drogas são proibidas?
Marco Antônio F on Por que as drogas são proibidas?
Marco Antônio F on Por que as drogas são proibidas?
Maurício J. Melo on Por que as drogas são proibidas?
Maurício J. Melo on Por que as drogas são proibidas?
Maurício J. Melo on Por que as drogas são proibidas?
Ex-microempresario on Por que as drogas são proibidas?
Ex-microempresario on Por que as drogas são proibidas?
Maurício J. Melo on Por que as drogas são proibidas?
Maurício J. Melo on Por que as drogas são proibidas?
Maurício J. Melo on Por que as drogas são proibidas?
Ex-microempresario on Por que as drogas são proibidas?
Maurício J. Melo on Por que as drogas são proibidas?
Maurício J. Melo on Ayn Rand sobre o Oriente Médio
Maurício J. Melo on Ayn Rand sobre o Oriente Médio
Daniel Gomes on Sobre a guerra na Palestina
Maurício J. Melo on Ayn Rand sobre o Oriente Médio
Maurício J. Melo on Uma Carta Aberta a Walter E. Block
Estado máximo, cidadão mínimo. on O que realmente está errado com o plano industrial do PT
Maurício J. Melo on Sobre a guerra na Palestina
Maurício J. Melo on Kulturkampf!
Maurício J. Melo on Discurso de Javier Milei em Davos
Maurício J. Melo on Discurso de Javier Milei em Davos
Maurício J. Melo on Discurso de Javier Milei em Davos
Maurício J. Melo on Discurso de Javier Milei em Davos
Maurício J. Melo on Covid e conformismo no Japão
Marco Antônio F on Tem cheiro de Genocídio
Marco Antônio F on Tem cheiro de Genocídio
Pobre Mineiro on Tem cheiro de Genocídio
Rodrigo Alfredo on Tem cheiro de Genocídio
Marco Antônio F on Tem cheiro de Genocídio
Maurício J. Melo on Tem cheiro de Genocídio
Maurício J. Melo on Fora de Controle
Pobre Mineiro on Fora de Controle
Maurício J. Melo on Fora de Controle
Antonio Gilberto Bertechini on Por que a crise climática é uma grande farsa
Pobre Mineiro on Fora de Controle
Phillipi on Anarquismo cristão
Maurício on A tramoia de Wuhan
Maurício J. Melo on Fora de Controle
Chris on Fora de Controle
Maurício J. Melo on Os lados da história
Pobre Mineiro on “Os piores dias em Gaza”
Maurício J. Melo on Os lados da história
Ex-microempresario on Os lados da história
Pobre Mineiro on Os lados da história
Pobre Mineiro on Os lados da história
Pobre Mineiro on Os lados da história
Maurício J. Melo on Os lados da história
Fernando Chiocca on “Os piores dias em Gaza”
Pobre Mineiro on Os lados da história
Fernando Chiocca on “Os piores dias em Gaza”
Maurício J. Melo on Os lados da história
Ex-microempresario on Os lados da história
Maurício J. Melo on Os lados da história
Ex-microempresario on Os lados da história
Maurício J. Melo on Os lados da história
Ex-microempresario on Os lados da história
Cristério Pahanguasimwe. on O que é a Economia Austríaca?
Pobre Mineiro on Morte e destruição em Gaza
Pobre Mineiro on A imoralidade da COP28
Maurício J. Melo on Sim, existem palestinos inocentes
Maurício J. Melo on Morte e destruição em Gaza
Maurício J. Melo on Morte e destruição em Gaza
Fernando Chiocca on Sim, existem palestinos inocentes
HELLITON SOARES MESQUITA on Sim, existem palestinos inocentes
Revoltado on A imoralidade da COP28
Pobre Mineiro on Morte e destruição em Gaza
Pobre Mineiro on Morte e destruição em Gaza
Fernando Chiocca on Morte e destruição em Gaza
HELLITON SOARES MESQUITA on Morte e destruição em Gaza
Maurício J. Melo on Morte e destruição em Gaza
Pobre Mineiro on Inspiração para a Nakba?
Historiador Libertário on Randianos são coletivistas genocidas
Historiador Libertário on Randianos são coletivistas genocidas
Historiador Libertário on Randianos são coletivistas genocidas
Historiador Libertário on Randianos são coletivistas genocidas
Maurício J. Melo on A controvérsia em torno de JFK
Joaquim Saad on Canudos vs estado positivo
Maurício J. Melo on A Economia de Javier Milei
Maurício J. Melo on A Economia de Javier Milei
Maurício J. Melo on Combatendo a ofensiva do Woke
Pobre Mineiro on Rothbard sobre Guerra
Douglas Silvério on As seis lições
Maurício José Melo on A verdadeira tragédia de Waco
Joaquim Saad on O Retorno à Moeda Sólida
Joaquim Saad on O Retorno à Moeda Sólida
Maurício J. Melo on Juízes contra o Império da Lei
Revoltado on George Floyd se matou
Revoltado on George Floyd se matou
Juan Pablo Alfonsin on Normalizando a feiura e a subversão
Cláudio Aparecido da Silva. on O conflito no Oriente Médio e o que vem por aí
Maurício J. Melo on A economia e o mundo real
Maurício J. Melo on George Floyd se matou
Victor Camargos on A economia e o mundo real
Pobre Mineiro on George Floyd se matou
Revoltado on George Floyd se matou
Universitário desmiolado on A precária situação alimentar cubana
JOSE CARLOS RODRIGUES on O maior roubo de ouro da história
Historiador Libertário on Rothbard, Milei, Bolsonaro e a nova direita
Pobre Mineiro on Vitória do Hamas
Edvaldo Apolinario da Silva on Greves e sindicatos criminosos
Maurício J. Melo on Como se define “libertário”?
Maurício J. Melo on A economia da guerra
Alexander on Não viva por mentiras
Lady Gogó on Não viva por mentiras
Roberto on A era da inversão
Roberto on A era da inversão
Samsung - Leonardo Hidalgo Barbosa on A anatomia do Estado
Maurício J. Melo on O Anarquista Relutante
Caterina Mantuano on O Caminho da Servidão
Maurício J. Melo on Mais sobre Hiroshima e Nagasaki
Pedro Lopes on A realidade na Ucrânia
Eduardo Prestes on A verdade sobre mães solteiras
Guilherme on Imposto sobre rodas
José Olimpio Velasques Possobom on Precisamos de verdade e beleza
Ex-microempresario on A OMS é um perigo real e presente
José Olimpio Velasques Possobom on A OMS é um perigo real e presente
Maurício J. Melo on Rothbard sobre o utilitarismo
LUIZ ANTONIO LORENZON on Papa Francisco e a vacina contra a Covid
Juri Peixoto on Entrevistas
Maurício J. Melo on Os Incas e o Estado Coletivista
Marcus Seixas on Imposto sobre rodas
Samuel Jackson on Devemos orar pela Ucrânia?
Maurício J. Melo on Imposto sobre rodas
Lucas Q. J. on Imposto sobre rodas
Tony Clusters on Afinal, o agro é fascista?
Joaquim Saad on A justiça social é justa?
Caterina on Mercado versus estado
Fernando Chiocca on A ética da liberdade
Fernando Chiocca on A verdadeira tragédia de Waco
Carlos Eduardo de Carvalho on Ação Humana – Um Tratado de Economia
João Marcos Theodoro on Ludwig von Mises: um racionalista social
Maurício José Melo on Lacrada woke em cima de Rothbard?
José Carlos Munhol Jr on Lacrada woke em cima de Rothbard?
Fernando Chiocca on Lacrada woke em cima de Rothbard?
Matador de onça on Os “direitos” dos animais
Micael Viegas Alcantara de Souza on Em defesa do direito de firmar contratos livremente
Adversário do Estado on Lacrada woke em cima de Rothbard?
Maurício José Melo on Nações por consentimento
Nairon de Alencar on Precisamos do Estado?
Marcus Seixas on Aflições Econômicas
Nairon de Alencar on O Governo Onipotente
Demetrius Giovanni Soares on O Governo Onipotente
Nairon de Alencar on A economia da inveja
Nairon de Alencar on Leitura de Sima Qian
Nairon de Alencar on O que sabíamos nos primeiros dias
Cândido Martins Ribeiro on A Mulher Rei dá ‘tilt’ na lacração
Robertodbarros on Precisamos de verdade e beleza
Cândido Martins Ribeiro on Precisamos de verdade e beleza
Cândido Martins Ribeiro on Precisamos de verdade e beleza
Robertodbarros on Precisamos de verdade e beleza
Marcus Seixas on O problema da democracia
Marcus Seixas on O problema da democracia
Marco Antonio F on O problema da democracia
Marco Antonio F on O problema da democracia
Cândido Martins Ribeiro on O problema da democracia
Cândido Martins Ribeiro on As linhas de frente das guerras linguísticas
Richard Feynman on Por que você não vota?
Maurício J. Melo on A fogueira de livros do Google
Maurício J. Melo on Por que você não vota?
Maurício J. Melo on Em defesa dos demagogos
Yabhiel M. Giustizia on Coerção e Consenso
Maurício J. Melo on Hoppefobia Redux
Maurício J. Melo on O problema com a autoridade
Maurício J. Melo on Raça! Aquele livro de Murray
Cândido Martins Ribeiro on Europa se suicida com suas sanções
Cândido Martins Ribeiro on Como os monarcas se tornaram servos do Estado
Nikus Janestus on Os “direitos” dos animais
João Marcos Theodoro on O verdadeiro significado de inflação
Maurício J. Melo on O ex-mafioso e a Democracia
Nikus Janestus on O ex-mafioso e a Democracia
Maurício J. Melo on Comédia Vs Estado
Cândido Martins Ribeiro on Patentes e Progresso
Maurício J. Melo on Al Capone e a data de validade
Fernando Chiocca on Comédia Vs Estado
dannobumi on Comédia Vs Estado
Maurício J. Melo on Patentes e Progresso
Demetrius Giovanni Soares on Patentes e Progresso
Demetrius Giovanni Soares on O coletivismo implícito do minarquismo
Demetrius Giovanni Soares on O coletivismo implícito do minarquismo
Cândido Martins Ribeiro on Patentes e Progresso
Cândido Martins Ribeiro on Patentes e Progresso
Maurício J. Melo on Patentes e Progresso
Cândido Martins Ribeiro on Patentes e Progresso
Cândido Martins Ribeiro on Patentes e Progresso
Demetrius Giovanni Soares on Carta aos Brasileiros Contra a Democracia
Demetrius Giovanni Soares on Patentes e Progresso
Maurício J. Melo on Patentes e Progresso
Maurício J. Melo on Patentes e Progresso
Maurício J. Melo on Patentes e Progresso
Maurício J. Melo on Patentes e Progresso
Cândido Martins Ribeiro on Patentes e Progresso
Maurício J. Melo on Patentes e Progresso
Maurício J. Melo on Mensagem de Natal de Viganò
Maurício J. Melo on Mentiras feias do Covid
Cândido Martins Ribeiro on Soljenítsin sobre a OTAN, Ucrânia e Putin
Cândido Martins Ribeiro on Soljenítsin sobre a OTAN, Ucrânia e Putin
Maurício J. Melo on Os vândalos linguísticos
Richard Feynman on A guerra imaginária
Shrek on Morte por vacina
Maurício J. Melo on Morte por vacina
Kletos Kassaki on Os verdadeiros anarquistas
Cândido Martins Ribeiro on A guerra imaginária
Maurício J. Melo on A guerra imaginária
Thomas Morus on A guerra imaginária
Cândido Martins Ribeiro on A guerra imaginária
Joaquim Saad on Os verdadeiros anarquistas
Cândido Martins Ribeiro on A conspiração Covid contra a humanidade
Gabriel Figueiro on Estado? Não, Obrigado!
Maurício J. Melo on Revelação do método
Maurício J. Melo on A missão de Isaías
Maurício J. Melo on A questão dos camelôs
Nikus Janestus on A questão dos camelôs
Ancapo Resfrogado on Votar deveria ser proibido
Fernando Chiocca on A missão de Isaías
Maurício J. Melo on Reservas fracionárias são fraude
Sedevacante Católico on A missão de Isaías
Sedevacante Católico on Uma vitória para a vida e a liberdade
Richard Feynman on A missão de Isaías
Richard Feynman on Cristianismo Vs Estatismo
Nikus Janestus on Cristianismo Vs Estatismo
Maurício J. Melo on Cristianismo Vs Estatismo
Maurício J. Melo on A ontologia do bitcoin
Maurício J. Melo on Sobre “as estradas” . . .
Nikus Janestus on Sobre “as estradas” . . .
Maurício J. Melo on Sobre “as estradas” . . .
Nikus Janestus on Sobre “as estradas” . . .
Richard Feynman on A busca pela liberdade real
Robertodbarros on A busca pela liberdade real
Maurício J. Melo on Coletivismo de Guerra
Maurício J. Melo on A Ditadura Ginocêntrica Ocidental
Simon Riley on Contra a Esquerda
Thomas Cotrim on Canudos vs estado positivo
Junior Lisboa on Canudos vs estado positivo
Thomas Cotrim on Canudos vs estado positivo
Maurício J. Melo on Canudos vs estado positivo
Maurício J. Melo on A guerra da Ucrânia é uma fraude
Richard Feynman on Descentralizado e neutro
Maurício J. Melo on O inimigo dos meus inimigos
Maurício J. Melo on Descentralizado e neutro
Maurício J. Melo on Descentralizado e neutro
Maurício J. Melo on A questão das nacionalidades
Maurício J. Melo on Todo mundo é um especialista
Maurício J. Melo on Adeus à Dama de Ferro
Maurício J. Melo on As elites erradas
Maurício J. Melo on Sobre a defesa do Estado
Maurício J. Melo on Após os Romanovs
Maurício J. Melo on A situação militar na Ucrânia
Amigo do Ancapistao on Entendendo a guerra entre oligarquias
RAFAEL BORTOLI DEBARBA on Toda a nossa pompa de outrora
Maurício J. Melo on Duas semanas para achatar o mundo
RAFAEL BORTOLI DEBARBA on Após os Romanovs
Maurício J. Melo on Os antropólogos refutaram Menger?
Dalessandro Sofista on O mito de hoje
Dalessandro Sofista on Uma crise mundial fabricada
Maurício J. Melo on O mito de hoje
Carlos Santanna on A vingança dos Putin-Nazistas!
Maurício J. Melo on O inimigo globalista
cosmic dwarf on O inimigo globalista
Maurício J. Melo on O inimigo globalista
Richard Feynman on Heróis, vilões e sanções
Fernando Chiocca on A vingança dos Putin-Nazistas!
Maurício J. Melo on A vingança dos Putin-Nazistas!
Marcus Seixas on O que temos a perder
Maurício J. Melo on Putin é o novo coronavírus?
Maurício J. Melo on A esquerda, os pobres e o estado
Maurício J. Melo on Heróis, vilões e sanções
Maurício J. Melo on O que temos a perder
Richard Feynman on Heróis, vilões e sanções
Maurício J. Melo on Heróis, vilões e sanções
Maurício J. Melo on Tudo por culpa da OTAN
Maurício J. Melo on O Ocidente é o melhor – Parte 3
Maurício J. Melo on Trudeau: nosso inimigo mortal
Teóphilo Noturno on Pelo direito de não ser cobaia
pauloricardomartinscamargos@gmail.com on O verdadeiro crime de Monark
Maurício J. Melo on O verdadeiro crime de Monark
Maurício J. Melo on A Matrix Covid
cosmic dwarf on A Matrix Covid
vagner.macedo on A Matrix Covid
Vitus on A Matrix Covid
Maurício J. Melo on Síndrome da Insanidade Vacinal
James Lauda on Mentiras gays
cosmic dwarf on Mentiras gays
Marcus Seixas on Da escuridão para a luz
Maurício J. Melo on Da escuridão para a luz
Maurício J. Melo on Mentiras gays
Richard Feynman on Mentiras gays
carlosoliveira on Mentiras gays
carlosoliveira on Mentiras gays
Maurício J. Melo on A mudança constante da narrativa
Mateus Duarte on Mentiras gays
Richard Feynman on Nem votos nem balas
Richard Feynman on Nem votos nem balas
Richard Feynman on O que deve ser feito
Fabricia on O que deve ser feito
Maurício J. Melo on Moderados versus radicais
Richard Feynman on Moderados versus radicais
Richard Feynman on As crianças do comunismo
felipecojeda@gmail.com on O sacrifício monumental de Novak Djokovic
Matos_Rodrigues on As crianças do comunismo
Matos_Rodrigues on As crianças do comunismo
Maurício J. Melo on As crianças do comunismo
Richard Feynman on É o fim das doses de reforço
Maurício J. Melo on É o fim das doses de reforço
felipecojeda@gmail.com on É o fim das doses de reforço
Kletos Kassaki on É o fim das doses de reforço
Maurício J. Melo on Rothbard e as escolhas imorais
Maurício J. Melo on A apartação dos não-vacinados
Maurício J. Melo on A apartação dos não-vacinados
Yuri Castilho Wermelinger on Como retomar nossa liberdade em 2022
Marcus Seixas on Uma sociedade conformada
Maurício J. Melo on Abaixo da superfície
Robertodbarros on Abaixo da superfície
Richard Feynman on Anarquismo cristão
Maurício J. Melo on Anarquismo cristão
Quebrada libertaria on Anarquismo cristão
gfaleck@hotmail.com on Anarquismo cristão
Maurício J. Melo on Fauci: o Dr. Mengele americano
Maurício J. Melo on O homem esquecido
Filodóxo on O custo do Iluminismo
Maurício J. Melo on Contra a Esquerda
RF3L1X on Contra a Esquerda
RF3L1X on Contra a Esquerda
Robertodbarros on Uma pandemia dos vacinados
Robertodbarros on Uma pandemia dos vacinados
Maurício J. Melo on A questão do aborto
Pedro Lucas on A questão do aborto
Pedro Lucas on A questão do aborto
Pedro Lucas on A questão do aborto
Pedro Lucas on A questão do aborto
Maurício J. Melo on Hugh Akston = Human Action?
Richard Feynman on Corrupção legalizada
Principalsuspeito on Corrupção legalizada
Maurício J. Melo on Hoppefobia
Maurício J. Melo on Hoppefobia
Richard Feynman on O que a economia não é
Richard Feynman on O que a economia não é
Maurício J. Melo on O que a economia não é
Richard Feynman on O que a economia não é
Douglas Volcato on O Mito da Defesa Nacional
Douglas Volcato on Economia, Sociedade & História
Canal Amplo Espectro Reflexoes on A Cingapura sozinha acaba com a narrativa covidiana
Daniel Vitor Gomes on Hayek e o Prêmio Nobel
Maurício J. Melo on Hayek e o Prêmio Nobel
Maurício J. Melo on Democracia e faits accomplis
Gilciclista on DECLARAÇÃO DE MÉDICOS
Gael I. Ritli on O inimigo é sempre o estado
Maurício J. Melo on Claro que eu sou um libertário
Maurício J. Melo on DECLARAÇÃO DE MÉDICOS
Maurício J. Melo on Donuts e circo
Maurício J. Melo on Um libertarianismo rothbardiano
Daniel Vitor Gomes on O mito da “reforma” tributária
Daniel Vitor Gomes on Populismo de direita
Daniel Vitor Gomes on Os “direitos” dos animais
Daniel Vitor Gomes on Os “direitos” dos animais
Maurício J. Melo on A verdade sobre fake news
Hemorroida Incandescente do Barroso on Socialismo – Uma análise econômica e sociológica
Richard Feynman on Nem votos nem balas
Maurício J. Melo on Nem votos nem balas
Richard Feynman on Nem votos nem balas
Richard Feynman on A lei moral contra a tirania
Maurício J. Melo on A ética da liberdade
cosmic dwarf on O Império contra-ataca
peridot 2f5l cut-5gx on Nacionalismo e Secessão
Maurício J. Melo on Nacionalismo e Secessão
The Schofield County on O catolicismo e o austrolibertarianismo
The Schofield County on O catolicismo e o austrolibertarianismo
pauloartur1991 on O Mito da Defesa Nacional
Cadmiel Estillac Pimentel on A teoria subjetivista do valor é ideológica?
Maurício J. Melo on Anarcocapitalismo e nacionalismo
Maurício J. Melo on A pobreza: causas e implicações
Richard Feynman on O inimigo é sempre o estado
Robertodbarros on Como o Texas matou o Covid
cosmic dwarf on Como o Texas matou o Covid
ApenasUmInfiltradonoEstado on Cientificismo, o pai das constituições
Paulo Marcelo on A ascensão do Bitcoin
Robertodbarros on O inimigo é sempre o estado
Maurício J. Melo on O inimigo é sempre o estado
Fernando Chiocca on O inimigo é sempre o estado
Robertodbarros on O inimigo é sempre o estado
Maurício J. Melo on O inimigo é sempre o estado
Rafael Henrique Rodrigues Alves on Criptomoedas, Hayek e o fim do papel moeda
Richard Feynman on Que mundo louco
Maurício J. Melo on Que mundo louco
gabriel9891 on Os perigos das máscaras
Will Peter on Os perigos das máscaras
Fernando Chiocca on Os perigos das máscaras
guilherme allan on Os perigos das máscaras
Juliano Arantes de Andrade on Não existe “seguir a ciência”
Maurício J. Melo on Mises sobre secessão
Fernando Chiocca on O velho partido novo
Maurício J. Melo on O velho partido novo
Richard Feynman on O velho partido novo
Maurício J. Melo on Não temas
Claudio Souza on Brasil, tira tua máscara!
Maurício J. Melo on Por que imposto é roubo
Yuri Castilho Wermelinger on A felicidade é essencial
Yuri Castilho Wermelinger on Como se deve viver?
Yuri Castilho Wermelinger on Como se deve viver?
Yuri Castilho Wermelinger on Por que o jornalismo econômico é tão ruim?
Yuri Castilho Wermelinger on Por que o jornalismo econômico é tão ruim?
Maurício J. Melo on Como se deve viver?
Yuri Castilho Wermelinger on Harmonia de classes, não guerra de classes
Yuri Castilho Wermelinger on Meu empregador exige máscara, e agora?
Yuri Castilho Wermelinger on O aniversário de 1 ano da quarentena
Maurício J. Melo on Em defesa do Paleolibertarianismo
Maurício J. Melo on O cavalo de Troia da concorrência
Maurício J. Melo on A Era Progressista e a Família
Rômulo Eduardo on A Era Progressista e a Família
Yuri Castilho Wermelinger on Quem controla e mantém o estado moderno?
Richard Feynman on Por que Rothbard perdura
Mauricio J. Melo on O mito do “poder econômico”
Mauricio J. Melo on O mito do “poder econômico”
Yuri Castilho Wermelinger on O mito do “poder econômico”
Yuri Castilho Wermelinger on O mito do “poder econômico”
Yuri Castilho Wermelinger on Manipulação em massa – Como funciona
Yuri Castilho Wermelinger on Coca-Cola, favoritismo e guerra às drogas
Mauricio J. Melo on Justiça injusta
Yuri Castilho Wermelinger on Coca-Cola, favoritismo e guerra às drogas
Richard Feynman on A grande fraude da vacina
Yuri Castilho Wermelinger on Hoppefobia
Mauricio J. Melo on Hoppefobia
Yuri Castilho Wermelinger on Máscara, moeda, estado e a estupidez humana
Joaquim Saad de Carvalho on Máscara, moeda, estado e a estupidez humana
Marcos Vasconcelos Kretschmer on Economia em 15 minutos
Mauricio J. Melo on Mises contra Marx
Zeli Teixeira de Carvalho Filho on A deplorável ascensão dos idiotas úteis
Joaquim Alberto Vasconcellos on A deplorável ascensão dos idiotas úteis
A Vitória Eugênia de Araújo Bastos on A deplorável ascensão dos idiotas úteis
RAFAEL BORTOLI DEBARBA on A farsa sobre Abraham Lincoln
Maurício J. Melo on A farsa sobre Abraham Lincoln
charles santos da silva on Hoppe sobre como lidar com o Corona 
Luciano Gomes de Carvalho Pereira on Bem-vindo a 2021, a era da pós-persuasão!
Luciano Gomes de Carvalho Pereira on Bem-vindo a 2021, a era da pós-persuasão!
Rafael Rodrigo Pacheco da Silva on Afinal, qual é a desse “Grande Reinício”?
RAFAEL BORTOLI DEBARBA on A deplorável ascensão dos idiotas úteis
Wendel Kaíque Padilha on A deplorável ascensão dos idiotas úteis
Marcius Santos on O Caminho da Servidão
Maurício J. Melo on A gênese do estado
Maurício J. Melo on 20 coisas que 2020 me ensinou
Kletos on Mostrar respeito?
Juliano Oliveira on 20 coisas que 2020 me ensinou
maria cleonice cardoso da silva on Aliança Mundial de Médicos: “Não há Pandemia.”
Regina Cassia Ferreira de Araújo on Aliança Mundial de Médicos: “Não há Pandemia.”
Alex Barbosa on Brasil, tira tua máscara!
Regina Lúcia Allemand Mancebo on Brasil, tira tua máscara!
Marcelo Corrêa Merlo Pantuzza on Aliança Mundial de Médicos: “Não há Pandemia.”
A Vitória Eugênia de Araújo Bastos on A maior fraude já perpetrada contra um público desavisado
Kletos on Salvando Vidas
Maurício J. Melo on As lições econômicas de Belém
RAFAEL BORTOLI DEBARBA on O futuro que os planejadores nos reservam
Fernando Chiocca on Os “direitos” dos animais
Maurício J. Melo on O mito da Constituição
Maurício J. Melo on Os alemães estão de volta!
Tadeu de Barcelos Ferreira on Não existe vacina contra tirania
Maurício J. Melo on Em defesa do idealismo radical
Maurício J. Melo on Em defesa do idealismo radical
RAFAEL RODRIGO PACHECO DA SILVA on A incoerência intelectual do Conservadorismo
Thaynan Paulo Fernandes Bezerra de Mendonça on Liberdade através do voto?
Maurício J. Melo on Liberdade através do voto?
Maurício J. Melo on Políticos são todos iguais
Fernando Chiocca on Políticos são todos iguais
Vitor_Woz on Por que paleo?
Maurício Barbosa on Políticos são todos iguais
Maurício J. Melo on Votar é burrice
Graciano on Votar é burrice
Maurício J. Melo on Socialismo é escravidão (e pior)
Raissa on Gaslighting global
Maurício J. Melo on Gaslighting global
Maurício J. Melo on O ano dos disfarces
Maurício J. Melo on O culto covidiano
Graciano on O ano dos disfarces
Johana Klotz on O culto covidiano
Graciano on O culto covidiano
Fernando Chiocca on O culto covidiano
Mateus on O culto covidiano
Leonardo Ferraz on O canto de sereia do Estado
Maurício J. Melo on Quarentena: o novo totalitarismo
Maurício J. Melo on Por que o Estado existe?  
Fernando Chiocca on I. Um libertário realista
Luis Ritta on O roubo do TikTok
Maurício J. Melo on Síndrome de Melbourne
Maurício J. Melo on Porta de entrada
Joaquim Saad on Porta de entrada
Kletos Kassaki on No caminho do estado servil
Maurício de Souza Amaro on Aviso sobre o perigo de máscaras!
Joaquim Saad on Justiça injusta
Maurício de Souza Amaro on Aviso sobre o perigo de máscaras!
RAFAEL BORTOLI DEBARBA on No caminho do estado servil
Maurício J. Melo on Mises e Rothbard sobre democracia
Bruno Silva on Justiça injusta
Alberto Soares on O efeito placebo das máscaras
Bovino Revoltado on O medo é um monstro viral
Austríaco Iniciante on O medo é um monstro viral
Fernando Chiocca on A ética dos Lambedores de Botas
Matheus Alexandre on Opositores da quarentena, uni-vos
Maria Luiza Rivero on Opositores da quarentena, uni-vos
Rafael Bortoli Debarba on #SomosTodosDesembargardor
Ciro Mendonça da Conceição on Da quarentena ao Grande Reinício
Henrique Davi on O preço do tempo
Manoel Castro on #SomosTodosDesembargardor
Felipe L. on Por que não irei usar
Eduardo Perovano Santana on Prezados humanos: Máscaras não funcionam
Maurício J. Melo on Por que não irei usar
Pedro Antônio do Nascimento Netto on Prefácio do livro “Uma breve história do homem”
Joaquim Saad on Por que não irei usar
Matheus Alexandre on Por que não irei usar
Fernando Chiocca on Por que não irei usar
Fernando Chiocca on Por que não irei usar
Daniel Brandao on Por que não irei usar
LEANDRO FERNANDES on Os problemas da inflação
Luciana de Ascenção on Aviso sobre o perigo de máscaras!
Manoel Graciano on Preservem a inteligência!
Manoel Graciano on As lições do COVID-19
Manoel Graciano on Qual partido disse isso?
Manoel Graciano on Ambientalismo e Livre-Mercado
Abacate Libertário on O Ambientalista Libertário
Douglas Volcato on Uma defesa da Lei Natural
Joaquim Saad on Uma defesa da Lei Natural
Douglas Volcato on O Rio e o Velho Oeste
Ernesto Wenth Filho on Nietzsche, Pandemia e Libertarianismo
LAERCIO PEREIRA on Doença é a saúde do estado
Maurício J. Melo on Doença é a saúde do estado
José Carlos Andrade on Idade Média: uma análise libertária
Wellington Silveira Tejo on Cientificismo, o pai das constituições
Barbieri on O Gulag Sanitário
filipi rodrigues dos santos on O coletivismo implícito do minarquismo
filipi rodrigues dos santos on O coletivismo implícito do minarquismo
Kletos Kassaki on O Gulag Sanitário
Paulo Alberto Bezerra de Queiroz on Por que Bolsonaro se recusa a fechar a economia?
Privacidade on O Gulag Sanitário
Jothaeff Treisveizs on A Lei
Fernando Chiocca on É mentira
Renato Batista Sant'Ana on É mentira
Vanessa Marques on Sem produção não há renda
Anderson Lima Canella on Religião e libertarianismo
edersonxavierx@gmail.com on Sem produção não há renda
Mauricio Barbosa on Sem produção não há renda
Eduardo on Poder e Mercado
Valéria Affonso on Vocês foram enganados
JOAO B M ZABOT on Serviços não essenciais
Marcelino Mendes Cardoso on Vocês foram enganados
Jay Markus on Vocês foram enganados
Caio Rodrigues on Vocês foram enganados
Fernando Chiocca on Vocês foram enganados
João Rios on Vocês foram enganados
Sebastião on Vocês foram enganados
Alexandre Moreira Bolzani on Vocês foram enganados
João Victor Deusdará Banci on Uma crise é uma coisa terrível de se desperdiçar
João Victor Deusdará Banci on Mises, Hayek e a solução dos problemas ambientais
José Carlos Andrade on Banco Central é socialismo
thinklbs on O teste Hitler
Daniel Martinelli on Quem matou Jesus Cristo?
Vinicius Gabriel Tanaka de Holanda Cavalcanti on O que é a inflação?
Maurício J. Melo on Quem matou Jesus Cristo?
Edivaldo Júnior on Matemática básica do crime
Fernando Schwambach on Matemática básica do crime
Carloso on O PISA é inútil
Vítor Cruz on A origem do dinheiro
Maurício José Melo on Para entender o libertarianismo direito
LUIZ EDMUNDO DE OLIVEIRA MORAES on União Europeia: uma perversidade econômica e moral
Fernando Chiocca on À favor das cotas racistas
Ricardo on Imposto sobre o sol
vastolorde on Imposto sobre o sol
Max Táoli on Pobres de Esquerda
Joaquim Saad on Imposto sobre o sol
Fernando Chiocca on A ética da polícia
Paulo José Carlos Alexandre on Rothbard estava certo
Paulo José Carlos Alexandre on Rothbard estava certo
Paulo Alberto Bezerra de Queiroz Magalhães on Como consegui ser um policial libertário por 3 anos
fabio bronzeli pie on Libertarianismo Popular Brasileiro
João Pedro Nachbar on Socialismo e Política
SERGIO MOURA on O PISA é inútil
Jemuel on O PISA é inútil
Mariahelenasaad@gmail.com on O PISA é inútil
Yuri CW on O PISA é inútil
Rodrigo on Contra a esquerda
José Carlos Andrade on A maldade singular da esquerda
Lucas Andrade on À favor das cotas racistas
DouglasVolcato on À favor das cotas racistas
Fernando Chiocca on À favor das cotas racistas
TEFISCHER SOARES on À favor das cotas racistas
Natan R Paiva on À favor das cotas racistas
Joaquim Saad on À favor das cotas racistas
Caio Henrique Arruda on À favor das cotas racistas
Guilherme Nunes Amaral dos Santos on À favor das cotas racistas
GUSTAVO MORENO DE CAMPOS on A arma de fogo é a civilização
Samuel Isidoro dos Santos Júnior on Hoppefobia
Edmilson Moraes on O toque de Midas dos parasitas
Mauro Horst on Teoria do caos
Fernando Chiocca on Anarquia na Somália
liberotário on Anarquia na Somália
Rafael Bortoli Debarba on O teste Hitler
Lil Ancap on Por que eu não voto
Matheus Martins on A origem do dinheiro
OSWALDO C. B. JUNIOR on Se beber, dirija?
Jeferson Caetano on O teste Hitler
Rafael Bortoli Debarba on O teste Hitler
Rafael Bortoli Debarba on Nota sobre a alteração de nome
Alfredo Alves Chilembelembe Seyungo on A verdadeira face de Nelson Mandela
Nilo Francisco Pereira netto on Socialismo à brasileira, em números
Henrique on O custo do Iluminismo
Fernando Chiocca on Mises explica a guerra às drogas
Rafael Pinheiro on Iguais só em teoria
Rafael Bortoli Debarba on A origem do dinheiro
João Lucas on A anatomia do Estado
Fernando Chiocca on Simplificando o Homeschooling
Guilherme Silveira on O manifesto ambiental libertário
Fernando Chiocca on Entrevista com Miguel Anxo Bastos
DAVID FERREIRA DINIZ on Política é violência
Fernando Chiocca on A possibilidade da anarquia
Guilherme Campos Salles on O custo do Iluminismo
Eduardo Hendrikson Bilda on O custo do Iluminismo
Daniel on MÚSICA ANCAP BR
Wanderley Gomes on Privatize tudo
Joaquim Saad on O ‘progresso’ de Pinker
Cadu Pereira on A questão do aborto
Daniel on Poder e Mercado
Neliton Streppel on A Lei
Erick Trauevein Otoni on Bitcoin – a moeda na era digital
Skeptic on Genericídio
Fernando Chiocca on Genericídio
Antonio Nunes Rocha on Lord Keynes e a Lei de Say
Skeptic on Genericídio
Elias Conceição dos santos on O McDonald’s como o paradigma do progresso
Ignacio Ito on Política é violência
ANCAPISTA on Socialismo e Política
Élber de Almeida Siqueira on O argumento libertário contra a Lei Rouanet
ANTONIO CESAR RODRIGUES ALMENDRA on O Feminismo e o declínio da felicidade das mulheres
Neta das bruxas que nao conseguiram queimar on O Feminismo e o declínio da felicidade das mulheres
Jonathan Silva on Teoria do caos
Fernando Chiocca on Os “direitos” dos animais
Gabriel Peres Bernes on Os “direitos” dos animais
Paulo Monteiro Sampaio Paulo on Teoria do caos
Mídia Insana on O modelo de Ruanda
Fernando Chiocca on Lei Privada
Joaquim Saad on Repensando Churchill
Helton K on Repensando Churchill
PETRVS ENRICVS on Amadurecendo com Murray
DANIEL UMISEDO on Um Livre Mercado em 30 Dias
Joaquim Saad on A verdade sobre fake news
Klauber Gabriel Souza de Oliveira on A verdadeira face de Nelson Mandela
Jean Carlo Vieira on Votar deveria ser proibido
Fernando Chiocca on A verdade sobre fake news
Lucas Barbosa on A verdade sobre fake news
Fernando Chiocca on A verdade sobre fake news
Arthur Clemente on O bem caminha armado
Fernando Chiocca on A falácia da Curva de Laffer
MARCELLO FERREIRA LEAO on A falácia da Curva de Laffer
Gabriel Ramos Valadares on O bem caminha armado
Maurício on O bem caminha armado
Rafael Andrade on O bem caminha armado
Raimundo Almeida on Teoria do caos
Vanderlei Nogueira on Imposto = Roubo
Vinicius on O velho partido novo
Mauricio on O mito Hiroshima
Lorhan Mendes Aniceto on O princípio da secessão
Ignacio Ito on O princípio da secessão
Matheus Almeida on A questão do aborto
Ignacio Ito on Imposto = Roubo
Hans Hoppe on Imposto = Roubo
Jonas Coelho Nunes on Mises e a família
Giovanni on A questão do aborto
Jan Janosh Ravid on A falácia da Curva de Laffer
Satoshi Rothbard on Por que as pessoas não entendem?
Fernando Chiocca on A agressão “legalizada”
Mateus Duarte on A agressão “legalizada”
Fernando Dutra on A ética da liberdade
Augusto Cesar Androlage de Almeida on O trabalhismo de Vargas: tragédia do Brasil
Fernando Chiocca on Como uma Economia Cresce
Hélio Fontenele on Como uma Economia Cresce
Grégoire Demets on A Mentalidade Anticapitalista
FILIPE OLEGÁRIO DE CARVALHO on Mente, Materialismo e o destino do Homem
Wallace Nascimento on A economia dos ovos de Páscoa
Vinicius Gabriel Tanaka de Holanda Cavalcanti on A economia dos ovos de Páscoa
Eugni Rangel Fischer on A economia dos ovos de Páscoa
Cristiano Firmino on As Corporações e a Esquerda
Luciano Pavarotti on Imposto é roubo
Luciano Pavarotti on As Corporações e a Esquerda
Leandro Anevérgetes on Fascismo: uma aflição bipartidária
FELIPE FERREIRA CARDOSO on Os verdadeiros campeões das Olimpíadas
mateus on Privatize tudo
victor barreto on O que é a inflação?
Fábio Araújo on Imposto é roubo
Henrique Meirelles on A falácia da Curva de Laffer
Paulo Filipe Ferreira Cabral on A falácia da Curva de Laffer
sephora sá on A pena de morte
Ninguem Apenas on A falácia da Curva de Laffer
UserMaster on O que é a inflação?
Pedro Enrique Beruto on O que é a inflação?
Matheus Victor on Socialismo e Política
Rafael on Por que paleo?
vanderlei nogueira on Sociedade sem estado
vanderlei nogueira on Independência de Brasília ou morte
vanderlei nogueira on Independência de Brasília ou morte
Fernando Chiocca on Por que paleo?
Esdras Donglares on Por que paleo?
Fernando Chiocca on A Amazônia é nossa?
Fernando Chiocca on A Amazônia é nossa?
Margareth on A Amazônia é nossa?
André Lima on A questão do aborto
Fernando Chiocca on Socialismo e Política
André Manzaro on Por que paleo?
Markut on O mito Hiroshima
Eduardo César on Por que paleo?
Thiago Ferreira de Araujo on Porque eles odeiam Rothbard
mauricio barbosa on Capitalismo bolchevique
Vinicius Gabriel Tanaka de Holanda Cavalcanti on Uma agência assassina
rodrigo nunes on Sociedade sem estado
Fernando Chiocca on A natureza interior do governo
Marcello Perez Marques de Azevedo on Porque eles odeiam Rothbard
Virgílio Marques on Sociedade sem estado
Vinicius Gabriel Tanaka de Holanda Cavalcanti on O que é a inflação?
Fernando Chiocca on A ética da liberdade
Fernando Chiocca on Os “direitos” dos animais
Rafael Andrade on Por que imposto é roubo
Joseli Zonta on O presente do Natal
Ana Fernanda Castellano on Liberalismo Clássico Vs Anarcocapitalismo
Luciano Takaki on Privatizar por quê?
joão bosco v de souza on Privatizar por quê?
saoPaulo on A questão do aborto
joão bosco v de souza on Sociedade sem estado
Luciano Takaki on Sociedade sem estado
Luciano Takaki on Privatizar por quê?
joão bosco v de souza on Sociedade sem estado
joão bosco v de souza on Privatizar por quê?
Júnio Paschoal on Hoppefobia
Sem nomem on A anatomia do estado
Fernando Chiocca on Teoria do caos
RAFAEL SERGIO on Teoria do caos
Luciano Takaki on A questão do aborto
Bruno Cavalcante on Teoria do caos
Douglas Fernandes Dos Santos on Revivendo o Ocidente
Hélio do Amaral on O velho partido novo
Rafael Andrade on Populismo de direita
Fernando Chiocca on Votar deveria ser proibido
Thiago Leite Costa Valente on A revolução de Carl Menger
mauricio barbosa on O mito do socialismo democrático
Felipe Galves Duarte on Cuidado com as Armadilhas Kafkianas
mauricio barbosa on A escolha do campo de batalha
Leonardo da cruz reno on A posição de Mises sobre a secessão
Votin Habbar on O Caminho da Servidão
Luigi Carlo Favaro on A falácia do valor intrínseco
Bruno Cavalcante on Hoppefobia
Wellington Pablo F. on Pelo direito de dirigir alcoolizado
ANONIMO on Votos e Balas
Marcos Martinelli on Como funciona a burocracia estatal
Bruno Cavalcante on A verdade, completa e inegável
Aristeu Pardini on Entenda o marxismo em um minuto
Fernando Chiocca on O velho partido novo
Enderson Correa Bahia on O velho partido novo
Eder de Oliveira on A arma de fogo é a civilização
Fernando Chiocca on A arma de fogo é a civilização
Heider Leão on Votar é uma grande piada
Leo Lana on O velho partido novo
Fernando Chiocca on O mito do império da lei
gustavo ortenzi on O mito do império da lei
Douglas Fernandes Dos Santos on Democracia – o deus que falhou
mauricio barbosa on INSS e a ilusão de seguridade
mauricio barbosa on Justiça e direito de propriedade
Josias de Paula Jr. on Independência de Brasília ou morte
Bruno Cavalcante on Democracia – o deus que falhou
paulistana on IMB sob nova direção
Alexandre on IMB sob nova direção