O conceito de custo econômico parece confundir as pessoas. Não é o preço que você paga por um bem, mas a razão pela qual você o paga.
O custo de uma ação é o valor que você poderia ganhar realizando outra ação. Em outras palavras, se você tem $100 e tem a opção de comprar dois produtos, cada um a um preço de $100, naturalmente escolherá o que for mais importante (valioso) para você. O custo dele não são os $100, que você abre mão para comprá-lo, mas o valor do outro bem, que você não pode mais comprar. Esse outro bem é a oportunidade perdida por sua ação, o verdadeiro custo de sua ação – o custo econômico.
Por que isso importa? Porque nossas ações têm como objetivo a criação de valor, e sempre buscamos maximizar esse valor (entendido subjetivamente). O conceito de custo econômico traz à nossa atenção o que realmente abrimos mão para obter um valor e, portanto, por que escolhemos um determinado curso de ação.
Uma economia, que é um sistema de economizar recursos escassos, é a alocação sistemática de recursos para maximizar o valor. Não se trata de minimizar o preço pago, o que é diferente. É uma questão de valor. Embora isso possa parecer um ponto acadêmico, as implicações são enormes.
Aqueles que ignoram esse conceito se concentram apenas no resultado da ação – o “ganho líquido” – e não no custo. Fazer isso significa que acabamos desperdiçando enormes recursos ao mesmo tempo em que não obtemos o valor que estava ao nosso alcance.
Exemplos disso incluem argumentar que houve ganhos maciços, por exemplo, da Segunda Guerra Mundial ou do programa espacial dos Estados Unidos na década de 1960. Ambos foram um enorme desperdício, mas também geraram benefícios tangíveis. A Segunda Guerra Mundial levou à descoberta da borracha artificial, livrando-nos da produção de borracha cara e demorada. Sim, isso é um benefício. E havia muitas tecnologias desenvolvidas como parte do programa espacial. Esses também foram benefícios. Mas a que custo econômico? Essa é a verdadeira questão: que outros benefícios nunca vimos porque, em vez disso, injetamos enormes recursos na guerra e na corrida espacial? Que outras descobertas e inovações estavam ao nosso alcance, caso esses recursos tivessem sido usados de maneira diferente?
O exemplo da segunda guerra mundial deve ser óbvio, uma vez que a guerra em si dificilmente foi produtiva. Mas o programa espacial é exatamente a mesma questão: que oportunidades nós, como sociedade, renunciamos porque o governo preferiu investir bilhões de dólares no programa em busca do prestígio de vencer os russos até a lua? Não sabemos o que deixamos de conseguir, é claro.
Mas isso não significa que não podemos dizer se foi a coisa certa a fazer. O fato é que, em um sistema de mercado, os empreendedores competem entre si não para minimizar custos, mas para produzir valor. Naturalmente, isso significa valor líquido: qual o benefício real proporcionado aos olhos do consumidor. Os empresários não sabem o que os consumidores vão valorizar, mas apostam seu sustento no que acham que mais beneficiará os consumidores. O resultado é uma variedade de bens e serviços entre os quais os consumidores podem escolher, e eles escolherão qual é a melhor opção do seu ponto de vista. O que não é produzido não pode ser escolhido. Mas o que não é produzido também não parece valer a pena para os inúmeros empresários que se engajam na facilitação de valor para os consumidores.
Observe que a questão não é se os empreendedores podem “arcar” com o investimento de capital necessário. É sobre a taxa de retorno: se o valor é alto o suficiente acima dos gastos necessários para produzir o bem/serviço (o custo de produção). Com um ROI (retorno sobre o investimento) suficientemente alto, em relação a outros projetos possíveis e tentados, os empreendedores podem sempre encontrar os fundos necessários: afinal, os investidores procuram o retorno dos seus fundos.
Portanto, o argumento de que “apenas o governo pode” investir em algo porque requer capital é falso. Ele alega problemas que não existem e frequentemente falha em aplicar adequadamente o conceito de custo econômico (como nos exemplos acima). O custo econômico nos diz o que é mais importante para as pessoas, independentemente da magnitude do investimento de capital. ROI mais alto significa maior valor, o que significa que um preço mais alto pode ser cobrado – e mais lucro obtido.
É aqui que o custo econômico é essencial para entender o funcionamento da economia. Porque se um projeto idealizado por um empresário parecer altamente lucrativo, independentemente do investimento inicial necessário, ele o perseguirá. Isto significa, ao mesmo tempo, que outros projetos empresariais, que se espera proporcionem um menor retorno do investimento, não serão prosseguidos. O que importa para a sociedade e para a economia é que se busque o maior valor, porque isso deixa a todos nós melhor. É por isso que, por meio da concorrência, é importante eliminar rapidamente os empreendedores com projetos que na verdade não produzem muito valor: eles literalmente desperdiçam nossos recursos porque o valor abdicado – os projetos que não foram realizados porque os recursos estavam vinculados a esses projetos secundários – é superior ao valor produzido. É uma perda econômica, independentemente dos benefícios que daí resultaram.
Consequentemente, podemos concluir que o programa espacial, assim como a guerra, foi um ato de desperdício. O governo interveio porque nenhum empreendedor estava disposto a empreendê-lo, porque seu ROI esperado (se houver) era muito menor do que outros projetos que os empreendedores poderiam realizar. Não sabemos o que perdemos, mas poderia ter sido a cura para doenças terríveis, diminuição da pobreza, ou o que seja. O fato de que não se esperava que os consumidores gastassem seu próprio dinheiro no programa espacial e o fato de que nenhum empresário esperava que eles gastassem, pelo menos não na medida do necessário, significa que não era considerado valioso o suficiente. Esperava-se que seu custo econômico fosse maior do que o valor econômico!
Agora, isso significa que nada de bom saiu do programa espacial? Claro que não.
Foram descobertas inovações e tecnologias que nos serviram bem. Mas elas eram, no momento do investimento, ou não eram esperados (de modo algum) ou não se esperava que serviriam suficientemente as pessoas. Certamente há exemplos de acasos que acabaram criando coisas boas (como a Arpanet se tornando a Internet), mas quem em sã consciência argumentaria que devemos desperdiçar recursos em grandes projetos do governo porque pode haver consequências não intencionais das quais nos beneficiaríamos?
Considerando o custo econômico, o que poderíamos ter ganho com aquele investimento era esperado (por todos!) ser maior do que o projeto perseguido pelo governo.
Essa é a razão pela qual o governo fez isso. O governo está empenhado em desperdiçar recursos escassos com alto custo econômico, ou seja, sem valor esperado suficiente. Não importa como alguém olhe para isso, isso é um desperdício. A menos, é claro, que se ignore o conceito de custo econômico: as oportunidades de maior valor que são abdicadas – perdidas – porque, em vez disso, estamos buscando as de menor valor.
Para simplificar, é uma questão de colher as frutas mais baixas primeiro, porque há um retorno muito maior fazendo isso. Não faz sentido subir até os galhos superiores “no caso” de haver algum outro benefício inesperado em fazer um esforço extra.
Artigo original aqui
Excelente artigo!
É por este motivo que os políticos juram estar interpretando a vontade popular: como eles não sabem de nada – e nem é esta a sua função, qualquer coisa que eles façam tem um retorno líquido para a população – ilusório, pois na medida que os vagabundos não são orientados pelo mercado e tampouco tem o mesmo problema econômico da escassez do setor privado – falta de recursos não é escassez, apesar deles abusarem da palavra -, construir uma estrada, um hospital ou estádio de futebol é absolutamente a mesma coisa. São diferentes na aparência.
Os governos eventualmente acertam sem querer alguma coisa. Mas o custo para os indivíduos parasitados sempre será alto e os benefícios líquidos nenhum. Ou seja, a máfia estatal está de fato dilapidando todo o capital acumulado pela sociedade, de maneira que este processo é irreversível.