Roland Baader
[Roland Baader (M.Econ.; Roland-Baader@t-online.de) é um estudioso privado e importante representante da Escola Austríaca na Alemanha, autor de 15 livros e centenas de artigos em jornais, revistas e periódicos acadêmicos.]
A primeira visita de Hans Hoppe à minha cidade natal e domicílio atual, Waghaeusel (em Baden-Wuerttemberg, Alemanha), ocorreu em junho de 1995. Minha querida esposa, Uta, ainda estava viva na época. Com muito orgulho, ela mostrou a Hans o jardim bem cuidado ao qual tanto se dedicava. Ela perguntou a ele: “Você gostou?” Hans respondeu secamente, “sim”. Um pouco depois, Uta fez uma pose de bailarina e perguntou a Hans se ele gostou do que viu. “Sim,” ele disse. À noite, Uta preparou uma refeição deliciosa. Ela olhou para o convidado com grande expectativa e, por fim, perguntou: “Você gostou?” Hans: “Sim.” Resposta de Uta: “Hans, você é um filho da mãe, mas o filho da mãe mais adorável que conheço. Eu te amo de qualquer maneira.”
Na época tínhamos uma border em nossa casa, uma poodle chamada Olga que pertencia ao professor Gerard Radnitsky. Coloquei Olga em uma cadeira da varanda ao lado de Hans e disse: “Este é um poodle muito erudito. Ele insiste na companhia do professor.” Hans comentou: “É verdade a priori e não precisa de falsificações, que um poodle não é um ser humano e, portanto, não pode ser um teórico científico. Mas ele pode permanecer sentado se quiser.”
Muitos anos se passaram antes que Hans fizesse novamente a cansativa jornada (pegando o trem intermunicipal de Frankfurt para Mannheim, e de lá pegando o trem regional) em julho de 2004.
Como não nos víamos há muito tempo, estávamos transbordando de assuntos para conversar. E como Hans queria pegar o voo de volta aos EUA no dia seguinte, tínhamos apenas uma noite para lidar com uma cota de intercâmbio intelectual que normalmente tomaria uma semana inteira. Na mesa estavam quatro garrafas de vinho tinto da Sardenha para servir de “Babbelwasser” (que no dialeto local significa bebida alcoólica que auxilia na aceleração da ginástica linguística e semântica). Quando apareceu o primeiro raio de sol da manhã, as garrafas estavam vazias – e ainda estávamos lúcidos, mas cansados. Seguiu-se um breve sono.
Agora, já que Hans, que costuma ser cauteloso em relação aos falsos deuses (Baco entre eles), sobreviveu ao dilúvio da Sardenha aparentemente ileso, enviei a ele um certificado alguns dias depois. Ele diz:
A Irmandade do Nariz Vermelho, a
Sociedade de Bebedores Competitivos da Sardenha,
por ter demonstrado bravura incomum na
Batalha de Waghaeusel[1], na noite de 27 a 28 de julho de 2004,
tem o prazer de honrar
Professor Dr. Hans-Hermann Hoppe
Como um membro vitalício
Roland Baader
Assinatura do presidente
A brincadeira ficou completa com a resposta de Hans:
Caro Roland:
Ser reconhecido como um bebedor competitivo da Sardenha e ser nomeado membro vitalício de sua sociedade exclusiva me comove profundamente.
Atenciosamente, Hans.
Hans, nesta ocasião do seu 60º aniversário, estou profundamente comovido com a forma como você dispersou as mentiras e os erros dos batalhões econômicos mainstream por todo o mundo, como você tão eloquentemente carregou a tocha de cada chama acesa por Mises e Rothbard, e seguiu a atiçar o mesmo fogo da liberdade em milhões de mentes e corações.
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Nota
[1] Houve, de fato, uma Batalha de Waghaeusel em 1849 entre os rebeldes de Baden e as tropas prussianas.