“A tendência da tributação é criar uma classe de pessoas que não trabalham, tirando daqueles que trabalham o produto de seu trabalho e dá-lo aos que não trabalham.” — William Cobbett
Para não haver mal-entendidos sobre o que são impostos, é útil definir a palavra “roubo”. Uma boa definição é “a tomada e a possessão indevidas de bens pessoais de outrem”. A definição não diz “a menos que você seja o governo”.
Não há diferença, em princípio, entre o Estado tomar uma propriedade e uma gangue de rua fazê-lo, exceto que o furto do Estado é “legal” e seus agentes estão imunes a processos judiciais. Muitas pessoas não aceitam essa analogia, porque o governo é amplamente visto como sendo de, para e pelo povo, embora também seja reconhecido que de vez em quando suas ações são más.
Suponha que um assaltante exigisse sua carteira, talvez porque precisasse de dinheiro para comprar um carro novo e o ameaçasse com violência se você não atendesse sua exigência. Todo mundo chamaria isso de ato criminoso. Suponha, entretanto, que o assaltante diga que deseja o dinheiro para comprar comida. Ainda seria roubo? Suponha agora que ele dissesse que queria sua carteira para alimentar outra pessoa faminta, não a si mesmo. Ainda seria roubo?
Agora, vamos supor que este assaltante convença a maioria de seus amigos de que não há problema em ele aliviar você de sua carteira. Ainda seria roubo? E se ele convencer a maioria dos cidadãos? Os princípios são independentes. Mesmo que um ato criminoso seja cometido com um bom propósito, ou com a cumplicidade de espectadores (mesmo que essas pessoas se autodenominem governo), ainda é um ato de agressão criminosa.
É importante estabelecer um ponto de vista ético sobre o assunto, mesmo que isso não mude sua reação às demandas do assaltante (ou do Estado). Assim como normalmente não é aconselhável resistir a um assaltante, geralmente não é aconselhável resistir ao governo, que tem muita força a seu lado.
Isso não quer dizer que seja fácil nadar contra a maré. Todos os anos, na época da declaração do imposto de renda, os promotores do grande governo lançam mão de uma variedade de panaceias para sedar os cordeiros enquanto são tosados. Uma das piores é “Os impostos são o preço que pagamos pela civilização”, uma declaração do juiz da Suprema Corte, Oliver Wendell Holmes. É um exemplo esplêndido de como, se uma mentira for suficientemente grande e repetida com bastante frequência, pode vir a ser aceita.
Na realidade, a verdade é praticamente o exato oposto. Como Mark Skousen, economista e autor, apontou: “Tributação é o preço que pagamos para não conseguir construir uma sociedade civilizada. Quanto mais alto for o nível do imposto, maior será o fracasso. Um estado totalitário planejado centralmente é um fracasso total da civilização, enquanto uma sociedade totalmente voluntária é seu sucesso derradeiro.”
Os impostos são destruidores da civilização e da sociedade. Eles empobrecem o homem médio. Eles apoiam programas de bem-estar que ancoram as classes mais baixas na base da sociedade. Eles subscrevem uma burocracia gigantesca que serve apenas para aumentar custos e anular incentivos. Eles financiam programas de obras públicas (antes chamados de “clientelismos”, mas agora rebatizados de “investimento em infraestrutura”) que costumam ser dez vezes mais caros do que seus equivalentes financiados com recursos privados, sejam esses projetos necessários ou não. Eles mantêm programas que causam grandes distorções na economia (como garantia de depósito para bancos). E eles fomentam um clima de medo e desonestidade. A lista de males continua. Mas a verdade simples é que qualquer coisa necessária ou desejada pela sociedade seria fornecida por empresários que buscam lucro, se apenas o coletor de impostos se aposentasse.
Protestar contra os impostos porque eles são uma forma cara ou ineficiente de fornecer serviços, no entanto, é extremamente fútil. É como dizer que o assaltante não deve roubar você porque pode haver uma maneira melhor de ele conseguir o que deseja.
Quão sério é o problema tributário no longo prazo? Acredito que se tornará menos, não mais sério, apesar das taxas de impostos cada vez mais altas do governo e das medidas de coação draconianas. A principal tendência de longo prazo da sociedade é em direção à descentralização e às organizações de menor escala. O governo federal não se mostrará mais capaz do que o governo soviético de lidar com uma economia em rápida evolução. Cada vez mais pessoas verão o governo como algo sem sentido e irrelevante, sem nenhum propósito útil.
Artigo original aqui
Muito bom esse artigo.
Imposto é roubo pela definição de roubo, não de imposto. Ou seja, imposto, como define o dicionário, ignora completamente o ato concreto em si, limitando-se a aceitar na margem que o governo pode cobrar imposto. Seria como defenir a palavra assassinato como ato de matar um indivíduo sob certas circunstâncias, ignorando que matar alguém é um ato imoral.
Com o tempo, eu passei a dedicar pouca atenção aos impostos, pois na estrutura da máfia estatal eles tornaram-se mais um símbolo da opressão do que fonte real de financiamento. E além disso, é uma pauta associada aos desgraçados liberaloides. E definitivamente, eu prefiro que alguém me acuse de ser secretário do diabo do que de liberal.
É interessante a forma como a autor faz uma simetria entre o colapso da URSS com o possível colapso da atual socialismo. Existe uma certa esperança de tal forma. Mas nada disso ira acontecer enquanto o estado tiver a capacidade de confiscar os produtos físicos dos indivíduos. Ou seja, os socialistas ainda podem fazer como os comunistas, que roubavam as colheitas das pessoas e as deixavam perecer de fome.