O que aparece como o maior triunfo do Estado-nação é, de fato, o seu maior desastre. No entanto, muitas pessoas ainda parecem acreditar que devem ser gratas por terem um governo e um Estado que agiram decisivamente contra a difusão do coronavírus, fecharam as fronteiras, instalaram um bloqueio na economia e forçaram grande parte de sua população à quarentena.
A estratégia de contenção, que consistia principalmente no isolamento da população, foi adotada por muitos países, incluindo o Brasil, embora a base científica fosse fraca. Ainda mais, os tomadores de decisão subestimaram os danos colaterais, não apenas para a economia, mas também as consequências negativas da quarentena para a saúde das pessoas presas nas suas casas. Há indicadores que sinalizam que os danos à saúde pública resultantes da quarentena excedem as consequências diretas do vírus.
Surge a questão do que seria feito em uma sociedade de direito privado, onde não há Estado no sentido convencional. Como existiria a proteção diante de uma ameaça à saúde, como atualmente os governos proclamam existir, em uma sociedade sem Estado? Como uma comunidade apátrida — mas não sem lei — enfrentaria o desafio de uma epidemia, como se diz ser o caso do surto do coronavírus?
Numa sociedade sem Estado, a liberdade individual e a não agressão contra o indivíduo viriam primeiro. Cada ser humano é responsável por si mesmo. Dessa forma, o foco muda da coletividade para a proteção do indivíduo e da violência estatal ao voluntarismo individual. Como seria essa autoproteção?
O estudo das origens da mortalidade por infecção revela a importância primordial do sistema imunológico individual de uma pessoa. Pessoas com imunodeficiência são as principais vítimas do COVID-19. Para o indivíduo, a lição é clara: autoproteção significa fortalecer o próprio sistema imunológico.
O sistema imunológico de uma pessoa depende de muitos fatores, incluindo o bem-estar mental e o grau de autonomia pessoal. Quando julgados por esse ângulo, os governos que impõem quarentenas sobre sua população fazem o oposto do que seria certo. O conjunto de medidas que os governos impuseram é uma marreta que está esmagando os níveis de imunidade individual. Ficar trancado em casa, com profundas preocupações com empregos e dinheiro, é um desastre para o corpo, a mente e a alma.
O Estado ignora e age como um criminoso quando se concentra em diminuir a taxa de infecção, enquanto no momento suas medidas para “achatar a curva” tornam a população mais vulnerável a doenças virais. Ao implementar medidas que enfraquecem a imunidade do povo, os governos estão produzindo o desastre que eles nos dizem que pretendem impedir.
Em uma sociedade apátrida baseada nos princípios do libertarianismo, enfrentar o COVID-19 não exigiria o fechamento da economia. A vida social pode e deve continuar como antes, como é o caso atualmente, por exemplo, na Suécia. Não haveria colapso econômico nem pânico de medo e desespero. As pessoas realmente ficariam mais saudáveis ao enfrentar o coronavírus porque melhorariam seu sistema imunológico individual.
O estresse é o principal assassino de imunidade. A angústia produzida pelo governo corrói a saúde. As pessoas devem fazer o oposto do que lhes dizem. A literatura médica e psicológica possui muitas recomendações sobre como melhorar o sistema imunológico.
Para sobreviver à epidemia de coronavírus, as pessoas devem fortalecer sua imunidade, é preciso sair de casa, desfrutar do trabalho, expor o corpo a luz do sol. Deve-se fazer caminhadas, desfrutar de boa companhia e não ter que se preocupar com emprego, dinheiro e economia. Deve-se comer frutas e vegetais frescos, manter um bom nível de proteína no corpo e dormir bem, sem ansiedade e pânico. Faça novos amigos, cante uma música, desfrute de diversas refeições. Ignore o governo onde ele ainda possa existir. Seja confiante e ore. Divirta-se o máximo que puder. Ignore a política e pare de assistir TV.
Enquanto uma sociedade apátrida favoreceria a proteção individual, as políticas do governo se concentram na velocidade da disseminação do vírus. Ao tentar diminuir a taxa de contágio, eles prendem as pessoas e criam desemprego em massa. Embora seja duvidoso que essas políticas desacelerem a taxa de contágio — algumas fontes dizem que o vírus já passou pela população — as medidas em vigor diminuem o sistema imunológico das pessoas. Dessa forma, o governo torna as pessoas mais vulneráveis e, no final, as políticas provocam mais mortes do que o vírus por si só.
Os governos instalaram uma série de medidas duras sobre uma base cientificamente fraca de fatos e dados. Mesmo meses após o início da epidemia, a verdadeira dimensão da ameaça permanece incerta. Embora seja cedo demais para conhecer a dimensão quantitativa exata da doença como consequência do COVID-19, seus efeitos socioeconômicos e políticos já se tornaram visíveis.
A economia está em frangalhos com um forte surto de desemprego e levará anos ou décadas para se recuperar — se é que alguma dia irá se recuperar. No entanto, não é apenas o bem-estar material que está sendo perdido, mas os efeitos psicológicos também são prejudiciais.
Pouca atenção é dada aos custos sociais. As políticas que foram empregadas com a declaração oficial para combater a propagação do vírus entre a população provocaram um colapso da confiança. O pânico não destrói apenas o capital comercial e a riqueza financeira, mas também destrói o capital social do país.
Governos que seguem a linha dura de controle como os Estados Unidos e muitos países europeus instalaram uma ditadura de um dia para o outro que somente os grandes ditadores do século passado poderiam ter desejado. O resultado é uma erosão dos direitos de propriedade privada devido a declarações de emergências nacionais. Mesmo nos Estados Unidos, a Constituição não ofereceu proteção aos direitos humanos.
Os governos intervêm na vida privada do povo de uma maneira que se aproxima das piores ditaduras do passado. É sintomática a retirada do direito de se reunir para uma manifestação política combinado com a proibição de reuniões para serviços religiosos.
Enquanto o governo e sua obediente mídia de massa estimulam o pânico com uma enxurrada sistêmica de desinformação, as mídias sociais são atacadas quando algumas notícias falsas começam a circular.
Os governos colocaram a economia em sono anestésico com a promessa de que, após o alerta, a economia florescerá como antes. Essa é a maior mentira das muitas mentiras que os governos de muitos países pronunciam em uníssono. Mesmo se o governo suspender o bloqueio em breve, o dano já está feito. A economia e a sociedade despertarão com um caráter diferente em um mundo estranho.
Como se a destruição da economia não fosse suficiente, o Estado também promete cuidar do paciente com uma avalanche monetária. O público curvado elogia o governo por cuidar dele, mas as pessoas parecem ignorar que o que recebem com essa criação de dinheiro de crédito criado pelo Estado é a hiperinflação e a depressão. Primeiro, você perde o emprego por causa da depressão econômica, depois perde a poupança, caso ainda tenha alguma, por causa da inflação.
A crise do Coronavírus revelou como é fácil estabelecer uma ditadura de um dia para o outro. Basta um governo que queira fazê-lo ter um aparelho de propaganda instalado que racionalize a necessidade de submissão — não importando o quão duvidosa a ameaça possa ser.
Com meses de crise, os governos ainda não estão dispostos ou são incapazes de justificar suas ações com dados e fatos confiáveis. Os políticos sabem que se apegar a decisões erradas é melhor do que admitir erros. De maneira implacável, eles ignoram o imenso dano claramente flagrante causado pelas medidas de controle, mas agem como criminosos obstinados e se recusam a confessar.
Eu acho complicado tentar solucionar problemas gerado devido a realidade estatista usando argumentos libertários
Mas é válido tentar
No anarco capitalismo por exemplo, as famílias poderiam ir pra suas fazendas e sítios, e trancar por um tempo a “cidade industrial”
Mas sem capacidade de gerar riqueza a ponto de comprar conforto e privacidade como fazendas e sítios que eu citei, se amontoam uma em cima das outras nos prédios. Fora as favelas
A pandemia mostra o quanto é bizarro a realidade estatista
A verdade é que essa é uma situação bem difícil de lidar e muito disso por conta da mídia. Tivemos o pico do SARS – cuja mortalidade é 8%, bem maior do que a do COVID-19 – em plena Copa de 2002 e não tivemos que parar o evento. Tivemos o MERS, da Arábia – 20% a 40% de mortalidade –, em 2012 e o Ebola – 50% de mortalidade – vem e volta, a última sendo ano passado, no Congo. Vimos um mundo parar em alguma dessas vezes?
Dito isto, é nítida a aplicação do meme em que o rapaz se afoga no raso, para a situação atual. Está caro que os amantes do establishment decidiram brincar com a Ordem Mundial dessa vez e talvez muito disso se deva aos sucessos das ditas “direitas” ao redor do mundo. Porém, isso não passa de especulação da minha cabeça.
O fato é que o isolamento horizontal vem sendo tão criticado quanto disseminado e – não bastasse o Átila dizer que iriam morrer um milhão – essa situação causa um desconforto enorme, como descrito no texto.
Acredito que o melhor a se fazer, seria o isolamento vertical e não que seja grande coisa, mas a cura não pode ser pior do que a doença.
Venho aqui parabenizar o autor pelo artigo e principalmente pelas idéias claramente libertárias.
Acrescento que, infelizmente, o grande legado deste lastimável momento pelo qual passamos, será o cerceamento cada vez maior de nossas liberdades individuais.
Não me recordo de nenhum período na história na humanidade em que houve, de forma tão concertada e planejada, um número tão grande pessoas feitas prisioneiras.
“As pessoas realmente ficariam mais saudáveis ao enfrentar o coronavírus porque melhorariam seu sistema imunológico individual”.
Vai lá! “desfrute do seu trabalho”, “faça amigosna rua”, “cante uma música” e desfrute de diversas refeições”, já que você pode.
Boa sorte!
Vou esperar mais um pouco aqui.