É notório que o estado não obedece as leis que impõe aos seus súditos — estraçalhando assim com o conceito de igualdade perante a lei. Deste modo, ele corretamente proíbe que as pessoas comuns tomem dinheiro de terceiros sem seus consentimentos, classificando este ato como ilegal e chamando-o de roubo; porém, quando o próprio estado faz isso, é legal e chama-se cobrança de impostos. Raptar um comerciante e mantê-lo em cativeiro, exigindo de terceiros o cumprimento de exigências para a soltura do refém é, como deveria ser, considerado crime hediondo de sequestro quando praticado por criminosos comuns; porém, quando desempenhado por funcionários públicos, o rapto de um comerciante se torna a prisão de um traficante, o cativeiro se torna penitenciária e cumprir exigências se torna cumprir pena, tudo legalizado. A lista é sem fim.
Mas quando chega ao “meu” elevador, a coisa se agrava, pois não é o caso de o estado exigir de nós que obedeçamos leis que ele não precisa obedecer; o caso é o estado nos obrigar a não obedecê-lo. É de dar nó na cabeça, mas é isso mesmo: o estado exige que nós façamos o que ele proíbe que nós façamos! Ou seja, qualquer que seja nossa atitude, estaremos ao mesmo tempo cumprindo a lei e desobedecendo a lei. E ele pode nos punir ou nos parabenizar, dependendo do humor do parasita público.
Coloquei o “meu” entre aspas pois o elevador do meu prédio está repleto de avisos[1] que sou obrigado a afixar descrevendo regras que sou obrigado a cumprir, determinadas por burrocratas. Se fosse realmente meu, eu iria estabelecer as regras de uso e iria escolher os avisos que quisesse. Pois bem, entre os avisos destaco abaixo os dois que explicam a situação que estou relatando:
E agora? O que devemos fazer caso um menor de 10 (dez) anos[2] queira andar no elevador desacompanhado? Impedir, pois é menor de dez anos? Mas é vedado, sob pena de multa, discriminar em virtude de idade. Não podemos proibir. Mas também não podemos permitir, pois é exigido que cumpramos a norma de proibir. Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come. O que fazer?
Eu digo o que fazer. O objetivo não é fazer com que os políticos legisladores corrijam seu erro banal e risquem de seus livros uma das duas leis, tornando possível sabermos qual ordem deles devemos seguir. O que deve ocorrer é uma conscientização da população suficiente para fazer com que ela pare de aceitar passivamente as absurdas intrusões em suas propriedades por parte da classe política. Nenhuma regulamentação sobre absolutamente nada é necessária — além de ser uma violação criminosa do direito de propriedade, todas devem ser consideradas inadmissíveis. Cada condomínio deve determinar as regras de uso de seus elevadores, sejam elas quais forem. E isso pode incluir regras discriminatórias em virtude de qualquer coisa que os moradores queiram, afinal, o elevador é propriedade deles, e o direito de propriedade é indissociável do direito de discriminar. Discriminar é algo que todas as pessoas fazem o tempo todo, e como Lew Rockwell nota, os agentes do governo não leem mentes, portanto, não têm como saber o motivo de uma discriminação.
Se, por exemplo, um condomínio decidir estipular abertamente uma regra que proíba pessoas de determinada cor o acesso aos elevadores, isto é problema deste condomínio, pois além de limitar o mercado a pessoas de outras cores, esta é uma prática considerada altamente desprezível pela maioria, o que tornaria os apartamentos neste edifício ainda mais difíceis de alugar ou vender, diminuindo seu valor consideravelmente. Os que quiserem fazer isso, que sejam felizes, mas pagando um alto preço.
Por fim, apenas gostaria de deixar registrado que qualquer proibição de discriminação é em si um ato de discriminação, pois ele discrimina quem discrimina. Logo, os que são a favor de atacar a propriedade de pessoas que praticarem atos discriminatórios pacíficos, como, por exemplo, impedir a entrada de um católico em seu elevador ou se recusar a servir um ruivo em seu bar, estará apoiando outro ato de discriminação, só que agressivo. É evidente qual dos dois atos é o mais execrável, sendo apenas o segundo ilegítimo e criminoso, ao contrário do que o estado bizarramente tenta impor.
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NOTAS
[1] Além de duas placas do fabricante, contei cinco placas obrigatórias por “lei” no elevador do meu edifício. Tenho as duas mostradas neste artigo, a do famoso aviso do “mesmo”, a qual foi material de piada de Bob Murphy em sua palestra recente no Brasil, que simplesmente não conseguiu de nenhuma maneira compreender por que alguém colocaria um aviso deste tipo na entrada do elevador. De fato, qualquer estrangeiro que passa pelo Brasil deve achar que os brasileiros sofrem de algum tipo de retardo mental — agradeçamos aos políticos por mais esta… Será que eles pensam que alguém que é incapaz de perceber que ao abrir a porta do elevador ali está um fosso escuro ao invés de um elevador com chão, luz, botões, será capaz de perceber, ler e compreender uma plaquinha? Mas o mais espantoso mesmo é uma população apática que aceita esta imposição. As outras duas obrigatórias são uma de fiscalização da manutenção e uma de proibido fumar:
[2] Eu morava no 8º andar de um prédio, meus avós no 2º e meus tios no 4º. Comecei a andar de elevador sozinho com uns 5 anos de idade, mesmo antes de possuir altura suficiente para alcançar os botões, usando minha Garra de Aço para me ajudar. Ainda bem que isto foi antes da reunião de legisladores iluminados que impuseram esta importante resolução em 1998, comunicando a todos os pais que ninguém abaixo de 10 anos tem discernimento para acionar o botão de alarme, logo estão proibidos de andar desacompanhados nos elevadores.
Os Três poderes: Governo Empresas Trabalho
Para separar e equilibrar os três poderes: isentar todas as empresas e tributar e pagar salários com base no consumo da PF.
Quem paga tributos e salários no Brasil? Empresa? Governo? Não, é o consumidor.
Por que a empresa quer intermediar o pagamento do salário e tributos realizados pelos consumidores?
1-No Brasil a Empresa intermedeia o pagamento de tributos e salários realizados pelos consumidores, temos aqui uma política de centro.
2-Caso o consumidor pague o seu próprio tributo e salário, teríamos uma política de direita
3-Caso o governo pague o seu salário e tributo teríamos uma política de esquerda.