O presidente do Banco Central americano, Jerome Powell, anunciou na quarta-feira que os dados econômicos que estão sendo divulgados “são os piores dados econômicos que já vimos”.
Isso se deve em parte a vinte anos de crescimento econômico impulsionado por estímulos, baseado em inflar e sustentar bolhas por meio de dinheiro fácil. Mas agora é muito pior pelo fato de muitos governos paralizarem as economias de seus estados e nações, fecharem negócios e impedirem que os mercados se adaptem às novas realidades de consumidores e trabalhadores em um mundo com um risco exacerbado de doenças.
O resultado foi um desemprego catastrófico, com 30 milhões de americanos entrando com o pedido de seguro desemprego nas últimas seis semanas (uma pesquisa coloca o número em 50 milhões). Nos estados que insistem em continuar com amplos fechamentos econômicos coercitivos, os números só vão piorando.
Infelizmente, muitos formuladores de políticas públicas continuam fingindo que os custos associados a essas paralisações são mínimos ou insignificantes. Aqueles que se manifestam contra as paralisações – seja da perspectiva da proteção dos direitos humanos, ou simplesmente por motivos pragmáticos – costumam ser acusados de escolherem o lucro sujo sobre a saúde pública.
A realidade, porém, é que, quando o desemprego leva ao empobrecimento ou à perda do status social, ele é um grande problema de saúde.
Isso tem sido evidente nas pesquisas há muitos anos, mas como essa narrativa não apoia o impulso míope e obstinado de “combater o COVID-19” a todo custo, muitos políticos e “especialistas” simplesmente ignoram esses fatos. Os formuladores de políticas públicas continuam fingindo que tudo ficará bem quando os políticos decidirem unilateralmente que houve “testes suficientes” ou que as coisas estão “sob controle” ou qualquer meta arbitrária estabelecida para justificar o reconhecimento dos direitos humanos básicos das pessoas em busca de trabalho e de cuidarem de suas próprias vidas.
O custo do desemprego: um estudo das pesquisas
De acordo com uma matéria de 2014 da revista Harvard Public Health, o desemprego devido ao fechamento de negócios
aumentou em 83% as chances de novos problemas de saúde provavelmente desencadeados pela perda do emprego – condições relacionadas ao estresse, como acidente vascular cerebral, hipertensão, doenças cardíacas, artrite, diabetes e problemas emocionais e psiquiátricos.
O risco de morte aumentou:
Uma meta-análise de 2011 da pesquisa internacional – publicada na Social Science & Medicine por David Roelfs, Eran Shor, Karina Davidson e Joseph Schwartz – descobriu que o risco de morte era 63% maior durante os períodos de estudo entre aqueles que experimentaram desemprego do que entre aqueles que não o fizeram, após o ajuste para idade e outras variáveis.
E para os homens os impactos costumam ser piores:
Um estudo de 2009 sobre o impacto da crise do petróleo dos anos 1980 e da recessão subsequente na Pensilvânia, publicado pelos economistas Daniel Sullivan e Till von Wachter no Quarterly Journal of Economics, descobriu que no ano seguinte aos homens perderem seus empregos em demissões em massa, suas chances de morrer dobraram.
Em um estudo sobre o efeito do crescimento econômico na morbidade no século XX, M. Harvey Brenner escreve no International Journal of Epidemiology que
a ampla e crescente literatura sobre desemprego e saúde é altamente consistente na demonstração de elevada morbimortalidade associada ao desemprego e à retirada da força de trabalho.
A literatura sobre os desempregados de longa duração também mostra maior exposição ao alcoolismo e uso de outras substâncias psicotrópicas, como tabaco e alimentos baratos e menos nutritivos. Igualmente importante, os desempregados de longa duração estão especialmente em risco de terem relações familiares e de amizade prejudicadas, além do isolamento social induzido pela própria perda de emprego.
Neste estudo de 2003 sobre desemprego no Journal of Health Economics, os autores concluíram:
O desemprego aumenta o risco de morte de 5,36 para 7,83%, ou seja, um risco aumentado de 46%.
Para a mortalidade por [causas não cancerígenas e cardiovasculares], o desemprego leva a mais do que uma duplicação do risco, e esse efeito é significativo. Também para suicídios, o efeito estimado do desemprego é significativo, e a estimativa pontual implica que o desemprego aumenta o risco de suicídios em 145%.
Os efeitos do desemprego na saúde também pioram quanto mais cedo no ciclo a pessoa fica desempregada. Em um estudo finlandês sobre desemprego, Pekka Martikainen descobriu que
Homens desempregados pela primeira vez em 1990, 1991 ou 1992 tiveram, respectivamente, 111,72 e 35% maior mortalidade padronizada do que os homens que permaneceram empregados
Em outras palavras, aqueles que ficaram desempregados primeiro – ou seja, em 1990 – tiveram maior mortalidade do que aqueles que ficaram sem emprego nos anos posteriores. Mas a conclusão geral era familiar. A mortalidade aumentou consideravelmente para aqueles que ficaram desempregados:
foi observado um excesso de mortalidade de 47% entre os homens desempregados ou trabalhando em regime de tempo parcial por outros motivos que não a doença após ajuste por idade, região geográfica, classe social, tabagismo, consumo de álcool, peso e doença pré-existente conhecida.
Além disso, os efeitos a longo prazo podem ser significativos. Em um estudo sueco sobre o efeito a longo prazo do desemprego, os pesquisadores descobriram que
A mortalidade relacionada ao álcool foi significativamente aumentada entre homens e mulheres que perderam o emprego.
Para os homens, o risco de morte relacionada ao álcool era mais que o dobro do que era para os empregados. O risco era quase o dobro para as mulheres. O mesmo estudo também mostrou que, para homens que ficaram desempregados, o risco de morte a longo prazo por suicídio era mais de 40% maior do que o empregado. Até o risco de morte por “acidentes de trânsito” tornou-se maior após crises de desemprego.
Os autores concluem:
No mínimo, o desemprego afetou um segmento vulnerável da população, particularmente entre homens jovens, homens solteiros e homens de baixa escolaridade ou renda.
Pior ainda, os efeitos do desemprego tendem a ser ampliados por períodos anteriores, pois “O risco de ficar desempregado é maior entre pessoas que já tiveram experiência anterior de desemprego. Isso foi chamado de ‘cicatriz’, ‘dependência de caminho’ ou ‘dependência de estado’. ”
Isso aumenta os efeitos do desemprego na saúde entre os grupos mais desfavorecidos economicamente.
Não é de surpreender que o aumento do desemprego também aumente o risco de morte por causas relacionadas às drogas. Neste estudo de 2017,
os pesquisadores descobriram que um aumento de um ponto percentual na taxa de desemprego do município está associado a 0,2 mortes adicionais relacionadas a drogas envolvidas em opioides por 100.000 residentes do condado, um aumento de 3,6% em relação à taxa média de 5,4 mortes por 100.000. Da mesma forma, há um aumento de 3,3% na taxa de todas as mortes relacionadas a drogas. Nas visitas a emergência médica, um aumento de um ponto percentual na taxa de desemprego do município está associado a mais 0,9 visitas de emergência por overdose de opioides por 100.000 habitantes, um aumento de 7,0%.
Estudos já começaram a ser publicados em nossa atual recessão. Embora não estudem diretamente o desemprego, um novo estudo de dados suíços sobre as “consequências relacionadas à saúde mental da mitigação do COVID-19” (ou seja, paralisações econômicas) os autores concluíram:
O estudo projeta que a pessoa média sofreria 0,205 AVP [anos de vida perdidos] devido a consequências psicossociais das medidas de mitigação do COVID-19. No entanto, essa perda seria inteiramente suportada por 2,1% da população, que sofrerá uma média de 9,79 AVP …. Os resultados apresentados aqui provavelmente subestimarão o verdadeiro impacto das estratégias de mitigação nos AVP.
Em outras palavras, as estratégias de “mitigação” que supostamente salvam vidas estão apenas transferindo o fardo de algumas pessoas para outras. Em alguns casos, as quarentenas representam quase uma década de anos perdidos, graças ao preço cobrado pela saúde mental.
Confrontados com os custos prováveis de suas políticas de quarentena, muitos voltarão a afirmar que a aritmética básica pode nos dar a resposta. “Quantas mortes são causadas pelo desemprego versus o COVID-19?” Essa alegação tem como premissa a ideia de que cabe aos defensores da liberdade provar que o número de mortes causadas pela destruição econômica superará o número total de mortes pelo COVID-19. Na opinião dos defensores da quarentena, se o número líquido de vidas salvas pelo bloqueio continuado for pelo menos uma única pessoa, então suas políticas de massacre da liberdade e do estado de direito valerão totalmente a pena.
Eles estão errados, é claro. O ônus da prova está sobre eles. Afinal, são eles que defendem a violência. Ou seja, eles são os que desejam aplicar multas a pessoas não-violentas que querem apenas abrir suas lojas, ou ir trabalhar, ou vender seu trabalho por salários. Se essas pessoas não cumprirem, a posição do pró-lockdown é que essas pessoas “desobedientes” devem ser trancadas em jaulas ou arruinadas financeiramente através de multas, ações judiciais e acusações criminais.
Os oponentes das quarentenas, por outro lado, desejam apenas permitir que as pessoas exerçam sua liberdade.
O ônus da prova recai sobre aqueles que desejam usar os poderes da polícia para coagir os outros.
Além disso, a verdade é que os “especialistas” não têm ideia do quanto as quarentenas estão impedindo a propagação de doenças ou como o emprego e o crescimento econômico seriam afetados na ausência de quarentenas forçadas. Os proponentes da quarentena simplesmente não têm dados suficientes para justificar sua posição. Eles só sabem que desejam forçar as pessoas a abandonar seus empregos, abandonar suas lojas e viverem de esmolas. Como resultado, muitos se matam. Muitos sofrerão overdose de drogas.
Artigo original aqui.
Estamos com o vírus – minha esposa e eu pegamos. Nenhum de nós fez o teste mas, pelos sintomas, avaliados por um médico numa Unidade de Pronto Atendimento – UPA – aqui da cidade e através de entrevistas com profissionais da área por mensagens do WhatsApp, há muitos indícios que corroboram esse diagnóstico.
Não é algo tão ruim – na verdade é como uma das gripes mais fracas que já tive e ela concorda com isso. A diferença está num grande cansaço que se sente – sintoma esse que, em ambos os casos, pode ter sido agravado por inúmeras nomes mal dormidas, estresse, ansiedade e uma alimentação desregrada, provocados pelo fim do nosso pequeno negócio, com essa crise que se instalou.
Assim, o pior de tudo foi esse terrorismo feito pela mídia, que ferra mais a coisa, e a decisão do Estado em decretar o fechamento do comércio. Porque, desde que se pega essa doença, por mais leves que sejam os sintomas, não teve um dia em que eu tenha acordado pela manha e respirado fundo, só pra testar se os pulmões estão bem. Porque o que se passa pela cabeça, nem que seja pelo menos uma vez, é algo como: “Peguei a doença, não tenho dinheiro para médico e o sistema de saúde é falido. Na verdade o que as informações nos revelam é que ninguém sabe muito sobre essa doença – estamos todos no escuro… e agora! Será que vai ser dessa forma, será que vai ser disso que eu vou morrer?!”
É óbvio que todo mundo sabe que vai morrer um dia; mas não se pensa muito sobre isso e quando se pensa, não se reflete muito em como vai ser… e a morte por falta de ar não parece uma morte rápida e “heróica”; uma doença! A gente sempre pensa que vai morrer de uma coisa mais “legal”: num acidente de carro em alta velocidade, salvando outra pessoa, enfim, sendo lembrado por algum nobre gesto: “Morreu como um herói!”; ninguém pensa que vai morrer porque pegou uma doença.
Enfim, pegamos e estamos nos recuperando… tentando pensar num dia de cada vez porque é tudo muito difuso e complicado nesse momento.
Como afirmei acima, os negócios estavam indo bem em Janeiro de 2020, antes disso tudo. Finalmente, depois de anos de muito esforço e trabalho duro, virando noites, desconsiderando feriados, finais de semana, férias… estávamos vendo nosso negócio prosperar. A quebra dessa rotina mexeu profundamente conosco, mais ainda comigo: um homem, nessa condição, sem conseguir dar dignidade à sua família…
A conclusão a que chegamos, refletimos hoje, é que se não se tivesse criado todo esse terrorismo sobre a doença; se a forma como as informações foram passadas houvesse sido outra; se não tivéssemos sofrido essa intervenção do Estado em nossas vidas; se nossa empresa não tivesse praticamente acabado; teríamos continuado trabalhando do mesmo jeito porque já houve gripes em que os sintomas foram mais pesados e ainda assim isso não me impediu de trabalhar.
Enfim, vamos seguir em frente. Tentar não pensar muito no futuro. Um dia de cada vez.