O que muitos chamam de “capitalismo” é, na verdade, o seu oposto: o corporativismo. O corporativismo é uma aliança perversa de políticos, burocratas e grandes empresários bem conectados, que favorece o rei e seus amigos em detrimento da sociedade como um todo.
Ativistas culpam o “capitalismo” pelos maiores problemas do mundo, como os altos custos do sistema de saúde. Alguns até dizem que a própria economia é simplesmente uma arma de propaganda para empresários explorarem trabalhadores. Pseudointelectuais financiados com verbas estatais frequentemente celebram regulações, subsídios e outras intervenções, porque, dizem, isso protege os consumidores da “exploração empresarial” e da “ganância capitalista”.
A verdade é exatamente o oposto. A economia de mercado tende a diminuir os preços e aumentar a qualidade de bens e serviços por meio da competição, que beneficia a sociedade como um todo. Quando o estado intervém na produção de bens e serviços, ele o faz aprovando legislações e impondo regulações que favorecem alguns negócios em detrimento de outros – tudo em nome da “proteção” do público. Essa concessão de privilégios e favorecimentos a certas pessoas graças às suas conexões e poderes políticos é chamada de “corporativismo”. Os beneficiários do corporativismo servem aos políticos e aos burocratas que os favorecem e não aos consumidores que compram os produtos de suas companhias reguladas.
Por exemplo, imagine que você tenha uma pequena fábrica que produz sopas. Sua prioridade principal é satisfazer os clientes. Um cliente satisfeito é um cliente que retorna. Para isso, você escolhe receitas, ingredientes, embalagens e cadeias de distribuição, procurando atender aquilo que o consumidor busca. Se os consumidores gostarem de suas sopas, você lucra. Se não gostarem, você tem prejuízo. A competição e a busca por uma boa reputação garantem eficiência e clientes satisfeitos.
Agora imagine que o estado decida regular a indústria de sopas. Burocratas, e não os empresários do ramo, passam a decidir todo o processo de fabricação de sopas, determinando a qualidade dos vegetais, os tipos de ingredientes, as técnicas de preparação e até mesmo como você pode divulgar seus produtos. Para aplicar tais regulações, o estado – mediante ameaça de agressão – exige licenças e inspeções compulsórias. Como produtor de sopas, você passa a gastar uma porção considerável de seus recursos para atender a regulações políticas.
Embora o estado justifique tais intervenções dizendo que está protegendo os consumidores dos “malvados” fabricantes de sopas, as novas regulações criam custos de conformidade e barreiras de entrada. Isso diminui a competição, uma vez que prejudica os fabricantes menores e favorece os maiores. Desse forma, a nova legislação restringe a oferta de sopa e leva a um aumento de preços, prejudicando todos os consumidores. Assim, não devemos ficar surpresos ao descobrir que a indústria líder do setor estava por trás de tudo. As novas regras a favorecem, prejudicam seus concorrentes e reduzem a competição.
O livre-mercado beneficia a sociedade, porque a competição faz com que os negócios sejam responsabilizados pelos consumidores. Já o corporativismo beneficia os amigos do rei, porque favorece os que estão bem conectados politicamente, prejudica os pequenos negócios e dá aos consumidores menos opções de escolhas. Infelizmente, quando o corporativismo prevalece, e isso acontece sempre graças a trocas de favores, todos nós perdemos.
A maioria das pessoas acredita que a resposta a qualquer problema econômico envolve sempre mais intervenção estatal, mais regulações e mais impostos. A verdade é exatamente o oposto: precisamos de menos intervenções estatais – de preferência, nenhuma.
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Este vídeo é uma adaptação do artigo “What Is Cronyism?”, publicado pelo Mises Institute série “Economics for Beginners“.
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Produzido e narrado por Marco Batalha.
Nota 10