Em várias palestras (longas e curtas) e artigos sobre grandes empresas, enfatizei o ponto de que as empresas estabelecidas frequentemente fazem lobby por mais regulamentação, doam generosamente (contribuições financeiras e outras formas de apoio) à políticos de todos os espectros partidários, e se beneficiam de um ambiente em que o governo desempenha um papel estratégico: a economia. A regulamentação, de fato, torna muitas empresas mais inchadas e mais burocráticas do que seriam. Murray Rothbard, baseando-se em pesquisadores anteriores, como Gabriel Kolko, fez disso um tema importante de seu trabalho sobre a história da regulamentação.
É bom ouvir o argumento de que a regulamentação ajuda as grandes empresas politicamente conectadas, diretamente de uma fonte relevante — ou seja, de uma das próprias empresas regulamentadas. E nos EUA não há exemplo maior disso que o Goldman Sachs, que está tão intimamente ligado ao governo federal em Washington, que é praticamente um quarto poder do governo dos EUA. Com a palavra o CEO do Goldman, Lloyd Blankfein, de uma entrevista de 2015:
Agora, vou lhe contar uma coisa interessante sobre o nosso segmento de negócios: todas as grandes empresas de todos os ramos da economia estão perdendo sua hegemonia de mercado, em certa medida, pela entrada de novos competidores se valendo de modelos de negócios mais eficientes, principalmente por conta do uso aplicado de tecnologia. Porém, como nós também somos orientados para a tecnologia e inovação, tentamos nos adaptar e descobrir o que há de novo, além de criar novas plataformas, novas formas de distribuição, novos produtos. Mas, de certa forma, há alguns segmentos específicos de nossos negócios, nos quais é muito difícil a entrada de novos competidores que possam ameaçar nossa hegemonia, simplesmente porque somos tão regulados que a maioria não têm condições de ultrapassar a barreira regulatória que nos mantém protegidos. Você ouvirá pessoas de nosso segmento reclamando dos custos dessa regulação com um suspiro de insatisfação. Mas, em muitos casos, a onerosa regulamentação atua a nosso favor. É como uma muralha que nos protege da entrada maciça de novos players, muitos dos quais potencialmente mais eficientes que nosso modelo de negócios.
A regulamentação, em outras palavras, pode servir como uma barreira muito eficaz à entrada de concorrentes. Não entende essas regras altamente complexas? Não conhece as pessoas certas no governo? Não sabe como o jogo é jogado? Uma pena, esta indústria não é para você!
Tradução de Alexandre Coutinho
Artigo original aqui.