“A humanidade precisa, antes de tudo, se libertar da submissão a slogans absurdos e voltar a confiar na sensatez da razão.” – Ludwig von Mises
Quero lhes apresentar os seis passos para o fracasso econômico. Lembrem-se sempre de que, se Mises pediu para que confiássemos na sensatez da razão, é porque ele sabia que quando um governo pretende implantar essas medidas fracassadas, geralmente eles usam argumentos ridículos e cheios de sentimentalismos e falácias. Como por exemplo: “precisamos proteger a indústria nacional da concorrência desleal, assim manteremos nossos empregos e fomentaremos a economia local”.
Portanto, lhes apresento a fórmula perfeita para que os ricos fiquem cada vez mais ricos, enquanto os mais pobres ficam cada vez mais pobres:
1 – Protecionismo
Ao adotar uma política de protecionismo econômico, o intuito claramente é proteger alguns setores privilegiados. Geralmente governos utilizam a desculpa de querer “proteger a indústria nacional”, assim, taxam fortemente aqueles que têm interesse em entrar no país ao mesmo tempo em que criam uma série de burocracias, visando acabar com a concorrência estrangeira. Na prática, isso faz com que a população sofra com produtos mais caros e de menor qualidade.
Faça a seguinte reflexão: no bairro X existe apenas uma padaria fornecendo seus produtos (pão, leite, etc), enquanto no bairro Y, existem padarias, mercados, minimercados, supermercados e atacados. No bairro X, as pessoas compram somente na única padaria que fornece os produtos que elas desejam, enquanto no bairro Y, as pessoas podem escolher em qual lugar comprar os produtos. Pela lógica, em qual bairro você acredita que terão produtos das melhores marcas e/ou com menores preços? Obviamente no bairro Y, isso acontece porque as empresas precisam oferecer produtos de melhor qualidade e menor preço, caso contrário, perdem seus clientes para a concorrência e podem acabar falindo. Assim também funciona no setor industrial.
Importante ressaltar que existem dois tipos de protecionismo: o de estatizar os meios de produção e fechar o mercado para empresas estrangeiras (medida socialista) e o protecionismo de compadrio entre empresas e o poder público, que estabelece as oligarquias. Ambos significam mercado fechado e escassez artificial, beneficiando poderosos e prejudicando a população no geral.
2 – Burocracia
Ao criar burocracia, o governo torna muito difícil – em alguns casos impossível – a vida do cidadão mais pobre que deseja empreender. Pois ao cobrar que o cidadão cumpra alguma lei burocrática, geralmente o governo quer que o cidadão se desloque até determinados lugares (cartórios, prefeitura/governo, receita, etc) para que cumpra todas as exigências, e isso gera gastos. Claro, sem contar o fato da grande maioria das vezes as burocracias virem acompanhadas de impostos. Assim, o seu Zé que deseja abrir um quiosque legalizado para vender as trufas que sua esposa poderia fazer em casa, desiste da ideia para não ter que correr atrás de burocracia, gastar com transporte, se estressar com a “papelada”, pagar taxas, etc. Nesse caso, seu Zé continua na pobreza, desempregado, não tem a oportunidade de gerar riqueza e até mesmo empregos conforme fosse crescendo. Dependendo do caso, seu Zé fica apenas dependente de esmola estatal (financiada com impostos das pessoas).
3 – Altos impostos
Conforme já citado no tópico anterior, o alto custo dos impostos gera pobreza pelo simples fato do cidadão mais pobre ter sua renda confiscada pelo governo para financiar aquilo que o governo bem entende. Bens e serviços não demandados por consumidores são financiados com impostos e geram desarranjos na economia. Além disso, impostos também são usados para financiar o funcionalismo público, financiamento das regalias e salários altos dos políticos e juízes, etc. Os impostos sobre o consumo são ainda piores, eles são os responsáveis diretos por tornar os produtos mais caros, logo, jogando o pobre ainda mais na pobreza e dificultando um aumento no padrão de vida.
4 – Subsídios
Ao fornecer subsídios para – por exemplo – a indústria nacional, o governo está usando o dinheiro de todos para financiar a riqueza dos que já são ricos. Até mesmo o dinheiro do seu Zé é usado para isso. Além de a indústria nacional estar sendo protegida da concorrência dos estrangeiros, i.e., livres para fornecer produtos de menor qualidade e maior preço sem se preocupar em falir, acabam também recebendo uma “mãozinha amiga” do governo, fazendo da vida do mais pobre ainda mais difícil (e do mais rico – amiguinho do governo – ainda mais fácil, é claro).
5 – Impressão de papel moeda
Inflação nada mais é do que um aumento na quantidade de dinheiro em circulação e a quantidade de saldos bancários acessíveis por meio de cheques (ou, como austríacos dizem, pela diminuição dos depósitos compulsórios). Ou seja, impressão de papel moeda é inflação e temos que lutar contra isso. O aumento de preços, que muitos consideram ser inflação, na verdade é uma consequência inevitável da inflação. E essa expansão monetária (inflação) feita por governos tem motivo, o economista Ludwig von Mises nos explica que: “Se o governo tivesse obtido todo o dinheiro necessário para suas operações através da taxação dos cidadãos, o aumento dessa demanda por parte do governo seria contrabalanceado por uma queda da demanda por parte dos contribuintes, que agora têm menos dinheiro. A expansão dos gastos do governo seria neutralizada no mercado por uma restrição do consumo dos contribuintes. Mas havendo inflação, a demanda adicional gerada pelos gastos do governo se junta à demanda não diminuída por parte do público – e, assim, os preços sobem”.
Governos querem gastar e, para seguirem seu plano eles precisam tomar medidas para tal, daí vem à inflação. É importante que tenhamos o conhecimento da definição correta, pois sabendo que inflação é sempre causada por governos, automaticamente a visão quanto ao aumento generalizado dos preços muda. Tendo a visão correta acerca da ciência econômica, os burocratas que estão no poder param de ser beneficiados, isso porque para eles é mais vantajoso que a população entenda inflação como “aumento de preços”.
6 – Obrigatoriedades de diploma/licença para exercer determinada profissão
A existência desse tipo de burocracia impede que pessoas capacitadas tenham acesso ao trabalho. Por exemplo, um advogado que estudou e ama o direito, se não passar na prova da OAB, será impedido de trabalhar. Da mesma forma, se eu quisesse estudar psicologia, me aprofundar em todas as vertentes psicológicas, etc., ainda assim não poderia exercer a profissão caso não conseguisse um diploma e depois, um CRP. Não interessa o tempo que estudei e/ou como estudei, se tenho ou não paciência com as pessoas, dentre diversos outros requisitos básicos para atuar como psicólogo. Caso eu não possua um diploma e um registro, não posso exercer a profissão.
Isso impede as pessoas de trabalharem, abrirem seus negócios e prosperarem. Pois tudo isso exige determinado custo. Se a pessoa tenta por seus próprios meios, não conseguirá. O correto seria os cidadãos poderem decidir com quem consultar, se vão contratar ou não um advogado formado em uma universidade conhecida, se vão se consultar ou não com uma psicóloga que não possui algum tipo de registro, etc. Assim como hoje as pessoas escolhem entre um produto de marca inferior e mais barata, também deveriam poder escolher entre os diversos tipos de serviços prestados por diferentes pessoas com dissemelhantes formações/conhecimentos. Além de o Estado impedir negócios de serem criados e pessoas de trabalharem, limitando a liberdade do povo. Ele também cobra uma fatia gorda para que as pessoas tenham sua liberdade cerceada.
Sabemos que a tendência do Estado é seu agigantamento. Mas por quê? Essa tendência existe porque do ponto de vista dos governantes, a vantagem de um Estado inchado e poderoso é clara, direta e inquestionável. Porém, para os cidadãos mais leigos, o custo desse Estado é muito vago e nebuloso. São poucos aqueles que realmente têm ideia do quão alto é esse custo. Logo, tendo em vista que os burocratas sabem exatamente o que eles querem, que eles trabalham para seu imediato e exclusivo interesse, e que os outros cidadãos não têm ideia do quanto estão sendo espoliados — com efeito, sequer prestam atenção nisso —, fica evidente qual grupo irá prevalecer e dominar o outro.
Assim como existe uma receita para que a economia prospere, essa que acabo de lhes passar é a receita perfeita para o fracasso econômico. Dessa forma você enriquece os mais ricos e empobrece os mais pobres.